domingo, 31 de março de 2019

quinta-feira, 28 de março de 2019

Das contagens decrescentes para as quais não estamos preparados...

Falta um mês para a Maratona de Aveiro. Ou da Europa, se preferirem. Ou dos Ovos Moles, na minha versão. 

Um mês. Um mês que parece tanto e tão pouco ao mesmo tempo. 

Os sentimentos por aqui são, como seria expectável, contraditórios.

Há um ano atrás, a treinar para Madrid, dominavam a dúvida e o medo do desconhecido. Quem nunca fez uma Maratona, não faz ideia do que esperar e tem dúvidas se será capaz de a fazer. E eu sentia-me assim. Agora, que já fiz uma, os sentimentos não são melhores. Por um lado, sei que já fiz uma e que fui capaz de tal feito. Mas, por outro lado, não tenho a arrogância de achar que, lá porque já fiz uma, a segunda está garantida. Não está.

Gosto de acreditar que hei-de cortar aquela meta, seja com que tempo for, nem que tenha de me arrastar até lá. Mas também gostava de conseguir acreditar que vai ser uma prova feliz e que não vou ter de me arrastar até à meta.

Faltam-me dois treinos longos. E são eles que me vão dar os últimos indícios do que poderá acontecer daqui a um mês. Ou não. Que nestas coisas já se sabe que cada dia é um dia, cada treino é um treino.

Também me faltam os meus dois companheiros preferidos de treino, que entraram comigo nesta jornada. E isso, parecendo que não, faz muita diferença. Esta não era para ser uma jornada a solo, e eu mantenho a esperança de que eles vão regressar à luta em breve. 

Falta um mês. E daqui a um mês, a esta hora, eu espero estar a sentir-me feliz e com toda a energia do mundo para enfrentar os 30km que ainda me vão estar a faltar. 

Vemo-nos em Aveiro? 

quarta-feira, 27 de março de 2019

Da saga sem fim das minhas bolhas...

As minhas bolhas têm passado bem, obrigada.

Vão e vêm conforme lhes apetece, que eu sou pela liberdade das pessoas e das coisas.

Surgem umas por cima das outras, numa pouca vergonha para a qual olho com algum pudor, não me querendo intrometer nas vidas alheias.

Mas tenho testado uma nova teoria: já que não as consigo evitar, tento que elas cicatrizem mais depressa, pelo que me tenho besuntado, depois dos treinos e antes de dormir, com uma dose generosa de Bepanthene. E até tenho visto alguns resultados! Pelo menos, até treinar outra vez e voltar à estaca zero. Mas fica a dica!

Antes dos treinos, tenho estado a testar o creme da Akileine, anti-fricção, recomendado pela Sofia. Ele bem tenta, mas não há milagres, e as bolhas continuam a surgir como cogumelos.

Este fim-de-semana, fiz uns míseros 13,5km no Sábado, e no Domingo fiz 10,6km (3,3km mais 7,3km, nas duas provas - feminina e masculina - do Troféu de Oeiras na Tercena).

Quando cheguei a casa no Domingo, o estado dos meus pés era o que se segue. Confesso que ponderei muito sobre a publicação destas imagens, porque vamos assistir ao momento mais nojento deste blogue, mas como já vi coisas piores noutros blogues de corrida por aí, achei que o mundo aguentava. Ainda assim, aviso, desde já, que as imagens que se seguem podem ferir a susceptibilidade dos leitores mais sensíveis.




Quando me queixo de bolhas, é a isto que me refiro. Que eu sei que, às vezes, eu falo de bolhas e as pessoas imaginam uma coisinha pequenina que pode ser ligeiramente incómoda. Mas as minhas bolhas gostam de fazer as coisas em grande.

E eu própria não sei bem como consigo correr com os pés neste estado. O que sei é que isto é um enorme teste à minha resiliência, à minha persistência e à minha resistência à dor.

Entretanto, já tenho consulta de podologia para o próximo Sábado. Aliás, o meu Sábado vai ser toda uma animação: treino longo de manhã, fisioterapia a seguir e depois podologia à noite. 

