quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Da pressão que nos colocam(os)...

Há dias dei comigo a pensar sobre estas novas correntes que nos dizem que não nos podemos contentar com nada menos do que a perfeição, que temos de lutar pelo que merecemos, que temos de querer sempre mais e melhor, e afins. Tenho tido muito tempo livre, eu sei.

Mas a verdade é que, ainda que ache isto tudo muito bonito, acho que tudo isto não faz mais do que criar pessoas permanentemente insatisfeitas, que nunca valorizam o que têm, que estão sempre a pensar se não poderiam ter mais e melhor.

Claro que devemos lutar pelo que nos faz felizes. Mas vamos todos despedir-nos dos nossos empregos se não nos fizerem felizes? Não, não vamos. Porque não há empregos perfeitos. Há uns melhores, há outros piores. E podemos, e devemos, procurar os melhores, mas devemos também saber aceitar quando já temos um bom emprego (e isso significa coisas diferentes para pessoas diferentes) e não estar permanentemente à procura de um melhor, achando sempre que o que temos não é suficiente.

E falei de empregos como podia ter falado de casas, de relações, de corpos, de qualquer outra coisa.

Como é que nos tornámos nesta sociedade obcecada com a perfeição? Às tantas, nem sei se somos obcecados com a perfeição. Porque, para isso, era preciso que soubéssemos o que é a perfeição e, na maioria dos casos, acho que nem isso sabemos. Somos, isso sim, obcecados pelo mais, pelo melhor. Temos uma dificuldade tremenda em simplesmente aceitar o que de bom temos, respirar fundo, e ser feliz.

É certo que há uma linha muito ténue que separa esta última realidade do conformismo. Não acredito que devamos ser conformistas. Mas acredito, muito, que temos de encontrar essa linha. Temos de aprender a lutar pelo que nos faz felizes, mas depois temos de aceitar e dar valor ao que temos, ao invés de nos sentirmos sempre infelizes a pensar que podíamos ter ainda melhor.

Nem todos acordamos super felizes por ir para o trabalho  que adoramos, nem todos temos corpos perfeitos, nem todos temos relações fáceis e descomplicadas, nem todos temos as contas recheadas, nem todos acordamos felizes todos os dias. E então?

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Das várias vidas que temos numa só vida...

Há 9 anos atrás a esta hora, eu estava a casar-me. Eu, de vestido de noiva e véu na cabeça, estava a jurar amor eterno perante uma centena de convidados, a prometer amor e respeito até que a morte nos separasse. Sendo que nenhum de nós morreu entretanto foi então, naturalmente, a vida que nos separou. Como seria expectável, até.

Há 9 anos atrás eu não sabia que aquele casamento não ia resultar. Ou, e nunca o admiti até agora, talvez soubesse. Talvez no fundo de mim eu já soubesse que aquele casamento não podia resultar. Mas, na minha ingenuidade, na minha vontade de ser feliz, na minha necessidade básica e primária de ser amada e ter alguém ao meu lado, eu quis acreditar que tudo ia correr bem. Eu quis acreditar que, acreditando muito, aquele casamento podia resultar. Na minha habitual arrogância, eu achei que a minha vontade e empenho, seriam suficientes para levar aquela relação a bom porto. Nada disto foi suficiente. Obviamente.

Curiosamente, se há coisa que eu tenho bem resolvida na minha cabeça é este episódio da minha vida. Talvez seja redutor chamar-lhe isto. Mas a verdade é que é algo tão distante, de uma pessoa tão diferente do que sou hoje, que parece que não foi a mesma pessoa que se casou há nove anos atrás, e a que hoje escreve sobre isso. São mesmo pessoas diferentes e hoje falo disso com toda a tranquilidade e naturalidade do Mundo.

Mas não foi sempre assim. Não foi fácil assumir aos 27 anos que estava divorciada. Não foi fácil terminar um casamento ao fim de apenas 2 anos. Assumir o falhanço, o fracasso, o erro. Mas não tenho a mínima dúvida de que foi a decisão certa. Nunca tive, aliás.

Ter casado, ter estado casada, ter passado por um divórcio, foi apenas uma das muitas vidas que já levo nesta vida. Sem dúvida que foi algo que me fez crescer, aprender, evoluir, chegar onde cheguei.

