segunda-feira, 31 de maio de 2010

Das maravilhas do mundo moderno... - III

Têm-se passado coisas muito estranhas na blogosfera ultimamente, têm. Eu, que não sou ninguém, e que só sei que nada sei, acho tudo isto muito estranho.

Sendo eu uma jovem ignorante, nada sei da vida e do que move o ser humano. Mas, mesmo sendo uma jovem, já ando nisto há uns anos (fui muito precoce!).

Comecei a escrever, e a publicar, na World Wide Web, no longínquo ano de 2001. E comecei a fazê-lo no Livejournal, uma comunidadezinha simpática, à escala mundial, em que fui escrevendo umas quantas baboseiras.



Nesses tempos, havia um espírito um bocadinho diferente daquele que há hoje pela blogosfera. O espírito era de união, de partilha, de comunidade no verdadeiro sentido da palavra. Eu era lida por, e lia, pessoas que nunca vi, com que nunca me cruzei, mas que sinto que conheço, e que me conhecem. Talvez por isso, quando me casei, e porque me pediram, senti-me no dever de partilhar com eles algumas fotografias do meu casamento. E não me dei sequer ao trabalho de tapar os rostos ou de esconder o que quer que fosse. Porquê? Porque não era preciso. Porque durante anos a fio partilhei com aquelas pessoas a minha vida, a minha intimidade. Sem as conhecer, confiava nelas. Sem nos conhecermos, apoiávamo-nos e ajudávamo-nos. De uma forma difícil de compreender para quem não experienciou tudo aquilo.



E eu estive aqui a fazer um esforço muito grande (o esforço possível, para os meus neurónios), e não me lembro de alguma vez ter lido um post ou um comentário a criticar ou a ofender quem quer que fosse. É que não me lembro de nenhum. Nem um para amostra.



Não quer isto dizer que o mundo era todo cor-de-rosa, fumávamos charros e vivíamos felizes na nossa bolha. Não. Simplesmente, as relações entre os livejournaleiros eram pautadas por algo que tem caído em desuso: o respeito.

Havia opiniões divergentes, havia posições contrárias perante certos temas, mas as coisas discutiam-se, conversavam-se, debatiam-se. Não se partia para a ofensa gratuita assim, sem mais nem menos.



Eu, que já se sabe que sou uma jovem ignorante nestas coisas da vida, sempre ouvi dizer que a minha liberdade terminava onde começava a dos outros. E sempre tentei reger a minha vida por este princípio. É muito giro ter um blogue, porque é. É muito giro escrever para aqui uns disparates, porque é. E até somos uns sortudos porque vivemos num país onde até há liberdade de expressão. Mas a nossa liberdade de expressão tem limites. Se não tem, devia ter. Aqui entram o bom senso, a boa educação e o respeito pelo próximo, de que falei mais atrás. Se juntarmos estas coisas todas e misturarmos bem, temos uma blogosfera saudável, onde cada um tem o seu canto onde escreve o que bem lhe apetece. Partindo sempre do princípio de que o que escreve, não é para ofender o outro. Quando esta mistura não é bem feita, quando falta o bom senso, quando falta o respeito, sai asneira. O resultado são blogues desprovidos de sentido, que vivem do achincalhamento (isto existe?) das outras pessoas. Saem assim uma espécie de velhas quadrilheiras com Cláudio Ramos, cujo passatempo favorito é falar mal dos outros. No caso do Cláudio Ramos, diz que ele é pago para isso. Noutros casos, deve ser mesmo pelo prazer de gozar, ofender, rebaixar.



E eu, na minha ignorância e ingenuidade, não consigo compreender qual é o prazer que pode advir daí.



