sexta-feira, 25 de dezembro de 2020
Dos 6 meses da Isabel...
terça-feira, 22 de dezembro de 2020
Das coisas que a pandemia nos roubou...
Esta manhã, enquanto trabalhava, calhou em estar a passar uma música dos The National. E eu emocionei-me. Foi a segunda vez que isto aconteceu, em cerca de uma semana. Emocionei-me com algo tão simples como uma música dos The National (pouco importa qual).
A última vez que vimos os The National ao vivo foi há um ano e uns dias, no Campo Pequeno. Lembro-me de sair do escritório a correr, ir buscá-lo ao aeroporto (no tempo em que era normal as pessoas viajarem em trabalho), e irmos directos para o Campo Pequeno, onde comemos qualquer coisa num instante, e nos sentámos naquelas cadeiras estupidamente desconfortáveis.
O concerto começou e esquecemos o desconforto. O concerto começou e eu deixei-me levar pelas músicas. Com uma mão na tua mão e a outra na barriga (que ainda nem existia), eu quis guardar aquele momento para sempre. Fomos felizes, ali. Nós e a nossa sementinha, que ainda era segredo para a maioria das pessoas. Não me lembro, mas é provável que tenha chorado. Pelo menos, podia culpar as hormonas. Sei que gostei muito do concerto. Só podia, aliás.
Hoje, ao ouvir aquela música, voltei a esse concerto. E não pude deixar de me emocionar, ao pensar que não sei quando voltaremos, verdadeiramente, a um concerto. A pandemia tem-me levado tanta coisa boa, e a cultura é uma delas. Não sei quando voltaremos aos concertos, aos teatros, ao cinema. Não sei. E eu sei que eles continuam a existir. Eu é que não sei quando serei capaz de lá voltar. A pandemia levou-me a cultura e deixou-me o medo. E isso é uma grandíssima merda.
quarta-feira, 9 de dezembro de 2020
Dos 5 meses da Isabel...
terça-feira, 1 de dezembro de 2020
Das fotografias que dão alegria... - Day 336
segunda-feira, 30 de novembro de 2020
Da polémica das provas virtuais pagas...
terça-feira, 24 de novembro de 2020
Das fotografias que dão alegria... - Day 329
quinta-feira, 19 de novembro de 2020
Do meu nível de senilidade... Ou do meu quase regresso ao trabalho...
Hoje tinha pensado vir aqui escrever um post super inspirado sobre o facto de faltar, precisamente, uma semana para regressar ao trabalho.
A meio da manhã, o louco mais louco do que eu, veio ter comigo ao quarto da bebé e pergunta-me:
- Quando é que tu voltas ao trabalho mesmo?
- Daqui a precisamente uma semana...
- Então mas não era quarta-feira?
- Oh... Pois é... Eu pensava que era quinta e que ainda faltava uma semana. Já me deprimiste para o resto do dia... - e lá fiquei eu a pensar com os meus botões, que já não faltava uma semana inteira.
Pois não. Falta menos de uma semana para eu regressar ao trabalho. Como?! Não sei.
Também não sei o que andei a fazer nos últimos quatro meses e meio. Também não sei onde foi parar o tempo. Também não sei como é que, de repente, estamos a chegar ao fim de Novembro e deste ano memorável.
Não sei se foi da pandemia, se foi de mim e da minha inércia, mas tenho a clara sensação de que não fiz nada este ano. Nada. Eu sei que gerei, trouxe ao mundo e cuidei de um pequeno ser. Mas foi só isso. "Só". Sim, eu estou ciente da grandeza do que fiz. Mas... Sabe-me a pouco. Este ano não viajámos. Não convivemos. Não estivemos com as nossas pessoas. Não fomos a concertos. Não experimentámos restaurantes novos. Não fomos a provas. Estamos a pouco mais de um mês do final do ano, e eu vivo sentimentos agridoces: 2020 foi o ano em que veio ao mundo a nossa maior obra, mas foi também o ano em que toda a nossa existência esteve em suspenso.
