segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Das relações...

Isto das relações tem muito que se lhe diga. Muito mesmo.

Seja das relações amorosas, com os amigos, com os colegas, com os vizinhos. Neste momento, apetece-me dissertar sobre a minha relação com o meu carro (depois cada qual interpreta e adapta ao que quiser, que eu aqui sou pela liberdade de opinião e pensamento).

Eu e o meu carro estamos numa fase complicada. Complicada ao ponto de eu andar a pensar separar-me dele. Mas, ao mesmo tempo, é o meu carro. É meu há muito tempo, já vivemos tanta coisa juntos, já aprendemos e crescemos tanto juntos. Não é fácil.

Ando nesta indecisão. Trocar ou não trocar de carro? Na maior parte dos dias estou inclinada para o não. Mas depois...

Depois foram os 500 euros o mês passado em seguro e oficina. E a direcção que tem de ser vista. E uma das jantes que tem de ser vista. E a chaufagem que agora só funciona quando lhe apetece.

Sábado a cereja no topo do bolo foi estar a chegar do trabalho à uma e muito da manhã e estar a chover. E eu com o limpa-vidros ligado. Shlep para lá, shlep para cá, shlep para lá, até que não houve mais nenhum shlep. Houve um clack e não houve mais limpa-vidros para ninguém. Lá veio a boa da Agridoce a conduzir devagar, devagarinho, com cuidado, cuidadinho, a pedir à chuva que acalmasse e a desejar que o caminho até casa, por artes mágicas, se encurtasse.

Hoje lá vou eu para a oficina outra vez.

Eu sei que isto dos carros, como nas relações, passa muito pela manutenção. Os carros, como as relações, exigem manutenção. E eu trato da manutenção do meu com todo o amor e carinho. Trato mesmo. Por isso é que aquele motor que ninguém sabe quantos kms tem e que já passou por três carros diferentes, está ali fino e fofo. E por isso é que troco o que é preciso trocar, para ir mantendo a nossa relação feliz e saudável.

Mas, ultimamente, isto não tem estado fácil. Não nos andamos a entender. Ele exige muito de mim em manutenção. E, além disso, ainda tem razões para se queixar.

Há dias, num misto de pressa/parvoíce/distracção/excesso de confiança, ao estacionar, bati num ferro e parti o plástico que tapa o pisca. Rapariga despachada que sou, toca de pegar nos bocadinhos e ir à oficina do costume. Um bocado de cola e está como novo.

Mas eu acho que o carro não me perdoou. Lá está. É daquelas feridas que sara, cura, mas deixa cicatriz. E o carro não me perdoou e achou que o limpa-vidros devia deixar de funcionar.

É assim. Na vida. Nos carros. Nas relações. Praticamos acções, recebemos acções. Umas têm desculpa, outras não. Umas deixam marcas, outras não. Umas vamos praticando todos os dias, noutras desleixamo-nos. Certo, certo, é que não há relação que não tenha fim. Pode tardar, mas é certinho como o destiho.

3 comentários:

  1. Tens que ponderar se essa relação tem futuro :)

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  2. Nem me digas nada que a minha relação com o meu carro tb me tem dado muitas dores de cabeça!

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  3. Querida Agridoce, tenho um amigo que um carro é como uma amante "Gastamos muito dinheiro, para ter uns minutos de prazer"...
    Beijinhos :)

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