sexta-feira, 22 de março de 2019

Dos sítios onde eu vou... - VII

Andei a semana toda que passou a querer vir escrever sobre o meu fim-de-semana. Passou-se a semana, passou-se mais um fim-de-semana, passou-se praticamente mais uma semana inteira, e eu sem escrever.


Agora tenho dois fins-de-semana sobre os quais escrever. Porque quero escrever sobre eles. Porque foram bons. Muito bons. E eu quero deixá-los registados para memória futura.

No fim-de-semana anterior, fiz um treino semi-longo no sábado de manhã (já referido), e à noite, mesmo cheia de dores nos pés em cada passo que dava, fui ao teatro e jantar fora.

E precisamos de falar sobre a minha ida ao teatro. 

Eu já não ia ao teatro há demasiado tempo. Depois de alguns anos em que o teatro fez parte da minha vida, eu tornei-me muito esquisitinha e agora só entro numa sala de espectáculos se souber que vale a pena. E no Sábado valeu a pena. Valeu muito a pena!

Claro que era, à partida, uma aposta segura. Era (mais) uma peça do Tiago Rodrigues. Eu não tenho nenhuma paixão platónica pelo Tiago Rodrigues. Juro. Já tive dois Tiagos na minha vida, e os dois eram Rodrigues. Já chega de Tiagos Rodrigues. Mas não chega de peças deste Tiago Rodrigues. E desconfio que não vai chegar nunca.

Um outro Fim para a Menina Júlia ©Filipe Ferreira 2019

Fui então assistir a "Um outro fim para a Menina Júlia". E gostei tanto! A peça pega no clássico do Strindberg e conta a mesma história com um final diferente. Um final em que a Menina Júlia não se suicida e em que a sua vida se desenrola da forma que o Tiago Rodrigues imaginou que se teria desenrolado. Assim, à partida, pode não parecer nada de extraordinário. Pegar numa história e reescrevê-la à sua maneira não tem nada de mais. O Correio da Manhã faz isso todos os dias. Mas o Tiago Rodrigues não fez apenas isso. Como sempre, fez algo incrivelmente bem feito, que nos surpreende, que nos prende, que nos envolve e nos transporta para aquela história.

A meio da peça, dei comigo a pensar no privilégio que é poder assistir a teatro. Sobretudo, numa sala tão pequena como a Sala Estúdio do Dona Maria. Estava na segunda fila e tinha os actores a poucos metros de mim. Numa era em que passamos todos horas colados na Netflix, a beleza e a magistralidade do teatro e dos actores que estão ali, em palco, a representar para nós ao vivo e a cores, torna-se ainda mais avassaladora.

Gostei muito da peça e tenho a certeza de que, com outros actores, seria ainda melhor. Mas, até nisso, o Tiago Rodrigues é especial. Fez esta peça com "a prata da casa" e com dois estagiários. Com o Tiago Rodrigues o Dona Maria deixou de ter só grandes produções para grandes vedetas (melhores ou piores actores), e passou a ter também peças igualmente boas (ou melhores, até), em que os actores residentes do teatro (melhores ou piores actores) não ficam apenas remetidos aos papéis secundários e de menor importância. E é, também, por isso, que o Tiago Rodrigues é o melhor director artístico dos nossos tempos. 

Eu sei que já é um bocadinho em cima da hora mas têm até Domingo para ir ver. Acreditem que não se vão arrepender. Com sorte, ainda bebem um copo de vinho e comem um bocado de presunto.

Update: devido ao sucesso da peça, certamente graças a este post, a peça vai estar em cena novamente de 3 de Abril a 23 de Maio. Acreditem, vale a pena. 

2 comentários:

  1. Adoro o teu entuasiasmo! Gosto tanto que até fui ver as sessões para ir... Estão todas esgotadas! :)

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    1. Ahahahah! Desculpa! Devia ter ido confirmar isso antes de publicar o post e não devia ter demorado tanto a escrevê-lo.. Para a próxima aviso-te mais cedo :)

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