É também com sentimentos agridoces que regresso ao trabalho. Precisamente devido a este sentimento de inutilidade no que a este ano diz respeito, tenho uma necessidade tremenda de voltar a trabalhar e sentir-me útil. Ao mesmo tempo, assusta-me pensar que está a chegar ao fim uma altura que nunca se irá repetir: o poder estar 100% dedicada à Isabel. Em breve, muito em breve, a Isabel deixa de ser apenas nossa e passa a ser do mundo. E isso tem tanto de incrível como de assustador. Caramba, que ainda ontem ela nasceu, e não tarda está na escola!...
terça-feira, 17 de novembro de 2020
Do quão boa eu sou a arranjar desculpas para não correr...
Domingo passado, cá vim eu contar o quão feliz e entusiasmada estava, por ter voltado a correr. Foram meses parada, e tinha tido, finalmente, autorização médica para voltar a correr.
Pois que segunda feira fui a uma consulta de dermatologia. E saí de lá com a indicação de voltar no dia seguinte, para ir tirar um sinal de aspecto duvidoso, que não devia ser nada mas que mais valia tirar. E terça feira lá fui eu. Sempre perdi uns bons dois gramas. Problema? Saí de lá com a indicação de reduzir esforços, não praticar actividade física, ter cuidado com a amamentação e cuidado também a pegar no meu pequeno leitão, perdão, na Isabel.
Portanto, menos de 48 horas depois de ter voltado a correr, arranjei uma desculpa para deixar de correr outra vez. Eu sei, é de génio.
Fui lá hoje trocar o penso, e resolvi perguntar se já podia voltar a correr. Diz que não, que ainda não posso, porque corro o risco de ao suar molhar o penso e deixar a zona húmida, que é tudo o que não se quer. Ainda tentei dizer que eu corro devagar e que mal suo, mas não consegui mais do que arrancar um sorriso à enfermeira.
Portanto, mais uma semana sem correr. Eu sei, é de génio.
domingo, 8 de novembro de 2020
Dos dias que marcam o mundo...
quinta-feira, 5 de novembro de 2020
Dos altos muito altos e dos baixos muito baixos desta vida...
terça-feira, 3 de novembro de 2020
Das fotografias que dão alegria... - Day 308 (ou do não-Natal 2020)
sexta-feira, 30 de outubro de 2020
Das conversas de sexta-feira à noite...
Estivemos a ver o documentário Dick Johnson is dead, e, quando acabámos, eu estive a elencar as minhas preferências para quando eu morrer. Como sei que ele só ouve 10% do que eu lhe digo, fica aqui, para registo futuro:
- quero ser cremada. As cinzas devem ser espalhadas no mar. Idealmente, em Santa Maria. Mas como é meio fora de mão, o meu irmão que pegue no barco e me leve para ao pé dos golfinhos, que já não é mau. Sintra ou Monsanto também são opções válidas.
- não quero cravos no meu funeral. Nem um. Odeio cravos.
- não quero padres nem missas. Façam uma coisa qualquer gira e simbólica, quem quiser diz umas palavras, e está feito.
- quero comida e bebida. Muitas gordices e muito álcool, para afogarem as mágoas.
E é isto. Parecem-me exigências bastante razoáveis, até.
Tentei que ele me dissesse as suas preferências, mas não foi capaz. Diz que nunca pensou sobre isso. Quem é que nunca pensou sobre o seu funeral?!... E o pânico que é pensar se lhe acontece alguma coisa e eu não sei o que fazer?... Já lhe disse que tem de pensar nisso, que isto não pode ser assim: ir embora e quem cá fica que resolva... Não. Nem pensar.
domingo, 25 de outubro de 2020
Dos 4 meses da Isabel...
quarta-feira, 21 de outubro de 2020
Das fotografias que dão alegria... - Day 295
domingo, 18 de outubro de 2020
Das fotografias que dão alegria... - Day 292
O passeio de hoje foi até à Caparica. O dia amanheceu cheio de nevoeiro, e custou a crer quando, à meio da tarde, saímos de casa e percebemos o calor que estava. Quando falei em irmos à praia, ele deve ter achado que eu estava louca, mas acho que o venci pelo cansaço e lá concordou.
