O que custou não foi entregar a Amarela à sua nova família.
O que custa é dar comigo a preparar-me para sair de casa e a pensar se a Amarela estará escondida no meio dos lençóis da nossa cama.
O que custa é olhar para a poltrona onde ela dormiu tantas horas e estar à espera de a ver.
O que custa é continuar a falar dela no presente. É falar das quatro, sem me lembrar que são apenas três.
É isto que custa.
O marido sofreu horrores quando eu saí de casa com ela, quando se despediu e a pôs na transportadora.
Eu, como sempre, mantive a calma e o sangue frio e fiz o que tinha a fazer.
Agora é que eu sofro, agora é que me custa. É no dia-a-dia. É no olhar para o lado e ela não estar lá que está a dor. É isto que custa.
Mas passa. Tudo passa.
E passa porque tenho falado com a nova família dela todos os dias. E sei que ela está bem e está a ser muito acarinhada e tem tudo o que precisa e merece. E sei que ela vai ser muito feliz.
E isto passa. Tem que passar.
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