Eu, na minha ignorância e ingenuidade, sempre achei que se não gostava de algum blogue ou blogger, tinha bom remédio: não lia. Deixei de ler alguns, e hei-de continuar a fazê-lo sempre que o entender. Agora andar a ler só para criticar? É coisa que não consigo compreender. Em primeiro lugar, porque há tanto blogue tão interessante para ler, que eu acho um desperdício de tempo estarmos a ler algo de que não gostamos. Em segundo lugar, porque a educação que o meu pai me deu me diz que eu não sou ninguém para andar por aí a ofender os outros só porque sim. A minha educação, diz-me que eu devo preocupar-me mais com a minha vida, e menos com a dos outros. A minha educação, diz-me que lá porque eu tenho opinião sobre tudo e mais alguma coisa (e sou menina para isso), nem sempre tenho de a partilhar com o mundo. Saber estar calada é, também, uma grande virtude.



E, só por isso, vou-me calar. Vou-me calar mas não sem antes dizer ao Mundo que devia parar para pensar um bocadinho antes de escrever ou dizer certos disparates que em nada melhoram o Mundo. Uma das coisas que eu aprendi com os anos foi mesmo isso, que se não tenho nada de bom para dizer, mais vale ficar calada.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Do cheiro do leite creme...

Quando era criança, era tudo muito mais fácil. As maiores preocupações eram mesmo a escolha dos presentes a pôr na carta ao Pai Natal e os brinquedos que queríamos levar nas férias, que tardavam em chegar.

Depois, vamos crescendo. Com coisas boas, e coisas menos boas. Crescemos nós, cresce a liberdade, crescem as responsabilidades. E vamos crescendo. E vamos sendo obrigados a lidar com as coisas de que antes nos protegiam.

E depois de crescermos, e chegarmos a uma certa idade, entramos na idade em que começa a ser "normal" assistirmos à partida das pessoas à nossa volta. É inevitável. É mesmo assim. Não há nada a fazer.

Mas custa.

Custa sempre.

Custa, mesmo agora que eu aprendi que a morte não é nada. A morte não é o fim. A morte não é uma coisa má. A morte é apenas uma consequência da vida. Todos nós morremos, mais tarde ou mais cedo. O que importa mesmo é a vida.

E a vida o que foi? Foi plena de momentos bons. Lembro-me, como se fosse hoje, do cheiro a leite creme queimado ao entrarmos na casa da Barbosa du Bocage. Lembro-me que havia sempre Pernas de Pau no congelador para nós. Lembro-me dos passeios e da aventura que era uma ida ao supermercado. Lembro-me do pote dos rebuçados e caramelos que vinham de Espanha. Lembro-me de ansiarmos pelo frango assado que trazias ao Sábado nos fins-de-semana na Costa. Lembro-me da tua infinita paciência para criares tantos (bis)netos, e todos juntos. Lembro-me de tantas, tantas, coisas boas.

E a vida é isto. Em mim, tu continuas viva. E vais continuar sempre. Simplesmente, a tua missão aqui chegou ao fim. E agora é hora de teres o teu merecido descanso.


Até breve, avó.

Das escapadinhas... - IV

Segunda-feira de manhã lá nos fizemos à estrada, em direcção a Setúbal, para apanharmos o Ferry. Não o apanhava há uns bons dez anos e gostei imenso da viagem. Sou muito criancinha nestas coisas, sou, mas fico feliz com estas coisas!


Seguimos em direcção à Comporta. E não é que eu desconhecia completamente este paraíso? Perdoem a ignorância mas eu não sabia que havia água assim em Portugal. Fiquei tolinha, de boca aberta, a achar que o Ferry se tinha enganado e estávamos numa qualquer ilha tropical.


Continuando em direcção a Sul, almoçámos em São Torpes, no Restaurante do Luís (que eu recomendo vivamente), com esta vista:


E depois de uma longa viagem por uma estrada de terra batida, imprópria para certos carros, lá chegámos ao nosso destino: o Brejo da Amada. Para quem quer descanso total e absoluto, paz e sossego, o sítio é perfeito. Está-se no meio do pinhal, só se ouvem os passarinhos (acordámos com um cuco. Eu sei lá há quantos anos não ouvia um cuco!) e estamos mesmo no meio do nada.