E que bem que soube!... As praias com pouquíssima gente, um fim de tarde espectacular, e uma caminhada à beira-mar, com a Isabel a aproveitar para fazer a sua sesta.
A minha paranóia com a Covid continua (cada vez mais) elevada, e conseguir encontrar sítios onde me sinta em segurança, pode ser um desafio... Mas este passeio pela praia fez maravilhas pela minha sanidade mental.
Boa semana, Mundo!
sábado, 10 de outubro de 2020
Das fotografias que dão alegria... - Day 284
sexta-feira, 9 de outubro de 2020
Das fotografias que dão alegria... - Day 283 (ou de como Monsanto é sempre Monsanto...)
Um dos últimos sítios onde fomos antes de a Isabel nascer, foi Monsanto. Não cheguei a pôr aqui as fotografias desse dia, mas talvez venha a pôr, se um dia me derem as saudades do meu estado de pequeno cachalote.
Um dos primeiros sítios onde fomos depois de a Isabel nascer, foi Monsanto.
E um dos sítios onde fomos esta semana, foi Monsanto.
quinta-feira, 8 de outubro de 2020
Das fotografias que dão alegria... - Day 282 (ou da minha paixão por Van Gogh...)
Eu sou apaixonada pelo Van Gogh. Não foi uma paixão fácil ou imediata, mas foi uma paixão que foi surgindo, quanto mais o conhecia e descobria a sua obra. Quando li o livro "A Casa Amarela", percebi que havia muito mais por detrás daquelas pinceladas errática e aqueles amontoados de tinta.
Há uma linha muito fina que separa a genialidade da loucura, mas em Van Gogh essa linha está muito esbatida. Ele era um génio, mas também era um louco. No meio de toda aquela instabilidade mental, ele conseguiu uma produção artística incrível (sobretudo, porque só produziu durante 10 anos), que, como se sabe, só foi devidamente reconhecida após a sua morte. Van Gogh tem uma história triste, dura, pesada. E isso só confere ainda mais beleza à sua obra.
terça-feira, 6 de outubro de 2020
Das fotografias que dão alegria... - Day 280
segunda-feira, 5 de outubro de 2020
Das fotografias que dão alegria... - Day 279
quarta-feira, 30 de setembro de 2020
Das dúvidas que me inquietam às 22h39...
Quem mais já dorme de meias? Digam-me que não sou a única, por favor...
É que, de repente, o Outono trouxe um frio glaciar e os meus pés de princesa não aguentaram mais...
(eu devia estar a dormir, que a Isabel hoje adormeceu demasiado cedo e eu vou pagar isso caro em breve, mas estas questões apoquentam-me... Fazer o quê?!)
domingo, 27 de setembro de 2020
Da Corrida (virtual) do Tejo...
Não podendo eu correr (ainda), tenho passado um bocado ao lado das provas virtuais. Mas a Corrida do Tejo captou a minha atenção... Tinha o desafio tradicional dos 10km a correr, mas depois oferecia uma série de outras opções, para fazer a distância em vários dias e a correr ou caminhar. E, a juntar a isto, tinha uma t-shirt bem gira. Quando dei por mim, estava inscrita, com a Isabel inscrita por arrasto.
A prova tinha de ser feita esta semana e eu optei por fazer duas vezes 5km. Ainda não tinha feito 5km a caminhar vez nenhuma, mas foi um bom incentivo para fazer um bocadinho mais do que faço habitualmente.
Fiz a primeira parte na quinta-feira.
E fiz a segunda parte hoje.
Em ambos os dias estive na zona da expo, junto ao rio, para fazer jus ao nome da prova. Hoje fui equipada a rigor, com a t-shirt da prova e o dorsal.
sexta-feira, 25 de setembro de 2020
Dos 3 meses da Isabel...
Três meses de Isabel.
