segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Da polémica das provas virtuais pagas...

Por essas redes sociais fora, têm-se visto todo o tipo de comentários e críticas às organizações de provas, que estão a cobrar por provas virtuais.

A mais recente polémica estalou hoje, com a abertura das inscrições para a São Silvestre de Lisboa.

Vamos lá ver... 

Ninguém é obrigado a inscrever-se em prova nenhuma, certo? Também ninguém é obrigado a pagar, se não o quiser fazer, certo? E não é porque umas organizações fizeram provas gratuitas, que todas têm de o fazer. Até porque muitas há que recebem apoios e fundos das autarquias para o fazerem, por exemplo. 

Eu já estou inscrita para a São Silvestre de Lisboa. Porquê? Porque faço questão de fazer aquela que é a prova mais especial para mim, ainda que este ano seja apenas de forma virtual. Porque faço questão de ficar com a t-shirt da prova, para juntar às 5 que já tenho. Porque faço questão de apoiar a HMS, que é, no que toca a provas de estrada, a que considero a melhor organização que existe. Em última análise, já estou inscrita porque me apetece.

Quem não quer pagar, não se inscreve e não paga. 

Para mim, faz sentido inscrever-me e pagar. E acho que também devia fazer para todas as pessoas que gostam de fazer provas (que não são todas as pessoas que gostam de correr, naturalmente).

Estamos a atravessar um período único, uma situação extraordinária, uma pandemia como nenhum de nós já tinha visto. Tudo isto, terá consequências devastadoras para a nossa economia. Já está a ter, aliás. São raros os sectores que não vão sofrer com isto. São raros os sectores onde não existiram ou existirão despedimentos.

Eu gosto de ir a provas de corrida. E quero que elas continuem a existir. E eu gosto (muito) da São Silvestre de Lisboa. Se a minha inscrição puder contribuir um bocadinho que seja para que a HMS ultrapasse tudo isto e continue a organizar a São Silvestre de Lisboa, e todas as outras provas que organiza, então aqueles 9€ foram muito bem gastos.

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Das fotografias que dão alegria... - Day 329

Introdução ao Passeio Marítimo de Oeiras.

[fui mostrar-lhe o sítio onde comecei a correr, onde mais corri, onde fiz o meu primeiro quilómetro sem parar, onde treinei horas a fio, onde organizei treinos de grupo, onde ri, onde chorei, onde fui feliz, onde sofri, o sítio onde vou sempre querer voltar, uma e outra vez]

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Do meu nível de senilidade... Ou do meu quase regresso ao trabalho...

Hoje tinha pensado vir aqui escrever um post super inspirado sobre o facto de faltar, precisamente, uma semana para regressar ao trabalho.

A meio da manhã, o louco mais louco do que eu, veio ter comigo ao quarto da bebé e pergunta-me:

- Quando é que tu voltas ao trabalho mesmo?

- Daqui a precisamente uma semana...

- Então mas não era quarta-feira?

- Oh... Pois é... Eu pensava que era quinta e que ainda faltava uma semana. Já me deprimiste para o resto do dia... - e lá fiquei eu a pensar com os meus botões, que já não faltava uma semana inteira.

Pois não. Falta menos de uma semana para eu regressar ao trabalho. Como?! Não sei.

Também não sei o que andei a fazer nos últimos quatro meses e meio. Também não sei onde foi parar o tempo. Também não sei como é que, de repente, estamos a chegar ao fim de Novembro e deste ano memorável. 

Não sei se foi da pandemia, se foi de mim e da minha inércia, mas tenho a clara sensação de que não fiz nada este ano. Nada. Eu sei que gerei, trouxe ao mundo e cuidei de um pequeno ser. Mas foi só isso. "Só". Sim, eu estou ciente da grandeza do que fiz. Mas... Sabe-me a pouco. Este ano não viajámos. Não convivemos. Não estivemos com as nossas pessoas. Não fomos a concertos. Não experimentámos restaurantes novos. Não fomos a provas. Estamos a pouco mais de um mês do final do ano, e eu vivo sentimentos agridoces: 2020 foi o ano em que veio ao mundo a nossa maior obra, mas foi também o ano em que toda a nossa existência esteve em suspenso.

É também com sentimentos agridoces que regresso ao trabalho. Precisamente devido a este sentimento de inutilidade no que a este ano diz respeito, tenho uma necessidade tremenda de voltar a trabalhar e sentir-me útil. Ao mesmo tempo, assusta-me pensar que está a chegar ao fim uma altura que nunca se irá repetir: o poder estar 100% dedicada à Isabel. Em breve, muito em breve, a Isabel deixa de ser apenas nossa e passa a ser do mundo. E isso tem tanto de incrível como de assustador. Caramba, que ainda ontem ela nasceu, e não tarda está na escola!... 

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Do quão boa eu sou a arranjar desculpas para não correr...

Domingo passado, cá vim eu contar o quão feliz e entusiasmada estava, por ter voltado a correr. Foram meses parada, e tinha tido, finalmente, autorização médica para voltar a correr.

Pois que segunda feira fui a uma consulta de dermatologia. E saí de lá com a indicação de voltar no dia seguinte, para ir tirar um sinal de aspecto duvidoso, que não devia ser nada mas que mais valia tirar. E terça feira lá fui eu. Sempre perdi uns bons dois gramas. Problema? Saí de lá com a indicação de reduzir esforços, não praticar actividade física, ter cuidado com a amamentação e cuidado também a pegar no meu pequeno leitão, perdão, na Isabel.

Portanto, menos de 48 horas depois de ter voltado a correr, arranjei uma desculpa para deixar de correr outra vez. Eu sei, é de génio. 