Deitada na cama, a vista era esta:


E depois de uma caminhada de exploração, demos com este espectacular lago, que, dizem, é óptimo para dar mergulhos no Verão:


E depois de uma saga de uma hora e meia para encontrar um restaurante aberto para jantar, acabámos por comer numa tasca na Comporta, onde fomos extremamente bem atendidos, e donde saímos cheios até mais não...

No dia seguinte, e já com o peso do regresso em cima, fomos em direcção a Alcácer do Sal, onde visitámos alguns dos pontos mais importantes, como o Museu Municipal de Alcácer do Sal, de que eu gostei particularmente. Fico sempre surpreendida quando me deparo com museus com muitíssima qualidade em pequenas cidades/povoações do nosso país. Os bons museus não estão só em Lisboa e no Porto, é que não estão mesmo!

E perto de Alcácer, almoçámos num restaurante que eu há muito queria conhecer...


O restaurante A Escola, onde comemos lindamente... Nem me vou pesar, mas tenho a certeza que engordei nestes dois dias... Mas soube tão bem! Ontem dizia eu ao marido que estamos a ficar como "as pessoas crescidas" e andamos por aí a passarinhar a experimentar restaurantes por esse país fora. E parece-me bem!

No regresso, o carro avariou, e foi uma pequena aventura para chegarmos até Lisboa e voarmos até ao trabalho... Todo o espírito de sossego da escapadinha desapareceu num instante, mas as memórias ficaram... E a vontade de fazer isto mais vezes, também, mesmo que só tenhamos um dia ou dois livres!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Do tempo que teima em não passar...

O tempo não passa. Parece que estagnou. Sou paga para estar a ver as horas, os minutos, a passar. E isso, por interessante que possa parecer, é tão ou mais saturante do que ter muito trabalho.

Eu não sei estar quieta. Não sei. Nasci para fazer coisas, para ser produtiva. E tenho dificuldade em estar assim, nesta inércia.

O bom disto é que voltei a escrever. Comprei um caderno e voltei a escrever. Um caderno com a capa cor-de-laranja e muitas folhas em branco. Acho que não vou ser capaz de voltar a escrever como já escrevi em tempos mas, pelo menos, já é um progresso. Vamos ver no que isto dá.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Das escapadinhas... - III

E hoje vamos dormir aqui:


Só porque sim. Só porque nos apetece sair daqui e espairecer. É só uma noite e amanhã à tarde já cá estamos a trabalhar. Mas é o possível. E vai saber muito bem.

sábado, 22 de maio de 2010

Das maravilhas do mundo moderno... - II

O que é que eu descobri hoje, o que foi?

O site Glamorous, onde podem ser alugadas malas de griffe, por períodos que variam entre os três dias e um mês.

Apenas dois exemplos:



Neverfull L da Louis Vuitton, por 25€ durante três dias, ou 130€ durante um mês



Birkin, da Hermés, por 85€ durante três dias, ou 450€ durante um mês
(e está com lista de espera)


Há também a secção de Outlet, onde podem ser adquiridas carteiras de marcas de luxo, a preços mais simpáticos (ou menos antipáticos, digamos assim).

Sinceramente, acho que isto não era o tipo de serviço a que eu aderisse. Mas acho engraçado o conceito. Acho que tem tudo a ver com a nossa sociedade actual: a sociedade das aparências. Vivemos tão preocupados com as aparências, que alugamos certos objectos de desejo. Se é errado? Não sei, ao certo. É um serviço como outro qualquer, como um carro que alugamos quando vamos de férias, ou o serviço de fontes de chocolate que alugamos no Natal mas que não faz parte da nossa vida no dia-a-dia, obviamente.

Para mim, não dava. Porque acho que depois não me conseguia despedir da mala. Mas porque não? Em vez de gastar uns milhares de euros numa LV, porque não alugar uma destas malas de vez em quando e ter mais variedade, sem um investimento tão grande?

Do Rock in Rio...

Pagar para ir ao Rock in Rio? Para quê?

É muito mais giro chegar a esta hora do trabalho, e estar a ouvir a Shakira...