Ah! As maravilhas de treinar para uma Maratona...

E por aí, têm demasiado tempo livre e não sabem o que fazer com ele?... Inscrevam-se numa Maratona. Fácil, assim.

domingo, 24 de março de 2019

Das fotografias que dão alegria... - Day 84



Foi há precisamente três anos que fui buscar o Snow ao meio de lado nenhum. Estava em cima de um muro, da primeira vez que o vi. Ficou Snow. Jon Snow. O meu bastardo da Muralha que agora reina esta casa. Ou este sofá, pelo menos. 

sexta-feira, 22 de março de 2019

Dos sítios onde eu vou... - VII

Andei a semana toda que passou a querer vir escrever sobre o meu fim-de-semana. Passou-se a semana, passou-se mais um fim-de-semana, passou-se praticamente mais uma semana inteira, e eu sem escrever.


Agora tenho dois fins-de-semana sobre os quais escrever. Porque quero escrever sobre eles. Porque foram bons. Muito bons. E eu quero deixá-los registados para memória futura.

No fim-de-semana anterior, fiz um treino semi-longo no sábado de manhã (já referido), e à noite, mesmo cheia de dores nos pés em cada passo que dava, fui ao teatro e jantar fora.

E precisamos de falar sobre a minha ida ao teatro. 

Eu já não ia ao teatro há demasiado tempo. Depois de alguns anos em que o teatro fez parte da minha vida, eu tornei-me muito esquisitinha e agora só entro numa sala de espectáculos se souber que vale a pena. E no Sábado valeu a pena. Valeu muito a pena!

Claro que era, à partida, uma aposta segura. Era (mais) uma peça do Tiago Rodrigues. Eu não tenho nenhuma paixão platónica pelo Tiago Rodrigues. Juro. Já tive dois Tiagos na minha vida, e os dois eram Rodrigues. Já chega de Tiagos Rodrigues. Mas não chega de peças deste Tiago Rodrigues. E desconfio que não vai chegar nunca.

Um outro Fim para a Menina Júlia ©Filipe Ferreira 2019

Fui então assistir a "Um outro fim para a Menina Júlia". E gostei tanto! A peça pega no clássico do Strindberg e conta a mesma história com um final diferente. Um final em que a Menina Júlia não se suicida e em que a sua vida se desenrola da forma que o Tiago Rodrigues imaginou que se teria desenrolado. Assim, à partida, pode não parecer nada de extraordinário. Pegar numa história e reescrevê-la à sua maneira não tem nada de mais. O Correio da Manhã faz isso todos os dias. Mas o Tiago Rodrigues não fez apenas isso. Como sempre, fez algo incrivelmente bem feito, que nos surpreende, que nos prende, que nos envolve e nos transporta para aquela história.

A meio da peça, dei comigo a pensar no privilégio que é poder assistir a teatro. Sobretudo, numa sala tão pequena como a Sala Estúdio do Dona Maria. Estava na segunda fila e tinha os actores a poucos metros de mim. Numa era em que passamos todos horas colados na Netflix, a beleza e a magistralidade do teatro e dos actores que estão ali, em palco, a representar para nós ao vivo e a cores, torna-se ainda mais avassaladora.

Gostei muito da peça e tenho a certeza de que, com outros actores, seria ainda melhor. Mas, até nisso, o Tiago Rodrigues é especial. Fez esta peça com "a prata da casa" e com dois estagiários. Com o Tiago Rodrigues o Dona Maria deixou de ter só grandes produções para grandes vedetas (melhores ou piores actores), e passou a ter também peças igualmente boas (ou melhores, até), em que os actores residentes do teatro (melhores ou piores actores) não ficam apenas remetidos aos papéis secundários e de menor importância. E é, também, por isso, que o Tiago Rodrigues é o melhor director artístico dos nossos tempos. 

Eu sei que já é um bocadinho em cima da hora mas têm até Domingo para ir ver. Acreditem que não se vão arrepender. Com sorte, ainda bebem um copo de vinho e comem um bocado de presunto.

