segunda-feira, 30 de setembro de 2019

De Chamonix IV... - Pré-prova e feira do UTMB...

E chegámos a quarta-feira, a véspera do OCC, a prova do UTMB que o meu louco ia fazer.

O plano para este dia era simples: mini-treino de activação perto da nossa casa da Heidi, levantamento do dorsal em Chamonix e passeio pela feira do UTMB. Depois, regresso a casa para descansar e um bom jantar.

Fizemos o mini-treino pela zona de Argentière (cerca de 6,5km com menos de 200 metros de desnível positivo), saindo do apartamento a correr. Convenhamos que naquela zona é relativamente fácil encontrar sítios giros para correr, porque há sempre trilhos (mais ou menos assinalados), há sempre cursos de água, há sempre gente super fit a correr ou a caminhar.

Eu estava em baixo de forma, por isso fui a companhia ideal para ele fazer um treino lento, só mesmo de activação. Claro que eu não podia voltar de Chamonix sem testar a dureza do chão... Numa bela descida, escorreguei numa pedra coberta de musgo, e lá fiquei sentada no chão... Não foi nada de muito crítico, mas andei mais de uma semana com dores e com uma nódoa negra gigante no rabo... Ele, como sempre, ignorou os meus queixumes e obrigou-me a continuar a correr...


Treino (passeio?) feito. Banho tomado. Segundo pequeno-almoço. E lá vamos nós para Chamonix, de comboio.

O levantamento dos dorsais era feito com hora marcada. Cada atleta escolhia a slot de tempo em que preferia ir levantar o seu dorsal, reduzindo-se assim o caos e a acumulação de gente. Ainda assim, estava imensa gente e demorámos quase uma hora... Eu aproveitei e levantei também a minha pulseira mágica, que me ia dar acesso aos autocarros dos acompanhantes.

Seguiu-se o passeio pela feira do UTMB. E que feira! Aquela gente não brinca em serviço!



Fomos visitar os conterrâneos, claro, e ficou o bichinho do MIUT... Mas, por outro lado, eu gostava muito de ir ao Faial... Havemos de ir aos dois, para ficarmos todos felizes. Não sei é quando!

Ficámos a conhecer provas incríveis, em todos os cantos do mundo, daquelas que nos fazem mesmo sonhar... A corrida pode mesmo levar-nos a sítios e a experiências únicas! Haja tempo e dinheiro!...


Eu ganhei o meu Buff da Buff, ele comprou o seu boné e ainda ganhou mais uns prémios noutros stands... Trouxemos alguns recuerdos, comidinhas, revistas, todo um sem fim de coisas... Descobri algumas marcas de acessórios interessantes, que vou querer investigar melhor.


Acabámos por andar horas e horas na feira, almoçámos por lá, e eu comecei a tornar-me um bocado chata, a insistir que ele devia ir descansar e não andar horas infinitas em pé na véspera de uma prova... Até parecia que quem ia correr era eu!...

Lá o convenci a ter juízo e regressámos à base, para um fim de tarde de ronha. Jantámos pelo apartamento, uma boa massa, como se quer. 

Ele preparou o material obrigatório, que incluía apenas o kit básico. A malta do UTMB não brinca, e a lista do material obrigatório é extensa, mesmo no OCC. Além disso, existem ainda dois kits que podem ser activados: o de tempo frio e o de tempo quente. Como os nomes indicam, são kits pensados para situações climáticas extremas, que obrigam a outros cuidados. Felizmente, não activaram nenhum destes kits.

Já eu, preparei o material de roadie, com o guia da prova, horários dos autocarros, comida, roupa quente, água, máquina fotográfica, um livro para ler, etc. Quem diz que vida de roadie é fácil, não sabe o que diz!

Naquela noite, naquela pequena casa da Heidi, os nervos eram muitos... De ambos!

sábado, 28 de setembro de 2019

De Chamonix... - III - Gorges de la Diosaz e Les Houches. ..

E ao terceiro dia, decidimos ter um dia mais calmo, sem grandes trilhos, só passeios e teleféricos.