A velocidade a que cresce é assustadora. Já mais do que duplicou o peso que tinha à nascença. Já se parece mais com uma mini-pessoinha, com expressões e reacções muito próprias. Continua a adorar comer, e pára de mamar só para se rir e demonstrar o quanto é feliz a comer. Já dorme melhor, mas não tanto quanto a sua mãe gostaria. Continua a adorar o banho. Adorou as férias e a praia. Na maior parte dos dias, pelo menos. Ainda não fez amizade com o Snow. Ganhou o vício de chuchar no dedo. Continua a não pegar na chucha. Ri-se que nem uma perdida quando acorda de manhã. Claramente, não sai à sua mãe. Também se ri que nem uma perdida quando vê o seu pai, por quem tem uma paixão desmedida. Não sei se gosta de música, mas não tem outro remédio se não ouvir muita e variada. Já se aguenta melhor no tapete de actividades e já tenta agarrar os bonecos. Voltou das férias uma autêntica tagarela. Não gosta de dormir a andar de carro. Não é completamente anti-social e distribui sorrisos, mesmo a quem só viu uma vez na vida. Não gosta de dormir tapada.
Acho que é feliz.
quinta-feira, 10 de setembro de 2020
Das fotografias que dão alegria... - Day 254 (ou do dia em que a Isabel sentiu o mar pela primeira vez...)
segunda-feira, 7 de setembro de 2020
Da Maratona de Valência...
É oficial. A Maratona de Valência foi cancelada.
Nada que nos surpreenda, não é verdade? Toda a gente já sabia que este seria o desfecho mais provável mas a optimista em mim (que a há!), continuava com uma muito pequena esperança de que a prova se mantivesse, que a Covid-19 desaparecesse como que por artes mágicas, e que em Dezembro fôssemos fazer a nossa primeira viagem em família. Quis a vida, ou a Covid-19, que assim não fosse.
Ainda não conferenciámos com a restante família que também ia, mas não creio que a viagem vá acontecer. Houve uma altura em que eu achava que sim: mesmo sem prova, a viagem estava paga, pelo que íamos lá passear na mesma. Com a actual escalada de casos, e com a previsão do que vem aí com a chegada do Inverno, eu já mudei de ideias e não me vejo a ir para Espanha nos próximos tempos. O que é pena.
Pontos positivos: pode ser que lá vamos em 2021 e eu já possa fazer a prova (só tenho de arranjar babysitter para ficar com a miúda), e já andamos a ver possibilidades de alteração dos bilhetes, para ir fazer outra coisa gira, noutro sítio, nos primeiros meses de 2021. Se bem que seja impossível fazer planos nesta altura, mas uma pessoa sempre pode ir sonhando...
A propósito, ou não (que não tem nada a ver), um dia destes apanhámos na televisão uma reportagem sobre o campeonato mundial de Trail, em que falavam da última edição do MIUT. Tinha muitas e variadas imagens da prova, dos atletas, do percurso, e eu fiquei de boca aberta a olhar para aquilo. Já percebi por que motivo há alguns malucos que lá voltam, ano após ano... Eu sei que a Madeira é bonita, eu sei que a prova é incrível, mas ver aqueles vídeos dos percursos da prova, deixou-me mesmo maravilhada e com vontade de lá ir um dia...
Voltamos ao mesmo: uma pessoa sempre pode ir sonhando...
sábado, 5 de setembro de 2020
quinta-feira, 3 de setembro de 2020
Das fotografias que dão alegria... - Day 247
quarta-feira, 2 de setembro de 2020
Das fotografias que dão alegria... - Day 246
terça-feira, 1 de setembro de 2020
Das fotografias que dão alegria... - Day 245
sábado, 29 de agosto de 2020
Das fotografias que dão alegria... - Day 242
quinta-feira, 27 de agosto de 2020
Das fotografias que dão alegria... - Day 240
A foto não é de hoje. Obviamente e lamentavelmente.
É de há um ano. Em Chamonix. Numa das viagens da minha vida, numa outra vida, num outro tempo.
Sei que nunca mais vamos viajar como viajávamos, mas sei que um dia gostava de levar a Isabel a percorrer aqueles trilhos.
terça-feira, 25 de agosto de 2020
Dos 2 meses da Isabel...
segunda-feira, 24 de agosto de 2020
Da Gravidez... - XVII (ou da [in]fertilidade...)