São curiosas as vidas que a volta dá, as vidas que vivemos, as pessoas que vamos sendo, as crenças que deixamos de ter, as novas crenças que passamos a ter, as inseguranças que vão e vêm. A nossa essência está sempre lá, mas não deixo de me maravilhar com o tanto que pode acontecer com o passar dos anos. A vida continua a espantar-me com a forma como nos surpreende, como nos muda e molda, com tudo o que nos oferece durante o período de tempo em que por cá nos permite andar. Fico sempre a pensar no que será que a vida tem para mim a seguir.

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Do meu estado actual...

Em modo Wedding Planner. Não, não me vou casar. Obviamente, não me vou casar.

Mas ando a tentar ajudar quem vai e só tenho a dizer que é uma trabalheira!... Onde é que se arranjam sítios giros, sem teias de aranha, sem decorações dos anos 80, sem salões com chão em calçada portuguesa, sem um mínimo de 150 convidados, e sem pedirem um rim e uma coxa por pessoa? Eu sei, são muitos requisitos. Mas eu só gostava de encontrar um sítio normal. Simples, agradável, versátil. Existe?

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Das coisas em que eu penso...

Ainda penso em ti. Muitas vezes. Demasiadas vezes, talvez.

Não penso em ti por ter saudades, por sentir a tua falta, por querer ter-te de novo na minha vida.

Penso em ti, apenas e só, porque ainda não fui capaz de me perdoar por todo o mal que me fizeste. Talvez um dia consiga ultrapassar isso. Talvez um dia volte à terapia. Talvez toda a terapia do Mundo não seja suficiente para eu aceitar que ter-te permitido que me fizesses tanto mal, não faz de mim uma pessoa menor.

Além de todas as feridas evidentes e óbvias, há todas as outras que ninguém sabe, que ninguém conhece, mas que trago gravadas em mim e das quais não me consigo livrar, por mais que queira.

Não sou uma pessoa bem resolvida, não levo uma vida perfeita, não tenho as ideias milimetricamente arrumadas e não estou cheia de certezas. Tenho dúvidas, tenho medos, tenho uma bagagem imensa que me faz questionar-me. Muito.

Gostava de escrever sobre o quão feliz sou. Sobre o quão grata me sinto pelas coisas boas que a vida me deu. Sobre o quão sortuda me sinto, tantas vezes. Que sou. Feliz. Grata. Sortuda.

Mas não o sou todos os dias. Não consigo. E, hoje, só consigo ficar a olhar para mim e para o passado, e continuar a tentar perceber como foi possível, como é que eu, pessoa que se considera inteligente, permiti que tudo aquilo acontecesse, como é que eu desperdicei tempo de vida daquela maneira, como é que eu não fiz nada. Como?... E o pior? O pior é saber que pode voltar a acontecer. Porque é tão fácil!...




Nota: este post já foi escrito há algum tempo. Hoje estou como sou. Não no Alta Definição, mas feliz, grata e sortuda, nesta casa de onde pouco ou nada tenho saído e que me dá para devaneios com pouco sentido.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Das coisas que eu faço para me entreter... Ou do estado do recrutamento em Portugal...

Isto de estar de baixa deixa-me com muito tempo livre e tenho de me entreter, claro está.

Acabei de responder a este anúncio de emprego.

Depois de me apresentar, de descrever a minha experiência profissional, de referir todas as minhas competências e conhecimentos técnicos, que correspondem a tudo o que pedem, acabei com: Como compreenderá, com toda esta experiência e conhecimentos, não sou elegível para um estágio profissional do IEFP, mas desejo-lhe o maior sucesso a encontrar quem seja!

Foi mais forte do que eu. Lamento.

Das caixinhas mágicas...

Como referi por aqui, em Julho tive um casamento no Douro. Em Santa Marinha do Zêzere, mais precisamente. Nunca tinha estado naquela zona, e é impossível ficarmos indiferentes à beleza do que vemos, àquelas paisagens, à forma como o Douro serpenteia entre aquelas encostas, que se sucedem umas a seguir às outras, até ao fim do que os nossos olhos conseguem alcançar.



Não houve tempo para muito, mas ainda deu para passear um bocadinho, comer muito boa comida, e ficar com vontade de lá voltar, para explorar melhor a região (será em Outubro, com ou sem trail!).