E eu não moro nem perto... Nem imagino quem mora naquela zona! Poluição sonora é o que é... Só descobrimos que era do Rock in Rio porque, feitos tolinhos, ligámos para a PSP a fazer queixa porque os vizinhos das ruas de cima estavam a fazer muito barulho (é frequente aqui)... Aparentemente, não fomos os únicos, pelo que já não me senti tão tola. Mas nunca me passou pela cabeça que se ouvisse aqui...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Das coisas de que eu nunca falei aqui... - Parte II

Depois de ler e reler o que aqui escrevi há dias, chego à conclusão que talvez não o devesse ter escrito. Tenho medo de ter passado a mensagem errada, de me ter exposto em demasia... Porque é que eu o escrevi? Porque estava mesmo perturbada, irritada, alterada. Porque precisava de despejar tudo aquilo e achei que mais valia fazê-lo aqui, do que dizê-lo a quem o merecia ouvir, correndo o risco de me arrepender depois. A minha vida não é uma desgraça, nem eu sou infeliz por isto ou por tudo o que se passou. Simplesmente, gostava que a minha mãe soubesse que não esteve presente nos momentos mais importantes dos dez últimos anos da minha vida. Nem nos bons, nem nos maus. Gostava que ela tivesse noção disso e se pusesse no seu lugar. Gostava que ela soubesse que, quando olho para trás, não era ela que lá estava. E, assim sendo, ela não tem o direito de me exigir o que quer que seja.

Mas ela não entende isso. E a saga continuou via telemóvel. E eu, depois de umas horas a meditar no assunto, respondi-lhe à altura. Disse-lhe o que ela queria, e o que não queria, ouvir. Disse-lhe que, ao contrário do que ela afirmava, não era a minha única mãe. E que, no mínimo, devia respeitar a Ana, que sempre tentou relacionar-se a bem com ela, e que acolheu os filhos dela como se fossem seus.

A minha vontade, sendo absolutamente honesta, era voltar a cortar relações com ela. Mas não o faço. Não o faço pela minha irmã, e por uma ou duas pessoas na família dela. Mas é mesmo só isso. Porque não vejo mais razão nenhuma para tentar manter uma relação com ela. E, sinceramente, acho que já não tenho idade para andar a fazer as coisas por favor. Tenho a minha vida para viver e começo a achar que é um desperdício de tempo e de energias. Com tanta coisa boa para viver, não faz sentido andar a desperdiçar o meu tempo assim. 


Assunto encerrado.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Dos livros e da Feira do Livro...

Ando a ler a um ritmo razoável, e nem chego a actualizar a aplicação ali do lado...

Nos entretantos, já li o Julie & Julia e o Marley & Eu. Gostei imenso dos dois. São livros leves (bom, o Marley nem tanto), mas que se lêem bem, depressa, e distraem-nos. Fiquei com ainda mais vontade de aprender verdadeiramente a cozinhar.

Da Feira do Livro só trouxe dois exemplares: o Pierre-Auguste Renoir, Meu Pai, de Jean Renoir, e mais um Saramago, desta vez A Jangada de Pedra.




O marido trouxe ainda uns quantos, alguns dos quais eu também vou querer ler, claro. Temos chorado a rir com o Tubo de Ensaio, que já lhe tinha oferecido, e não podíamos deixar de trazer o volume II, para continuarmos a saga. Para quem gosta do programa e do género do humor, recomendo vivamente!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Das neuras...

Continuamos em modo neura. Mas vamos andando que, já dizia o outro, em frente é o caminho.

Ontem achei que o melhor para resolver a neura era atravessar a ponte e ir às compras. Atravessar a Ponte Vasco da Gama tem sempre um efeito calmante e relaxante sobre mim. E assim foi.