Seguindo uma dica do Filipe Torres (obrigada, mais uma vez!), fomos visitar um sítio um pouco menos conhecido: a Gorges de la Diosaz, uma garganta de água que surge no meio das rochas e que nos proporciona um espectáculo incrível.

Mais uma vez, chegámos lá pouco depois da hora de abertura, e conseguimos ter uma visita muito tranquila, com tudo praticamente só para nós.



A melhor forma de descrever a experiência é dizer que me fez lembrar os Passadiços do Paiva. Há um caminho, sendo que a maioria é em passadiço de madeira, que tem no total 2,5km (ida e volta, mais coisa menos coisa), que corre ao lado do curso de água, e que nos leva pelo meio da floresta e das rochas até à garganta. É muito verde, muito fresco, muito surpreendente em cada curva que fazemos. Há zonas de água super calma, e zonas em que água tem uma força brutal, vencendo os declives do terreno, ultrapassando as rochas e criando pequenos grandes rápidos.


Conseguem ver o dragão? Há toda uma lenda à volta disso!




Achei curioso a forma como ao longo do percurso nos vão contando a história daquele sítio, que surgiu da vontade de um só homem, que queria que toda a gente lá pudesse ir e pudesse conhecer a beleza única daquele lugar. Também achei curioso explicarem como é feita a manutenção do espaço, a necessidade de recorrerem a helicópteros quando é necessário levarem materiais de construção para reparar algum troço, e a decisão de deixarem a natureza fazer o seu curso, sempre que caem árvores e rochas, em tempestades, por exemplo, sempre que isso não ponha em causa a segurança do percurso. É um sítio ainda muito natural, passo a redundância, mas onde se vê que a presença da mão humana é só mesmo a mínima e indispensável. Gente sensata, aquela!







O percurso termina aqui, onde vemos o local de onde surge a água!

Entre muitas e variadas fotos, andámos lá quase uma hora e meia, e foi bem giro! Pagámos 6,50€ cada um, e há lá uma loja com souvenirs e um café simpático com esplanada. Vale a pena sair de Chamonix e fazer os cerca de 15km para ir até lá!

Aproveitando que estávamos naquele lado do vale, decidimos continuar a explorar a zona de Les Houches, onde há dois teleféricos: o Prarion e o Bellevue. O meu plano inicial era subir pelo Prarion e descer pelo Bellevue, mas o meu plano foi vetado, porque apesar de cá em baixo eles serem relativamente perto, lá no cimo do monte eles são bastante afastados, e houve alguém que achou que não era boa ideia fazermos mais um trilho de duas horas.

Subimos então pelo teleférico, até aos 1853 metros de altitude, e demos uma voltinha pela zona para ver as vistas. Estava um tempo espectacular e ver o vale daquela perspectiva era bastante diferente.



Encontramos um mapa e eu começo a perceber que estávamos relativamente perto do Col de Voza (30 minutos, segundo as placas), e ainda por cima o caminho era a descer, e que depois de lá podíamos apanhar o Tram do Mont Blanc para Bellevue, onde podíamos apanhar o teleférico para baixo. Afinal, íamos conseguir cumprir o meu objectivo inicial: fazer os dois teleféricos (tinha de fazer render o Multi Pass, não é verdade?).


E lá fomos nós! E que giro que foi! As paisagens aqui eram completamente diferentes. À nossa volta tínhamos, essencialmente, campos de pasto a perder de vista. Eram só prados verdes, onde a qualquer momento podiam aparecer vacas, ou, quiçá, a pequena Heidi em pessoa! Foi mais um momento em que eu fiquei maravilhada com os contrastes que encontramos por aquelas bandas.




Chegados ao Col de Voza, onde há um pequeno hotel onde deve ser incrivel ficar alojado, ficámos a saber que ainda tínhamos muito tempo até à passagem do Tram seguinte... Tivemos de fazer o sacrifício de ficar a passar o tempo numa esplanada amorosa, rodeada de verde e de montanhas... 




Apanhámos então o Tram, a que havíamos de voltar na sexta, e saímos em Bellevue, que era a estação seguinte. 




