sábado, 9 de fevereiro de 2019

Do Columbus Trail Half Marathon...

Há precisamente uma semana atrás, estava a dar início à minha participação no Columbus Trail, na prova Half Marathon, com uma distância prevista de 23km.

As expectativas eram muitas. Os receios também. Era a prova que marcava o regresso à minha ilha. Era a prova que marcava a minha estreia em distâncias menos curtas.

Nunca me senti tão nervosa como para esta prova. Ao ponto de me sentir fisicamente mal, a tremer por todos os lados, a achar que me ia dar uma coisinha má e que o melhor era voltar para a cama. Ter estado sozinha nas horas que antecederam a prova, não ajudou.

Mas voltemos ao início. 

Fomos levantar os dorsais na sexta-feira à tarde. Na primeira tentativa, disseram-nos que tínhamos de levar o material obrigatório para verificação. Na segunda tentativa, lá conseguimos levantar os dorsais.

Ao fim da tarde, fomos assistir ao briefing. Nunca tinha assistido a um briefing de uma prova... Mas o do Columbus Trail foi meio surreal. Aliás, houve muita coisa surreal em toda a preparação para esta prova, porque as informações contraditórias foram uma constante ao longo dos últimos meses. Fui para a prova sem saber a distância ou a altimetria da mesma. Mas isso não interessa nada, não é verdade?

Voltando ao briefing, ainda deu para rir, quando a organização disse que tinham andado a marcar o terreno e a rever as marcações, mas como em alguns sítios usaram marcações mais ecológicas e biodegradáveis, as vacas gostavam de as comer... Dramas de trails nos Açores!

À noite, já no alojamento, preparei o material todo, sem me preocupar muito, porque ia ter muito tempo no dia seguinte. Para variar, ainda não sabia ao certo o que vestir, porque decidi que queria usar os mesmos calções que tinha usado no treino de reconhecimento de quinta-feira, e que tinha lavado à mão, mas que, obviamente, ainda não estavam secos. Tinha levado três pares de calções, mas embirrei que queria aqueles. Dramas de menina-princesa com a mania que corre!


O Sábado chegou e eu estava com medo de acordar com a partida do Columbus Grand Trail, que era a 50 metros da nossa janela e às 6 da manhã. Mas não só não acordei com isso, como não acordei com o louco mais louco do que eu a levantar-se e a sair para tomar o pequeno-almoço. Como é que se deu este pequeno milagre? Graças a uns abençoados tampões de ouvidos, que eu nunca tinha usado, mas que já foram promovidos a meus melhores amigos. Ele voltou do pequeno-almoço, acabou de se arranjar, e saiu para apanhar o autocarro de transfer para a partida da prova dele, o Columbus Trail Marathon, que partia às 7h30. 

Eu fiquei a dar mais umas voltas na cama, e acabei por me levantar, mas o meu autocarro só partia às 10h, sendo que a minha prova só começava às 11h. Tarde, demasiado tarde. O que é que uma pessoa faz durante aquele tempo todo à espera da prova?... Eu gosto daquele nervoso de acordar e de comer e de me vestir e de me despachar e de ir para a prova e de ir correr... Compassos de espera não são para mim. Deve ter sido pelo excesso de tempo que me deu para me sentir mal... Só pode.

Já ia a caminho do autocarro quando me lembrei que me tinha esquecido de pôr o creme anti-fricção nas pernas. Os quilos a mais fazem-se sentir nestes pequenos presuntos que roçam um no outro (que imagem bonita, hein?!), e se eu não pusesse creme, com os quilómetros que ia fazer e com o calor que ameaçava fazer-se sentir, a coisa ia correr mal. Toca a voltar para trás.

Lá chegou a hora, lá apanhei o autocarro, lá me acalmei, lá cheguei ao início da prova.

Fazer tempo, apanhar frio, comer uma banana e uns frutos secos. E o drama que foi arranjar uma banana que não estivesse completamente verde naquela ilha? Em dois supermercados, não havia uma que se aproveitasse. A que comi foi ele que conseguiu arranjar no pequeno-almoço e guardou para mim. E ainda bem. Que quando lá cheguei, só restavam as verdes.


A prova Columbus Trail Half Marathon começava na zona norte da ilha, junto à Ermida de Nossa Senhora de Fátima, coisa que fica lá no cimo de uma encosta, no topo de 150 degraus. Escusado será dizer que a única casa de banho disponível, ficava no cima desses degraus. Menos mal, ficou o aquecimento feito e ainda tirei mais umas fotos.


A prova começou e eu, que estava nos últimos dos últimos, deixei-me ir devagar, devagarinho. Passado pouco tempo começámos a descer e eu lá passei 3 ou 4 pessoas. E passado pouco tempo estávamos a subir, claro.


