terça-feira, 16 de julho de 2019

Do meu fim-de-semana... E do Thom Yorke...

O meu fim-de-semana foi... Cheio. E cansativo. E feliz. E memorável. 

Sexta-feira às onze da noite, depois de duas horas na cozinha e noutros preparativos diversos, estava eu a pintar as unhas. Descobri que tenho mais uma a ficar negra. Já me perco. Será do Almonda? Ou da Serra Amarela?... 

Sábado o despertador tocou cedo. Muito cedo. Destino? Sesimbra, para a despedida de solteira da minha irmã do meio. Programa? Passeio de barco para visitar as praias da Arrábida, dar uns mergulhos, comer e beber. Foi giro, muito giro. O programa ainda incluía jantar e dormida, mas eu tive de regressar a Lisboa.

Próximo destino? Nos Alive. Foi só mesmo ir a casa tomar banho e comer qualquer coisa, e lá fui eu.

Eu não sou pessoa de festivais. Não gosto de confusões, de muita gente, do caos no geral e de pessoas em particular. Só tinha ido ao Alive em 2012, ver os Radiohead, pois claro, e só lá voltei este ano porque mal o Thom Yorke confirmou, fui a correr comprar bilhetes.

Eu lido mal com festivais. Em primeiro lugar, porque com 1,58 metros de altura, conseguir ver alguma coisa de jeito é uma tarefa hercúlea. No Primavera, a coisa disfarça. Mas no Alive a plateia está toda em terreno plano e a coisa não funciona para mim. Em segundo lugar, eu lido mal com a invasão do meu espaço e da minha bolha, coisa que acontece invariavelmente quando estamos numa multidão com umas centenas ou milhares de pessoas. Eu não gosto de me sentir apertada, eu acho que fico com falta de ar, eu só penso no que seria uma emergência e precisar de sair dali. Sim, penso várias vezes que se me der uma coisinha má, vou ficar ali. Não é o melhor estado de espírito para um festival.

Fui para o Alive com um objectivo muito claro: ver o Thom Yorke. Se desse para ver Bon Iver e mais qualquer coisinha, tanto melhor. Senão, paciência. Mas ainda vimos os Idles (gente louca, não?), depois Bon Iver, e depois, porque ao meu lado tenho uma pessoa meio sensata meio louca, vimos o concerto da Marina, que eu nem sabia quem era, mas que actuava no mesmo palco onde o Thom Yorke ia actuar à meia-noite. Fomos para esse palco deviam ser umas dez e vinte, mais ou menos, depois de ver Bon Iver a tocar o Skinny Love (era o meu único requisito para concordar com o que viria a seguir).

Estivemos uma hora e quarenta minutos à espera do Thom Yorke. Uma boa parte deste tempo foi a assistir ao tal espectáculo da Marina. que era assim uma coisa meio surreal, para o meu gosto. Mas aguentei estoicamente e sobrevivi. E ainda bem! Mal o concerto dela acabou, numa questão de segundos decidimos que íamos tentar ir o mais para a frente possível. Eu, que fico sempre mais para trás ou nas laterais (ver parágrafo anterior), achei que era boa ideia ir para a frente. E fomos. Ficámos na terceira fila a seguir às baias, praticamente a meio do palco. E eu comecei a entrar em pânico. A sentir-me esmagada (não fomos os únicos a aturar a Marina para usufruir do Thom Yorke). A dizer-lhe baixinho que não sabia se queria ficar ali. Tinha o meu racional e o meu emocional a degladiarem-se. Eu queria muito ficar ali. Mas eu não sabia se aguentava ficar ali. À nossa frente estavam dois rapazes, um deles bem alto, que tinham lá mais amigos que estavam atrás de nós. Depois de perceberem que os amigos não conseguiam ir mais para a frente, perguntaram-nos se não queríamos nós trocar com eles. Claro que queremos! Sim, por favor! E fomos. Segunda fila. à minha frente só umas raparigas, e logo a seguir as baias, o fosso e os seguranças. Ali eu sabia que se me desse alguma coisinha, eu só tinha de esbracejar e saltar as baias para o lado de lá. Sim, eu penso nestas coisas todas. Sempre. Invariavelmente. Senti-me muito mais tranquila, recusei olhar para trás para não ver o mar de gente nas minhas costas, e preparei-me para o que aí vinha.

Como se fosse possível! O Thom Yorke é o Thom Yorke. Eu sou muito, muito fã dele. Acho que me apaixonei um bocadinho por ele no concerto dos Radiohead no Coliseu, no longínquo ano de 2002. Não tarda faz 20 anos e os Radiohead estiveram sempre presentes na minha vida, bem como o Thom Yorke na sua carreira a solo.

fimdesemana

O homem é um génio. E em palco isso é ainda mais evidente. E quando estamos na segunda fila, e o sentimos ali quase ao esticar de um braço, quando vemos cada detalhe dos seus movimentos, cada expressão, cada olhar, cada ruga do seu rosto... É indescritível! O concerto foi mesmo, mesmo, mesmo muito bom! É impossível ficar indiferente àquela música, àquela energia, àquela correria pelo palco que parece meio desconcertante, a roçar a insanidade, mas que nos prende, que nos cativa.

Cheguei ao fim com a sensação de ter assistido a um concerto que ficará para sempre na minha memória. E, mais do que isso, com a pessoa certa ao meu lado. E, isso, faz toda a diferença. E, isso, faz tudo valer a pena.

Passei o Domingo de rastos, a sentir na pele o que é a expressão "passou-me um camião por cima", a pensar que já não tenho idade para isto. Mas se o Thom voltar, eu voltarei para o ver. Porque vale mesmo a pena.



7 comentários:

  1. Como é que se põe um mote de corações nesta coisa????

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    1. ❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️

      Assim?

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  2. O penultimo paragráfo é épico e está tudo bem quando está bem.

    Já o Rui Veloso cantava...(viste este turn around brutal em que consigo meter o Veloso junto do York ahahahah)

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    1. Ahahahah

      Curiosamente, no top dos melhores concertos que já vi, também está um do Rui Veloso :)

      Mas ele tem toda a razão! Fica mais fácil amar quem ouve a mesma canção ;)

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  3. O que se pode dizer depois desta frase "Cheguei ao fim com a sensação de ter assistido a um concerto que ficará para sempre na minha memória. E, mais do que isso, com a pessoa certa ao meu lado. E, isso, faz toda a diferença. E, isso, faz tudo valer a pena."?

    São momentos que mereces bem :)

    Beijinhos

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