Difícil. Muito difícil.
Há muitas coisas que nunca fiz e que gostaria muito de
fazer. Podia falar de inúmeras viagens, de experiências, de tantas acções…
Podia fazer uma lista infinita de coisas que nunca fiz mas que um dia gostava
de fazer.
A primeira que me veio à cabeça foi: dar sangue. Sim, parece
óbvia. Parece escolhida a dedo para ficar bem. Mas foi aquela de que me lembrei
que, efectivamente, tem algum significado.
E é algo que tem voltado a estar presente na minha mente
ultimamente. Dar sangue é dar vida. Dar sangue é dar um pouco de nós para
ajudar o outro. E acho que deve haver poucas coisas mais gratificantes do que
isso. E eu quero sentir-me útil. Eu quero sentir que posso fazer alguma coisa
neste Mundo para ajudar alguém. Eu quero sentir que posso ter feito alguma
diferença.
Infelizmente, nunca consegui dar sangue. E tentei três
vezes. Nunca me deixaram. Ou porque não tinha peso suficiente, ou porque tinha
a hemoglobina demasiado baixo. Agora, que tenho estado ligeiramente acima dos
50kg e que a hemoglobina está melhor do que nunca, gostava de voltar a tentar.
Porque gostava mesmo de poder ajudar. E é uma daquelas coisas que nunca fiz e
gostava mesmo de fazer.
Já tive discussões infinitas sobre este tema. Já me chateei
a sério por causa disto. Porque não percebo. Porque não consigo compreender.
Porque se alguém me diz que recusa a possibilidade de salvar uma vida porque
tem medo de agulhas, tira-me do sério. E sou bruta. E digo coisas como: “quando
estiveres no hospital com um cateter enfiado e a precisar de sangue e não
houver, vais-te lembrar do teu medo de agulhas”. A sério. Não percebo.
Eu tenho a sorte de ter um Pai que toda a vida vi ir dar
sangue. Aliás, duas das tentativas que fiz, fui com ele. Eu vi-o dar sangue
muitas vezes, eu vi-o receber medalhas e condecorações por ter tantas doações,
eu vi-o receber pins e bonés e canetas e tudo e tudo, e sempre estive rodeada
da mensagem “dar sangue é dar vida”. Mais uma vez, eu sou uma privilegiada. Eu
sei. Nem toda a gente cresce com esta formatação. Mas, a partir de certa idade,
não há desculpa. Temos acesso à informação, sabemos de casos desesperantes,
temos acesso a tudo. Só não ajuda quem não quer.
E eu lido muito mal com quem não ajuda porque não quer.
Perdoai. Mas, por vezes, sou muito limitada na minha forma de ver as coisas.
Por vezes, julgo e atiro pedras. Espero não fazer grandes feridas, para que não
precisem de sangue. Pode não haver.
No mínimo, agitador de consciências. Thanks!
ResponderEliminarSempre às ordens :)
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