O balanço até nem foi mau. Eu bem tentei. Continuo em guerra para conseguir comprar sapatos. Sobretudo porque tenho um orçamento limitado. Mas já que não encontro os sapatos de que preciso, ontem lá trouxe estes meninos para casa:



E para eles não se sentirem sozinhos, e porque preciso de roupa mais casual para o dia-a-dia, agora que já não tenho restrições quanto ao vestuário no trabalho, trouxe da Quebramar estas duas pecinhas:


Depois disto, fui ao cinema. E fui ao cinema sozinha, coisa que acho que nunca tinha feito na vida (a vez em que a minha mãe me despejou sozinha numa sala de cinema enquanto ela ia às compras, não conta). Mas soube bem. Tinha uma sala gigante só para mim e pude estar completamente à vontade. O filme? Blind Side. Gostei muito.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Das coisas de que eu nunca falei aqui...

Hoje não está a ser um dia fácil, não. O meu consolo é que daqui a meia hora o dia já acabou.

Já vim aqui várias vezes hoje, já abri e fechei isto várias vezes, e nunca consegui escrever. Mas agora acho que devo escrever. Para evitar escrever noutro sítio.



Eu acho que nunca falei aqui da minha mãe. Ou falei pouco. Ou falei daquela que é para mim a minha mãe, mesmo que não me tenha dado à luz.

Eu não tenho uma boa relação com a minha mãe. Não tenho. Podia dizer que nunca tive, mas isso seria exagerar porque a verdade é que não me lembro da relação que tinha com ela quando era pequena. Diz quem viu, que também não era grande coisa.

Passou o dia da mãe, e por todos os blogues se falava nisso. Eu deixei-me estar quieta. Pensei para mim que, se não ia dizer bem, mais valia estar calada.

Mas hoje não me apetece estar calada. Hoje apetecia-me responder ao e-mail que ela me enviou e mandá-la a um certo sítio. A minha mãe não percebe. Estivemos anos sem nos falarmos e, por ocasião do falecimento do meu avô, voltámos a falar há coisa de dois anos. Mas eu tenho uma certa vontade de voltarmos à fase de não nos falarmos.

E não me venham dizer que mãe é mãe. Não é. Garanto-vos que não é. Eu dou um (grande) desconto à minha mãe por todos os problemas de saúde que a minha mãe tem e teve mas, começando por aí, para mim, mãe que é mãe, não fuma na gravidez dos filhos. E ela fumou, na dos três filhos. Parece um detalhe ridículo? Talvez, mas é a ponta do icebergue. É apenas um pedacinho do que ela é enquanto pessoa e mãe.


Estou aqui a escrever disparates para não lhe escrever a ela. Hoje estou a ter um dia mau, muito mau, como já não tinha há muito. Dei por mim a fazer algo que não fazia há muitos, muitos anos. E tenho medo disso. E ela consegue pôr a cereja no topo do bolo. E apetece-me responder-lhe. Apetece-me dizer-lhe o que ela merece ouvir.


Apetece-me dizer-lhe que a "nova querida do meu pai" se chama Ana e que está com o meu pai há dez anos. Dez. Nem sei se ela e o meu pai estiveram tanto tempo juntos, mas se calhar não.
Apetece-me dizer-lhe que a "nova querida do meu pai" estava comigo quando eu soube que ia ser operada e, possivelmente, perder um ovário, foi comigo às consultas, foi comigo fazer os exames, levou-me até ao bloco operatório e chorou agarrada ao peluche que eu fiz questão de levar comigo, ficou acordada até que eu saísse do recobro, dormiu comigo no hospital, deu-me a mão, deu-me banho, esteve lá.
Apetece-me dizer-lhe que a "nova querida do meu pai" foi quem me arrastou para o psiquiatra quando passei pela minha segunda depressão, foi quem me arrancou da cama e me obrigou a lá ir.
Apetece-me dizer-lhe que  a "nova querida do meu pai" foi quem foi comigo à procura da escola onde eu voltaria a sentir-me bem e motivada, para me preparar para me candidatar à faculdade.
Apetece-me dizer-lhe que a "nova querida do meu pai" também foi quem me arrastou para o médico quando estive à beira de uma anorexia, com 41 kgs.
Apetece-me dizer-lhe que a "nova querida do meu pai" levou-me ao bingo quando fiz 18 anos, e foi comigo fazer a tatuagem que sempre quis fazer.
Apetece-me dizer-lhe que a "nova querida do meu pai" perdeu horas à procura de vestidos de noiva na internet, e foi comigo à procura do meu vestido de noiva, dos sapatos, dos acessórios.
Apetece-me dizer-lhe que a "nova querida do meu pai" abraçou-me no dia do meu casamento, de lágrimas nos olhos, e me disse que estará lá sempre para mim.
E apetece-me dizer-lhe que eu acredito que sim, que ela estará lá sempre. Quanto à minha mãe, não acredito. Já deixei de acreditar há muito tempo.
Apetece-me dizer-lhe que sempre que penso nos últimos dez anos, quem lá esteve foi a "nova querida do meu pai", não foi ela.