Uma pessoa passa a vida a ouvir histórias de pessoas que engravidam sem querer, que engravidam só por respirar, que engravidam à primeira, e mais um sem fim de coisas que nos fazem acreditar que engravidar é fácil. Uma pessoa fica a achar que é só fazer o amor e puff... Fez-se o bebé! (só para quem se lembra do anúncio do Chocapic).
Depois uma pessoa depara-se com a realidade, que é bem diferente do que vemos nos filmes e ouvimos nas histórias, e percebe que engravidar pode não ser assim tão fácil.
Numa outra vida, eu já tinha tentado engravidar durante um ano, pelo que já sabia que não era fácil.
Desta vez, com mais uma cirurgia pelo meio e mais uns aninhos em cima, eu sabia que ia continuar a não ser fácil. Mas quis fazer diferente. E a melhor forma de fazer diferente, é informarmo-nos. E eu informei-me. Muito.
Antes de mais nada, tive de esperar que passasse o tempo necessário após a minha cirurgia. Depois disso, e de termos a certeza de que era isto que queríamos e que estava na altura certa (se é que isso existe!...), fiz os exames habituais para ter a certeza que estava tudo bem, e comecei a tomar a suplementação recomendada.
Depois disso, fui então informar-me. Comecei pelo trabalho da Patrícia Lemos, com o seu Círculo Perfeito. Vasculhei o seu site de uma ponta à outra, devorei o seu ebook, li tudo o que tinha no Instagram. E eu aprendi. Aprendi tanto, tanto, tanto sobre mim e sobre o meu corpo, que fiquei a achar que passara 35 anos da minha vida completamente a leste do que se passava em mim. Sem fundamentalismos nem extremismos, mas a verdade é que somos muito mal preparados para estas questões do auto-conhecimento e da fertilidade. Acho que todas as mulheres deviam ler o ebook dela e perder um bocadinho de tempo a pensar sobre este tema, que não tem nada a ver com querer engravidar.
Ainda me choca a quantidade de mulheres que oiço dizer que tomam a pílula para regular o período, ou que usam aplicações para ver o dia da ovulação (que, curiosamente, calha sempre no meio do ciclo...). Não critico, não condeno, não censuro. Eu também era assim. Mas, depois, informei-me. E agora sinto-me um bocadinho no dever de informar e espalhar a palavra pelas pessoas à minha volta.
Nesta luta para perceber melhor o meu corpo e o meu sistema reprodutor, também comprei a bíblia da fertilidade feminina: o livro Taking Charge of Your Fertility. Mais uma vez, não se trata apenas de conseguir engravidar. Trata-se, acima de tudo, de entender o nosso corpo, saber percebê-lo, conhecê-lo e ler os seus sinais.
Em ambos os casos, é abordado o Método Natural de Fertilidade (Fertility Awareness Method), que é um método que ajuda a engravidar, evitar uma gravidez e, acima de tudo, a conhecer o nosso ciclo e detectar eventuais problemas (as hormonas que produzimos dizem muito mais sobre nós do que poderíamos imaginar). Foi assim que eu comecei a olhar para mim e para o meu ciclo com outros olhos, a estar atenta aos sinais, a fazer o registo da minha temperatura basal, a olhar para gráficos e curvas. Aqui sim, existem aplicações que podem ser úteis, desde que devidamente alimentadas com a informação necessária (a informação é mesmo tudo e, sem ela, não há milagres).
Foram meses de descoberta, de aprendizagem, sempre com um sentimento de choque em relação ao quão mal andei a tratar o meu corpo durante tantos anos!... Não percebo como é que não há mais informação e mais atenção a um tema tão importante, e andamos a encher as adolescentes, e futuras mulheres, de pílulas, só porque sim e porque é mais prático.
