Estamos a dia 4 de dezembro. O mês do Natal. O último mês do ano.
E o que é que eu fiz no que ao Natal diz respeito? Montei a árvore de Natal. Literalmente. Montei a árvore, com os seus muitos e variados ramos porque talvez tenhamos comprado uma árvore demasiado grande mas não faz mal porque eu gosto dela assim. Montei-a e deixei ali no seu esplendor verde. E também deixei no seu esplendor as caixas com todas as decorações, que vieram da arrecadação e que estão pousadas no hall de entrada, para gáudio de pequeno Snow.
Portanto... A pessoa que vibra com o Natal. A pessoa que adora o Natal. A pessoa que se perde em decorações e planos. A pessoa que planeia tudo com uma antecedência, por vezes, considerada (de forma injusta) exagerada.
Essa pessoa, este ano virou Mr. Scrooge e não quer saber do Natal.
Não quero. Não me apetece. Não tenho vontade. Não tenho, sequer, planos definidos. Não sei onde vou passar nem o dia 24 nem o dia 25. Não só porque não depende só de mim, mas porque mesmo quando o que não depende de mim estiver resolvido, eu vou ser forçada a tomar uma decisão que não me apetece ter de tomar.
Não consigo pensar no Natal. Presentes? Nem vê-los. Certo é que deixei de dar presentes nos últimos dois anos. Limito-me a comprar algumas coisas para os sobrinhos, e tudo o resto vai corrido a pequenas oferendas comestíveis que saem da minha cozinha. Prefiro pegar no dinheiro e doar a instituições que realmente precisam. Mas nem isso eu ainda fiz este ano!.... Nem pensei nos presentes dos sobrinhos (e tinha sido tão inteligente aproveitar a Black Friday para isso....), nem pensei no que vou fazer para oferecer, nem escolhi as instituições que vou apoiar.
Não consigo pensar no Natal.
Tenho demasiado em que pensar. Tenho a minha vida em suspenso. Estou assim a modos que a conter a respiração, semana após semana, à espero da altura em que vou poder respirar de alívio. Se é que vou poder respirar de alívio. Não sei. Não sei nada.
Se pudesse, avançasse no tempo até ao final do ano. Até ao momento em que terei certezas (ou, assim o espero...). Adormecia agora e só acordava daqui a umas semanas, com a minha vida em ordem e o futuro traçado a régua e esquadro (como eu tanto gosto). Mas não! Porque a vida não é desenhada a régua e esquadro e, mais uma vez, fez questão de me mostrar isso mesmo.
Tinha aqui escrito, em Outubro, que estava deprimida com o final do ano, e com o facto de não ter cumprido dois dos três objectivos que tinha definido para 2019. Pois que a vida resolveu pôr-me a cenourinha à frente do nariz e, apesar de ser certo que já não vão acontecer em 2019, talvez, só talvez, se concretizem em 2020. Com muitos medos e dúvidas, com muitas incertezas, com decisões tremendas para tomar, com coisas que não dependem de mim. Mas pode ser que 2020 seja o ano. Pode ser.
Assim a vida queira colaborar comigo e queira dar-me um final de ano feliz e sereno. Ou só feliz, que sereno duvido que seja. Mas que eu possa voltar a respirar. Já não era mau.
(Prometo que tudo isto um dia fará sentido. Não sei é quando. Obrigada a quem estranhou a ausência e se preocupou.)