E apetece-me dizer-lhe tudo isto. Apetece-me dizer-lhe que se ela acha que nós nos estamos a afastar, talvez ela devesse pensar no porquê. Apetece-me dizer-lhe que não quero manter uma relação com ela só porque é suposto pais e filhos darem-se bem. É suposto. Mas não tem de ser assim. E eu estou farta de fingir que assim é. Sobretudo, para receber e-mails destes, com bocas para o ar, a diminuir alguém muito especial para mim. Estou farta.




Hoje, não vou fazer nada. Estou de cabeça quente. Irritada. Furiosa. Mas amanhã vou pensar seriamente se não lhe respondo à altura. Pode ser que isto me passe. Ou não.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

The things I dislike... - IV

Dobrar meias.

Deve ser das coisas que menos gosto de fazer no que diz respeito às lides domésticas. Não gosto. Mesmo.

E o próximo passo é comprar 20 ou 30 pares de meias todas iguais para o marido e simplificar (muito) este processo.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Das descobertas interessantes...

É sempre bom descobrirmos que as lentes descartáveis que usámos como mensais durante dois anos são, afinal, semanais, podendo, eventualmente, ser usadas como quinzenais se não forem usadas para dormir.

Dá vontade de torturar alguém assim de um modo muito sádico, não? Então mas vendem-me as lentes como mensais e eu ando a dar cabo dos meus olhos assim? Eu já tenho poucos problemas nos olhos, realmente... Quando soube, fiquei parva, sem reacção, de boca aberta, com cara de "está a brincar, não está?".

Ai, meus queridos olhinhos... Perdoem a incompetência, perdoem, e eu prometo que não deixo que vos façam mais maldades!


Nota: acabei agora mesmo de cortar o cabelo ao marido. Estou aqui a pensar quanto é que lhe vou cobrar pelo "servicinho" (só para quem viu o "Num dia igual aos outros")...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Da família...

Na minha família não se fala de mariquices mas, de vez em quando, há gestos destes, de ternura escondida, como quem não quer a coisa. Deve-se gostar das pessoas sem lhes mostrar. Deve-se gostar das pessoas sem lhes mostrar? Pelo menos entre nós é assim: não há elogios, não há censuras, raramente há perguntas. Para quê? Há um estar ali que é já tanto. Diz-se sem as palavras e percebe-se que se diz e o que se diz porque o clima, não sei explicar de outra maneira, se torna diferente. Não falamos do que cada um faz: a gente sabe. Do que cada um sente: a gente sabe. Não se fala do sofrimento, não se fala da alegria: a gente conhece. É melhor desta forma. Uma única ocasião o meu pai fez-me uma confidência, sacudiu-a logo com a mão

- Chega de pieguices

e alegrou-me que se penitenciasse por transgredir as regras. Não há efusões, não há gestos e, no entanto, as efusões e os gestos estão lá. Quem souber ver que veja, quem não souber é porque não pertence à tribo. Não há lamentos: porque é que hei-de lamentar a minha sorte, interrogava o grego. Não há censuras, não há críticas, salvo em ocasiões muito, mas mesmo muito, especiais. (...)