Passámos por sítios incríveis, começámos a atravessar pequenos cursos de água, andámos no meio de arvoredo mais ou menos denso, e fomos fazendo aquela que seria a pior subida da prova. Se é para ser, que seja logo ao início, que uma pessoa sempre fica despachada. Seguiu-se o Barreiro da Faneca, uma espécie de deserto vermelho e plano e muito singular, e voltámos às encostas junto ao mar.



Fui tirando fotografias. Muitas fotografias. Demasiadas fotografias. Ia distraída, desconcentrada, em modo passeio. Resultado? Caí aos 4km. Nada de especial. Ainda tenho um buraco na mão e dois ou três nas pernas. Mas rapidamente me levantei, sacudi a poeira, e continuei a minha cruzada, tentando disfarçar a perda temporária de estilo. Também foi aqui que percebi que era melhor reduzir o número de fotografias, concentrar-me no que estava a fazer e começar, efectivamente, a correr.



As vistas continuaram incríveis e a descida para os Anjos foi por uma encosta extraordinária, muito muito verde, em que eu me senti uma verdadeira cabra do monte, aos saltinhos por ali abaixo. Não tenho memória de alguma vez ter descido alguma coisa tão inclinada e tão verde, sem trilhos definidos, que só davam mesmo vontade de uma pessoa se enrolar toda e deixar-se ir a rebolar por ali abaixo. Mais uma vez, o trail a despertar sensações incríveis de liberdade, misturadas com muita adrenalina e uma felicidade que é um misto de serenidade e de entusiasmo.



Em cima, a descida vista de cima. Em baixo, a descida vista de baixo. Em ambas assinalei outros atletas que aí vinham, para tentar dar a ideia da dimensão da coisa.




Estas descidas sempre a olhar para o mar, não têm preço. Adoro andar no meio da montanha, mas sou mesmo filha do mar...



Quando cheguei aos Anjos encontrei o primeiro abastecimento. Além de gente muito simpática, os abastecimentos tinham de tudo um pouco: um bolo de cenoura maravilhoso, bananas e laranjas, amendoins, tomates e sal, marmelada, bolachas, chocolate, água, isotónico... Aquela gente trata-se bem e tratou-nos muito bem, também!


Ao sair dos Anjos seguimos durante algum tempo muito perto do mar, com mais paisagens incríveis.


E eu nunca vi uma prova com tantos fotógrafos!... A sério. Estavam nos sítios mais inusitados, a tirar as fotografias mais incríveis. Ainda não consegui descobrir todas, mas já tenho algumas bem giras!


Lá seguimos nós, sempre junto ao mar, com umas subiditas simpáticas, e com esta sensação simpática, mas assustadora ao mesmo tempo, de podermos ver lá ao longe os outros atletas, e o caminho que teríamos de fazer.




Depois de uma subida, uma pessoa sempre aproveita as fotografias para recuperar o fôlego, não é verdade?... Mais uma vez, as vistas, sempre incríveis.


Como seria de esperar, eu comecei a desesperar a partir de certa altura. Estava cansada, com muitas e variadas dores, estava imenso calor, e quando cheguei aos 10km, achei que devia desistir. Pensei mesmo nisso. Achei que tudo aquilo era um disparate e que eu jamais faria os 23km. Se aos 10km eu já estava de rastos, como é que ainda ia fazer mais do dobro?... No meio de tanto drama e dúvida, lá ia fazendo mais um bocadinho, e mais um bocadinho, e mais um bocadinho. Aos 12km fiz a última grande subida da prova e dizia para mim mesma que metade já estava. Sabia que a partir dali seria relativamente plano, mas também sabia que seria a parte mais chata, junto à vedação da pista do aeroporto. Foi uma parte desesperante, em que morri de tédio, em que achei que não ia aguentar o calor, em que tive mesmo de parar para alargar os atacadores porque estava com os pés dormentes de estarem inchados. Foi nesta altura que me agarrei à salvação possível: o gel da Gu.

Foi no final da pista, quase aos 17km, que estava o meu segundo abastecimento. Enchi o soft flask, comi umas laranjas e umas batatas fritas, e segui viagem. Não sei como, nem porquê, mas fui arranjar forças lá no fundo do meu ser, e larguei a correr feita louca. Dentro do meu ritmo, claro, mas num contraste gigante com o que tinha feito nos últimos quilómetros.



Na fotografia não se vê muito bem, mas aqui estávamos no cimo de uma falésia e tínhamos um caminho de terra e umas escadas de cimento (que me custaram horrores a descer), e que nos levavam mesmo até à beira-mar, por uma espécie de praia que tivemos de atravessar.