Mais uma volta para ver as vistas, e lá fomos nós para baixo de teleférico. 



Como tínhamos deixado o carro junto ao teleférico de Prarion, ainda foram cerca de 20 minutos a pé até lá, mas que se fizeram bem. 

Estava explorada a zona de Les Houches e estava feito o dia... Regresso à casa da Heidi, para descansar as pernas, que bem precisavam. Faltavam cerca de 40 horas para o OCC...

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Da Sephora Beauty Run...

Este Domingo participei na Sephora Beauty Run, que teve a sua primeira edição, no Parque das Nações, com uma corrida de 5km exclusiva para mulheres.


Surgiu a oportunidade de participar, graças às Women Runners Portugal, e lá fui eu!

Não é a prova típica a que estou habituada, mas foi uma prova gira, com um ambiente engraçado. 

Mais do que uma corrida, foi uma festa, com outras actividades, com um concerto, com muitas celebridades e muitos patrocinadores a dar todo o tipo de brindes. Em conversa com o N., cheguei à conclusão que a melhor forma de a descrever era dizendo que era assim uma espécie de Festival Panda para mulheres crescidas.


Houve 1362 mulheres a cortar aquela meta, mas não houve muitas que fizessem a prova propriamente a correr. Só isso explica que eu, que não tenho treinado nada, tenha ficado em 67º lugar. Dá quase vontade de imprimir o diploma!...

A minha ideia inicial era ir calminha com duas colegas de trabalho que também iam participar. Mas quando percebi que elas não estavam muito inclinadas para correr, achei que mais valia ir sozinha e tentar fazer o melhor que conseguisse, fosse lá isso o que fosse. 

Tinha a vantagem de estar a correr em casa, num percurso que conheço bem, apesar de não adorar, e de saber que tinha tudo para ser confuso.

Abençoada HMS, que conseguiu mais uma organização irrepreensível, com o percurso a fluir. Pelo menos, para as 100 ou 200 pessoas que decidiram correr e iam na frente. Se as 1300 fossem a correr, acho que a passagem pelo passadiço de madeira junto ao rio ia ser impossível... Mas ainda bem que pouca gente correu!


10 horas. Sinal da partida, eu bem posicionada perto da meta, e lá fui. Tinha aquele desejo secreto de fazer menos de 30 minutos, coisa que parece meio ridícula, mas que não tenho feito. Eu não tenho corrido, sequer, quanto mais pensar em tempos... Assim, tentei manter-me num ritmo abaixo dos 6. Mas não muito, para não rebentar. O tempo estava meio abafado, eu estava com dores no dedo e numa coxa, e não queria mesmo deixar-me levar pelo entusiasmo e depois passar pela vergonha de nem 5km aguentar... Posso ser lontra, mas tenho os meus mínimos, não é verdade?

E não é que consegui?! Custou. Que custou. Mas consegui o tempo que queria e quase, quase, fiquei abaixo dos 28 minutos. Acabei de rastos, mas feliz!


Voltando ao princípio, não é uma prova típica de corrida, mas acho que foi uma iniciativa interessante. Correu bem, estava bem organizada, e teve o mérito de pôr 1300 mulheres a mexerem-se a um Domingo de manhã. Mesmo que a motivação tenha sido o kit de produtos entregues no final, o que importa é que foram e, a andar ou a caminhar, fizeram aqueles 5km.


Só uma nota menos positiva: dois abastecimentos com entrega de garrafas de água de plástico numa prova de 5km, uma altura em que tanto se fala de consumo consciente e da importância de reduzirmos o consumo de plástico para a protecção do ambiente, para mim, não faz sentido. Não pode fazer. Sobretudo, numa zona como o Parque das Nações, onde há tantos bebedouros. Até percebo que algumas pessoas, não habituadas a fazer exercício e/ou a correr, possam ter vontade de beber água durante os 5km. Mas custa-me perceber este desperdício e esta pegada ecológica. A que ainda se junta a maçã embrulhada numa embalagem de plástico entregue no final. A que se juntam todas as amostras, panfletos e brindes diversos oferecidos (não falo apenas dos produtos verdadeiramente ditos). Recusei diversas coisas (como já fiz noutras provas), não fiquei na fila para ir buscar ainda mais brindes e ofertas, e senti-me meio ET. Mesmo assim, acho que trouxe demasiadas coisas. Vou ver se uso tudo, senão distribuo pelas amigas. Ou então armo-me em Blogger e faço um give-away por aqui... Que dizem? 

