quinta-feira, 5 de maio de 2016

Dos desafios de escrita – Day 2 – Never Done This Before

Difícil. Muito difícil.

Há muitas coisas que nunca fiz e que gostaria muito de fazer. Podia falar de inúmeras viagens, de experiências, de tantas acções… Podia fazer uma lista infinita de coisas que nunca fiz mas que um dia gostava de fazer.

A primeira que me veio à cabeça foi: dar sangue. Sim, parece óbvia. Parece escolhida a dedo para ficar bem. Mas foi aquela de que me lembrei que, efectivamente, tem algum significado.

E é algo que tem voltado a estar presente na minha mente ultimamente. Dar sangue é dar vida. Dar sangue é dar um pouco de nós para ajudar o outro. E acho que deve haver poucas coisas mais gratificantes do que isso. E eu quero sentir-me útil. Eu quero sentir que posso fazer alguma coisa neste Mundo para ajudar alguém. Eu quero sentir que posso ter feito alguma diferença.

Infelizmente, nunca consegui dar sangue. E tentei três vezes. Nunca me deixaram. Ou porque não tinha peso suficiente, ou porque tinha a hemoglobina demasiado baixo. Agora, que tenho estado ligeiramente acima dos 50kg e que a hemoglobina está melhor do que nunca, gostava de voltar a tentar. Porque gostava mesmo de poder ajudar. E é uma daquelas coisas que nunca fiz e gostava mesmo de fazer.

Já tive discussões infinitas sobre este tema. Já me chateei a sério por causa disto. Porque não percebo. Porque não consigo compreender. Porque se alguém me diz que recusa a possibilidade de salvar uma vida porque tem medo de agulhas, tira-me do sério. E sou bruta. E digo coisas como: “quando estiveres no hospital com um cateter enfiado e a precisar de sangue e não houver, vais-te lembrar do teu medo de agulhas”. A sério. Não percebo.

Eu tenho a sorte de ter um Pai que toda a vida vi ir dar sangue. Aliás, duas das tentativas que fiz, fui com ele. Eu vi-o dar sangue muitas vezes, eu vi-o receber medalhas e condecorações por ter tantas doações, eu vi-o receber pins e bonés e canetas e tudo e tudo, e sempre estive rodeada da mensagem “dar sangue é dar vida”. Mais uma vez, eu sou uma privilegiada. Eu sei. Nem toda a gente cresce com esta formatação. Mas, a partir de certa idade, não há desculpa. Temos acesso à informação, sabemos de casos desesperantes, temos acesso a tudo. Só não ajuda quem não quer.


E eu lido muito mal com quem não ajuda porque não quer. Perdoai. Mas, por vezes, sou muito limitada na minha forma de ver as coisas. Por vezes, julgo e atiro pedras. Espero não fazer grandes feridas, para que não precisem de sangue. Pode não haver.

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