domingo, 28 de abril de 2019

Da Maratona da Europa... - II


Regressei a Lisboa de Havaianas, sem vergonhas, porque não ousei tentar calçar o que quer que fosse. 

Estive agora com o meu novo melhor amigo, o Betadine, a rebentar as cinco bolhas que fiz (foram poucas, até!), já me besuntei com o Halibut e agora é esperar que isto amanhã esteja melhor. Que duvido que amanhã possa voltar a usar a táctica das Havaianas para ir trabalhar...

E o giro que vai ser amanhã se, como sempre, as escadas do metro estiverem avariadas?...

Ah! As maravilhas do pós-prova!... 

Das fotografias que dão alegria... - Day 118


Cortei a meta com a Aurora Cunha de um lado e o João Lima do outro. Palavras para quê? 

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Da Maratona da Europa... - I

Chegámos a Aveiro à hora de almoço. Fomos pousar as coisas ao apartamento que alugámos e fomos almoçar. Come-se demasiado bem e barato nesta terra.


Demos uma volta e fomos ao Centro de Congressos levantar os dorsais. Só nesse momento se tornou, verdadeiramente, real. Não pude deixar de me emocionar. De me agarrar ao louco mais louco do que eu. De respirar fundo e tentar interiorizar o que aí vem. 



Tirámos as fotos da praxe, e tive a sorte de apanhar a Aurora Cunha. Quando me pus ao lado dela e ela viu o meu dorsal, perguntou-me se eu ia fazer a Maratona. A medo, disse-lhe que sim. E ela saiu-se com um "Eh lá! Grande mulher! Precisamos de inspirar mais mulheres a fazer grandes distâncias.".


E precisamos. Precisamos mesmo. Precisamos de sair da nossa conforto e de fazer aquelas coisas que ainda há quem ouse dizer que não são para mulheres. 

E Domingo lá estaremos. Para honrar este dorsal e estas palavras. 

Com ou sem ovos moles. 

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Das fotografias que dão alegria... - Day 115


Hoje foi dia de mais uma prova do Troféu de Oeiras. Desta vez, em Vila Fria, naquela que é, para alguns, a pior prova do Troféu. Eu não sei se é a pior, mas custou-me horrores.

Eu ia a meio da prova, com dores nas pernas e sem ar nos pulmões, e só me perguntava como raio é que eu vou fazer uma Maratona no Domingo. Não sei. Não sei mesmo. 

Estas provas são terríveis e dão cabo da moral de qualquer um... Basicamente, foi um quilómetro a descer imenso, e depois dois quilómetros e meio a subir... A subir bastante... São provas curtas mas muito intensas. 

Eu sei que Domingo não vai ser nada disto e o meu maior desafio vai ser manter-me certinha no meu ritmo, sem entusiasmos ou balanços excessivos. Mas se eu conseguir isso, talvez haja esperança para mim.

Outro dos grandes desafios de hoje foi preparar a mala para Aveiro. Levo uma tonelada de géis e gomas. Lá logo decido. Levo 4 calções diferentes. Lá logo decido. Levo 4 partes de cima diferentes. Lá logo decido. Levo 3 pares de meias. Esta sim, a decisão mais importante que eu tenho para tomar. Lá logo decido.

E estamos assim. Até já, Aveiro! 

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Dos feitos que nunca pensámos serem possíveis...


Foi há precisamente um ano que fiz a minha primeira Maratona. Passou um ano, estou a poucos dias de tentar a segunda, e ainda não acredito que consegui. 

domingo, 21 de abril de 2019

Da Scalabis Night Race...

Decorreu ontem mais uma edição da Scalabis Night Race, uma corrida noturna em Santarém, conhecida pelo seu ambiente único e pelo abastecimento de vinho tinto.

Já tinha participado nesta corrida há dois anos, numa prova da qual não tinha memórias muito boas. Não me lembrava de muito, mas lembrava-me que tinha detestado a prova, que me tinha custado horrores e que tinha ficado meio traumatizada. Talvez a culpa tenha sido, em parte, de ter tido a companhia do louco mais louco do que eu, que passou os 10km a puxar para mim e a chamar-me gosmas, porque eu não estava a dar tudo o que podia. E até tinha razão. Achava eu, passados dois anos, que devia ter feito um tempo miserável, dadas as más memórias que tinha. Anteontem achei que era boa ideia ir ver de quanto tinha sido esse tempo, para ter algum termo de comparação para este ano. Não foi boa ideia. Pois que há dois anos, segundo o meu strava, fiz 56'54. Ritmo médio de 5'45. Aproveitei para me deprimir mais um pouco, e andei a ver os tempos de provas e treinos naquela altura. Quase todos, abaixo dos 6 minutos por quilómetro. Pergunto-me o que se passou na vida e onde foi parar aquela pessoa que estava a evoluir bem e a correr a uma velocidade menos vergonhosa. Não sei. Não faço ideia.

