domingo, 14 de abril de 2019

Da luz que pode surgir em dias de chuva...

Hoje fiz o meu, suposto, último treino longo em direcção aos ovos moles. E digo suposto porque, mais uma vez, não fiz o que devia ter feito.

E não faz mal.

Ia eu com dois terços de treino quando a minha mente se iluminou. Tive uma epifania que mudou a forma como tenho olhado para a Maratona da Europa e esta preparação.

Como alguém muito sábio já me disse por aqui, eu não tenho de provar nada a ninguém. Se eu fizer esta Maratona, é por mim. Apenas, por mim. Só pode ser por mim. E se eu não fizer, se eu não tiver uma foto a cortar a meta para pôr no Instagram e no Strava, paciência. Ninguém tem nada com isso. Não devo isso a ninguém. Nem a mim mesma, se eu decidir que assim deve ser.

Passei o treino de hoje a tentar ser o mais racional possível sobre tudo isto.

Eu não treinei o que devia. E já não vou a tempo, obviamente. E não faz mal.

Claro que eu gostava que Aveiro fosse uma Maratona feliz. Foi para isso que me inscrevi. Para que Aveiro me pudesse dar a Maratona feliz que Madrid não me deu. E claro que gostava que Aveiro corresse melhor do que Madrid. Se me inscrevo numa prova, é sempre com o objectivo de fazer melhor do que da última vez. Mas e se não fizer?

A auto-pressão que me imponho tem (alguma) razão de ser: quando me inscrevi em Aveiro, sabia que, em tudo correndo como eu quero que corra na minha vida nos próximos tempos, esta seria a minha melhor hipótese de voltar a fazer uma Maratona durante muito tempo.

Mas e se eu não fizer outra Maratona? E se eu ficar só por Madrid? Já sou maratonista. Já tenho a minha medalha. Vem algum mal ao mundo se eu não fizer mais nenhuma? Talvez não. Provavelmente, não.

Não estou com isto a desistir ou a atirar a toalha ao chão.

Estou com isto a tentar convencer-me a mim mesma daquilo que é a óbvia realidade: eu não treinei o suficiente.

Não treinei porque não quis. Porque não pude. Porque não tive tempo. Porque estive doente. Porque a minha vida anda um caos. Porque esta cabeça anda um caos. Porque não me apeteceu. Porque. Porque. Porque.

Não treinei. Ponto.

Agora? Agora tenho de tentar ter a inteligência de gerir a prova da melhor forma que conseguir. Tenho de ter a consciência do que (não) fiz e saber ouvir o meu corpo. Tenho de ter a frieza de saber que no dia 28 de Abril eu vou lá fazer o que conseguir. Sejam 10km, 21km, ou os 42km. O que conseguir. O que me apetecer. O que me fizer feliz. 

Porque se não for para ser feliz, não vale a pena continuar a correr.

11 comentários:

  1. "Porque se não for para ser feliz, não vale a pena continuar a correr"

    Nada mais há a acrescentar :)

    Beijinhos e que sejas muito feliz nos Ovos Moles, seja da maneira que for

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    1. Que sejamos, João! Que sejamos!

      obrigada e um beijinho

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  2. Esta coisas das corridas até pode ser a coisa mais importante da tua vida, das coisas secundárias...

    A frase dita e escrita por alguém é mais ou menos isto.

    Resumindo, penso que todos nós aqui, corredores de pelotão, corremos por gostamos, nos faz bem, blabla bla.

    Se o facto de fazer uma prova cria tanta angustia então é altura de repensar o porquê de a fazer.

    Parece que já o fizeste ;)

    Assim, vai lá comer os ovos moles e correr, o que quiseres e o que te fizer feliz.

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    1. Na verdade, o que me cria angústia não é a prova. É o eu não estar a dar-lhe a importância e o respeito que ela merece. Porque, de facto, existem coisas mais importantes na minha vida,

      Vou correr e comer ovos moles, sim. De preferência, ao mesmo tempo :)

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    2. ahahahaha, ao mesmo tempo já é preciso, na minha modesta opinião, um conhecimento profundo do assunto!

      Mas... ;)

      Parafraseando um escritor da concorrência...tic-tac

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  3. E quem fala assim não é gago … clap, clap, clap :)

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    1. Aprendi contigo e com a tua Maratona do Amor (não confundir com a de Roma, sff..)! :)

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    2. Yeahhh … fico contente por essa servir de inspiração. Olha que a de Roma tb, a mim "ensinou-me" a desistir "bem" :)

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    3. Sim, brinquei com isso mas acredito que Roma tenha sido uma grande lição, e bem mais difícil! Vamos ver o que me calha no dia 28 :)

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  4. Estou há que tempos a pensar como comentar este teu post.. Fico muito contente por teres tido essa realização e perceberes que, de facto, a corrida é só a mais importante das coisas secundárias. Mas agora ainda estou a torcer mais por ti, para que tenhas uma boa experiencia em Aveiro. Quero continuar a ver entradas tuas no Strava! Vai lá tranquila e vira aquilo. No fim come uns ovos moles por mim que ainda estou sugar free!

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    1. Se eu tirar toda a pressão da prova, se eu for lá para me divertir e ser feliz, sem pensar em mais nada, tem tudo para ser uma boa experiência. Qualquer Coisa que meta ovos moles, só pode ser uma boa experiência :)

      Obrigada, Filipe! Assim farei! E tu come umas broas de castanhas no Curral das Freiras :)

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