Update: devido ao sucesso da peça, certamente graças a este post, a peça vai estar em cena novamente de 3 de Abril a 23 de Maio. Acreditem, vale a pena. 

terça-feira, 19 de março de 2019

Dos meus treinos... E dos treinos dos outros...

Pois que, como já seria previsível, não tenho treinado tanto quanto deveria.

Como também já seria previsível, a minha motivação tem tido altos e baixos. 

Tenho tentado arranjar formas de me auto-motivar, tenho procurado forças e inspiração nos mais diversos sítios e tenho estado muito disponível para experimentar coisas novas que possam facilitar o meu percurso nesta longa jornada até ao dia 28 de Abril.

Além da minha equipa e das nossas provas, dos treinos com a Fabiana que é a minha companheira maior nesta loucura, dos treinos com o louco mais louco do que eu que merece uma estátua pela paciência infindável, eu resolvi ainda experimentar os treinos longos do Correr Lisboa.

Acompanho o Correr Lisboa há vários anos, mas nunca tinha corrido com eles. Não só porque estive uns anos a viver na linha de Cascais (e juntei-me ao Correr Oeiras), mas porque os horários dos treinos deles nunca combinam com os meus horários.

Eu tenho mixed feelings em relação aos treinos de grupo, confesso. 

Por um lado, acho que são formas óptimas de conhecermos pessoas com a mesma loucura do que nós, com quem podemos aprender, crescer e evoluir imenso. Por outro, também pode haver experiências menos boas. 

No Correr Oeiras ainda participei em alguns treinos de grupo, sobretudo, porque eram organizados por mim!... E quando falamos em treinos de grupo, estamos a falar de 3 ou 4 pessoas. Se fôssemos mais do que meia dúzia já era uma festa, e houve um treino em que éramos uns 15 e quase lançámos foguetes. Era sempre difícil conciliar agendas, vontades e disponibilidades. Mas a verdade é que foi ali que conheci aqueles que são hoje a minha equipa, e foi também ali que comecei a correr mais consistentemente, há quase quatro anos atrás. Não foi apenas e só por isso, mas ajudou. Lamentavelmente, como vim morar para a outra ponta da cidade, deixei de treinar com eles. 

Já participei em outros treino de grupo, entretanto, e, ao ver que o Correr Lisboa ia ter treinos longos para a Maratona de Aveiro e, ainda por cima, quase à porta de casa, achei que era uma excelente oportunidade para voltar aos treinos de grupo. 

Fui a semana passada e fui esta semana outra vez. 

E recomendo! 

A semana passada fiz apenas 16km, duros e sofridos, e acabei com os meus pés num estado miserável. Fiquei desanimada, comecei a questionar tudo e a ver a minha vida a andar para trás e os ovos moles cada vez mais longe. 

Esta semana fiz 21km, na minha meia maratona privada. Também foram duros e sofridos, mas acabei a sentir-me incrivelmente melhor, em comparação com a semana passada. E isso, nesta fase da minha preparação, tem uma importância fulcral.

Sei que ainda vou ter muitos momentos em que vou achar que não sou capaz, mas no Sábado, depois daquele treino, eu achei que talvez até consiga. 

Vantagens destes treinos do Correr Lisboa? O abastecimento. Para mim, que corro devagar, devagarinho, acabo por não usufruir propriamente da companhia do grupo, pelo que isso não é vantagem para mim. Mas o abastecimento faz toda a diferença. Passo a explicar: o treino começa na expo e, aproximadamente, sete quilómetros depois, quase em Santa Apolónia, existe um ponto de abastecimento com água, isotónico e géis (abençoada Prozis, que patrocina isto!). Desta vez, usufruí do abastecimento duas vezes, porque ainda fui até ao Cais do Sodré, e ainda apanhei o abastecimento no regresso. Claro que uma pessoa pode levar uma garrafa de água na mão ou a mochila, e levar géis consigo. Mas parar ali, respirar um pouco, trocar umas palavras e ouvir uns incentivos, para mim, faz toda a diferença. E ainda pode ser que nos tirem umas fotos! 