Crónica de muito amor, António Lobo Antunes, in Visão (31/03/2010)



Na minha família, é assim. Há quem ache estranho, há quem não compreenda, há quem ache que gostamos menos uns dos outros, só porque não estamos sempre a dizê-lo. Mas eu gosto da minha família assim. Eu sei que posso contar com eles nos momentos bons e nos momentos menos bons. Eu sei isto. E para eu saber isto, não precisamos de o dizer, de nos beijar e abraçar, de falarmos todos os dias. Eu sei. Eu sinto. E isso é suficiente. Mesmo que haja quem não o compreenda.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Das situações hipotéticas...

Imaginemos...

Andavam a navegar pela blogosfera e, num daqueles blogues que costumam ler e de que até gostam bastante e que até costumam comentar, viam um erro de português. Não é um erro pequenino e discreto, como uma letra fora do lugar ou um acento a menos, que podia ser fruto de uma escrita apressada. Não, é mesmo um erro daqueles que vos arrepia porque vocês prezam o bom uso da nossa língua materna. O que fazer? Nada? Ou contactar o autor do blogue e correr o risco de ter como reacção "Olha esta com a mania que sabe tudo e pode andar aí a corrigir os outros"?



No meu caso, eu convido-vos a todos a apontarem todos os meus erros. Desde que acabei a faculdade, e porque não tive nem tenho nenhum emprego em que seja obrigada a escrever por aí além, às vezes, tenho as minhas dúvidas. Gosto de colocar vírgulas e acentos onde eles nem sempre existem. E também escrevo à pressa e tenho duas gatas que adoram passear-se em cima do teclado. Tudo isto, pode resultar em erros. Mas, por favor, corrijam-me. Não há nada pior do que deixar a minha escrita imortalizada para a eternidade (que bonito!), mas cheia de erros.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Da música que eu gostava de ouvir...

Às vezes, só às vezes, sinto-me tentada a comprar o último CD do David Fonseca, só para ouvir a tua voz.

Às vezes, só às vezes.






A verdade é que também podia pegar no teu CD e ouvir-te. Era mais simples, não era?

sábado, 8 de maio de 2010

Das baldas...

A esta hora devia estar eu no Museu do Oriente, no curso sobre o Japão. Mas não, estou sentada no sofá, com uma gata de cada lado.

E porque é que eu não estou no curso? Por causa de um certo vulcão de nome impronunciável. É verdade. Uma série de acontecimentos em cadeia, que começaram com esse vulcão, fizeram com que hoje houvesse gazeta ao curso. E eu não tenho pena nenhuma!...

Agora vou até casa dos pais, pôr a conversa em dia (já que não fomos ao curso), e depois espera-me uma mui interessante tarde trabalho.

Bom fim-de-semana!


E esta chuva, hein?

sexta-feira, 7 de maio de 2010

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Das compras... - V



Picasso & Lump - A história de um cão que comeu um Picasso, de David Douglas Duncan



O Cemitério dos Barcos sem Nome, de Arturo Pérez-Reverte



Julie & Julia, de Julie Powell


Os dois primeiros fizeram com que, pela primeira vez, pedisse o livro de reclamações. Neste caso, na Bertrand.

Já acabei de ler o Girlfriend in a Coma e gostei. Gostei muito. É daqueles que toda a gente devia ler. Só porque sim. Só porque não nos fazíamos mal parar para pensar no futuro. No futuro do planeta. No nosso futuro.


segunda-feira, 3 de maio de 2010

Das decisões (das indecisões)... - II

E agora que já despachei o IRS (com a Lady ao meu colo, a facilitar imenso a tarefa...), e que descobri que, se calhar, até vamos receber uns eurozitos (quando contávamos pagar alguns milhares), vou até ao centro comercial mais próximo, em busca de:

- uma ou duas camisas brancas (o trabalho assim o exige);
- uns sapatos pretos altos mas muito confortáveis (o trabalho assim o exige);
- uma mala preta (a Amora assim o exige...);
- coisinhas para a casa (eu assim o exijo);
- e o que mais encontrar que me agrade...