No meu caso, mesmo assim, a coisa não foi tão rápida como gostaria, e em Setembro passado tive uma consulta na MAC. Nessa consulta, e perante o meu historial e a minha idade, a obstetra decidiu encaminhar-me para a Consulta de Apoio à Fertilidade. Ainda me lembro do que me custou subir as escadas até esse departamento, o ar pesado que lá senti, e a quase vergonha ao dizer que estava ali para me inscrever naquelas consultas. Deram-me um monte de papéis para preencher com dados meus e dele, pediram-me para aguardar uns minutos que pareceram horas, e fizeram uma primeira consulta de triagem. Aí, disseram-me logo: os tempos de espera para a primeira consulta eram de cerca de um ano.
Como se não bastasse o que custa uma pessoa andar a tentar e, mês após mês, não conseguir, ainda tem de esperar um ano por uma consulta de especialidade, numa especialidade que, só por si, luta contra o tempo. Triste país o nosso, no que toca à saúde!...
Apesar de tudo, do choque do encaminhamento para esta consulta, do choque do tempo de espera, do abanão que levei, ao fim de uns dias eu consegui mentalizar-me que isto não era uma sentença de morte. Que era apenas uma recomendação da médica, uma forma de "pouparmos" tempo se eu não conseguisse entretanto, porque os tempos de espera eram mesmo absurdos. Apesar de tudo, eu tentei não desanimar, continuei a cuidar do meu corpo, continuámos a tentar.
No ciclo seguinte, engravidei.
Nove meses depois, no mesmo dia em que eu soube que ia fazer uma cesariana, no preciso instante em que saía dessa consulta, toca o meu telemóvel e eu vejo no ecrã: MAC. Era para marcarem a primeira consulta.
Coincidências ou curiosidades da vida. Nem sei...
Isto tudo para dizer: informem-se, leiam, aprendam, conheçam o vosso corpo e os sinais que ele vos dá. Não se deixem levar (e frustrar) pela história dos ciclos de 28 dias e a ovulação ao 14º dia. Esqueçam aplicações com algoritmos fraquinhos que dão o mesmo resultado a toda a gente, quando toda a gente é diferente. Seja para engravidar, para evitar uma gravidez, ou só para saber se está tudo bem: oiçam o vosso corpo.
E, com este post, encerro (por ora) o tema da gravidez. Talvez se me lembrar de mais alguma coisa, volte a ele, mas acho que isto já se arrasta há demasiado tempo, já nem eu tenho paciência para mim, e acho que acabamos em bom. Seguem-se 137 posts sobre a aventura que é a maternidade e o pós-gravidez, pois claro.
domingo, 23 de agosto de 2020
Da Gravidez... - XVI (ou dos momentos amorosos...)
Já por aqui referi que não gostei particularmente de estar grávida, e que também acho que o devo (em parte) à nossa amiga Covid, que nos obrigou a estarmos mais fechados e isolados do mundo.
Mas até entrarmos em confinamento, a gravidez teve os seus momentos bons, os seus momentos amorosos, os seus momentos em que me senti mais acarinhada pelas pessoas à minha volta.
Desde o meu sobrinho de 4 anos a dar festinhas e beijinhos à minha barriga, aos presentes inesperados, às atenções e cuidados redobrados com a minha pessoa. Desde muito cedo, percebi que a Isabel ainda não tinha nascido e já tinha muita gente a gostar dela e a torcer para que tudo corresse bem, e isso foi maravilhoso.
Lembro-me também, e não queria deixar de o registar por aqui, de um momento em particular que me deixou de lágrimas nos olhos (as hormonas! ai, as hormonas!). Estávamos em Arganil, para os Picos do Açor. Eu estava inscrita para os 18km, ele para os 36km. Eu estava com quase 3 meses de gravidez e decidi não participar na prova, sobretudo, porque estava mau tempo e era um disparate arriscar uma queda na lama ou algo pior. Por coincidência, estava no mesmo hotel que a ET e tive de lhe mentir com uma desculpa esfarrapada qualquer para justificar não ir correr, e outra para justificar quando nos encontrámos no pequeno-almoço e eu lhe disse que não tinha ido assistir à partida da prova dele. Que raio de roadie é que nem assiste à partida da prova? Uma roadie grávida, enjoada e a precisar de dormir, pois claro!...
