domingo, 10 de outubro de 2021

Do meu regresso à terapia... E à psiquiatria... E à medicação...

 


Assinala-se hoje o Dia Mundial da Saúde Mental. E eu, que já queria ter vindo escrever este post há demasiado tempo, achei que não podia passar de hoje.

Foi há quase 4 meses que eu regressei a uma consulta de psiquiatria. E, consequentemente, à medicação. E foi há 3 meses que eu regressei a uma consulta de psicologia.

Não foi um caminho fácil, até marcar as consultas. Nem tem sido um caminho fácil, nas consultas que tenho tido.

Há já muito tempo que eu sabia que devia fazer terapia. Mas fui adiando... Foi só mais uma das coisas que eu fui adiando por causa da Covid. Fui adiando, adiando, adiando. Até ser inevitável.

Já o regresso à psiquiatria, começou a fazer-me sentido também há já bastante tempo, mas foi mais difícil de aceitar. Sobretudo, porque seria o reconhecer daquilo que temia, e sabia que seria sinónimo de voltar à medicação.

Os dois regressos foram difíceis. São sempre. Começar a ser acompanhada por um novo psiquiatra e/ou psicólogo é sempre difícil. É começar do zero. É ter de abrir muitas portas e todas as janelas. É falar do que vai cá dentro com alguém que não conhecemos. É ganhar coragem e vontade para o fazer. É conseguir encontrar um sítio em que nos sintamos confortáveis, mas onde vamos para que nos tirem da nossa zona de conforto. É remexer no passado e no que tanto trabalho nos deu a enterrar. É falar do que não falamos com mais ninguém. É duro. Dói. Custa. E é um processo longo e que vai continuar a prolongar-se no tempo.

Ainda tenho dúvidas, ainda me questiono se preciso mesmo disto, ainda tenho dias em que não quero tomar a medicação. Mas vou andando, um dia de cada vez, à espera de me sentir melhor. Um dia.


Este post tem apenas dois objectivos: para mim, servir de registo para memória futura (como tudo neste blogue); para o mundo, num dia como o de hoje, relembrar que a saúde mental é tão importante como a saúde física, que também se trata, e que não é vergonha nenhuma querermos curar a mente, como curamos o corpo.

6 comentários:

  1. Beijos e muita força para esse lado!

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  2. Muita coragem!!! Já vi que voltaste às corridas ... tenho a certeza que tb vai ajudar. Beijinhos

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  3. O teres que escrever “não é vergonha nenhuma querermos curar a mente, como curamos o corpo” é a prova que continua a ser necessário justificar algo que deveria ser tão natural como ir a um especialista de qualquer outra área.

    E se ainda se mantém, para várias pessoas, um preconceito que se quer esconder, não sendo todos que vêm falar abertamente como o fizeste, imagina em 1991, há exactamente 30 anos onde também fui seguido durante mais dum ano.

    Nessa altura, quem sabia achava que eu era “maluquinho”. Inclusive um colega, ao ter sabido, nas primeiras vezes que falou comigo, falava devagar como quem fala para alguém que sofre de algum atraso. Eu limitava-me a constatar a ignorância. Poucas conversas depois, lá se deve ter apercebido que afinal eu era o mesmo de sempre… Enfim…

    Todos nós temos corredores escuros repletos de obstáculos que, ao não sabermos da sua presença, esbarramos neles. Com psicoterapia adequada, o corredor continua escuro e os obstáculos mantém-se lá, mas a diferença é que passamos a saber onde estão e assim podemos desviar-nos, continuando o nosso caminho. Daí a sua importância.

    Quanto ao falar com um desconhecido, por vezes é mais fácil pois assim podemos contar tudo sem nos preocuparmos com eventuais julgamentos. No entanto, acredito que teres que começar do zero quando já estiveste com outro mais à frente, possa ser mais penoso. Mas tudo se faz. Força!

    Beijinhos e sim, o que o Carlos diz é uma grande verdade, teres regressado à corrida é uma boa ajuda 😊

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  4. Os primeiros passos estão dados, agora é manter a coragem!

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  5. Absolutamente essencial falar nisto. Há muito que deixei de ter resistências a terapias e a medicação.

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