Acho que esta iniciativa tem tudo para continuar a ser um sucesso, só espero mesmo que repensem esta questão do desperdício e da pegada ecológica (ainda que perceba a necessidade do respeito dos compromissos com os patrocinadores do evento).

Que mais mulheres corram, é o que peço!

sábado, 21 de setembro de 2019

De Chamonix... - II - Aiguille du Midi e Mer de Glace

Uma das coisas que queríamos fazer em Chamonix era subir ao Aiguille du Midi. O Aiguille du Midi é o ponto mais alto ao qual podemos chegar "normalmente": apanhando dois teleféricos diferentes, conseguimos ir até aos 3842 metros de altitude. Mais do que isso, só mesmo fazendo alpinismo... E vimos muitos loucos ainda mais loucos do que o meu louco a fazê-lo!


Este é daqueles locais que aparece em todos os guias turísticos como algo a não perder em Chamonix, mas também é algo que divide opiniões, e que é caro. Eu não estava muito convencida, mas ele insistiu, e como acabámos por comprar o Mont Blanc Multipass (mais sobre isso, mais tarde), a coisa não ficou muito escandalosa.

Ainda assim, estávamos com alguns receios, porque o acesso lá acima está totalmente dependente das condições meteorológicas. Ora, nas semanas que antecederam a nossa viagem, as previsões não eram famosas e, muitas vezes, víamos que o acesso estava impedido... Fomos para Chamonix sabendo que o dia com o melhor tempo seria o Domingo, e não queríamos fazer a subida nesse dia por acharmos que podia ser o dia com maior afluência de turistas. Restava-nos a segunda-feira, que não sabíamos bem como ia estar. Felizmente, esteve um tempo espectacular! Céu limpo para uma visibilidade incrível, como se quer, e temperaturas à volta dos 0 graus lá em cima, o que não era nada mau.


Mas... Não bastava decidir e ir. Sabíamos que tínhamos de ir cedo, se queríamos evitar o caos. Muito cedo. E também sabíamos que não queríamos levar o carro, porque íamos começar o dia ali, mas acabar num sítio completamente diferente. Estávamos, então, dependentes do horário dos comboios (que paravam mesmo em frente à nossa Casa da Heidi). E a que horas é que tínhamos de apanhar o comboio para chegar ao Aiguille du Midi cedo? Às 6h54. Bela hora, para começar o dia!... 

O Aiguille du Midi é aquele ponto lá no alto...

O Aiguille du Midi, naquela altura do ano, abria às 7h10, e nós conseguimos chegar lá por volta das 7h30, depois de termos saído do comboio e termos ido em passo acelerado até lá (nós e todos os maluquinhos que saíram do comboio connosco...). E, pasmem-se, já estava uma fila considerável para as bilheteiras!

Mas... Quem tem boca vai a Roma, e eu usei o meu melhor francês para perguntar se, tendo o Multipass, tínhamos de estar naquela fila na mesma. Pois que não! Lá fomos nós e o Multipass já tinha valido cada euro! Eu diria que devemos ter ido no 2º ou 3º teleférico do dia, que nos levou até ao Plan de l'Aiguille (que fica nos 2317 metros). Decidimos ir logo apanhar o teleférico que nos levaria mesmo ao topo, e logo espreitaríamos este patamar intermédio no regresso.

A subida no teleférico!


Com tudo isto, chegámos ao Aiguille du Midi passavam poucos minutos das 8 e aquilo estava... Vazio! Valeu a correria, valeu o madrugar, valeu tudo... A primeira impressão, e que não tem preço, foi o silêncio daquela altitude. Sabem aqueles ruídos parasitas que ouvimos sempre todo o dia a toda a hora? Ali não há isso. Ali não há nada. E é tão, mas tão tranquilizador... A sensação é indescritível.