Fui lá hoje trocar o penso, e resolvi perguntar se já podia voltar a correr. Diz que não, que ainda não posso, porque corro o risco de ao suar molhar o penso e deixar a zona húmida, que é tudo o que não se quer. Ainda tentei dizer que eu corro devagar e que mal suo, mas não consegui mais do que arrancar um sorriso à enfermeira. 

Portanto, mais uma semana sem correr. Eu sei, é de génio. 

domingo, 8 de novembro de 2020

Dos dias que marcam o mundo...

 


Hoje voltei a correr. 317 dias depois da São Silvestre de Lisboa, onde tinha corrido pela última vez. Pelo meio, uma gravidez, uma cesariana, e um pós-parto chato. 

Foram só quatro quilómetros e feitos a um ritmo miserável, mas souberam-me a uma maratona. Quando hoje comecei a correr, estava em crer que nem um quilómetro seria capaz de fazer, e contava ir alternando corrida e caminhada. Afinal, foram quase 11 meses parada. Fui fazendo caminhadas, fui fazendo algum treino funcional, mas só isso. Quando o primeiro quilómetro acabou, pensei que era giro fazer mais um. E quando o segundo acabou, achei que três eram uma bela conta. Mas depois acabou o terceiro, e já só faltava um para o carro. E foi assim que eu fiz quatro quilómetros. Quatro míseros quilómetros, que me souberam a tanto, que me deram tanto. 

Estava a precisar disto. Muito. Tanto. Durante quase meia hora, sozinha com a minha música e o rio como pano de fundo, eu voltei a ser eu. Eu deixei de ser só a mãe da Isabel, e voltei a ser a Inês. Eu não pensei em nada. Eu pensei na passada, na respiração, na música que me inspirava, nas dores boas que voltaram a surgir. Quando cheguei ao fim, estava cansada, mas sentia-me incrivelmente bem e orgulhosa de mim mesma. Superei-me. E já não me lembrava da última vez em que isso tinha acontecido. 

Agora é não parar. 

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Dos altos muito altos e dos baixos muito baixos desta vida...

 


Há dois anos estávamos em Nova Iorque, naquela que foi uma das viagens das nossas vidas.


Há um ano estávamos no Porto, a viver dias muito felizes, a gozar um segredo que ainda era só nosso.

Este ano, estamos fechados em casa há 9 meses, num confinamento sem fim à vista. Um confinamento que nos consome, que nos suga as energias positivas, que nos arrasta numa espiral de desespero.

Tenho muita curiosidade em saber como vai ser o fim de tudo isto. Já nem me pergunto o quando, porque já sei que essa resposta não existe. Mas o como. Como é que vamos voltar à normalidade? Como é que vamos voltar a dar beijinhos e abraços? Como é que a nossa sanidade mental vai recuperar? Como é que eu vou ser capaz de voltar a uma sala de espectáculos? Como? Como? Como?... Parece uma realidade ainda tão distante e impossível, que eu não consigo sequer imaginá-la.

Tenho demasiado medo do impacto que esta pandemia teve em mim. Não me revejo na pessoa que sou agora. Não me revejo nestes medos e paranóias. Não me revejo na ansiedade que certas idas ao exterior me provocam. Nos raros momentos de lucidez que vou tendo, sei que, talvez, esteja a exagerar. Mas, depois, assisto às notícias, leio relatos, vejo o caos no SNS, vejo os números a aumentar, e fico a perguntar-me se estarei mesmo a exagerar. Porque também não me revejo nos comportamentos à minha volta. Porque também não me revejo nas teorias da conspiração. Porque também não me revejo em quem acha que está tudo bem e continua com a sua vida social habitual. Não consigo. Não sou capaz.

Sanidade mental procura-se.

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Das fotografias que dão alegria... - Day 308 (ou do não-Natal 2020)

 


Eu sempre fui A pessoa do Natal. Pelo menos, para as pessoas que me rodeiam, e que acham sempre que eu sou a mais apressada (prefiro despachada) e histérica (prefiro entusiasmada), com esta época do ano e seus afazeres. 

E sim, eu sei que ainda agora estamos no início de Novembro. Mas à velocidade a que 2020 está a passar, corremos o risco de esta noite fechar os olhos para ir dormir, e amanhã acordar com a lareira cheia dos presentes que o Pai Natal deixou. Correm vocês, diga-se. Que eu não só não tenho lareira, como tenho uma rica filha que não permite que isso de só acordar no dia seguinte aconteça. Eu estou safa.

Assim sendo, enquanto o Natal não chega, eu vou pensando sobre ele. 

Ninguém sabe em que moldes vai decorrer o Natal este ano. Vamos estar todos confinados outra vez? Vão ser proibidas as deslocações? Fica cada um em sua e fazemos o jantar da Consoada via Zoom? 

Não sei. Ninguém sabe.
 
Eu gostava muito que este ano pudesse haver Natal. Natal em família, com convívio, com abraços, com gargalhadas, com comida até mais não, com partilha e união. 

Infelizmente, nem no mais fundo do meu ser, eu consigo encontrar esperança de que isso venha a acontecer. 

Ainda que o Natal possa ser uma época propícia a milagres, este ano, acho que não há milagre que nos valha. Tínhamos de ter todos muito juízo nas próximas semanas (que não temos), para que os números voltassem a baixar drasticamente e pudéssemos recuperar alguma normalidade. Mas isso não vai acontecer. E, um dia, eu vou contar à Isabel que o primeiro Natal dela foi passado em casa, a quatro, com as bolas de Natal mais pirosas de sempre. 

Os devaneios Agridoces mais lidos nos últimos tempos...