Tanto é, que não sei como é que vou sobreviver para a semana, porque não vão fazer este treino!... (até sei... Vou matar saudades do meu Passeio Marítimo!) 

Posto isto, alguém se quer juntar a estes treinos daqui em diante? Tirando esta semana, são sempre ao Sábado. Não têm pacers, não há ritmos, é cada um por si, mas funcionam muito bem e ainda sorteiam dorsais para a Maratona de Aveiro no final (e para a meia e para os 10km). Não ganho nada com isto, juro. Mas quando gosto de uma coisa, gosto de a partilhar com o mundo (salvo seja!).

quinta-feira, 14 de março de 2019

Das minhas compras...

Andava há meses e meses para vir aqui escrever sobre uma compra que fiz e que recomendo, e, depois da Meia de Cascais, achei que não podia adiar mais.

Entre as muitas coisas que me passaram pela cabeça ao longo da Meia Maratona de Cascais, houve uma que sobressaiu: será que devido a esta moda da corrida e ao aumento tremendo do número de pessoas que correm, não vamos ter daqui a uns anos um aumento do número de cancros da pele? Sim, eu pensei sobre isto durante a prova. Uma pessoa precisa de se distrair e perde um pouco o controlo sobre o que o cérebro entende como tema relevante do momento.

Talvez isto não seja um problema para pessoas muito rápidas mas a verdade é que facilmente passamos umas horas ao sol em dias de prova e, desconfio, a maioria de nós não se protege devidamente. Se em dias de Inverno isto pode parecer pouco relevante (sublinho o parecer), mal o calor começa a apertar, isto pode ser um problema sério.

Quem nunca apanhou um escaldão a correr?... Pensem nisto da próxima vez que forem correr e ponham protector solar. Não custa nada e é fundamental!

Para mim, esta sempre foi uma preocupação. Depois de alguns disparates na adolescência, há já muitos anos que comecei a ser a modos que meio paranóica com a protecção solar da minha pele. Apesar de ser tendencialmente morena, tenho imensos sinais e gosto de protegê-los. E isto não se aplica apenas nos períodos de férias e de praia! 

Eu uso todos os dias protecção solar na pele do rosto. Dependendo do produto que esteja a usar, pode variar entre os factores 30 e 50, mas uso sempre.

E não me fazia sentido não usar a correr!

Nos primeiros tempos, usava o protector solar habitual das férias, que no rosto era sempre 50 e no corpo 30. No corpo não havia grande problema, mas no rosto a coisa não estava a resultar porque este tipo de produtos têm tendência a ser mais oleosos, mais peganhentos, com mais brilho, etc. Uma pessoa vai para uma corrida, quer ter fotos espectaculares, e depois está com tanto brilho na pele que ofusca o fotógrafo? Não podia ser.

A solução milagrosa veio da Bioderma! Comprei o Verão passado o Photoderm NUDE Touch, que é uma espécie de mix entre protector solar e BB cream, com acabamento mate e... Factor de protecção solar 50! 

Pele perfeita protetor solar com cor: natural SPF 50+

Tem sido o meu melhor amigo, desde então. Tanto o uso ao fim-de-semana, quando quero um look mais natural, como uso para os treinos e corridas, como usei nas férias em Cuba. A cor que eu comprei foi mesmo a natural e tem muito pouca cobertura, pelo que não parecemos maquilhadas. Aplica-se bem na pele, tem um acabamento super suave, deixa zero brilhos na pele, melhora ligeiramente o aspecto da mesma, e funciona lindamente!

Este post não foi patrocinado (mas podia!), mas não podia deixar de o escrever. Por um lado, para alertar para a importância de cuidarmos da nossa pele e nos protegermos quando fazemos desporto ao ar livre, e por outro, porque fiquei mesmo feliz com este produto e achei que podia interessar a alguém que procure o mesmo tipo de solução.

Para quem vai fazer a Meia de Domingo: boa prova e ponham protector!

terça-feira, 12 de março de 2019

Das pequenas alegrias do meu dia...

Comecei o meu dia numa consulta com a médica de família. Diz-me ela:

- Você não bebe mesmo álcool nenhum, pois não? Tem os valores todos do fígado tão baixos!...

