terça-feira, 9 de junho de 2020

De Berlim... - II

O segundo dia em Berlim, uma quinta-feira, começou com uma free tour. 

Já por aqui falei diversas vezes das free tours, e não me canso de repetir: são uma excelente forma de conhecer uma cidade, pela voz de alguém que a conhece bem, visitando os principais pontos turísticos e ouvindo histórias e lendas curiosas. Há várias tours temáticas mas optámos por esta genérica da Sandemans, que começava junto à Porta de Brandemburgo.


Antes da tour propriamente dita, comecemos por um detalhe não menos importante: na praça onde se encontra a Porta de Brandemburgo está um dos hotéis mais luxuosos e famosos de Berlim, o Hotel Adlon Kempinski. Neste hotel já estiveram muitos e variados famosos, de políticos a actores e músicos, e foi neste hotel que aconteceu aquela polémica e célebre cena do Michael Jackson a pendurar o seu filho bebé da janela. 


Fofoquices à parte, o hotel é mesmo super luxuoso e isso percebe-se ainda mesmo antes de lá entrarmos. E por que motivo lá entrámos? Porque lá dentro há uma caixa multibanco escondida no piso -1. Precisávamos de ir a uma, e era a única que havia naquela zona. Sentimo-nos meio pedintes ao entrar naquele espaço incrível, com gente chiquérrima a tomar os seus pequenos-almoços e os seus chás no lobby. Lá fomos nós em busca da caixa multibanco, descendo uma escadaria de mármore imponente, ao fundo da qual estavam também as casas de banho. Levantámos dinheiro e aproveitámos para ir à casa de banho. Já se sabe que andando em modo turismo, uma pessoa anda sempre em busca das melhores casas de banho, e não podíamos desperdiçar a oportunidade de ir a uma das casas de banho mais luxuosas de Berlim, não é verdade? Aquilo parecia um salão de baile, gigante, tudo em mármore, com toalhas individuais, com creme de mãos, com tudo e tudo e tudo... E eu lá me entretive a tirar umas fotos em frente ao espelho, para imortalizar o momento. Mal eu sabia que rapidamente ia descobrir que em Berlim é perfeitamente normal pagar para ir à casa de banho, o que não significa que estejam sempre limpas e perfumadas. Ainda me senti melhor por ter aproveitado esta ocasião! Fica a dica, para quem andar naquela zona.


Voltemos à tour...

Começámos por ouvir um pouco da história de Berlim, e depois fomos ao local que fica por cima de onde era o bunker do Hitler. Pormenor curioso: o local não está minimamente assinalado ou identifcado e é actualmente um parque de estacionamento. A ideia é que não se torne um local de culto para os maluquinhos fãs de Hitler (que os há...). Não é, de todo, uma forma de esconder o que se passou, porque em toda a cidade a memória de todos os horrores que ali se passaram, está bem presente.

Um desses sítios, e dos mais marcantes, é o Memorial aos Judeus Mortos da Europa (ou Memorial do Holocausto), uma obra de Peter Eisenman. Aqui encontramos 2.711 blocos de pedra, com alturas variadas, que formam um desconcertante campo de pedras.



Na tour andámos por diversas zonas, vimos partes do muro que ainda se encontram pelo meio da cidade, e passámos pelo famoso Checkpoint Charlie. Também visitámos a praça Gendarmenmarkt (considerada uma das mais bonitas da cidade), onde encontramos três imponentes edifícios: a Konzerthaus (casa de concertos?), a Französischer Dom (Igreja Francesa) e a Deutscher Dom (Igreja Alemã).




Também estivemos na Bebelplatz, onde vimos o memorial que foi criado para lembrar as queimas de livros que os Nazis realizaram, nomeadamente, nesta famosa praça. Aqui, encontramos a frase: "Das war ein Vorspiel nur, dort wo man Bücher verbrennt, verbrennt man am Ende auch Menschen." (em Inglês: "That was only a prelude; where they burn books, they will in the end also burn people").



Terminada a tour, olhámos para o mapa e percebemos que estávamos relativamente perto de um dos sítios que eu não queria perder: a loja da Ritter Sport. Aquilo nem é bem uma loja... É todo um museu, com 3 andares, com cafetaria, com chocolate que nunca mais acaba... Eu estava no paraíso, pois claro! Nota relevante: estes chocolates cá são relativamente caros, mas lá são a menos de metade do preço... Como resistir?!