Quando falamos em praia nos Açores, o habitual é falar em praias de pedras ou de areia muito escura. Era o caso desta. Andei aos saltinhos por cima de pedras e mais pedras, a tentar não me magoar numa altura em que os movimentos já saem meio trôpegos e as forças já não permitem levantar os joelhos tanto quanto devíamos. Molhei as mãos no mar. O meu mar. Molhei os braços, a cabeça, o pescoço. Respirei fundo e guardei em mim aquele cheiro. Ganhei forças para a subida que se seguia.


Ao cima da subida, vacas. Muitas vacas. Vacas que estavam soltas e que a qualquer momento podiam vir confraternizar com quem andava a correr. Não vieram. Comigo, pelo menos.


Vila do Porto, lá ao longe, mas já tão perto. Foi bom ver esta imagem. Deu-me aquela sensação reconfortante de saber que já não faltava muito.

Estava com 20km. A prova teria 23 ou 24km, as informações eram contraditórias e eu não sabia ao certo. Aproximo-me da vila, já depois de ter despachado as subidas todas, e vejo um grupo muito animado com um cartaz a dizer que só faltava um quilómetro. Pergunto-lhes se é verdade, se só falta mesmo um, porque ainda estava com 21km. Dizem-me que sim. Dão-me a melhor notícia do dia e lá vou eu feliz e contente. Atravesso sem pestanejar um último riacho cheio de lama, em que em cada passo o meu pé se afunda e fico com lama até ao tornozelo e me pergunto se não vou ficar ali atolada. Não quero saber. Está quase a acabar. Entro na avenida principal da vila. Acelero. Entro no acesso à meta. No meio da multidão incansável a apoiar os atletas, reconheço o rosto de quem me deu colo nos primeiros anos de vida. Faltam poucos metros. Corto a meta a sentir-me estupidamente feliz. Foram três horas e trinta e quatro minutos de prova. A mim, pareceu-me toda uma vida.


Foi uma prova muito especial, pelas razões óbvias e por muitas outras. Foi mágico correr na ilha que me viu nascer. Sim, só lá vivi três anos, mas sinto-me um bocadinho filha daquela terra, daquele mar, e foi muito bom poder lá voltar para fazer algo que me dá tanto prazer.

Nunca tinha feito 23km em trail e não estou na melhor fase da minha vida em termos de treinos, pelo que sabia que ia ser uma prova dura, sabia que me ia custar. Não sabia que me ia custar tanto e que seria um desespero tão grande. Mas valeu a pena. Quando cortamos a meta, tudo vale a pena.

No final, aquela sensação agridoce da frustração de saber que podia (e devia!) ter feito melhor, porque tenho consciência que fui demasiado lontra em algumas partes, mas a sensação de que consegui, cheguei ao fim, e quero muito lá voltar, porque foi dos sítios mais bonitos onde já corri.

Adorei a prova, adorei os abastecimentos (no final tínhamos imensa comida à nossa espera, incluindo sopa!), adorei todo o apoio ao longo do percurso. Nunca tinha visto nada assim, mas ao longo do percurso passámos por imensos pontos de controlo. Nada de muito elaborado: uma ou duas pessoas, que nos tiravam fotografias e que tomavam nota do nosso dorsal, perguntando-nos se estava tudo bem e se precisávamos de alguma coisa. Não imagino o que tenha sido com o que ali aconteceu o ano passado, e, por isso, percebo esta preocupação reforçada com a segurança e o bem-estar de todos os atletas. Da minha parte, só posso dizer que foi muito reconfortante saber que havia sempre alguém relativamente perto, caso acontecesse alguma coisa.

O relato já vai longo, mas ainda ficou muito por dizer. O Columbus Trail foi uma prova de muitas emoções, de muitos altos e baixos (literais e figurativos), de muitas memórias que ficam. Fica também a promessa de, se algum dia me quiser aventurar numa distância maior, ir lá fazer a minha estreia. Gosto do conceito de uma prova em que se dá uma volta inteira à ilha, na prova dos 75km. Se é para correr, que seja com um propósito. E dar uma volta a uma ilha, parece-me um bom propósito!

10 comentários:

  1. Lindo relato, embelezado com lindas fotos! Os Açores são um verdadeiro paraíso natural.
    Conheço 5 das 9 ilhas e, por acaso, Santa Maria é das que ainda não fui. Mas hei-de ir um dia.
    Desconhecia que eras mariense :)

    Beijinhos e muitos parabéns pela prova! Força para as próximas!!!

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    1. Tens meeeeesmo de lá ir :) a sério, foi uma bela (re)descoberta. Ainda vai sair post sobre isso!

      Obrigada e um beijinho!

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  2. Ora aqui ando eu, de volta e a tentar colocar a leitura em dia... sempre gostei dos teus relatos e ainda para mais há muitas coisas que vejo da mesma forma que tu, pelo que me dá imenso prazer ler o teu blog (ainda que tenha andado desaparecida)...