A Amora está agora ao meu colo (elas fazem turnos de colo), indecisa entre atacar o próprio rabo e atacar o cursor no monitor do portátil... Ninguém se pode queixar de falta de animação nesta casa!



Pela quantidade de posts de hoje, já deve ter dado para perceber que hoje estou de folga.
 FOLGA.

Das indecisões... - I

Estou aqui indecisa entre:

- ir às compras;
- ficar em casa a preencher a declaração do IRS.

É uma escolha difícil, é...

Da Amora... - I

A Amora está mais crescida. Já voltou ao veterinário e já levou mais vacinas. Ainda não pesa um quilo e meio, mas quase. A Amora só quer comer. E mia para demonstrar que quer comer. A Amora não anda, corre. Corre pela casa fora, atrás de nós, atrás da Lady. A Amora liga o motor ronronadeiro e está tempos e tempos com ele ligado. Mas não gosta de colo. Pegamos-lhe ao colo e ela mia desalmadamente a querer ir para o chão. Às vezes, só às vezes, vem dormir para ao pé de nós. E, de noite, dorme ao meu lado. A Lady de um lado das minhas pernas, ela do outro. A Amora já é quase amiga da Lady. A Lady quer lambê-la, a Amora quer mordê-la. Mas lá se vão entendendo, aos poucos. Se a Amora deixasse a Lady ser mãe dela, era bem mais fácil. A Amora acorda de manhã e vai morder a Lady. Orelhas, rabo, pernas, qualquer coisa serve. A Lady lambe-a. A Amora morde-a mais e a Lady não gosta. A Lady morde-a e a Amora mia. E andamos nisto. Acordamos todos os dias assim. Mas já vão fazendo progressos. A Amora já consegue chegar a quase todos os sítios desta casa, menos ao móvel onde está a comida da Lady. Até quando? Vamos ver. A Amora adora brincar. Desde que descobriu que cabe debaixo do sofá e a Lady não, resolveu fazer reféns quase todos os brinquedos. Volta e meia, lá aparece um. A Amora descobriu o maravilhoso mundo da banheira. E também descobriu o maravilhos mundo da varanda, e das plantas, e dos vasos. A Amora tem aprendido com a Lady a caçar moscas. E a fazer disparates. A Amora já faz parte de nós, e só tenho pena de ainda não fazermos parte dela. Mas cada coisa a seu tempo.


Eu plantei dois vasos com erva gateira para a Lady. A Amora acha que é muito mais giro enfiar-se lá dentro e ficar lá sentada, estilo bibelot.


Mais uma lição de como caçar moscas: as duas quietas e sentadas a olhar para a próxima vítima.


Nota: ela deve ter adivinhado que estava a falar nela e veio deitar-se em cima dos meus pés... Coisa rara mas que sabe tão bem!

domingo, 2 de maio de 2010

Das bolas que rebolam...

Eu não sou do Porto, não sou. Mas é bem feita para os benfiquistas. Hoje já andava tudo de cachecol na rua, nos carros, tudo de sorriso na cara, a combinar a festa no Marquês. Agora vão lá fazer a festa, vão.  

Do hoje... - I

Hoje fomos almoçar fora... Fomos almoçar a um sítio muito especial, com uma vista muito bonita, e com uma mesa na esplanada reservada para nós:


Almoçámos na quinta dos meus sogros, à sombra do sobreiro, rodeados de verde e mais verde e mais verde! E soube tão bem...

Tivemos direito à companhia da Lala (a nossa gata do campo), que subiu para cima do sobreiro, e aproveitou para fazer uma sesta enquanto nós almoçávamos...



A quinta dos meus sogros é especial por muitos e variados motivos, mas é ainda mais especial porque foi lá que fizémos o copo de água do nosso casamento! E é inevitável lembrar-me desse dia de cada vez que lá vamos...

Os devaneios Agridoces mais lidos nos últimos tempos...