Foi com este estado de espírito que fui ontem para a Scalabis: melhor do que há dois anos era impossível, qualquer coisa que não fosse mais 10 minutos do que há dois anos, já não era mau.

Sabendo a minha fraca forma actual, e sabendo que falta uma semana para o dia M, ia mentalizada para fazer um treino calmo, sem me esforçar muito, para não correr o risco de fazer algum disparate. Na minha cabeça, defini como objectivo os 6'15 de média. E, mesmo assim, não partilhei o objectivo com ninguém, porque tinha medo de não conseguir. Estava mesmo traumatizada com a prova de 2017!...

Fomos em excursão, os poucos elementos da equipa presentes, e antes da prova ainda deu para ver algumas caras conhecidas e encontrar algumas caras novas (Olá, ET! Olá, N.!).

A prova começou e eu, que ia no meio da confusão dos lentos, deixei-me ir. Mesmo que quisesse acelerar, não conseguia. Já não me lembrava do quão caótico pode ser aquele início e fiz o primeiro quilómetro muito lento (6'45).

Segui viagem tentando não me preocupar demasiado com o tempo. O segundo e o terceiro quilómetros já foram abaixo dos 6. E eu sabia que isso era um disparate. De cada vez que olhava para o relógio e via que ia demasiado rápido, tentava abrandar. Passei a maior parte da prova a tentar abrandar. Mas até me sentia bem. Tive uma dor ou outra, como dores de burro, mas tentei controlar a respiração e não pensar nisso, e a coisa foi ao sítio.

O ambiente da prova é, realmente, único. Entre ranchos e tunas, pessoas na rua e nas janelas, todo o percurso pelos sítios mais turísticos de Santarém, é mesmo uma prova que vale a pena. Para quem possa ter dúvidas: não bebi vinho no abastecimento. Acho que morria logo ali se tentasse bebê-lo!



O sexto quilómetro foi mais lento, a 6'17, porque foi depois de ter apanhado a água no abastecimento, e foi quando tomei o gel. Tenho dificuldade em beber água, tirar o gel, abrir o gel, tomar o gel, não me sujar toda com o gel super peganhento, deitar o pacote de gel fora num caixote do lixo apropriado, tudo isto enquanto não páro de correr. É muito para o meu pequeno cérebro!

Pelo caminho, fui-me cruzando com algumas caras conhecidas, que é coisa que me dá sempre algum ânimo. É mesmo a única coisa positiva que vejo nas provas com muitos retornos! Uma pessoa sempre se distrai e ganha ali uns boosts de energia que são sempre bem-vindos.

A dada altura, olho para o relógio e começo a fazer contas ao tempo. Faltavam cerca de 3km e eu estava com 41 ou 42 minutos. Contas rápidas de cabeça, e, meio incrédula, penso que talvez fosse possível um sub 60 (coisa que não faço há não sei quanto tempo...). Logo a seguir, penso que é parvo estar a pôr-me com ideias, porque o objectivo era fazer um treino calmo.

Ao mesmo tempo, sinto-me bem e deixo-me ir. E vou. Um quilómetro, depois outro, depois outro. Começo a acelerar no quilómetro final. Estou a fazer o retorno junto ao W quando começam a lançar os foguetes e eu assusto-me e dou um salto. Vejo uma última placa a incentivar um sprint final. Penso no pouco que falta e começo a acelerar. Entro na recta da meta, foco-me na técnica (que é coisa que eu tenho imensa...), começo a passar uma pessoa, depois outra, depois outra. A cabeça divide-se entre ter juízo e continuar aquele disparate nos 300 metros que faltam. Já sei que não dá para sub 60. Mas não faz mal. São os últimos metros. Vou dar tudo. E dei. Fiz o último quilómetro a 5'30. A loucura, para esta pequena Lontra. 

