quinta-feira, 18 de junho de 2020

De Berlim... - VI - Notas soltas...

Quando fomos para Berlim, já a Covid-19 andava a dar ares de sua graça pela Europa. Ainda não havia casos em Portugal mas já havia na Alemanha e nos dias antes da viagem eu ia, religiosamente todos os dias ao site da WHO, ver o número de casos em cada país. Quando fomos para a Alemanha, tinham 16 casos, se não me engano. Tivemos dúvidas, sim. Questionámos de devíamos ir. Falei com a minha médica e o que ela me disse estava alinhado com o que a WHO dizia na altura: não havia indicação para não se realizarem viagens dentro da Europa. E nós fomos. Fomos com meia-dúzia de máscaras atrás (just in case) e com álcool-gel, que usávamos várias vezes ao longo do dia, sobretudo quando tínhamos de carregar em botões, mexer em maçanetas, etc., e sempre antes de toda e qualquer refeição. Enquanto estivemos em Berlim, foram raríssimas as pessoas que vimos de máscara, vimos algumas a usarem o álcool-gel, e a meio da viagem vimos afixarem no nosso hotel um documento a alertar para as boas práticas que cada um podia/devia ter, para evitar a propagação do vírus, bem como os sintomas e sinais de alerta. As coisas ainda estavam relativamente tranquilas, apesar de rapidamente terem descambado em Itália, e nós sentimo-nos relativamente tranquilos.

Esta viagem era particularmente importante para nós, mais do que pelo meu aniversário, mas por ser uma espécie de babymoon: a nossa última viagem a 2, antes da nossa vida dar uma volta de 180 graus e da vida como a conhecemos até agora, mudar completamente. A partir de agora, tudo será diferente. Talvez por isso mesmo, a viagem foi ainda melhor, mais especial, mais nossa. Apesar da minha rabujice, das minhas birras, das minhas hormonas, das crises de choro sem razão aparente. Tivemos muitos momentos muito bons e sei que vamos sempre guardar esta viagem com um carinho especial.

Berlim não é uma cidade que eu tenha adorado ou que ache inesquecível. No entanto, é uma cidade que eu acho que merece uma visita. É daquelas cidades que toda a gente devia visitar uma vez na vida. Porque é mesmo uma cidade única. Berlim é uma mistura de novo e velho, sendo que há muito pouco de velho. Enquanto que noutras cidades europeias temos centros históricos antigos, temos muitos monumentos, temos edifícios com 300 ou 500 ou mais anos, em Berlim há pouco de velho e há muito de novo. Há obras em toda a parte. Há uma cidade que ainda não parou de crescer. E há um peso muito grande de tudo o que ali aconteceu. Há uma carga emocional tremenda. Há uma herança pesada, e um olhar para um futuro que se quer diferente, livre, sem tabus.

Algumas dicas sobre a cidade:
  • a cidade é barata - transportes, refeições, alojamentos, etc. Consegue visitar-se bem a cidade sem gastar muito dinheiro, há muita coisa gratuita para ver e a oferta de restaurantes (para todos os bolsos) é infinita.
  • os transportes funcionam muito bem - estamos na Alemanha, não é verdade? Não é muito fácil perceber como funcionam os bilhetes (há partes do site oficial que nem traduzidas estão...), mas há um passe de 7 dias que custa 34€ e que pode compensar. Sobretudo, porque inclui o acesso ao aeroporto de Tegel, e permite viagens gratuitas para crianças até aos 6 anos ou um acompanhante adulto que viaje com o portador do passe, nos dias de semana a partir das 20h, aos fins-de-semana e aos feriados (quão interessante isto é?!). Existe uma aplicação que permite comprar e gerir os bilhetes, podemos pagar por paypal, e em todo o processo há zero papel e zero dinheiro (físico) envolvido. Gente evoluída, hein?
  • é normal pagar para ir à casa de banho na maior parte dos sítios - 20 ou 50 cêntimos são suficientes.
  • a generalidade das pessoas falam inglês, ainda que não sejam muito simpáticas.
  • os supermercados têm preços muito simpáticos, sobretudo se compararmos os ordenados deles com os nossos. Foram uma opção para lanches, fruta e snacks mais saudáveis.
  • há produtos que para nós ainda são premium e caros, e que lá encontramos ao preço da chuva no supermercado. Exemplo: desodorizante de pedra de alúmen. É uma coisa muito específica, eu sei, e talvez venha a falar sobre ela, porque faz parte da minha caminhada contra o consumo excessivo de plástico e de materiais demasiado processados e industrializados que insistimos em colocar no nosso corpo. O que é certo é que lá o selo "bio" e "natural" não implica a inflação de preços que implica cá e vale a pena.
  • relativamente perto de Berlim há um campo de concentração/memorial - o Sachsenhausen. Fica a cerca de uma hora de transportes de Berlim e a entrada é gratuita. Nós optámos por não ir lá, com muita pena minha, mas íamos perder muito tempo e não dava para tudo. Fica a sugestão, para quem queira visitar um espaço destes.

E, por agora, acho que chega. Foi, como já disse, uma viagem inesquecível, por muitos e variados motivos.

Não consigo dizer o que gostei mais em Berlim. Para mim, não há algo que consiga assinalar. Para mim, Berlim é um todo. É pouco provável que lá volte, mas gostei mesmo de Berlim, por contraditório que isso possa parecer. Serei a única a ter sentido isto?

6 comentários:

  1. Sim senhor! Foram óptimas dicas para quem quer ir lá um dia pois também acredito que Berlim tem que ser visitada.
    O facto de a maioria das coisas serem recentes, é por uma triste razão que provoca a tal sensação de herança pesada.
    Fiquei muito satisfeito ao ler que é uma cidade barata. Pensava o oposto.
    Muito obrigado pela partilha destes 6 artigos.
    Beijinhos e tudo a correr bem :)

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    1. Sim, é um misto grande de sentimentos, entre o novo e o (pouco) velho!

      Eu achei mesmo barata, em comparação com cidades como Paris, Londres, Roma, Amesterdão, etc...

      Vale a pena :)

      Um beijinho

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  2. Obrigado por nos teres levado com vocês ;)

    Percebo bem essa questão do agora e depois, fizeram bem :)

    Um destes dias fazemos a comparação de produtos ao preço da chuva ou da uva mijona nesses países de segunda e no nosso.

    Já agora, pesquisa onde encontras pedra de alúmen como after-shave, quase de certeza que encontras mais em conta que em Celeiros e afins (eu uso a da 444 (tuga) mas a da Osma (italiana, acho) é ainda melhor dizem;)).

    É como escreves, Berlim tem que ser visitada uma vez, pelo menos, na vida.

    Afinal tenho ver onde os Bauhaus foram buscar o nome ;)

    Beijinhos, mantenham-se saudáveis e felizes ;)

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    1. Acho que é melhor não fazermos essa comparação, para não deprimirmos!

      Olha, não sabia que também dava como after-shave! Mas vou partilhar a informação cá me casa :) Tendo em conta o tempo que aquilo dura, acho que estou servida para uns anos, com os que trouxemos! Ahahahah :)

      Que um dia lá possam ir :)

      Beijinhos e bom fim-de-semana!

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  3. Na alemanha todos os produtos de higiene pessoais são baratíssimos. Os meus colegas alemães quando lá vão vêm carregados de coisas, de fraldas a cremes. Muita gente que vive perto da fronteira vai à alemanha fazer compras e meter gasolina ahaha
    Sim, faz sentido, nem sempre os sítios que gostamos nos fazem necessariamente querer voltar.

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    1. Eu tive pena de não ter levado mala de porão ahahahha

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