Mais uma vez, cortei a meta da Maratona da Europa e não baixaram em mim todas aquelas emoções que baixam em muitas outras pessoas. Mais uma vez, fiquei meio apática, sem saber como reagir. Acho que sou um bocado lenta, nas emoções como na corrida, e demoro a processar o que acontece comigo. Ou isso ou sou, nas palavras de alguém, reservada, e não sei o que é isso de expressar grandes emoções em público. Nem em privado, já agora.
Talvez esta falta de emoções no final seja reflexo do que foi a prova durante: dura, difícil, puxada a ferros. Foi um carrossel de emoções, com momentos muito bons e com momentos muito maus. Momentos em que eu pus tudo em causa. Momentos em que eu tive a certeza de que ia conseguir.
Depois da prova, ofereci-me o meu prémio de consolação: uma barrica de ovos moles. Por coincidência, descobri durante a prova que o João Lima tinha decidido oferecer-se o mesmo presente, caso cortasse a meta. Ainda longe de sonharmos que não teríamos direito a ovos moles no final!... Mas cortámos os dois a meta, e os dois tivemos a nossa muito merecida barrica! Great minds think alike!
Os dias que se seguiram foram melhores do que eu esperava. Curiosamente, desta vez, não foram tanto as pernas ou os pés que me doeram. Foram as costas, na zona dos rins. Nunca tal me tinha acontecido e, confesso, fiquei ligeiramente preocupada. Mas até isso acabou por passar (abençoado Adalgur!), e ao fim de 3 dias eu estava pronta para outra. Salvo seja!
A Maratona da Europa deixou-me a pensar no que ando aqui a fazer, na minha vida, nas minhas prioridades (como falámos por aqui algumas vezes). Não me imagino a voltar a fazer uma Maratona tão cedo. Talvez tenha dito o mesmo depois de Madrid. Mas agora é a sério.
Se foi uma Maratona feliz como eu gostava que ela tivesse sido? Não. Se foi a Maratona que eu gostava que tivesse sido? Não. Mas como diz o Filipe Torres, a Maratona é a prova justa. E eu tive a Maratona da Europa que merecia. Para a próxima, eu que treine!
Já te disse que é fantástico sequer decidires fazer uma coisa dessas na vida? Quanto mais 2... e acabar???
ResponderEliminarNão sejas tão dura contigo não descurando que talvez tivesses treinado mais para teres uma maratona mais feliz mas, mesmo assim, podias ter achado que era mau...
Oh, obrigada! É verdade o que dizes, mas fica mesmo aquela sensação de que devia ter treinado mais... :)
EliminarCada um tem a sua maneira de reagir. Mas uma coisa é certa, és demasiada exigente contigo própria. Não podes ser tão analítica, pensar no que não correu tão bem, em detrimento do oceano de coisas muito positivas. Não podes ser repressiva às emoções. Solta-as, liberta-as. Todos nós temos uma prisão dentro de nós e o melhor para a combater é relativizar, deixar o positivo esmagar o negativo. O que fizeste, com pouco treino, foi fantástico. Conseguiste vencer algo que muitos bons atletas não têm coragem de participar. És bi-maratonista! Dá-te o devido valor que tanto mereces :)
ResponderEliminarBeijinhos
Eu sei, eu sei, João. Houve muitas coisas muito positivas e é nelas que devo focar-me. Mas também foi contigo que aprendi que temos de respeitar a Maratona, e sinto que não o fiz, sabes? Mas sim. Foco no positivo e sou bi-maratonista.
EliminarUm beijinho
Ainda não tive tempo de ler os teus textos … mas vou fazê-lo com atenção. Comecei por este … sem ler os outros junto-me ao comentário do João. O copo está meio cheio :) … ahh .. e parabéns … acabaste ou não acabaste? … :P
ResponderEliminarCopo meio cheio de... Cerveja ou vinho? Ahahah! Acabei, sim, e bebi a minha cerveja no final. Tudo está bem quando acaba bem, dizem!
EliminarQuem é que aposta comigo que a Inês não se fica por estas duas maratonas?
ResponderEliminarAhahahahah estou feita com vocês!
EliminarAgora que li tudo não é bem como dizes … as emoções estiveram lá, talvez não tanto no fim mas durante estiveram ao rubro … que me lembre escreveste sobre as mensagens do teu pai, da Fabiana, etc, etc, que te iam motivando e fazendo seguir e até suar dos olhos … se isso não são emoções então eu não sei o que será :)
ResponderEliminarMas isso foi quando ia sozinha naquelas rectas infinitas :) ahahah! Sim, tens razão. Claro que é uma prova cheia de emoções, só não vejo aquela luz Divina ao cortar a meta :) talvez um dia!
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