sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Das pessoas... - I

Ontem senti-me idiota. Verdadeiramente idiota.

Passei a manhã a pensar na minha avó "emprestada" e a pensar que devia ligar-lhe. Passei a manhã a pensar nisto, mas não concretizei. Só quando ia a caminho do trabalho é que se fez luz: "Bolas! Esqueci-me de lhe ligar!". Estava a conduzir, no meio do trânsito de Lisboa, já em cima da hora (lembraram-se que era giro fazer obras em Campolide e tornar o trânsito ainda mais caótico), e já não lhe liguei. Ao final da tarde o meu pai ligou-me (coisa rara). Quando lhe perguntei se estava tudo bem, respondeu-me "mais ou menos". Passaram-me logo mil e uma coisa pela cabeça. O meu pai não responde "mais ou menos". Nunca. E ele lá me disse que tinham ido com a minha avó emprestada de urgência para o centro de saúde mais próximo, porque estava a fazer uma reacção alérgica grave a qualquer coisa. Ela tem uma série de problemas de saúde e, apesar de se esperar que não fosse nada de grave, também já não tem 20 anos.

Ela já está melhor, entretanto, mas eu senti-me idota. Bolas! Se passei a manhã a pensar que lhe devia ligar, porque é que não liguei? E se tivesse sido alguma coisa mais grave? Porque é que temos a mania de adiar sempre tudo? Porque é que não pegamos no telefone e não ligamos mais vezes às pessoas que nos são mais próximas? Só por causa disso, peguei no telemóvel e liguei à minha outra avó. E quero começar a fazer isto mais vezes. Porque um dia vai ser tarde demais.

A propósito (ou não). Eu tenho uma relação complicada com a minha avó (a verdadeira). Mas não deixa de ser a minha avó. Não deixa de ser a pessoa que tomou conta de nós tantas vezes, que nos levou ao Jardim da Estrela, que nos dava gemadas. Por mais disparates que ela tenha feito, por mais coisas menos boas que ela tenha dito, não deixa de ser a minha avó. E daqui a muitos anos, se eu tiver filhos, eu sei que só me vou lembrar das coisas boas, e são só essas que lhes vou contar. E, por isso, em nome das coisas boas, tenho de lhe ligar mais vezes. Antes que seja tarde demais.

E todos nós devíamos telefonar mais vezes às pessoas que são importantes para nós. Antes que seja tarde demais.

2 comentários:

  1. Às vezes esquecemos-nos que o tempo passa demasiado depressa...

    Outras vezes esquecemos-nos que o sexto sentido feminino não é só bla bla bla...

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  2. Cada vez mais tento estar próxima daquelas pessoas que são mais importantes. Temos sempre mil e uma desculpas quando toca a adiar. Mas no fundo não há nada de mais importante do que fazer um telefonema àquelas pessoas, só porque sim. Cada vez faço mais questão de mostrar o meu afecto dizendo-lhes: "gosto de ti". Já perdi muita gente importante e fiquei sempre com o amargo de não lhes ter dito tudo...

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