Não me alongarei muito a falar de um casamento que não o meu, porque acho sempre que este tipo de cerimónias são tão pessoais e íntimas, que devemos guardá-las para quem teve o privilégio de nelas participar, por ser essa a vontade dos noivos. Mas não podia deixar de escrever sobre aquilo que de mais importante trouxe comigo, naquele dia, e para o resto da vida.

Eu não sou uma pessoa religiosa. Já há muitos anos que me desliguei completamente da Igreja Católica (se é que algum dia estive verdadeiramente ligada), e nunca me debrucei sobre outras religiões, pelo que continuo a acreditar nas minhas crenças muito próprias e pessoais, e pouco mais.

Assim sendo, e sabendo que os noivos são pessoas muito religiosas e crentes, bem como os seus familiares e amigos, estava à espera de uma cerimónia religiosa com tudo a que as mesmas têm direito, demorada e pouco interessante para quem, como eu, não se identifica com a religião.

E o que aconteceu foi exactamente o oposto! Foi uma cerimónia muito bonita, muito personalizada, em que, mais do que uma religião, celebrou-se o amor entre aquelas duas pessoas.

E o mérito é não só dos noivos, pelas escolhas que fizeram e pela forma como se preocuparam em fazer uma cerimónia bonita e inclusiva, mas também do Padre escolhido (o Padre Vasco Pinto Magalhães), um Padre muito especial, que conhecia bem os noivos, que fez uma cerimónia única, com um tom descontraído mas sério, com as piadas certas no momento certo. As leituras escolhidas, as mensagens passadas, o coro, o ofertório feito pelos padrinhos (nunca tinha visto nada assim!), foi tudo pensado ao mais ínfimo pormenor e resultou numa cerimónia realmente bonita. Ali, não se falou de religião, falou-se de amor, de entrega, de partilha, de fazer o bem, de humildade, de saber perdoar. Tudo coisas com as quais me identifico inteiramente, e que vão muito para além de qualquer Deus no céu ou na terra.

Uma das coisas que nunca esquecerei foi a caixinha mágica que o Padre ofereceu aos noivos. Uma caixinha invisível, onde ele colocou três palavras: obrigado, descentrar-se e acreditar.

Obrigado todos os dias por todas as coisas boas que temos nas nossas vidas. Porque é fundamental sentirmo-nos gratos pelo que temos, pelas pessoas à nossa volta, pelo que nos faz feliz, pelo facto de estarmos vivos.

Descentrar-se é saber não nos colocarmos no centro de tudo. É não pensarmos só em nós, no nosso centro, no nosso umbigo. É saber o que é estar no lugar do outro. É conseguirmos olhar para tudo o que nos rodeia e decidirmos e agirmos em função disso.

Acreditar é essencial. Temos de ter fé. Diz a Wikipedia que a fé "é a adesão de forma incondicional a uma hipótese que a pessoa passa a considerar como sendo uma verdade sem qualquer tipo de prova ou critério objetivo de verificação, pela absoluta confiança que se deposita nesta ideia ou fonte de transmissão". Acreditar é isto. É não duvidar. É ter a certeza de que vai correr tudo bem. É acreditar em nós, é acreditar no amor, é acreditar na nossa força e nas nossas capacidades. Acreditar, sempre. Mesmo nos dias em que tudo parece negro, acreditar. Sempre.

E nada disto tem a ver com religiões. Isto tem, apenas e só, a ver connosco, com a forma como escolhemos viver a nossa vida, com o que decidimos fazer para sermos felizes e fazermos os outros à nossa volta felizes. E o que é isso de ser feliz? Leiam mais aqui.

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Das dúvidas que me surgem a meio de mais uma crise...

Qual é a quantidade de lágrimas que o nosso corpo consegue produzir? Corremos o risco de desidratar? De onde vem tanta água?

Todas estas dúvidas me assaltaram um dia destes quando, mais uma vez, chorei sem parar durante mais tempo do que o que seria recomendável. Eu, imóvel, e as lágrimas ali a escorrer, umas atrás das outras.

E eu, confesso, comecei a questionar-me sobre a origem de tanta água e sobre a capacidade do nosso corpo de produzir mais e mais lágrimas. Achava eu que devíamos ter um depósito de lágrimas algures (no saco lacrimal, talvez?), e que esse depósito seria finito. Parece que não. Parece que o nosso corpo consegue produzir mais e mais lágrimas, umas atrás das outras.

E, não se preocupem, não é possível desidratar por chorar demasiado. Diz o Tio Google que o nosso corpo sabe gerir a água que tem disponível e que, antes de nos deixar desidratar, corta-nos o stock de lágrimas.