Acabei com 1 hora e 27 segundos. Por pouco, não fiz menos de 60 minutos. Para mim, que as últimas provas de 10km que fiz foram em 1h06 (São Silvestre dos Olivais) e 1h05 (São Silvestre de Lisboa), e que tenho andado a fazer ritmos muito lentos nos treinos mais longos (à volta de 6'30/6'45), ter acabado com uma média de 6'04, foi espectacular.

Acabei com aquele sentimento agridoce, de quem não fez melhor por muito pouco (bastava que o primeiro quilómetro não tivesse sido tão lento), mas de quem fez algo muito melhor do que tem feito nos últimos tempos.

Se devia ter controlado o entusiasmo e devia ter-me mantido no meu plano de fazer a prova em modo treino, sem me esticar muito? Talvez. Provavelmente. Eventualmente.

Mas esta prova acabou por ter um impacto inesperado em mim e que valeu por tudo: voltou a dar-me confiança em mim e nas minhas capacidades, e voltou a lembrar-me do quão feliz eu posso ser a correr. Eu sei que 10km não são 42km. Mas a minha confiança em mim andava tão em baixo, que ter feito estes 10km com este tempo, a sentir-me bem e acabar bem, foi mesmo um boost de ânimo. E se eu precisava de um boost de ânimo!...
(eu e a Fabiana no pós-prova!) 

Depois da prova, o convívio em equipa (que é também família), as cervejas, o pampilho. O regresso a casa com a sensação de dever cumprido.


Ontem fiz as pazes com a Scalabis. E foi tão bom!

(falta uma semana!) 

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Das fotografias que dão alegria... - Day 109


O dia começou com uma ida ao ginásio. Aula de abdominais e mini-treino na passadeira.

Seguiu-se uma ida ao SPA (hei-de escrever sobre isso) e um brunch tardio.

Se todas as sextas-feiras fossem assim, a minha vida era mais feliz. 

quinta-feira, 18 de abril de 2019

Das fotografias que dão alegria... - Day 108


Podia ter ido correr quando cheguei a casa. Preferi fazer o jantar enquanto esperava que ele chegasse do treino dele, e obrigá-lo a preparar dois gins quando chegou.

terça-feira, 16 de abril de 2019

Do tempo que passa e nada muda...

Foi há um ano. Um ano. Passou um ano e eu continuo a sentir-me exactamente da mesma forma. Sem saber como reagir, como lidar, como aceitar. A questionar-me, a culpar-me, a pôr tudo em dúvida.

Passei o último ano a questionar-me se deveria voltar à terapia. Não voltei. Obviamente, não voltei. Talvez passe o próximo ano a questionar-me se deveria voltar à terapia. Provavelmente, não vou voltar. 

A terapia é cansativa e eu já tenho demasiadas coisas cansativas na minha vida. Sim. Faz bem. Faz maravilhas, até. Em querendo, ide todos para a terapia. Mas eu não quero. Não me apetece voltar a começar do zero. Não me apetece ter de contar a história toda da minha vida. Não me apetece esmiuçar os meus muitos e variados traumas, feridas e fantasmas. Já disse que isso é cansativo? Também é cansativo encontrar um terapeuta em condições. E é ainda mais cansativo fazer terapia com alguém que não nos espicaça, que não mexe connosco, que não põe o dedo na ferida. É tudo cansativo. 

Lembrei-me agora do meu recente post sobre as relações. Sobre a preguiça nas relações. Sobre o comodismo e o facilitismo. Eu estou numa fase comodista. Não me apetece ter trabalho. Deixai-me ser preguiçosa.

Talvez um dia isto mude. Talvez um dia eu me dedique a falar sobre isto. Me dedique a arrumar os macacos no meu sótão. A entender emoções. A aceitar. A perdoar(-me). A seguir em frente sem mais amarras no passado. Sem mais dúvidas. Sem mais remorsos.

Talvez um dia.

Hoje não é o dia.

domingo, 14 de abril de 2019

Da luz que pode surgir em dias de chuva...

Hoje fiz o meu, suposto, último treino longo em direcção aos ovos moles. E digo suposto porque, mais uma vez, não fiz o que devia ter feito.

E não faz mal.

Ia eu com dois terços de treino quando a minha mente se iluminou. Tive uma epifania que mudou a forma como tenho olhado para a Maratona da Europa e esta preparação.

Como alguém muito sábio já me disse por aqui, eu não tenho de provar nada a ninguém. Se eu fizer esta Maratona, é por mim. Apenas, por mim. Só pode ser por mim. E se eu não fizer, se eu não tiver uma foto a cortar a meta para pôr no Instagram e no Strava, paciência. Ninguém tem nada com isso. Não devo isso a ninguém. Nem a mim mesma, se eu decidir que assim deve ser.

