sexta-feira, 3 de maio de 2019

Da Maratona da Europa... - IV (Ou do Pré-Prova...)

A minha preparação para a Maratona da Europa foi aquilo que se sabe: deficiente.

Por muitos e variados motivos, não treinei tanto quanto devia, e falhei alguns treinos essenciais, como os mais longos.

A poucos dias da prova, a meio de uma crise existencial, só me apetecia desistir e nem ir a Aveiro. Foi toda uma montanha russa de emoções, como é a preparação de uma coisa destas!...

Depois desse drama, e já mais racional, tinha definido os meus objectivos, com um ritmo para os primeiros 30 quilómetros de 6'30m/km, e a certeza de que a partir daí, seria gerir dentro do possível.

Tentei ter cuidado com a alimentação nos dias anteriores, bebi muita água, tomei a Magnesona, aumentei a ingestão de sal, mas acabei por não descansar tanto como devia nos dias anteriores, porque, em estando fora, uma pessoa acaba sempre por não resistir e passear um bocadinho.

Na véspera, fomos à Pasta Party, com a Sofia e o André. E eu já não me lembrava do que era comer numa cantina universitária e ainda deu para rir! Comemos muito e bem, e ainda fomos beber um copo, porque era cedíssimo. Por copo, leia-se uma garrafa de água.

Voltámos para o apartamento e a pressão começou a instalar-se. Estive tempos e tempos a vestir e a despir calções, a tentar escolher quais havia de levar. Acabei por tomar a decisão com base num critério muito prático: escolhi os que tinham o melhor bolso, porque percebi que não ia conseguir enfiar na bolsa da cintura todos os géis que queria levar. Levei uns calções relativamente novos da Nike, mas que já tinha usado num treino de 15km e numa ou outra prova. Foi uma decisão mais ou menos arriscada, mas relativamente consciente. Acabou por correr bem e eu fui feliz e contente com os meus calções cor-de-rosa (ou coral, vá).

O segundo drama: os géis! Tinha levado várias opções, e ali fiquei a pensar o que tomar, quando tomar. Lá dividi os géis com o louco mais louco do que eu, lá defini a ordem pela qual tinha de os tomar, e ainda juntei umas gomas, só para o caso de enjoar os géis e precisar de uma alternativa.

Seguiu-se o último drama: as meias. Tinha duas opções e só tomei a decisão final no dia da prova de manhã, enquanto me vestia. Mas isso será tema para outro post. Quanto aos meus pés, mantive o que já vinha fazendo nos últimos meses: muita hidratação! Estava receosa porque na semana anterior me tinha aparecido no pé direito, na zona das bolhas, uma mancha de sangue pisado, que me tinha dado grandes dores nos últimos treinos.

Antes da prova começar, estava plenamente consciente de que não estava tão bem preparada como devia, e estava preocupada com o pé direito, tendo mesmo comentado que seria ele a decidir o desfecho da minha prova. 

Sabia que me ia custar horrores, mas que havia de cortar aquela meta. A única razão que me podia impedir de o fazer seria mesmo aquele pé e as suas dores, se se tornassem insuportáveis. Tudo o resto, eu havia de ultrapassar, nem que demorasse as seis horas de tempo limite.

4 comentários:

  1. Os momentos, dias, antes são duma expectativa a toda a prova. Desde o querermos que chegue rapidamente o momento da partida ao querermos que o tempo pare e não venha já, ao querermos muito estar lá dentro e ao querer fugir da prova, é um enorme carrossel de emoções e onde cada decisão a tomar, em especial no equipamento e coisas a levar, ganha a importância duma lei fundamental para a humanidade!

    Cada um com o seu Vietname, no teu caso as malfadadas bolhas.

    Beijinhos e venha o próximo artigo! :)

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    1. É mesmo isso que descreves :) Sentimo-nos sempre meio bipolares, não é verdade? E questionamos tudo, mil e uma vezes... Mas lá acabamos por tomar as nossas decisões :)

      Um beijinho!

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  2. Lol…. gajas :) … eu sou tão desleixado para a maior parte das provas que até dói ...e às vezes dói mesmo … quando fiz os caminhos de Santiago desprezei a primeira etapa, nada de colocar creme nos pés, meiinha de algodão de 3 euros e siga … afinal são só 25km ;) … e não foi por falta de aviso da Pikinita … e lixei-me bem … deve haver aí um meio termo … o problema é que eu não tenho emenda, não aprendo … enfim … gajos :)

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    1. Não aprendes nem com o que já sofreste?! Gajos :)

      Eu sou desleixada numas coisas... Noutras sou complicadinha, confesso...

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