    Começo por dizer que adorei o facto de as vacas terem comido parte das marcações, agora fico com a questão, houve dificuldades nesse sentido? Tiveste dúvidas sobre qual seria o caminho a seguir, os as vacas não comeram assim tantas marcações?!

    Sei o que é essa 'brincadeira' do creme entre as pernas!!! Been there!

    Quanto a teres tirado imensa fotos, sinceramente acho que faria o mesmo, porque de todas as vezes que fiz trilhos o meu encanto com a paisagem era imenso. E no teu caso... que belas paisagens, para mim ai tens tudo o que me fascina, montanhas e mar. Sou louca pelo verde e pela água, não sei dizer de outra forma.

    Obviamente, tanto fascínio pela paisagem ainda te valeu um trambolhão, juro que não quero rir, mas a imaginar toda a cena...

    Espero seriamente voltar às minhas brincadeira de corrida, de voltar a usufruir de paisagens como essa e da felicidade que tudo isso me acarreta.

    Quanto ao tempo que fizeste... neste momento benzia-me para fazer igual... ainda para mais trilhos... se reflectir sobre o assunto, o ano passado na prova Fim da Europa demorei 3h para fazer 18km...

    Parabéns por acima de tudo não teres desistido quando isso te passou pela cabeça, e por teres cruzado mais uma fez a meta!

    PS - Ouvi falar de uma Maratona com a Fabiana!!! Vocês são umas corajosas, adorava ser assim louca como vocês! Go Girls!

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    1. Bem-vinda de volta :)

      Não sei se foi por culpa das vacas ou não, mas perdi-me uma vez, de facto. O percurso estava bem marcado, no geral, e não dei por grandes falhas, mas eu não andei em muitos sítios com vacas à solta, por isso não posso falar muito!

      Era mesmo difícil resistir a tirar fotos! A cada encosta que se subia ou a cada monte que se virava, havia mais uma paisagem de tirar a respiração... Foi assim que dei comigo no chão :D ahahahahahah!

      Volta às tuas brincadeiras e volta a Lisboa, que combinamos uma ida a Sintra :)

      É verdade, sobretudo a parte de sermos loucas!... Vamos ver :) ainda temos um grande caminho até lá!

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  3. Oh pá eu não sabia que tinhas caído! Ou será que me disseste e eu "não ouvi"?

    Adorei o relato, adorei as fotos e, como sempre, adoro a tua perseverança nestas coisas :)

    Aliás, estava aqui a pensar que, tendo em conta a nossa tendência de conversar nos treinos o que leva os meus pulmões a desistirem de lutar comigo ao fim de uns quantos km, devíamos era fazer um trail juntas, seria bem mais fácil fazer escalada e conversar do que correr e conversar! :P

    Acho que esta será uma boa hipótese de prova para o futuro, fiquei mesmo com vontade!

    Beijinhos!

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    1. Se calhar, não te contei.. Já não é exactamente novidade! :D

      Queres ir à Serra Amarela? Já vais estar lá mais perto e tudo :D ahahahah!

      É só escolheres um a partir de Maio e vamos :)

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  4. Esses Açores parecem-me bem :)

    Agora a sério, é um dos destinos programados, ainda não sei é quando!

    Parabéns pela prova, mesmo com a montanha-russa de emoções, parece que é normal :)

    Já agora, eu não uso calções de licra, embora tenha 2 "duplos" mas encontrar o tamanho de perna (no meu caso os chamados 7") certo é meio caminho andado para não haver queimaduras.

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    1. Eu andei a adiar esta viagem tantos e tantos anos... Tenho de lá voltar em breve, e incluir São Miguel!

      Obrigada :)

      No meu caso, sei que é mesmo fruto dos 3 quilos que estão aqui a mais.. Antes não me acontecia nada disto, mesmo com calções mais curtos! Tenho de correr mais e comer menos :)

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  5. Os Açores têm um encanto que só eles... por acaso é uma ilha que não conheço mas sou uma apaixonada pelo Pico e por São Miguel. Santa Maria só aterrei à meia-noite porque o nevoeiro em São Miguel era tal que não dava e no dia seguinte tinha exame de genética e só rezava para conseguirmos levantar de manhã cedo. Estava nevoeiro mas deu...
    Conseguiste, está feito :D
    75km??? Gente louca :p

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  6. Olá!!!
    Vim aqui ter a propósito do teu post de final de ano :) Já me convenceste a ir ao Columbus! Já o tinha visto no calendário de provas da ATRP e no site do Azores Trail Run mas só depois do teu relato apaixonado me senti motivado a ir. Infelizmente já não vai ser para este ano, mas entrará no calendário de 2021!
    Parabéns pela prova e pelo relato genuíno ;)

    Pedro Viana
    https://andaviana.wordpress.com/

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