Estou muito mais descansada agora. E esclarecida, já agora! Que uma pessoa não pode seguir com a sua vida, sem encontrar resposta para estas questões fundamentais da nossa existência.

quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Das coisas que dividem o Mundo... - IV

O Mundo divide-se entre as pessoas que não conseguem dormir destapadas (mesmo que isso signifique morrerem de calor), e as outras.

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Dos grandes passos para mim, que são passos irrelevantes para a Humanidade...

Ontem fui fazer a minha primeira caminhada. 

Vim do hospital com indicações para começar a fazer caminhadas leves após duas semanas. E achei que ontem era um bom dia para começar.

Não foi, logo à partida, um processo fácil. O que é uma caminhada leve? Leve quer dizer o quê, exactamente? É um conceito muito abstracto, convenhamos... Conheço muito boa gente que entende como caminhada leve fazer 15km, em duas horas, num Sábado de manhã, só porque é giro... E fazem muito bem!

Já eu, perante deste dilema e esta indefinição, achei por bem ir andando e logo se via como corria (ou andava, neste caso). E não andei muito, não. Fiz pouco mais de 2km, em pouco mais de meia-hora. Eu sei, há quem faça provas de 10km em menos tempo. Mas, para mim, já foi coisa para me deixar de rastos e com ainda mais dores.

E com uma certa neura... Ou inveja, sejamos francos. Andei na Expo, junto ao rio, e cruzei-me com dezenas de pessoas a correr. E de cada vez que passava mais alguém a correr por mim, eu só pensava no quanto queria também eu poder correr!... Isto dito por quem se andou a encostar nos últimos meses é, no mínimo, irónico. Fica a lição para o futuro: não deixes para depois, o que podes correr já!...

Mas, apesar de tudo, fez-me bem. Fez-me bem sair de casa, voltar a calçar os ténis, mexer-me um bocadinho, ver pessoas e a rua. E ainda deu para ver 4 planetas! É verdade! Vimos Marte, Saturno, Júpiter e Vénus. Quanto mais não seja, valeu por isso!

Agora é ir fazendo mais algumas, aumentando a distância, a pouco e pouco... Quanto a voltar a correr, ainda estou a decidir se espero quase um mês pela consulta que terei, ou se, em calhando de me sentir com forças para isso, arrisco começar mais cedo. Certo é que já estou a tratar de cancelar a inscrição no Douro Ultra-Trail (se alguém quiser um dorsal, é só dizer!).

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Das sugestões que eu faço ao Mundo...

Imagem do site do Teatro Nacional D. Maria II

Não morrer. Sobretudo, não morrer. Ficar na vida. Face à ideia da morte, confirmar que estávamos certos de todas as vezes que dissemos que as coisas fundamentais da vida são invisíveis. Estávamos certos até mesmo quando duvidávamos do que dizíamos, porque duvidamos sempre do que dizemos e sabemos que o silêncio entre cada palavra que proferimos não se chama silêncio, o seu nome é dúvida. - Tiago Rodrigues, em Sopro


Em Novembro passado, falei aqui de Sopro. Uma peça muito especial, muito bem conseguida, da qual gostei muito, pela homenagem que presta a todos os invisíveis do teatro e não só. Depois de ter estado esgotada, depois de muitos e merecidos reconhecimentos, depois de ter andado por outras palcos, a peça regressa ao TNDMII em Janeiro e eu recomendo que, se gostam um bocadinho que seja de teatro, vão ver. E eu sei que ainda falta muito para Janeiro, mas, acreditem, os bilhetes vão esgotar. E podem sempre pensar já neles como um presente de Natal para alguém especial. Podem saber mais aqui.



Ah! Se precisarem de mais um argumento para ir assistir a esta peça, eu deixo-o aqui: trocaram alguns dos actores que acompanham a Cristina Vidal em palco (mas não a Beatriz Brás nem a Isabel Abreu, naturalmente), e temos agora o Romeu Costa. De nada.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Das sugestões de que eu preciso...

Estando eu com bastante mais tempo livre do que o habitual, ainda que tenha a sensação que ele se me escapa por entre os dedos sem que eu saiba bem como, tenho dedicado algum tempo à leitura e às séries/filmes/documentários, para intervalar do que ando a estudar e da viagem que ando a planear.

