quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Das várias vidas que temos numa só vida...

Há 9 anos atrás a esta hora, eu estava a casar-me. Eu, de vestido de noiva e véu na cabeça, estava a jurar amor eterno perante uma centena de convidados, a prometer amor e respeito até que a morte nos separasse. Sendo que nenhum de nós morreu entretanto foi então, naturalmente, a vida que nos separou. Como seria expectável, até.

Há 9 anos atrás eu não sabia que aquele casamento não ia resultar. Ou, e nunca o admiti até agora, talvez soubesse. Talvez no fundo de mim eu já soubesse que aquele casamento não podia resultar. Mas, na minha ingenuidade, na minha vontade de ser feliz, na minha necessidade básica e primária de ser amada e ter alguém ao meu lado, eu quis acreditar que tudo ia correr bem. Eu quis acreditar que, acreditando muito, aquele casamento podia resultar. Na minha habitual arrogância, eu achei que a minha vontade e empenho, seriam suficientes para levar aquela relação a bom porto. Nada disto foi suficiente. Obviamente.

Curiosamente, se há coisa que eu tenho bem resolvida na minha cabeça é este episódio da minha vida. Talvez seja redutor chamar-lhe isto. Mas a verdade é que é algo tão distante, de uma pessoa tão diferente do que sou hoje, que parece que não foi a mesma pessoa que se casou há nove anos atrás, e a que hoje escreve sobre isso. São mesmo pessoas diferentes e hoje falo disso com toda a tranquilidade e naturalidade do Mundo.

Mas não foi sempre assim. Não foi fácil assumir aos 27 anos que estava divorciada. Não foi fácil terminar um casamento ao fim de apenas 2 anos. Assumir o falhanço, o fracasso, o erro. Mas não tenho a mínima dúvida de que foi a decisão certa. Nunca tive, aliás.

Ter casado, ter estado casada, ter passado por um divórcio, foi apenas uma das muitas vidas que já levo nesta vida. Sem dúvida que foi algo que me fez crescer, aprender, evoluir, chegar onde cheguei.

São curiosas as vidas que a volta dá, as vidas que vivemos, as pessoas que vamos sendo, as crenças que deixamos de ter, as novas crenças que passamos a ter, as inseguranças que vão e vêm. A nossa essência está sempre lá, mas não deixo de me maravilhar com o tanto que pode acontecer com o passar dos anos. A vida continua a espantar-me com a forma como nos surpreende, como nos muda e molda, com tudo o que nos oferece durante o período de tempo em que por cá nos permite andar. Fico sempre a pensar no que será que a vida tem para mim a seguir.

11 comentários:

  1. Há 9 anos atrás eu estava a fazes estágio profissional, relativo ao curso que levei 6 anos a tirar e que hoje em dia já não exerço.
    O meu diploma não serve nem para limpar o rabo, pois o papel é duro e desconfortável...

    "Na minha habitual arrogância" - sinceramente devo ler-te à pouco tempo de mais, pois nunca notei que fosse habitual seres arrogante. Pelo contrário.

    A vida segue em frente. E prá frente é que é o caminho, o resto, são histórias. E até temos um cantinho para as contar.. ;)

    Fica bem.

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    1. Eu também estava a fazer estágio profissional, numa área que hoje não exerço :)

      A vida não só segue em frente como não pára, e é isso que lhe dá alguma graça!

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  2. “...o nosso futuro é sempre um livro em branco por escrever. Compete-nos preenchê-lo da melhor forma, potenciando os conhecimentos que adquirimos e esbarrando na ignorância que nos persegue..."
    (retirado do livro "Não sabes escrever" dum tal de João Lima)

    Há quem diga que devíamos ter duas vidas, uma para cometer todos os inevitáveis erros que cometemos, outra para os corrigir.
    Não concordo com esta frase, embora por vezes fosse útil. Temos é que retirar o positivo que há em cada momento negativo. Sim, porque todos os momentos negativos têm algo de positivo. Como o inverso. Mais do que pelos momentos bons, somos moldados pelos menos bons, e esses fortalecem-nos se os encararmos como conhecimento.
    Tendo ficado mais forte, não lamentes o passado mas apenas tires as devidas ilações. O que interessa é o futuro, é o que tens à tua frente e isso depende também de ti.
    Daqui a 20 anos poderás estar a dizer a frase batida "se eu tivesse menos 20 anos..." Pois este é o momento! Vive-o e luta pela tua felicidade. Como bem o mereces!

    Beijinhos

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    1. Como é que eu não sabia que tu já escreveste um livro?!?! Tenho de ir tratar disso :)

      Neste caso em concreto, não lamento nada! Aprendi o que tinha a aprender, e acredito que faz parte dos erros que tive de cometer, para chegar onde cheguei. Também não concordo muito com essa frase, porque acredito que precisamos mesmo de cometer alguns erros para que a nossa vida possa dar certo. Quando escrevemos o nosso livro, há sempre partes que nos apetece riscar mas, não sendo um computador, não é possível apagá-las e escrever de novo. E é isso o bom da vida :)

      Obrigada pelas tuas palavras e um beijinho, João!

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  3. Como um dia me disse um amigo … "hoje além de saberes o que queres, o melhor é que sabes o que não queres para a tua vida".
    Foi uma frase que marcou numa fase menos boa da minha vida e que me ajudou a dar a volta e tem sido uma "frase que me tem guiado" e bem :)
    Beijinhos

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    1. E o teu amigo tem muita razão! É quando começamos a saber o que não queremos, que a vida se começar a endireitar :)

      Um beijinho e bons treinos! Está quase!

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  4. Tão bom, simplesmente teres decidido por ser mais feliz!!! Para quem interessa os rótulos?

    Bjs

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  5. É porque não era para ser e hoje sabes o que queres para ti e só isso importa :)

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