terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Do meu 2018...

Agridoce.

O meu 2018 foi agridoce. Já muito procurei, mas não encontro palavra melhor para o descrever. Teve tanto de bom como de mau. Bom e mau nem seriam as melhores palavras. Mas também aqui não encontro palavras melhores.

O meu 2018 começou, literalmente, com a decisão de vivermos juntos, pouco antes de adormecermos na primeira noite do ano. Peguei em mim, no Snow e em toda a minha bagagem e, no início de Fevereiro, mudei-me para casa dele. Numa decisão difícil, de quem já mudou de casa demasiadas vezes, de quem já sofreu demasiado, de quem morre de medo de voltar a passar pelo mesmo outra vez. Mas na decisão mais acertada do ano, num início de vida feliz e sereno.

Pouco tempo depois, ele mudou de emprego. A nossa rotina alterou-se. E eu ainda sinto falta dos banhos e dos pequenos-almoços em conjunto. Ainda não nos habituámos a essa nova rotina. Mas não faz mal. Porque em 2019 tudo vai mudar outra vez.

Passei os primeiros meses do ano a treinar para a minha primeira Maratona. Fiz provas incríveis. Sofri, tive dúvidas e quis desistir. Voltei a acreditar, voltei a ter dúvidas, numa montanha-russa imparável, num percurso de altos e baixos.

A 16 de Abril a minha mãe morreu. No dia do funeral dela, a minha avó-emprestada teve um AVC. O prognóstico era o pior possível.

No dia 21 de Abril, depois de muitas dúvidas e incertezas, entrei num avião em direcção a Madrid, sabendo que podia ter de voltar a qualquer momento. No dia 22 de Abril fiz a minha primeira Maratona, ainda não sei como, e num tempo muito melhor do que eu, ou qualquer pessoa à minha volta, poderia imaginar. Foi um momento inesquecível. Foram muitos momentos. Muitas memórias. Que eu não cheguei a gozar verdadeiramente por tudo o que aconteceu nos dias que antecederam a prova. Mas fiquei mais uns dias por Madrid e quase consegui fingir que não se passava nada.

A 28 de Abril a minha avó-emprestada morreu. Não, não fica mais fácil por serem dois funerais em tão poucos dias. Vi a família desmoronar-se. Vi a incredulidade perante algo que nenhum de nós esperava. Levei uma chapada da vida, apenas e só para me lembrar que nada é garantido. Que hoje estamos aqui, e amanhã deixamos de estar.

Os dias sucederam-se indistintos. Passei muito tempo a chorar só porque sim. Passei muito tempo a tentar perceber, a culpar-me, a perdoar-me. Ainda me culpo. Ainda não me perdoei. Ainda choro só porque sim.

Em Junho fomos ao Porto. A nossa cidade. E fomos a Londres. Levei-o a conhecer Londres e voltei a apaixonar-me por Londres. Como sempre que lá volto.

Desde o início do ano que sabia que era provável que tivesse de ser operada. Sabia, até, que não era garantido que pudesse fazer a Maratona. Mas continuei a treinar para ela. E o nosso SNS funciona tão bem, que as coisas se atrasaram e eu só fui operada em Agosto. Apesar de ter corrido tudo bem, a recuperação foi mais dura e lenta do que eu esperava ou gostaria. Ainda tenho dores e não sei lidar com isso.

Em Agosto também ganhei uma Avó. E ainda não me habituei a isso.

Aos poucos, voltei a correr. Mais devagar do que queria. Sem forças, sem ânimo, com dores, a tentar encontrar forças e motivação sem saber onde.

Em Novembro, fizemos a maior viagem da minha vida. Nova Iorque e Cuba. Duas semanas absolutamente inesquecíveis que me mostraram o que de melhor e pior o ser humano é capaz.

Em Dezembro, regressei às corridas a sério. Inscrevi-me na Maratona da Europa. Organizei o Natal cá em casa e fiquei com vontade de não fazer Natal no próximo ano. Fiz as minhas duas São Silvestre de eleição e fiquei com pena de não ter feito a da Amadora.

Acabei o ano sem saber como me sinto em relação a 2018. Vivi alguns dos momentos mais marcantes da minha vida. Pela positiva. E pela negativa. Podia dizer que foi um ano negro. Mas como dizer que foi um ano negro, o ano em que começámos a nossa vida a dois e o ano em que me superei, como nunca antes o fizera? Sim, 2018 foi um ano difícil, desafiante, inesquecível, que me pôs à prova em muitos níveis diferentes, que me fez crescer, que me fez ver que tenho pessoas incríveis à minha volta, que me fez perceber que eu aguento muito mais do que imaginava, que no meio de tudo eu tenho sorte.

Definitivamente, 2018 foi um ano agridoce.

E se para 2018 a única coisa que eu pedi foi saúde, para mim e para os meus, esse pedido foi recusado. Assim, para 2019 eu não peço nada. Eu limito-me a aceitar o que a vida tiver para me dar, assumindo o compromisso de lutar para que a vida me dê o mais possível. Na verdade, não há mais nada que eu possa fazer senão isso: aceitar. O que for para vir, que venha.

12 comentários:

  1. Que bela reflexão … não me vou por aqui com coisas. Desejo-te saúde para 2019, para ti, para os teus e já agora para mim e para os meus tb. O resto conquistas. BOM ANO!!! Beijinhos

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    1. Obrigada, Carlos! Se houver saúde, o resto consegue-se! Um bom 2019 para ti também! Um beijinho

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  2. Pois... foi mesmo um ano agridoce, de extremos.
    As partes negativas acabam por ser o que nos faz crescer, desde que não nos endureça.

    O melhor desejo que tenho para ti é daqui a um ano estar a ler um artigo teu a dizer que 2019 melhor era impossível!

    Beijinhos :)

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    1. E é um excelente desejo :) Obrigada, João! Um beijinho

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  3. Não deixes que os acontecimento menos bons ensombrem o ano. Foi um ano agridoce, 2019 será melhor!
    Muitos beijos

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  4. Cabe tanta coisa num ano só. Que 2019 traga saúde e alegria para ti e para os teus.um beijinho

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    1. É incrível, não é?...

      Obrigada! Um bom ano para ti também!
      Um beijinho

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  5. Por mim e por muitos com quem fui falando ou que foram relatando o seu ano, eu concluo: foi um ano arrancado a ferros. Coisas boas aconteceram mas foi preciso lutar e chorar muito para que acontecessem. Não foi um ano para todos, foi um ano em que só os duros tiveram coisas boas, e no fim, algumas coisas boas vieram :)

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    1. Também tenho essa sensação: não foi um bom ano para muita gente... Que venha o 2019 :)

      Um beijinho

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  6. como tenho dito por aí... Que o melhor de 2018 seja o pior de 2019.
    Um beijinho!

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