De livros, já despachei: Camino Island (do John Grishman), Along Came a Spider (do James Patterson), e Behind Closed Doors (da B.A. Paris). Gostei do primeiro, dos outros dois não tanto. Talvez seja eu que sou esquisitinha, mas estava à espera de um pouco mais... Agora estou de volta ao Follett, com o A Colummn of Fire, e esse nunca desilude, já se sabe.

Quanto a séries, vi, finalmente, a 13 Reasons Why, tenho andado a ver The Killing e os novos episódios de Suits (aqueles dois matam-me...), e hoje vi o documentário da Amanda Knox. Confesso que fiquei na mesma e sem conseguir ter opinião formada sobre a inocência ou culpa dela.

Posto isto, aceitam-se sugestões de livros, séries, filmes, e tudo o que possa ocupar o meu tempo nos meus próximos tempos em reclusão.

terça-feira, 14 de agosto de 2018

Das decisões que eu tomo e que me podem valer algumas pedras nos meus telhados de vidro...

Galeria de imagens deste alojamento
Imagem descaradamente roubada do Booking

O hotel que escolhi para ficarmos em Varadero é só para adultos. E não é só para adultos na medida em que é só gente doida e toda nua e orgias a toda a hora. Podia ser, mas não é. Neste caso, é um hotel onde as crianças não são permitidas.

Aceitam-se reacções:

Hipótese A - Que ideia de génio! Deve ser um sossego!
Hipótese B - Meu Deus! Como foste capaz?! As crianças são o melhor do Mundo!

Eu sei que este não é um tema muito consensual, e já li por aí grandes discussões sobre a proibição de crianças em restaurantes, hotéis e espaços afins. 

Por mim, acho óptimo. E não é por isso que gosto menos de crianças. Simplesmente, acho que há mercado para tudo e, havendo a possibilidade de escolher um sítio sem crianças, há muita gente que prefere, na esperança de ter mais paz e tranquilidade.

Eu prefiro. E sei que não estou sozinha!

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Das coisas que só acontecem na minha família... Ou de como a vida dá e tira a um ritmo que eu não consigo acompanhar...

Aos 34 anos de idade, ganhei uma avó.

Talvez seja ainda prematuro dizer que ganhei uma avó. Que uma avó não é prémio que se ganhe ou receba em qualquer jogo de lotaria ou de feira popular. Talvez uma avó se conquiste, se quiser ser conquistada, se a quisermos conquistar. Que isto das relações de sangue pouco ou nada valem, como a vida tão bem já fez questão de nos ensinar.

Ontem conheci a minha avó paterna. A mãe do meu pai, sangue do sangue dele, que lhe deu vida e luz. Não a avó a que chamei avó durante 31 anos da minha existência e que nos deixou há quase 5 anos. Coisa estranha esta em que uma avó não é só uma avó. Uma avó, ou duas avós, neste caso, são muito mais do que isso. São toda uma história, são muitas histórias, mas são histórias que não são minhas e que não me sinto no direito de contar, de partilhar, de expor assim para que o mundo as leia e julgue, como é tão hábil em fazer com tudo o que não conhece, com tudo o que não entende. Quem somos nós para entender o que seja das histórias dos outros? Eu, certamente, não sou ninguém.

Foi então ontem que conheci a minha avó. E nela vi, desde logo, os olhos do meu pai, que eu gostava de ter e não tenho. Vi também, não no imediato mas em pouco mais do que algumas palavras, o feitio do meu pai, que eu gostava de não ter mas tenho. Vi as parecenças, vi as semelhanças, vi aquilo que os une, mesmo tendo estado uma vida inteira separados. Quanto do que somos está nos nossos genes para além dos sinais exteriores visíveis e óbvios? Teria Platão razão? Será possível que tenhamos em nós também um pouco dos que nos deram vida? Que sejamos mais do que a carne e ossos deles, mas também o espírito, o querer, o ser?

Entre tantas dúvidas, ainda não sei se saberei acolher uma avó com esta idade. Todos estamos habituados a nascer com avós, crescer com elas, tê-las sempre ali por perto. Num mundo ideal, pelo menos. Ainda que eu não saiba o que é isso de um mundo ideal. Mas depois lembro-me da avó que perdi este ano. Que também soube acolher quando já tinha quinze anos. E apercebi-me que, como dizem, o nosso coração é mesmo elástico, que estica, que consegue sempre adaptar-se a estas manobras estranhas da vida, que nos faz ganhar e perder pessoas, mesmo que nos pareça fora de tempo. Creio, cada vez mais, que a vida não sabe o que é isso do tempo, dos timings ideais que perdemos tanto tempo a idealizar e que raramente conseguimos aplicar na prática. A vida tem o seu tempo. O seu ritmo. A sua vontade.

