terça-feira, 21 de julho de 2020

Dos tempos estranhos que vivemos e que levam a posts inusitados neste blogue...

Hoje entrei num centro comercial.

Este blogue faz este mês 11 anos e jamais me passou pela cabeça que um dia iria escrever um post para dizer "hoje entrei num centro comercial".

Mas a verdade é que, dadas as circunstâncias, o facto de eu hoje ter entrado num centro comercial, é algo a assinalar.

Estou em casa desde o início de Março e, desde então, não voltei a ir às compras, ao supermercado, a centros comerciais. Tenho usado e abusado das compras online (coisa que já fazia antes), e vivo feliz assim. As minhas saídas resumiram-se, basicamente, a saídas por motivos médicos (diz que tive uma filha entretanto, e esse tipo de coisas...), ou saídas para caminhar.

Hoje, no entanto, como tinha de comprar uns óculos, acabei por ser mesmo obrigada a voltar a entrar num espaço desses.

E foi estranho. Muito estranho. Para quem continuou a andar na rua e a fazer compras, esta nova realidade foi-se entranhando aos poucos. Foi-se tornando normal. Para mim, que estive quase 4 meses em casa, foi um choque. Senti-me quase que a visitar um país novo. Mas, afinal, estava só no Vasco da Gama.

Ainda não tinha contactado verdadeiramente com este novo mundo em que toda a gente anda de máscara, em que as lojas têm uma entrada e uma saída, em que em toda a parte vemos dispensadores de desinfectante.

E foi estranho. Muito estranho. Tive algum receio, confesso. Não me senti completamente confortável e não me imagino a ir às compras tão cedo, confesso. Se, por um lado, sei que temos de nos adaptar e habituar a esta nova realidade, por outro, ainda não me sinto preparada para isso.

Esta pandemia mexeu connosco de formas que vão muito para além do que poderíamos imaginar... E estar a criar um pequeno ser neste contexto, é ainda mais assustador. Temo pela minha sanidade mental mas, sobretudo, temo pelo impacto que isso terá nela.

Só o tempo nos trará respostas...

6 comentários:

  1. São tempos muito estranhos dos quais nunca pensámos passar, apesar de historicamente existirem pandemias desde sempre, mas iludimo-nos com o avanço actual da medicina.

    Somos no entanto animais de hábitos e se nas primeiras vezes que saí estranhei e muito, hoje em dia já começa a fazer parte do dia a dia. Chega-se ao cúmulo de assistirmos a um filme e estranharmos ver apertos de mão e abraços! Ao que chegámos!

    Posto isto, não temas pela tua sanidade mental pois também te sucederá ao fim de algumas vezes começares a encarar de forma mais natural, se é que de natural haja alguma coisa. Repito, somos animais de hábitos e temos uma boa capacidade de adaptação.

    E uma coisa é certa, suspeito que esteja para durar mais do que receámos...

    Beijinhos e tudo a correr bem convosco e com a linda Isabel :)

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    1. Acho que uma das coisas que mais assusta em tudo isto é mesmo isso: a nossa confiança na medicina ficou meio abalada, perante algo que tão rapidamente mudou a forma de viver do mundo inteiro. Já não se trata só de uma epidemia localizada num país do 3º mundo, e é algo que afecta tudo e todos... E, como dizes, veio para ficar.

      Havemos todos de nos habituar, não é verdade? Resta ver o impacto que fica.

      Bom fim-de-semana, João! Um beijinho

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  2. É normal estranhar, é normal preocupares-te, só espero que uma vacina esteja pronta relativamente rápido porque o vírus não vai desaparecer milagrosamente...

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    1. Eu também espero... Não quero imaginar quando chegarmos a Setembro e recomeçarem as aulas e a vida após as férias, e quando vier o Inverno...

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  3. É tudo normal, até te posso dizer que ficar duas horas na secção de lingerie feminina (há outra?) do El Corte Inglés de Lisboa de máscara também é o novo normal.

    Isto para dizer que consegui respirar com aquela coisa durante esse tempo ;)

    Não forçar a situação, de voltar a sair, mas como já escrevi noutro quiosque virtual, não nos podemos deixar viver com o medo, contraídos em nós e no nosso pequeno mundo.

    Pois o outro continua lá fora.

    Eu não perdi a fé na medicina, apenas e mais um bocadinho nos homens e mulheres (sim, a ordem é propositada) que nos governam, que nos prestam serviços como notícias, etc.

    Beijinhos

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    1. Ahahahahah ninguém merece! Mas se sobrevives a isso, sobrevives a tudo :)

      Eu ando a tentar lutar contra o medo, mas não está fácil...

      Esta pandemia podia ter sido uma oportunidade para sermos todos um pouco melhores. Mas decidimos deixar passar...

      Um beijinho

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