O primeiro impacto!


Conseguem ver os alpinistas ali na crista branca?

Lá em cima, no topo do mundo, estavam 0 graus e as vistas 360º graus para os alpes franceses, suíços e italianos eram mesmo a perder de vista. Há muita coisa para ver, há diferentes zonas com exposições diversas, há toda a história de Chamonix e do Mont Blanc enquanto estância de ski e local de culto para os alpinistas, há muita informação sobre temas como a hipoxia, para quem tenha curiosidade e queira aprender um pouco mais. Lá de cima há também uma zona de onde os alpinistas podem sair para ir em busca do cume do Mont Blanc (ou de outra coisa qualquer). É não só muito interessante vê-los a preparem-se e a equiparem-se, mas também vê-los depois já a descer, atravessar o glaciar, e começar a subir. Eu bem tentei tirar fotografias, mas eles não pareciam mais do que pequenas formiguinhas, a avançar devagar por ali acima. Definitivamente, eles são os mais loucos de todos!

Eu, com o Mont Blanc lá ao fundo. Assim nem parece tão grande!



Aqui estávamos mesmo no ponto mais alto, para onde se sobe de elevador.

Acabámos por ficar no Aiguille du Midi três horas! É verdade. Andámos lá em cima três horas inteiras, a tirar 1001 fotografias, a ver as vistas todas de todos os ângulos, a tirar uma foto no Step Into the Void (que não ficou assim nada de extraordinário, mas enfim...).


Ainda parámos para tomar um café e um chá, e comer uns frutos secos (esta malta do desporto é mesmo esquisitinha e anda com frutos secos atrás nas férias!... espera! malta do desporto!?... eu!?... ensandeci...). Curiosamente, o bar lá no topo do mundo não é tão estupidamente caro como se posso pensar (tendo em conta a logística que deve ser abastecer aquilo!). Pagámos 6,10€ por um chá e um café. Há sítios em Lisboa onde pagamos exactamente o mesmo, e não estamos num dos sítios mais incríveis do Mundo.




Chamonix lá em baixo, e os Alpes a perder de vista.




Quando nos viemos embora, aquilo já estava bem mais composto e mais agitado, pelo que tivemos a certeza de que termos madrugado foi mesmo o melhor que podíamos ter feito para usufruir em pleno de tudo o que aquele sítio tem para nos oferecer (fica a dica!). 

Ia começar a segunda parte do dia...

Apanhámos o teleférico para o Plan de l'Aiguille, e não sei dizer se é pior a descida ou a subida!... Aquilo anda mesmo depressa e acho que o melhor é mesmo não pensar muito nisso! 


No Plan de l'Aiguille há um café simpático, com uma bela vista, e as temperaturas já estavam bem mais agradáveis. Foi a altura de nos despirmos e dizermos adeus às várias camadas de roupa, e às luvas, e aos gorros. Esse foi, aliás, um dos dramas deste dia. Como íamos lá para cima muito cedo, e sabíamos que ia estar bem fresco, queríamos ir agasalhados, mas como íamos ter um longo dia pela frente, com um trilho pelo meio, não queríamos ir demasiado carregados porque depois íamos ter de andar com tudo atrás todo o dia... Não foi fácil, mas lá chegámos a um equilíbrio e descobrimos que uma pequena mochila de trail é, afinal, uma gigante mochila!




Já mais frescos, decidimos fazer-nos ao trilho. Objectivo? Chegar ao Mer de Glace!

A parte boa deste trilho era que seria maioritariamente a descer, uma vez que começava nos 2317 metros e iríamos até aos cerca de 1900 metros (até Montenvers, de onde desceríamos para o Mer de Glace). O tempo estava bom, sol e calor, excelente visibilidade, e lá fomos nós pelo Grand Balcon Nord. 

Estás a ver aquelas agulhas? É para ai que nós vamos!