Continuando... Nós não somos particularmente emocionais, nem de grandes demonstrações de afecto. Por isso, quando naquele dia frio de Dezembro, antes de sair do quarto para ir para a prova, ele me pediu para ver a minha barriga porque lhe queria dar um beijinho de despedida, eu não pude não ficar completamente derretida... Ainda estávamos tão no princípio, ainda era tudo tão surreal, mas aquele pequeno ser já nos estava a mudar e a conquistar...
Ao longo da gravidez, fomos tendo vários momentos assim, em que percebemos que ela ainda não tinha nascido, mas nós já estávamos a nascer como pais. Nós, e as pessoas à nossa volta, já estávamos irremediavelmente mudados por uma Isabel que ainda vinha a caminho, para abalar ainda mais o nosso mundo. E era uma sensação incrível!
sábado, 22 de agosto de 2020
Das fotografias que dão alegria... - Day 235
sexta-feira, 21 de agosto de 2020
Da Gravidez... - XV (ou do dia em que eu soube que ia fazer uma cesariana...)
Corria o longínquo dia de 2 de Junho de 2020 quando, depois de mais uma CTG, a minha obstetra me disse, definitivamente, que a Isabel iria nascer de cesariana.
E eu tive, mais uma vez, a confirmação daquilo que já vinha a descobrir nos últimos meses na gravidez: nada é como tínhamos imaginado. Podemos ler, fazer cursos, sonhar, planear, tudo e mais alguma coisa. Mas a maioria das coisas fogem do nosso controlo, e resta-nos aceitar.
Lembro-me de me ter sentido particularmente inútil. Eu não servia para trazer a minha filha ao mundo. Dramático, eu sei. Exagerado, eu sei. Mas foi o que senti naquele momento.
A opção da obstetra pela cesariana era discutível e, apesar de ela já ter falado nisso uns meses antes, eu achei que era apenas uma possibilidade e que continuaria a haver a hipótese de se tentar um parto natural. Naquele dia, eu percebi que não. E fiquei sem chão.
Questionei tudo. Questionei-me a mim. Muito. Falei com várias pessoas e pedi várias opiniões, que se dividiam.
Eu não queria fazer uma cesariana. E não era um mero capricho meu de quem acredita em fadas e unicórnios. Eu não queria fazer uma cesariana porque eu não tinha a certeza de que a cesariana fosse a única opção, ainda que a minha obstetra achasse que era a melhor opção, para minha segurança e da bebé.
Mas a opinião da minha obstetra não era consensual, não era completamente objectiva, não era a única. E, com 36 semanas de gravidez (quase 37), eu só tinha duas opções: aceitar o que a obstetra dizia e queria fazer, ou mudar de obstetra (o que implicava mudar também de sítio onde a bebé ia nascer). Ainda consegui que uma amiga falasse com uma obstetra que seria uma hipótese para mim, e que achava que não era linear que eu fizesse uma cesariana, mas que não estava a aceitar novas grávidas.
Foram tempos confusos em que, na verdade, não tinha muito tempo para uma decisão. Se, por um lado, uma parte de mim achava que eu devia ir à procura de outro obstetra que me desse uma hipótese, uma parte de mim já estava contaminada pelo grilo falante que iria estar sempre a perguntar-me se insistir num parto normal não seria um erro e se não estaria a pôr em causa a minha segurança e a da bebé. Conhecendo-me, eu sabia que mesmo que mudasse de obstetra, iria ter sempre aquela dúvida de saber quem é que teria razão e do que seria realmente melhor no meu caso. Até podia ter avançado para um parto normal, mas era provável que passasse o tempo todo com medo de uma eventual complicação (que podia ser muito complicada). Ou então não, e eu podia ter tido um parto natural espectacular.