Passei o treino de hoje a tentar ser o mais racional possível sobre tudo isto.

Eu não treinei o que devia. E já não vou a tempo, obviamente. E não faz mal.

Claro que eu gostava que Aveiro fosse uma Maratona feliz. Foi para isso que me inscrevi. Para que Aveiro me pudesse dar a Maratona feliz que Madrid não me deu. E claro que gostava que Aveiro corresse melhor do que Madrid. Se me inscrevo numa prova, é sempre com o objectivo de fazer melhor do que da última vez. Mas e se não fizer?

A auto-pressão que me imponho tem (alguma) razão de ser: quando me inscrevi em Aveiro, sabia que, em tudo correndo como eu quero que corra na minha vida nos próximos tempos, esta seria a minha melhor hipótese de voltar a fazer uma Maratona durante muito tempo.

Mas e se eu não fizer outra Maratona? E se eu ficar só por Madrid? Já sou maratonista. Já tenho a minha medalha. Vem algum mal ao mundo se eu não fizer mais nenhuma? Talvez não. Provavelmente, não.

Não estou com isto a desistir ou a atirar a toalha ao chão.

Estou com isto a tentar convencer-me a mim mesma daquilo que é a óbvia realidade: eu não treinei o suficiente.

Não treinei porque não quis. Porque não pude. Porque não tive tempo. Porque estive doente. Porque a minha vida anda um caos. Porque esta cabeça anda um caos. Porque não me apeteceu. Porque. Porque. Porque.

Não treinei. Ponto.

Agora? Agora tenho de tentar ter a inteligência de gerir a prova da melhor forma que conseguir. Tenho de ter a consciência do que (não) fiz e saber ouvir o meu corpo. Tenho de ter a frieza de saber que no dia 28 de Abril eu vou lá fazer o que conseguir. Sejam 10km, 21km, ou os 42km. O que conseguir. O que me apetecer. O que me fizer feliz. 

Porque se não for para ser feliz, não vale a pena continuar a correr.

Das fotografias que dão alegria... - Day 103


"When you play the game of thrones, 
you win or you die."

Que é como quem diz... Quando tens treino no dia a seguir, ou te deitas cedo ou morres. 

sexta-feira, 12 de abril de 2019

quinta-feira, 11 de abril de 2019

Das relações... Dos outros, claro...

Nos últimos tempos, tenho falado com algumas pessoas sobre as suas relações. Não sei exactamente por que falam comigo sobre este tema, mas já pensei abrir um consultório sentimental. Já houve, inclusivamente, quem em tempos me enviasse emails através do blogue, pedindo ajuda com dúvidas amorosas, às quais eu tentei responder o melhor que sabia. O que acham? Inauguramos aqui a rubrica "Divã da Agridoce"?... Ou continuo a falar sobre bolhas? 

É que não deixa de ser curioso que eu, doutorada em relações falhadas e divorciada desde os 27 anos, ande a dar opiniões sobre relações alheias... Curioso, irónico e sem sentido, talvez. 

Apesar de, claramente, não perceber nada de relações, gosto de pensar sobre elas. E tenho pensado recentemente sobre a quantidade de gente que vejo à minha volta que põe fim a relações de anos e anos (com ou sem filhos), ou que não chega sequer a ter grandes relações fruto de uma qualquer incapacidade ou fruto de uma certa falta de vontade.

Será que nos tornámos mesmo permanentemente insatisfeitos? É cansativa esta coisa de estarmos sempre a questionar tudo, à procura de mais, à procura de melhor. Quando é que deixámos de saber apreciar o que temos para nos perdermos a pensar no que poderíamos ter?

Por outro lado, também deixámos de ser conformados. Também deixámos de aceitar toda e qualquer migalha que alguém nos dê, também aprendemos a lutar pelos nossos direitos, também passámos a ter consciência do nosso valor e daquilo que merecemos. 

O problema? O problema é traçar a tão fina linha que separa estes dois mundos. É conseguir perceber quando chegou a hora de nos darmos por satisfeitos e pararmos de procurar algo melhor. Haverá sempre algo melhor, mas também poderá haver algo pior. E nunca haverá nada perfeito.

