Isto das relações tem muito que se lhe diga. Muito mesmo.
Seja das relações amorosas, com os amigos, com os colegas, com os vizinhos. Neste momento, apetece-me dissertar sobre a minha relação com o meu carro (depois cada qual interpreta e adapta ao que quiser, que eu aqui sou pela liberdade de opinião e pensamento).
Eu e o meu carro estamos numa fase complicada. Complicada ao ponto de eu andar a pensar separar-me dele. Mas, ao mesmo tempo, é o meu carro. É meu há muito tempo, já vivemos tanta coisa juntos, já aprendemos e crescemos tanto juntos. Não é fácil.
Ando nesta indecisão. Trocar ou não trocar de carro? Na maior parte dos dias estou inclinada para o não. Mas depois...
Depois foram os 500 euros o mês passado em seguro e oficina. E a direcção que tem de ser vista. E uma das jantes que tem de ser vista. E a chaufagem que agora só funciona quando lhe apetece.
Sábado a cereja no topo do bolo foi estar a chegar do trabalho à uma e muito da manhã e estar a chover. E eu com o limpa-vidros ligado. Shlep para lá, shlep para cá, shlep para lá, até que não houve mais nenhum shlep. Houve um clack e não houve mais limpa-vidros para ninguém. Lá veio a boa da Agridoce a conduzir devagar, devagarinho, com cuidado, cuidadinho, a pedir à chuva que acalmasse e a desejar que o caminho até casa, por artes mágicas, se encurtasse.
Hoje lá vou eu para a oficina outra vez.
Eu sei que isto dos carros, como nas relações, passa muito pela manutenção. Os carros, como as relações, exigem manutenção. E eu trato da manutenção do meu com todo o amor e carinho. Trato mesmo. Por isso é que aquele motor que ninguém sabe quantos kms tem e que já passou por três carros diferentes, está ali fino e fofo. E por isso é que troco o que é preciso trocar, para ir mantendo a nossa relação feliz e saudável.
Mas, ultimamente, isto não tem estado fácil. Não nos andamos a entender. Ele exige muito de mim em manutenção. E, além disso, ainda tem razões para se queixar.
Há dias, num misto de pressa/parvoíce/distracção/excesso de confiança, ao estacionar, bati num ferro e parti o plástico que tapa o pisca. Rapariga despachada que sou, toca de pegar nos bocadinhos e ir à oficina do costume. Um bocado de cola e está como novo.
Mas eu acho que o carro não me perdoou. Lá está. É daquelas feridas que sara, cura, mas deixa cicatriz. E o carro não me perdoou e achou que o limpa-vidros devia deixar de funcionar.
É assim. Na vida. Nos carros. Nas relações. Praticamos acções, recebemos acções. Umas têm desculpa, outras não. Umas deixam marcas, outras não. Umas vamos praticando todos os dias, noutras desleixamo-nos. Certo, certo, é que não há relação que não tenha fim. Pode tardar, mas é certinho como o destiho.
Tens que ponderar se essa relação tem futuro :)
ResponderEliminarNem me digas nada que a minha relação com o meu carro tb me tem dado muitas dores de cabeça!
ResponderEliminarQuerida Agridoce, tenho um amigo que um carro é como uma amante "Gastamos muito dinheiro, para ter uns minutos de prazer"...
ResponderEliminarBeijinhos :)