E a vida quis que em 2018 eu perdesse uma avó e ganhasse uma avó. E eu, resignada, não tento sequer entender.

domingo, 12 de agosto de 2018

Do difícil que é ser uma namorada extremosa...

Hoje de manhã. Oito e meia da manhã e ele vem despedir-se de mim porque vai correr. Eu pergunto-lhe que treino vai fazer, para saber quanto tempo demora e digo-lhe que terei scones acabados de fazer à espera dele para quando voltar. Ele refila comigo e manda-me descansar.

É isto. Eu tento ser amorosa. Ele manda-me estar quieta. 


(claro que fiz os scones na mesma. E claro que tive de ficar à espera dele, porque ele fez aquilo que todos os corredores fazem com mais frequência do que seria desejavel: sair para fazer meia dúzia de quilómetros e afinal fazer dez ou doze...) 

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Das coisas que não me surpreendem verdadeiramente...

O post mais lido de sempre deste blogue foi... Este!

Pois é. Nem sequer é um post muito antigo. E destronou completamente aquele que era o mais lido de sempre, com uma vantagem gigante, e que já tinha 2 anos de pódio (era sobre a minha viagem a Praga).

A explicação? É muito simples. Adoramos sangue. Adoramos desgraças. Somos portugueses. Somos assim. E vemos um título que fala em discussões, e vamos a correr a clicar. É mais forte do que nós.

Se ao olhar para as estatísticas do blogue fiquei surpreendida por alguns instantes, rapidamente percebi que a explicação só pode ser essa. E não, não é assim tão surpreendente. We're only human, after all...

Por acaso, não foi de propósito (em casa de ferreiro, espeto de pau), mas da próxima vez que precisar de um copy que realmente gere cliques, já sei qual vai ser a estratégia!

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Do dia em que eu fui operada (outra vez)...

Foi há uma semana que fui operada. Ainda pensei se valeria a pena escrever sobre isto por aqui, mas depois pensei que, tal como eu, podia haver mais gente que andasse por essa internet fora à procura de experiências de quem passou pelo mesmo. Por mais que médicos e enfermeiros nos expliquem o que se vai passar, é sempre diferente ouvirmos e lermos relatos de pessoas reais, como nós, com as mesmas dúvidas e medos.

A cirurgia em si não teve nada de especial. Acredito que, para as médicas que me operaram (tive uma equipa exclusivamente feminina de volta de mim - e onde raio é que eles arranjam médicas tão giras?), era apenas mais uma coisa simples e rotineira. Que era. Mas para mim não era assim tão simples nem rotineira. Apesar de já ter feito uma cirurgia do género há 15 anos atrás (adeus, ovário direito!), não deixava de ser uma cirurgia.

Não me lembro de grande coisa, obviamente. Lembro-me de me deitar na maca em que me levaram para o bloco. Lembro-me de passar da maca para a mesa no bloco. Lembro-me de perguntar pela anestesista e de querer saber que anestesia me iam dar. Lembro-me de me porem fios, de me prenderem à mesa, de haver todo um aparato à minha volta, de me dizerem que me iam começar a injectar a anestesia. E depois não me lembro de mais nada. Não houve contagens regressivas, nem elefantes cor de rosa, nem últimas palavras. Nada. Adormeci e acordei no recobro, cerca de 3 horas depois.

Confesso que tinha duas grandes preocupações: o meu útero e a anestesia geral (que nunca tinha levado). Nunca tinha pensado muito sobre isso, mas quando, na consulta de anestesia, o anestesista me explicou ao certo o procedimento, confesso que não fiquei muito confortável com a ideia. Além de ter de o ouvir comentar que, normalmente, as pessoas não faziam tantas perguntas e não queriam saber tantos detalhes. Mas ele era o sósia do Professor e eu queria ouvir tudo o que ele tinha para dizer. E então, disse-me ele, uma anestesia geral é mesmo isso: geral. Provavelmente, toda a gente sabe isto, mas eu nunca me tinha debruçado sobre o tema e ainda não tinha percebido exactamente que o conceito de anestesia geral é muito próximo de um shutdown total do nosso corpo, com uma fé absoluta de que, no final da cirurgia, vão conseguir fazer um reboot. E isso, ainda agora, não me deixa muito confortável. Mas eles lá devem saber o que fazem, ou não estivesse eu aqui a contar a história.