Cansa, esta coisa de viver.

terça-feira, 9 de abril de 2019

Das fotografias que dão alegria... - Day 99


Dia de ficar a trabalhar a partir de casa, à espera de um canalizador que teima em não chegar, com este monte de pêlo ao meu lado. Como é que alguém consegue trabalhar, com um bicho que só dorme e acorda ocasionalmente para se espreguiçar e trocar de posição?...

Mas... Aproveitei a hora de almoço para ir ao ginásio. É verdade. A desculpa era poder tomar banho lá, mas esqueci-me do nécessaire em casa... Tão eu!

segunda-feira, 8 de abril de 2019

Da saga sem fim das minhas bolhas... - II

O tempo passa, os dias voam e eu não venho aqui. Não tenho ligado o computador em casa e nem sempre as pausas no dia são suficientes para ter tempo para escrever, ler, comentar.


No Sábado passado, como tinha dito, aproveitei para cuidar destas pernas e destes pés. Depois do treino de 22km, leia-se.

Comecei pelas pernas, em que aproveitei para falar das bolhas. Fui ao Filipitsch. As pernas estão bem e recomendam-se. A contraturas na coxa direita continua por cá, a precisar de mais alongamentos e mais rolo, e uma última massagem antes do dia M. Tive direito a ouvir "Precisamos de mais mulheres de fibra, que se atrevam a fazer as grandes distâncias, que não são só para os homens". Obrigada. E é verdade. 

Quando lhe mostrei os meus pés, também tive direito a ouvir "Há muito tempo que não via uns pés neste estado". Obrigada, também. Entre as dicas diversas, surgiu a ideia de começar a pôr fita kinesio nos pés, para tentar evitar as bolhas, e abusar do Betadine para as secar. O Biafine também pode ser uma boa opção, para a cicatrização. Outra sugestão: fazer exercícios para a fáscia plantar. Todo e qualquer reforço do pé e seus componentes, pode ajudar a que ele se porte melhor e faça menos bolhas. Também falámos noutro tema relevante: as meias. Tentem encontrar boas meias de corrida em tamanho de princesa, e percebem mais uma razão do meu drama.

Saí de lá e passei na Decathlon e no El Corte Inglés, onde comprei dois pares de meias em cada um dos sítios. Estamos em testes, mas não acredito em milagres. 

À noite, podologista. Andava com muitas dúvidas sobre ir ou não a um podologista. Mas, em mais um acto de desespero. Fui. E, quanto mais não seja, serviu para ficar descansada porque já fui. Mas não serviu de muito. 

Resumidamente, mal a conversa começou, tentou impingir-me umas palmilhas. Sem ver os pés, sem ouvir quase nada. Bastou eu dizer que fazia bolhas a correr, e surgiram logo as palmilhas na conversa. Como, entretanto, percebeu que as palmilhas já não vinham a tempo da Maratona, lá falámos em outras soluções. Mas, até nisso, não adiantou muito. 

Estou a fazer tudo bem (estrelinha para mim!). O Nok é uma excelente escolha, e o Bepanthene também (ainda que me tenha sugerido também a pasta de lassar). A única coisa que posso melhorar, é ser mais sistemática no rebentamento de bolhas e na utilização do Betadine para as secar. Confesso que sempre fui mais apologista de deixá-las em auto-gestão, mas vou começar a ter mais cuidado com isso.

No meio disto tudo, a ida ao podologista não foi exactamente útil, mas foi bom saber que tenho estado a fazer as coisas certas. E foram ainda melhores as dicas que trouxe do Filipitsch. Agora é aplicá-las nesta recta final. 

Faltam 3 semanas menos um dia. 


quarta-feira, 3 de abril de 2019

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Dos meus treinos e das lições de vida...

Sábado era dia de treino longo. E foi. Mais ou menos.

Devia ter feito 25km. Idealmente, 27km. Mas fiz apenas 22km. Que me custaram horrores, naquele que foi o treino mais duro que fiz nesta minha jornada a caminho dos ovos moles... Quando a cabeça não quer e os pés não ajudam, as pernas não correm. Foi esta a lição do dia.

Tive um jantar com colegas de trabalho na sexta-feira e acabei por me deitar mais tarde do que devia. Quando o despertador tocou às sete no Sábado, eu só me queria virar para o outro lado e dormir. Ou chorar. Também me apetecia chorar.

A muito custo, lá me levantei. Despachei-me e saí de casa. Talvez tenha apanhado uma multa pelo caminho (ia de carro, não a correr... Não se entusiasmem!). Cheguei ao ponto de encontro do Treino Longo do Correr Lisboa já atrasada. Não fazia diferença. Seria sempre das últimas.