Ainda ponderei explicar-lhe que de cada vez que chego ao fim-de-semana e penso em beber uns copos, me lembro que no dia seguinte tenho treino ou prova, e que desisto da ideia. Mas guardei essa constatação trágica e deprimente só para mim.

Portanto, tenho de beber mais álcool. Acho que isto explica muita coisa sobre o estado actual da minha vida. 

terça-feira, 5 de março de 2019

Das coisas que vamos aprendendo ao longo da vida...

Um dia destes fui almoçar com dois colegas de trabalho. Nada de extraordinário. Trago almoço de casa em 90% dos dias, mas na véspera tinha chegado a casa demasiado tarde, tive preguiça e não levei marmita. Um colega veio perguntar quem não tinha almoço, eu juntei-me a ele, e ainda se juntou mais um. E fomos.

E a dada altura, não pude deixar de me lembrar de uma situação na minha vida em que alguém, com quem partilhava a vida, me disse qualquer coisa como: "Se algum dia fores almoçar com algum colega teu, tu tens de me avisar. Imagina que alguém vos vê juntos e depois me vem perguntar e eu não sei? Já imaginaste a vergonha e a figura que eu faço?".

True story. Em pleno século XXI.



Eu já fui muito burra. Mas gosto muito de acreditar que estou melhor.

domingo, 3 de março de 2019

Da Meia Maratona de Cascais...

Hoje foi dia de mais uma Meia Maratona de Cascais. O ano passado, fiz uma prova relativamente feliz, com o meu 2º melhor tempo numa meia, e muito bem acompanhada.

Este ano, as expectativas eram muito diferentes. Sabia que era impossível fazer um ritmo sequer parecido com o que tinha feito o ano passado (média de 6'20/km). Sabia que não tinho treinado o suficiente, fruto de uma sequência de maleitas consecutivas. Sabia que, ao contrário do ano passado, em que já tinha feito o Fim da Europa e o Peninha, ia para esta prova com um treino de 14km como o mais longo dos últimos tempos (os 22km do Columbus Trail não contavam para estas estatísticas...).

Também ia com um espírito muito particular: ia em modo de treino, com a companhia da equipa, e com a Fabiana, minha companheira de treinos rumo aos ovos moles.


Tínhamos falado em começar os primeiros quilómetros a 6'45/km, mas é fácil deixarmo-nos levar pelo entusiasmo inicial da prova... Na verdade, tivemos muita dificuldade em abrandar e estabilizar, porque com tanto sobe e desce, uma pessoa (ou esta pessoa!), não consegue manter sempre o mesmo ritmo. 


Íamos relativamente bem, mas a partir de certa altura, a Fabiana começou com dores num joelho (ela há-de escrever o relato dela, por isso, não me vou alongar com dores que não são minhas), e começámos a abrandar. O calor também começava a fazer-se sentir, na estrada mais descoberta em direcção ao Guincho. Acho que comecei a tornar-me chata, a dizer-lhe para beber água, a perguntar-lhe como estava, a tentar motivá-la mas sem saber como que isto de uma pessoa continuar a correr com dores é uma decisão muito pessoal e muito arriscada. O que é certo é que, a meio dos 9 quilómetros, a Fabiana mandou-me embora. Não foi uma decisão fácil para mim. Queria fazer a prova com ela, mas já tínhamos falado muito racionalmente sobre isto, antes da prova, e sabíamos que não podíamos deixar que o querermos ir juntas, prejudicasse a prova de uma ou de outra. E era o que estava a acontecer. E lá fui eu à minha vida!