O pós-operatório podia ter sido pior: no próprio dia estava completamente drogada, lembro-me vagamente das visitas que tive, e queria mesmo era dormir. Nem fome eu tinha, se tal é possível!... Mas o dia seguinte foi duro. Estive estupidamente enjoada e acabei por vomitar duas vezes. Ora, depois de uma cirurgia abdominal, em que um simples espirro nos dá dores pouco suportáveis, o acto de vomitar é, além de pouco bonito de se ver, algo que nos faz desejar verdadeiramente que saia um alien de dentro de nós e nos mate de vez. Mas não. Continuei ali a sofrer até que, antes de dormir, me deram mais umas drogas para a veia, com a promessa de que, no dia seguinte, ia acordar fresca e maravilhosa (palavras da enfermeira). 

E, de facto, acordei bem melhor. Tão melhor que quando a médica me veio ver a meio da manhã, e depois de olhar para a minha linda cicatriz e os seus 13 agrafos, decidiu dar-me alta antecipada. Ou isso ou eu fiz um ar tão desesperado por me ir embora e ela teve pena de mim. Ou isso ou fez parte do plano de contingência que estava a ser activado por causa do calor e que fez com que a enfermaria onde eu estava (e onde chegámos a ser 9!), ficasse completamente vazia quando eu fui a última a sair ao fim do dia. O que importa é que vim para casa no Sábado, e não Domingo ou Segunda, como previsto inicialmente.

E em casa continuo. Entre a cama, o sofá da sala e o sofá do escritório. Entre séries e livros, quando há cabeça para isso. A pegar no portátil pela segunda vez agora, para escrever este texto. Com sestas. Com neuras. Com pouca paciência. Com algumas visitas. Com um gato cada dia mais mimado e que está agora encostado a mim, porque está imenso frio e precisamos de nos aquecer mutuamente.

E com dores. E com tonturas. E a enrolar a barriga em película aderente quando quero tomar banho, num momento sempre ridículo, sempre caricato. E a sentir-me cansada. E frustrada por me sentir inútil e incapaz de fazer o básico. E encharcada em drogas. Mas a sentir-me a melhorar, a pouco e pouco. Dia após dia. Sei que é uma questão de tempo até recuperar a minha mobilidade, até as dores e as tonturas melhorarem, até poder voltar a fazer alguma coisa e sentir-me produtiva.

Mas, já se sabe, não sou a pessoa mais paciente do mundo e este processo, que se quer lento e repleto de descanso, consome-me aos poucos e cansa-me.

 E ainda só passou uma semana!...


quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Das coisas que eu compro...

Nunca fui muito extremista, mas gosto de acreditar que sempre houve em mim alguma preocupação com o Mundo à minha volta e com a sua preservação.

Faço separação do lixo desde que me lembro. Mesmo no tempo em que o ecoponto era muito longe e o meu pai nos levava lá de carro, quando íamos a caminho de algum lado. Nesses tempos, se bem lembro, ainda não se separava o plástico, mas juntávamos o papel e o vidro. E, tendo crescido com esta prática, é algo para mim muito natural e, diria até, óbvio e inquestionável.

Anos depois, fomos viver para um subúrbio onde, a dada altura, cada prédio tinha o seu ecoponto, com caixotes para o vidro, o papel, as embalagens e, até, para o lixo orgânico. Um luxo, eu sei. Nem toda a gente tem esta facilidade. Ainda assim, agora que voltei a viver nesse mesmo subúrbio, constato que, mesmo com esse luxo, há quem não se dê ao trabalho de separar o lixo.

Recentemente, as campanhas de sensibilização e as notícias sobre a forma como estamos a dar cabo do planeta pelo uso excessivo de plástico (e não só) estão por toda a parte. Cada vez mais, somos levados a pensar sobre a quantidade de lixo que produzimos. Que é assustadora. Muito assustadora.