Em Chamonix, basicamente, há um vale gigante onde está Chamonix e outras terras (como Argentière), e depois há as duas encostas: o Grand Balcon Nord e o Sud. Isto é uma versão muito simplista, claro, e nada técnica, mas acho que ajuda quem nunca lá foi a visualizar mais ou menos a coisa. Na véspera tínhamos andado no Sud, por isso agora era giro estarmos do lado oposto (o lado onde fica, efectivamente, o Mont Blanc), e estarmos com vista para o lado onde tínhamos andado no dia anterior. Nas fotos de cima dá para ver o caminho que tínhamos pela frente, o Mont Blanc que ficou para trás, e Chamonix lá em baixo. Na imagem seguinte dá para ver Chamonix à esquerda, a encosta toda e o Plan de l'Aiguille de onde partimos, e depois o trilho que fizemos até Montenvers. O Mer de Glace é aquele glaciar que vemos ali, nesta altura meio cinzento, mas que no Inverno está coberto de neve.


Foi um trilho muito mais calmo do que o da véspera, em que já deu para correr um bocadinho, mas pouco, que a altitude fazia-se sentir bem, e fomos a aproveitar as vistas. Foram cerca de 6km, em cerca de duas horas (mais foto, menos foto). Pelo caminho, continuámos a achar tudo super bem assinalado, e fomos sempre encontrando muita gente em ambos os sentidos. Também há quem suba até ao Plan d'Aiguille a pé, para depois pagar menos para subir até ao Aiguille du Midi.

O Mont Blanc ao meio e o Aiguille du Midi à esquerda.


Chegámos a Montenvers pela hora de almoço, já eu estava meio rabugenta, com fome, e cansada. Tínhamos acordado antes das seis da manhã, lembram-se?... Optámos por comer num café/restaurante que lá havia, com opções relativamente saudáveis e sem ser muito caro. 


Aquela coisa azul lá em baixo é a Grotte de Glace.

Descansámos um bocado, recuperámos forças, e decidimos ir então ao Mer de Glace.

Que. Desilusão.

A sério. Aquilo é incrível, e espectacular, e tudo, e tudo. Mas não correspondeu nada às expectativas que tínhamos. Além do Aiguille du Midi, o Mer de Glace era o que nós queríamos mesmo ver, e foi por isso que acabámos por comprar o Multipass. Porque o que íamos pagar para visitar estes dois sítios já justificava comprar o Multipass. O que nós não percebemos, é que o que se paga no Mer de Glace é o comboio que leva até lá (e de volta a Chamonix). A visita ao Mer de Glace, o teleférico que se tem de apanhar para descer até meio do glaciar, e a Grotte de Glace (a gruta de gelo que se pode visitar no meio do glaciar) são de acesso livre. Sentimo-nos um bocadinho enganados, confesso... 



Ainda assim, foi giro. Para chegar ao glaciar, além do teleférico, é preciso descer umas escadas com 500 degraus. E, claro, voltar a subi-las, se queremos sair dali... E foi isso que nos deixou meio desconsolados. Descemos os 500 degraus, estivemos nem dez minutos na gruta, que não tem muito para ver, e voltámos a subir os 500 degraus. Pronto. Claro que é uma experiência diferente, e acabou por ser meio marcante, porque ao longo da descida das escadas, vamos encontrando placas que nos indicam o nível do glaciar ao longo dos anos. E é assustador ver como, de ano para ano, ele vai ficando mais baixo. Não sei se daqui a 50 anos ainda haverá muita coisa para ver, por isso, quanto mais não seja por isso, ainda bem que lá fomos!...



  

De novo em Montenvers, restava-nos apanhar o comboio para regressar a Chamonix. Também é um passeio giro, em que vamos a descer por ali abaixo, vendo as vistas que são sempre incríveis e das quais não dá para uma pessoa se cansar.

Ainda demos uma voltinha por Chamonix, onde já se respirava UTMB por toda a parte, dado que neste dia foi o MCC e a partida do PTL.


O primeiro contacto com a meta, que ele ia cortar daí a 3 dias!



De rastos, apanhámos o comboio e regressámos à nossa Casa da Heidi, para um jantar mais saudável, mas bem acompanhado.



No dia seguinte, o programa seria bem mais calmo!

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