Depois desta doce visita, e porque tivemos juízo, era hora de parar para almoçar. Bom, aqui não tivemos tanto juízo e fomos ao Swing Kitchen, um restaurante de fast-food vegan. Se para quem não come carne nem sempre é fácil comer fora (sobretudo, em países onde a alimentação é muito à base de carne), juntem a isso uma gravidez e uma não imunidade à toxoplasmose... Foi um desafio comer em Berlim, e nem sempre optámos pelas escolhas mais saudáveis, mas fomos tentando compensar. Nesta refeição, foi a desgraça total e eu comi... Nuggets! Eu não comia nuggets há... 20 anos? Nem sei. Nunca tinha visto nuggets vegetarianos e não resisti! Souberam-me lindamente e o louco mais louco do que eu provou-os, e disse que sabiam aos "originais".


O restaurante em si é cheio de pinta, com várias opções (todas vegan), e ele diz que comeu o melhor hamburguer vegetariano da vida dele.

Como nem só de comida se faz uma viagem (mas podia...), seguiu-se uma visita a um dos mais famosos museus de Berlim, o Pergamonmuseum. Ainda andámos por lá entretidos umas horas, tem uma colecção muito interessante, e eu sou cada vez mais fã dos audioguias. Até porque, rapidamente percebi que é normal nos museus alemães nem tudo estar traduzido, e haver muita coisa mal traduzida... Sim, mesmo em museus desta dimensão, há erros nas traduções das placas identificativas das obras (o que me provocou uma certa urticária, confesso, que eu sou meio paranóica com erros e afins...). 









Como as minhas pernas já imploravam por descanso, depois do museu fomos a um sítio muito, muito giro, tomar um chá. Chamava-se Tadshikische Teestube, e era meio restaurante, meio salão de chá, de origens russas, com uma diversidade enorme de chás, alguns petiscos e refeições completas, para quem quisesse comer a sério.


Os sapatos ficavam à porta e os lugares eram no chão, em grandes almofadões e colchões, apoiados por mesas baixas.


Com (algumas) energias recuperadas, demos uma volta por aquela zona, onde são típicos os pátios e ruelas interiores, com lojas e restaurantes mais alternativos. Também fica aqui a Nova Sinagoga, que só vimos por fora.


Acabámos a jantar num vietnamita vegan muito, muito bom, o Quy Nguyen. O espaço era giro e a comida muito saborosa. Sempre comi alguma coisa mais saudável!



Depois deste longo dia, e porque não tinha feito a minha sesta, já estava de rastos, mas ainda fomos assistir à Comedy Night no bar do nosso hotel, um espectáculo de stand-up comedy, com vários comediantes amadores. Ainda deu para dar umas gargalhadas e beber umas cervejas (ah!... as maravilhas da cerveja sem álcool!... só que não.).


Já disse que adorei o nosso hotel?

8 comentários:

  1. Muito muito interessante! E ricas ideias e orientação para quando for conhecer Berlim.
    Este artigo encaixava na perfeição num guia turístico :)
    Beijinhos e venha a 3a parte

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    1. A ideia é essa :) Fica um roteiro futuro para se eu lá voltar, ou para quem o queira aproveitar :)

      Um beijinho e bom fim-de-semana!

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  2. Olha que nunca senti curiosodade em conhecer Berlim... Até agora! Parece muito mais encantador depois de ler a tua experiência!

    Beijinhos e vai com calma que a boneca mini ainda não tem grande resistência!

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    1. Hei-de falar sobre isso nas notas finais... Berlim é uma cidade curiosa, mas que vale a pena conhecer :)

      Um beijinho!

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  3. Já disse que adoro Berlim? Não? … estou a adorar reviver a cidade convosco e a descobrir alguns sítios que não conheço (ainda) … já vi que saiu o Berlim III ...

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    1. Ahahaha! Ainda não tínhamos percebido, não :) Ficas com mais umas desculpas para lá voltar!

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  4. Muito giro e interessante mas confesso que me perdi ali algures na loja/museu da Ritter Sports.

    E infelizmente é normal algum perfeitamente comum outros países atingirem valores bem diferentes cá, apenas porque não são assim tão comuns, desde cerveja, chocolate, cremes e sabões da barba, etc.

    Confesso que Berlim não está na linha da frente para a próxima viagem mas subiu uns bons lugares ;)

    Já agora, na ultima viagem a Londres devo ter gasto umas 5£ em idas à casa de banho, embora a limpeza geral seja bem razoável (o que me surpreendeu bastante).

    Beijinhos, mantenham-se saudáveis e felizes

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    1. Ah... Nós também nos perdemos... Só comprámos um pack de 2 quilos :X

      Olha que é uma cidade que, não sendo extraordinária, vale a pena!

      Curioso que em Londres nunca dei por isso! Acho que terei de lá voltar, para averiguar melhor essa questão!

      Obrigada, igualmente :)

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