quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Da pressão que nos colocam(os)...

Há dias dei comigo a pensar sobre estas novas correntes que nos dizem que não nos podemos contentar com nada menos do que a perfeição, que temos de lutar pelo que merecemos, que temos de querer sempre mais e melhor, e afins. Tenho tido muito tempo livre, eu sei.

Mas a verdade é que, ainda que ache isto tudo muito bonito, acho que tudo isto não faz mais do que criar pessoas permanentemente insatisfeitas, que nunca valorizam o que têm, que estão sempre a pensar se não poderiam ter mais e melhor.

Claro que devemos lutar pelo que nos faz felizes. Mas vamos todos despedir-nos dos nossos empregos se não nos fizerem felizes? Não, não vamos. Porque não há empregos perfeitos. Há uns melhores, há outros piores. E podemos, e devemos, procurar os melhores, mas devemos também saber aceitar quando já temos um bom emprego (e isso significa coisas diferentes para pessoas diferentes) e não estar permanentemente à procura de um melhor, achando sempre que o que temos não é suficiente.

E falei de empregos como podia ter falado de casas, de relações, de corpos, de qualquer outra coisa.

Como é que nos tornámos nesta sociedade obcecada com a perfeição? Às tantas, nem sei se somos obcecados com a perfeição. Porque, para isso, era preciso que soubéssemos o que é a perfeição e, na maioria dos casos, acho que nem isso sabemos. Somos, isso sim, obcecados pelo mais, pelo melhor. Temos uma dificuldade tremenda em simplesmente aceitar o que de bom temos, respirar fundo, e ser feliz.

É certo que há uma linha muito ténue que separa esta última realidade do conformismo. Não acredito que devamos ser conformistas. Mas acredito, muito, que temos de encontrar essa linha. Temos de aprender a lutar pelo que nos faz felizes, mas depois temos de aceitar e dar valor ao que temos, ao invés de nos sentirmos sempre infelizes a pensar que podíamos ter ainda melhor.

Nem todos acordamos super felizes por ir para o trabalho  que adoramos, nem todos temos corpos perfeitos, nem todos temos relações fáceis e descomplicadas, nem todos temos as contas recheadas, nem todos acordamos felizes todos os dias. E então?

6 comentários:

  1. Completamente de acordo! Até porque a imperfeição, ou o que se julga ser, faz parte de nós e da nossa personalidade.
    Além de que essa incessante busca acaba normalmente mal...

    Essa pressão é uma autêntica prisão para quem não se liberta dela.

    Beijinhos

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    1. Mas é fácil sucumbir a esta pressão, dado que somos constantemente bombardeados por ela!...

      Um beijinho e espero que as férias estejam a ser boas!

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  2. Exacto, uma coisa é querer melhor outra coisa é não conseguir ser-se feliz com o que se tem e esse é um dos grandes problemas hoje em dia, a meu ver. As pessoas, como dizes, vivem obcecadas com algum ideal de perfeição que se esquecem de ser felizes pelo caminho da busca dessa perfeição. Depois leva a pessoas infelizes e, muitas vezes, quando alcançam o que tanto almejavam, não conseguem ser felizes na mesma.

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    1. É isso que eu acho! São permanentemente infelizes, porque querem sempre mais e mais e mais... Esquecem-se de aproveitar o que têm! É assustador...

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  3. É assustar, mas foram esses correntes qye criaram os chamados " pessoas famosas " os modelos de perfeição que todos querem atingir, mas que depressa se descobre que têm vidas bem pior que as nossas, senão iguais!!!

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    1. Sim, também é assustador quando, ao olharmos com mais atenção, começamos a detectar imensas incoerências entre a vida perfeita que pregam, e a realidade... Para quê?

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