quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Das eleições...

Acho que nunca acompanhei tanto umas eleições como estas. Nem sei bem por que motivo, mas talvez por estar, de facto, preocupada com o que aí vem nos próximos anos. Algo me diz que não será nada de bom... Mas talvez seja apenas eu a ser pessimista.

A verdade é que li artigos e programas eleitorais, assisti a debates mais sérios e assisti ao "Gente Que Não Sabe Estar" (mais relevante do que se possa imaginar, e a única altura em que dou audiência à TVI), tentei informar-me o mais possível, apesar de o meu voto já estar relativamente decidido há bastante tempo.

Por curiosidade, experimentei uma daquelas "Bússolas Eleitorais", que não me deu novidade nenhuma.

E Domingo lá fui votar. Porque não via outra opção que não essa.

Estas eleições (ou os seus resultados) surpreenderam-me a vários níveis. Alguns mais óbvios, outros menos.

A abstenção continua a surpreender-me. E vai surpreender-me sempre. Não entendo. A sério que não entendo quem tem a possibilidade de ir votar, de mostrar a sua opinião, de expressar o seu desejo, e opta por não o fazer. Quem opta por se desresponsabilizar do que se passa no país. Não entendo. Não é por mal. E se houver por aí alguém que me queira tentar explicar, a caixa de comentários ou a de email estão à disposição. Porque eu gostava de conseguir perceber.

A vitória do PS não me surpreendeu. Obviamente, não me surpreendeu. Preocupou-me, mas não me surpreendeu.

O que também me surpreendeu foram os três novos partidos com assento parlamentar! Escusado será dizer que o facto de o Chega ter conseguido um deputado me surpreendeu e preocupou. Que país é este que quer um partido destes no Governo? Mais uma vez, aceito quem me explique... Já a eleição de um deputado do Iniciativa Liberal e uma deputada do Livre, a que se juntam mais deputados do PAN, é algo que vejo com muito bons olhos. Ainda que a deputada do PSN por Setúbal saiba menos do programa eleitoral deles do que eu, mas é o que temos... 

Precisamos de mais diversidade no parlamento. Precisamos de novas ideias, de sangue novo. Independentemente de concordar com muito ou pouco do que cada um destes partidos defende, acho que é bom que o poder não esteja tão concentrado nos dois do costume. Há muitos países por essa Europa fora em que os dois maiores partidos têm menos poder, estando o mesmo mais distribuído por partidos mais pequenos, o que acaba por resultar.

Estou curiosa para ver o que aí vem. Já há quem diga para se reservarem as suites do Ritz para os amigos da Troika voltarem... Espero que não, mas acredito que seja uma possibilidade. 

Espero mesmo estar enganada. Espero mesmo que estas novas presenças em São Bento consigam abanar as águas, por pouco que seja. Espero que este país se endireite, e possamos ter a qualidade de vida que merecemos. Ou será que não merecemos? É que olhando para a taxa de abstenção, tenho as minhas dúvidas...

8 comentários:

  1. Estou um pouco como tu...com a diferença que sei porque é que algo como o "Chega" chega (pun intended) ao Parlamento.

    O nome esgota a ideologia do mesmo mas é também esse o motivo que leva alguém a votar neles.

    E o que não falta são exemplos por esse mundo fora, destaque óbvio para os EUA e na diagonal porque não foi eleito em eleição pelo povo, o senhor do RU.

    Tempos negros, preocupantes.

    Por outro lado, sei lá quantos milhares de analistas não viram a algumas depressões financeiras nem a queda do Lehmans Brothers por isso...viver o presente precavendo o futuro, ou seja, nada de novo cá por casa.

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    1. É isso que me assusta.. É ver por esse Mundo fora, gente muito louca chegar ao Governo. Não queria o mesmo para o nosso país!

      Sim, isso é certo. O Mundo hoje é demasiado imprevisível, mas... Há pequenos indicadores que me preocupam!

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  2. Olha ao ler os pontos de melhoria do país, o Chega tem alguns pontos acertados, algumas metas com que concordo bastante mas com o que discordo é tão importante e eles são tão preconceituosos que até dá a volta ao estômago...
    Enfim, a abstenção é o que se previa, triste a meu ver por várias razões, porque há muita gente que acha que não há solução, porque se perdeu a esperança e porque acham que o voto deles não muda nada mas na realidade é o deles mais o de quase metade do país... enfim...

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    1. Se todos eles disserem que querem reduzir o desemprego, naturalmente que concordamos com todos. A grande questão é o que cada um deles vai fazer para isso!...

      Eu não consigo perceber esse raciocínio. Se não há solução, a solução é não votar? Não deveria ser votar numa alternativa, para ver se fazem qualquer coisa diferente?...

      Como é que nos mobilizamos tanto para algumas causas sociais, para o futebol, etc, e para algo tão importante, ficamos no sofá?

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    2. Pois é uma pergunta para a qual não tenho resposta... É daquelas coisas que parece que só dão valor se não tiverem... Talvez se alguém não for votar sem justificação plausível mais de 2x consecutivas fique sem o direito de votar nas eleições seguintes fosse resultar? Tipo fruto proibido? Não sei também se lá vai com coimas ou com o voto electrónico...

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    3. Acho que não é por aí... Quem não vota mesmo, até ia dizer que era um favor que lhe faziam.

      Talvez com coimas, sim. Se lhes fossem ao bolso, talvez se mexesse...

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  3. A abstenção é inacreditável! E o que revolta é que muitos abstencionistas vêm depois criticar quando ficam sem qualquer direito a fazê-lo.
    Quanto aos resultados, não estou como tu. Não acredito que a troika volte por acções internas. Por conjectura internacional não podemos saber pois como o mundo está ligado hoje, basta um disparate num país para pegar aos outros. Como se costuma dizer, se um americano espirra, um europeu constipa-se. E com o "nível" do inquilino da Casa Branca...
    O que me preocupou imenso foi o Chega ter um representante. Ler o seu programa eleitoral é assustador. Como assustador é sempre algo que seja extremista.
    Mas estou esperançado que a economia continue a dar bons sinais como tem dado desde que se abriu após a saída da troika. Estrangulando a economia como foi feito nesse período negro, é que milagres não há...

    Beijinhos :)

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    1. A questão é que a conjuntura internacional não está brilhante, e eu acho que a nossa economia está assente em palitos... Temos a falsa sensação de mais dinheiro no ordenado, mas o custo de vida está cada vez mais elevado, a saúde e a educação estão cada vez piores, os transportes estão uma desgraça (mas temos passes a 30€...). Não consigo estar esperançada. Talvez seja um mal meu!

      Um beijinho

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