Já por aqui referi que não gostei particularmente de estar grávida, e que também acho que o devo (em parte) à nossa amiga Covid, que nos obrigou a estarmos mais fechados e isolados do mundo.
Mas até entrarmos em confinamento, a gravidez teve os seus momentos bons, os seus momentos amorosos, os seus momentos em que me senti mais acarinhada pelas pessoas à minha volta.
Desde o meu sobrinho de 4 anos a dar festinhas e beijinhos à minha barriga, aos presentes inesperados, às atenções e cuidados redobrados com a minha pessoa. Desde muito cedo, percebi que a Isabel ainda não tinha nascido e já tinha muita gente a gostar dela e a torcer para que tudo corresse bem, e isso foi maravilhoso.
Lembro-me também, e não queria deixar de o registar por aqui, de um momento em particular que me deixou de lágrimas nos olhos (as hormonas! ai, as hormonas!). Estávamos em Arganil, para os Picos do Açor. Eu estava inscrita para os 18km, ele para os 36km. Eu estava com quase 3 meses de gravidez e decidi não participar na prova, sobretudo, porque estava mau tempo e era um disparate arriscar uma queda na lama ou algo pior. Por coincidência, estava no mesmo hotel que a ET e tive de lhe mentir com uma desculpa esfarrapada qualquer para justificar não ir correr, e outra para justificar quando nos encontrámos no pequeno-almoço e eu lhe disse que não tinha ido assistir à partida da prova dele. Que raio de roadie é que nem assiste à partida da prova? Uma roadie grávida, enjoada e a precisar de dormir, pois claro!...
Continuando... Nós não somos particularmente emocionais, nem de grandes demonstrações de afecto. Por isso, quando naquele dia frio de Dezembro, antes de sair do quarto para ir para a prova, ele me pediu para ver a minha barriga porque lhe queria dar um beijinho de despedida, eu não pude não ficar completamente derretida... Ainda estávamos tão no princípio, ainda era tudo tão surreal, mas aquele pequeno ser já nos estava a mudar e a conquistar...
Ao longo da gravidez, fomos tendo vários momentos assim, em que percebemos que ela ainda não tinha nascido, mas nós já estávamos a nascer como pais. Nós, e as pessoas à nossa volta, já estávamos irremediavelmente mudados por uma Isabel que ainda vinha a caminho, para abalar ainda mais o nosso mundo. E era uma sensação incrível!
Tudo tem momentos bons e menos bons. Como é evidente, quis o acaso que o momento fosse prejudicado por esta pandemia, o que vos condicionou imenso.
ResponderEliminarMas no futuro, o que vai ganhando destaque nas tuas memórias são esses melhores momentos :)
Beijinhos e aproveita o bom que tens :)