segunda-feira, 27 de maio de 2019

Do Trail do Almonda... - III

O Trail do Almonda foi, para mim, todo um conjunto de surpresas. Umas boas, umas menos boas. Mas foi mesmo surpreendente.


Já não me lembro ao certo o motivo por que nos inscrevemos nesta prova, mas o louco mais louco do que eu falou nisso, e eu, nalgum momento de pouca clareza mental, concordei. Curiosamente, já depois da prova, ele disse-me mais do que uma vez que para a próxima tenho de lhe dizer para ter juízo e não nos metermos nestas coisas. Com um bocado de sorte, isto passa-lhe entretanto, e para o ano estamos lá outra vez.


Trail do Almonda. Trail curto de 16km e Trail Longo de 28km. O ideal para irmos os dois, com distâncias confortáveis para ambos. 


Comecemos por aí, talvez. 

A última vez em que esta pessoa tinha feito trail tinha sido... Esperem... Contem até 20... Tive de ir confirmar ao strava quando pensei nisto pela primeira vez... Foi... No Columbus, no longínquo dia 2 de Fevereiro! Desde então, limitei-me a treinar estrada. Diz até que fiz uma Maratona faz amanhã um mês. Mas trail, já nem sabia bem o que isso era...


Mas voltei a descobrir. E a apaixonar-me. E a rogar pragas ao mundo em geral e às minhas decisões em particular. E a sentir-me bem. E a perguntar-me por que motivo estava ali e não na praia. E a adorar andar pelos trilhos, só eu e os meus pensamentos.


Já não me lembrava do quanto gosto de trail! Que gosto. Mesmo quando me custa. Mesmo quando as dores nos gémeos são tantas que eu acho que não vou conseguir subir mais um metro. Mesmo quando o calor aperta e eu vejo subida atrás de subida. Mesmo quando quase dou a maior queda de sempre. Mesmo quando tenho de fechar a boca para não comer (mais) mosquitos. Mesmo quando acho que não vou aguentar mais as dores nos pés. Mesmo quando me doem as unhas que já não estavam famosas da Maratona e que agora vão cair de certeza. Mesmo quando desespero e só quero chegar ao fim.


Gosto das vistas incríveis. Gosto do cheiro a rosmaninho que me faz querer não sair dali. Gosto dos recantos escondidos que jamais descobriria de outra forma. Gosto da liberdade de andar ali no meio de lado nenhum. Gosto do espírito de ajuda, da mão estendida para ajudar numa descida-difícil-e-técnica-e-que-não-foi-feita-para-pessoas-de-metro-e-meio. Gosto das borboletas à minha volta que me fazem sorrir. Gosto da comida nos abastecimentos. Gosto da sensação de superação no final ao cortar a meta.


O Trail do Almonda foi um trail sofrido, duro, no meio de muito calor, muito mais exigente do que eu esperava e do que a minha condição  física actual permitia. Foi um Trail em que as subidas foram infinitas e difíceis, e em que as descidas não permitiam que me soltasse e rolasse por ali abaixo. Muito calhau, muita pedra solta, muito single track técnico, em que o nível de concentração tinha de ser sempre alto. Ainda assim, foi um trail em que parei muitas e variadas vezes para tirar fotografias e apreciar as vistas. Em que me diverti. Em que tentei aproveitar o que estava a viver.


O Trail do Almonda não foi fácil. Nem poderia ser. Mas foi um trail feliz. E isso, é só o que importa.

11 comentários:

  1. O meu pai foi fazer este fds o de Monsanto e diz que foi difícil porque era complicado correr nas subidas, sentiu-se um bocado triste...

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    1. Percebo-o... Neste as subidas também não eram fáceis, porque como eram sempre cheias de pedras e degraus, era preciso ir com imensa atenção. Um dia tão bom de praia, e nós no meio do monte!...

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  2. Tão bom ler um texto assim tão feliz! :)

    Se tivesses ido á praia, hoje já estarias esquecida do dia que passaste. Mas ainda estás bem lembrada do dia que viveste ontem :)

    Beijinhos e força para os próximos desafios!

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    1. Sem dúvida! São as memórias destes desafios em que nos metemos, que ficam connosco :)

      Um beijinho

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  3. A praia é sobrevalorizada, a não ser aquelas por onde passam trails :)

    Ainda bem que tens mais um lugar feliz, até pensas em voltar para o ano!

    E ter as unhas TODAS dos pés é sobrevalorizado, ainda mais nesta altura do xanato aberto e das sandálias ahahah

    Beijinhos e bons treinos e provas

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    1. Ainda hoje estive a olhar para o Trail de Sesimbra... Mas não, que eu prometi que o próximo fim-de-semana será sem provas!

      Nem me digas nada... Hoje vesti um vestido e tive vergonha do estado das minhas pernas! Ahahahah!

      Obrigada, igualmente :)

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  4. E arranhões nas pernocas para condizer com a bela da unhata preta??? E o bronze à "atleta"? … bela prova sim senhora, se este trail teve isso tudo como dizes então foi perfeito :) … é assim que deve ser … nada de facilidades :)
    Põe o dia 1 de Maio 2020 na agenda, mas treina ;)
    Bons treinos :)

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    1. Estive até à última indecisa se levava ou não as perneiras... Optei por levar. Não tenho arranhões mas tenho um bronze maravilhoso, que tenho andado a exibir esta semana entre saias e vestidos!...

      Olha, para o ano calha a uma sexta! Será que é desta??? :D

      Essa do "mas treina" não percebi... Eu treino sempre tanto! Ahahahah

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  5. Gostei de finalmente te conhecer! Sabes que pelo que vou lendo, e digam o que quiserem mas quando se lê habitualmente alguém é como se o conhecêssemos, sempre achei que o trail era o fit ideal para ti. Menos pressão de tempos, de teres que fazer melhor do que fizeste há x anos. Cada trail é uma aventura diferente, com desafios diferentes. Nunca tinhamos estado juntos, mas vi-te alegre e bem disposta no fim, completamente diferente do que descreveste antes e depois da maratona de Aveiro. A Serra Amarela vai trazer-te definitivamente para o outro lado :)

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    1. Quem não anda por aqui tem dificuldade em perceber isso, mas, de facto, acabas por conhecer as pessoas, e quando as vês ao vivo e a cores, é quase quase como encontrar um amigo de longa data! :)

      Ahahahahah! Adorei o teu comentário! Não sei se a Serra Amarela me vai levar para o dark side of the force (sendo que, para mim, o Trail é sempre mais bright!), mas sei que o Trail provoca em mim sensações muito diferentes das da estrada e a tua leitura é absolutamente correcta: eu sou mais feliz ali, sem ritmos, sem pressões, sabendo que cada prova é uma prova e não tem comparação com as outras. Por outro lado, a estrada consegue dar-nos a satisfação de vermos resultados melhores quando nos esforçamos, porque 10km são 10km,*e sabe sempre bem bater recordes (tu que o digas!). Acho que me vou manter no limbo entre os dois lados, tentando aproveitar o melhor dos dois mundos :)

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