Nunca vou saber. Na altura, decidi manter-me com aquela obstetra. Hoje? Arrependo-me profundamente. Já aceitei e já quase me perdoei. Sei que tomei a decisão que me fez sentido na altura, com a informação que tinha. Também sei que me faltou alguma força e coragem, mas, às 36 semanas de gravidez, eu tive medo de bater o pé e pôr em risco a bebé. Também sei que não seria fácil arranjar novo obstetra naquela fase da gravidez. E sei que nunca me perdoaria se alguma coisa tivesse corrido mal, porque eu tinha mudado de obstetra de repente. Na altura, mesmo sabendo que talvez a opção pela cesariana não fosse a melhor, eu decidi como me fez sentido. Agora, já não há nada a fazer em relação a isso. No futuro, já sei quem será a minha nova obstetra.
quarta-feira, 19 de agosto de 2020
Da Gravidez... - XIV (ou do meu primeiro breakdown... e de todos os outros...)
Uma das coisas boas da gravidez, é que podemos culpar as hormonas por 99% das coisas que nos acontecem. Têm as costas muito largas, as pobres hormonas.
Curiosamente, eu não me senti muito "hormonal". Bom, talvez alguém cá em casa discorde. Mas foi o que eu achei.
Claro que tive os meus momentos e as minhas crises. Claro que chorei pelas coisas mais tolas e me emocionei por coisas que antes talvez ignorasse. Mas podia sempre culpar as hormonas, e estava tudo bem.
Culpa das hormonas, ou não, lembro-me perfeitamente do meu primeiro breakdown a sério. De repente, já não sei a propósito de quê, eu dei comigo na casa de banho a chorar convulsivamente. De repente, eu pus tudo em causa.
Naquele momento, eu perguntei-me se seria capaz de ser mãe, se estaria à altura do desafio, se teria nascido para ser mãe, se não seria tudo um grande erro. Chorei, chorei, chorei. Depois enfiei-me na banheira, chorei, chorei, chorei, e, eventualmente, passou. Podia sempre culpar as hormonas.
Mas culpa das hormonas, ou não, ao longo da gravidez fui tendo diversos momentos de dúvidas e medos.
O meu principal medo? Aquele que mais me assaltou, que mais me tirou o sono, que mais me fez chorar? O mais óbvio: serei eu capaz de ser melhor mãe do que a minha mãe foi para mim? Se, por um lado, a resposta parece evidente: não é difícil ser melhor mãe do que ela foi. Por outro lado, é difícil eu conseguir acreditar que posso ser melhor mãe, quando não tenho grandes referências ou exemplos. Houve muitos momentos em que eu me questionei se seria capaz de, não tendo tido uma boa mãe, ser uma boa mãe.
Ainda me faltam muitos anos de terapia para resolver e arrumar de vez aquilo que foi a minha relação com a minha mãe. Com ela morta, a coisa fica ainda mais difícil. Mas um dia eu hei-de lá chegar. Enquanto não chego, é inevitável que isso condicione a minha experiência enquanto mãe. Claro que, de forma muito racional, eu sei perfeitamente o impacto que isso pode ter e uso todas as estratégias possíveis para que isso não me influencie negativamente. Posso não ter as coisas bem resolvidas, mas tenho consciência delas e, lá está, sendo muito racional, sei perfeitamente que posso fazer diferente. Muito diferente. O problema são aqueles momentos em que eu não consigo ser muito racional, e em que eu me vejo condenada ao fracasso, incapaz de ser uma boa mãe para a Isabel. São poucos esses momentos, são cada vez menos, mas, de quando em vez, ainda me assaltam os pensamentos.
Para além de todos os grandes desafios que a maternidade nos traz, para mim, trouxe este muito difícil: o obrigar-me a olhar para mim, para a relação que tive com a minha mãe, para o que fui enquanto filha e o que (não) quero ser enquanto mãe. E tem sido uma luta monstruosa!...
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
Das séries que eu vejo...
Os devaneios Agridoces mais lidos nos últimos tempos...
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O C. chegou ontem. Matámos saudades, fomos jantar e ao cinema. O filme foi "Inimigos Públicos", que eu não recomendo. Continuo con...
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Vinte meses de Isabel. A caminho dos dois anos. Já muito longe de ser um bebé, e cada vez mais uma mini-pessoinha, com personalidade e vont...
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Há coisas que eu não percebo... Não percebo mesmo. Esta coisa da blogosfera é uma delas. Já cá ando há muitos anos e continuo a não ...