E eu, alimentando o bichinho que já havia em mim, tenho-me tornado ainda mais consciente em relação a isso. E tenho-me preocupado cada vez mais com a redução do lixo e do consumo de plástico cá em casa. Com coisas simples, com pequenas mudanças no dia-a-dia (como voltar aos guardanapos de pano, que usava quando vivia sozinha mas que ainda não tinha implementado na vida a dois).

Imbuída deste espírito, comprei recentemente umas esponjas desmaquilhantes da Kiko:

Esponjas de limpeza de celulose natural - Cleansing Sponges - KIKO MILANO

Andava a incomodar-me o lixo que produzia todos os dias com os discos desmaquilhantes que usava de manhã e à noite. Todos os dias. Três ou quatro por dia. Era demasiado. Dei voltas e voltas, investiguei um pouco, e encontrei estas esponjas. E estou muito feliz com elas! Posso usar a água micelar na mesma, limpo a pele (e ainda esfolio), e depois é só lavar em água e sabão. Simples e prático, com zero resíduos para o lixo. Sim, o consumo de água aumenta. Mas, pesando os prós e os contras, acho que esta opção é menos má.

E por aí? Dicas simples para diminuir a pegada ecológica e abrandar o ritmo com que damos cabo do planeta que nos alberga?

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Das questões que se colocam logo pela manhã...

Vim do hospital com indicações para regressar ao meu amigo Folifer e para comer muitos alimentos ricos em ferro. Deram-me como exemplo os espinafres, os brócolos, os agriões e a beterraba.

Imaginando que eu conseguia deslocar-me até à Padaria Portuguesa mais próxima (que não consigo, mas faz de conta...) e comprava o bolo de beterraba deles. Contava para a dose diária de ingestão de ferro?

domingo, 5 de agosto de 2018

Do caminho que se faz caminhando... Ou correndo, neste caso...

Pouco depois de ter falado pela primeira vez com a médica que me operou, e de ter ficado a saber que, pelo menos, durante 12 meses posso esquecer tentar engravidar, mandei mensagem ao louco mais louco do que eu, a partilhar esta informação e a dizer-lhe que escolhesse uma Maratona para fazermos no próximo ano.

Curiosamente, ainda há 2 ou 3 semanas, houve 5 minutos durante os quais eu quase ia a Valência. Já estávamos a ver vôos e tudo, até que nos lembrámos que já temos bilhetes para um concerto espectacular nesse dia. A conversa acabou com um "Então se não fazemos Valência, não fazemos mais nada, que eu para o ano não quero fazer maratonas, quero fazer bebés."

Pelos vistos, parece que há espaço para uma Maratona para o ano e nesse mesmo dia, quando ele me foi visitar, começámos a analisar opções. 

Estão em cima da mesa: Paris, Viena, Atenas e Roma. Tendo em conta que já estive nas 4 cidades, a decisão não é fácil. Em Roma sempre posso lá ir fazer só 11km. Diz que é moda. 

E é, de facto, a hipótese mais apelativa para mim. Paris é Paris. É aquela onde estive mais recentemente e está cheia de franceses, o que não é muito positivo. Viena é uma cidade linda mas está vista e não sei se aquela gente é muito animada. Atenas é a que conheço pior, mas deve ser a mais quente. Em Roma, há sempre mais 246 monumentos para ver e 137 sabores de gelado para provar. Parece-me uma escolha fácil. 

Tenho de fazer pender a decisão para o meu lado... Será que o outro tinha razão e os romanos são mesmo loucos? Aposto que fazem uma festa tremenda e que pasta não deve faltar!... 

Sim, já sei que quando fiz a de Madrid disse que não fazia mais nenhuma. Mas, em primeiro lugar, alguém me podia ter avisado que isto era perigosamente viciante. E, em segundo lugar, por todas as circunstâncias em que decorreu Madrid, não consegui desfrutar verdadeiramente da prova e lembro-me sempre dela com um sabor agridoce, por todas as más memórias que marcaram esses dias. Assim, preciso de uma Maratona a sério, com toda a emoção que ela merece e que em Madrid fui incapaz de sentir. Talvez Roma me dê essa Maratona feliz. Talvez. 



(são sete e meia da manhã e estou acordada desde as cinco sem conseguir dormir. Talvez o meu raciocínio esteja meio toldado e daqui a umas horas eu venha a achar que para o ano estou mesmo bem é nas Maldivas, a comer marisco e a beber o que quer que seja que se bebe nas Maldivas. Talvez.) 

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