Acelerei um bocadinho, mas sabia que ainda me faltava quase meia prova, estava muito calor, e não quis exagerar. As dores nos pés começaram. Quando ia nos 13km, comecei a questionar-me. Foi mais ou menos nesta altura que passámos num abastecimento que tinha laranjas e eu decidi pegar em dois bocados, numa garrafa de água, e encostar. Caminhei durante cerca de 100 metros, em que aproveitei para respirar fundo, comer as laranjas sem me engasgar e tomar o segundo gel, bebendo alguma água e usando a restante para me refrescar. A estrada para o Guincho é linda, mas é um sufoco quando está muito calor e não há praticamente vento (o que até é bom, eu sei!). Depois destes 100 metros, voltei a correr, mas muito lentamente. Lá fui buscar forças não sei bem onde para lutar contra as dores nos pés, cada vez piores, e comecei a fazer contas aos quilómetros que me faltavam, e a traduzir isso em minutos, para me tentar convencer de que já não faltava muito.


Consegui ir sempre a acelerar a partir do quilómetro 18, mesmo com subidas. Como? Pensando que tinha de fazer o esforço final, que só queria acabar com aquele sofrimento, que só queria acabar de correr e tirar os ténis. Cada um vai buscar a motivação onde quer, e isto, para mim, funcionou.

Mais uma vez, foi uma sensação incrível cortar aquela meta, porque sei que a minha forma não está brilhante, porque tive muitas dúvidas ao longo do percurso, e porque as dores eram muitas. Mas consegui!

Fiz mais 7 minutos do que no ano passado. É uma miséria, eu sei. Mas, sinceramente, com o que eu (não) tenho treinado, achei que podia ser pior.

Cheguei a casa com os meus pés no pior estado de sempre. As bolhas são inacreditáveis e em sítios novos, onde não era costume fazê-las. Não sei mais o que fazer, mas vou em busca de ajuda especializada.

Agora é descansar... Mas pouco, que para a semana há mais!

sábado, 2 de março de 2019

Das fotografias que dão alegria... - Day 61



Dia de sol. Rumámos à Marginal para um brunch maravilhoso em excelente companhia. A felicidade nas pequenas coisas. O saber que não precisamos de muitas pessoas à nossa volta, para termos as certas. 



sexta-feira, 1 de março de 2019

De Santa Maria...

A viagem a Santa Maria não foi só feita de paisagens incríveis e da prova mais especial que já fiz.

Foi também feita de uma viagem ao passado, a um passado muito longínquo, do qual tenho poucas ou nenhumas memórias, mas do qual muito ouvi falar.

Não estava preparada para isto. 

As pessoas não fazem por mal, mas todas perguntaram pela minha mãe, todas falaram na minha mãe, todas contaram histórias da minha mãe. Não foi por mal. Mas é natural que todas as memórias que têm associadas aos meus primeiros anos de vida, em que vivi naquela ilha, incluam a minha mãe.

E custou-me. Custou-me ouvir, uma e outra vez, falar nela. Houve momentos em que senti o chão desaparecer, em que o ar me faltou, em que agarrei discretamente a mão dele e respirei fundo. 

Não estava preparada para isto.

Curiosamente, as opiniões que ouvi e as histórias que me contaram tinham um denominador comum, que a modos que me tranquilizou, de uma forma sinistra e curiosa ao mesmo tempo: talvez a minha mãe não tenha mesmo nascido para ser mãe. De uma forma absolutamente inexplicável, cruel e estupidamente racional ao mesmo tempo, apercebi-me de algo de que não tinha noção: a minha mãe sempre foi pouco mãe, desde o início. E isso, apesar de brutalmente doloroso, foi profundamente revelador e quase apaziguador.

Mas não estava preparada para isto.

Foi uma viagem de muitas emoções inesperadas. Foi uma viagem tão mais complexa do que eu podia imaginar. Na minha ingenuidade, achei que ia a Santa Maria fazer o Columbus Trail e rever as caras de quem lá deixei há tantos anos. Na realidade, fui lá completar mais algumas peças deste meu puzzle a que chamo vida. E, apesar de ainda estar a digerir as emoções, quase um mês depois, tenho ainda mais a certeza de que fiz esta viagem na altura certa, na companhia certa, e que será daquelas memórias que guardarei em mim para sempre.

Mesmo que não estivesse preparada para aquilo.



(foi há 35 anos, no dia 29 de Fevereiro que este ano não existe, 
que eu nasci naquela ilha.)

Os devaneios Agridoces mais lidos nos últimos tempos...