E fui. Comecei a correr, sem vontade alguma, no meu ritmo lento quase parado. Ao fim do primeiro quilómetro percebi que havia três outras corredoras que iam a um ritmo semelhante ao meu, e perguntei-lhes se me podia colar a elas. E colei-me. Soube bem a companhia nos primeiros quilómetros até ao abastecimento. Ia a um ritmo simpático, sentia-me bem e a coisa parecia que, afinal, não ia ser tão dramática como eu previra quando saíra de casa. Ou julgava eu.

Depois do abastecimento (abençoado!), ainda tive companhia até ao Terreiro do Paço, de uma atleta que depois ia subir pela Baixa e pela Avenida, para regressar a casa a correr. Ela morava em Telheiras. Logo ali, portanto.

Feitas as despedidas, decidi voltar para trás, porque se continuasse mais para a frente, já não ia a tempo de apanhar o abastecimento no regresso. E foi quando voltei para trás que percebi que o treino não ia mesmo ser fácil. O vento contra foi impedioso comigo. Nem os quilos a mais que tenho me ajudaram, e eu achei que ia voar a qualquer momento. Foi uma luta grande entre mim e o vento, e os metros teimavam em não passar.

Mas lá fui. Um pé depois do outro. Cheguei a pôr a hipótese de chegar ao abastecimento e pedir boleia de carro. As dores na coxa tinham começado aos 9km, o vento estava a irritar-me e eu comecei a achar que aquilo não era para mim.

Mas, claro, cheguei ao abastecimento, com 12km e qualquer coisa, e limitei-me a beber água e isotónico, pegar num gel para o caminho, e seguir viagem. Uma pessoa pensa muito em desistir, que pensa, mas até para desistir é preciso coragem, e isso é coisa que não abunda por aqui.

Segui viagem. A sofrer. Com os pés a começarem a acusar as bolhas e respectivas dores. Aquela parte entre Santa Apolónia e o Poço do Bispo é terrível. Estrada de um lado, contentores do outro. Eu, só e abandonada. O vento contra. A cabeça começa a falhar. Volto a pensar que aquilo não era para mim. Lá porque fiz uma maratona, quem é que eu me julgo para achar que faço outra? Não faço. Não quero fazer. Estou farta de tudo. Começo a deixar de conseguir respirar e sinto os soluços a formarem-se na garganta. Antes de largar num choro compulsivo, decido parar de correr, ir simplesmente a caminhar, e recorrer à ajuda telefónica do público. O louco mais louco do que eu, lesionado e fechado em casa, dá-me palavras de ânimo. Diz-me que estou quase na Expo e que só preciso de fazer mais 5 ou 6km para chegar ao carro. Acalmo-me. Desligo e volto a correr.

Vou tentando definir pequenas metas para me ir motivado. Agora até ao Prata. Agora até ao bebedouro no parque infantil da Marina. Páro. Alongo para tentar aliviar as coxas. Tomo um gel, convicta de que não posso fazer apenas os quilómetros que me separam do carro. Volto a correr. Só até ao Pavilhão de Portugal. Caminho 100 metros. Já ia com 17km. Precisava de fazer mais.

Volto a correr. Primeiro, decido fazer 20km, que devia ser o suficiente para chegar ao carro. Depois, penso que 20km é pouco. Passo pelo carro e decido seguir, para fazer os 21km. As dores são muitas mas eu penso que 21km já fiz mais do que uma vez. Preciso de fazer mais. Decido fazer os 22km, só para fazer mais do que nas outras vezes.

E fiz. Não sei como, mas fiz. Curiosamente, mesmo com algumas partes a caminhar pelo meio, fiz um ritmo médio perfeitamente alinhado com o que tenho feito ultimamente (6'27/km). E o meu quilómetro mais rápido foi o último (6'04). Não deixa de ser irónico constatar que o meu corpo dava para mais. Que eu sei que dava. A cabeça e os pés é que não.

Este foi o meu treino mais longo até agora. O que, a quatro semanas menos um dia da Maratona, é uma miséria. Eu sei.

Mas também sei que se no dia 28 eu não conseguir fazer aqueles 42km, esta preparação já valeu a pena por tudo o que me tem ensinado e pelas dezenas de euros que tenho poupado em terapia.

Os devaneios Agridoces mais lidos nos últimos tempos...