domingo, 3 de junho de 2018

De Madrid...

Agora que já disse (quase) tudo o que havia a dizer sobre a Maratona de Madrid, resta falar sobre a cidade.

E eu gostei tanto de Madrid! Achei Madrid uma cidade "fácil". E com isto quero dizer que é uma cidade onde é fácil sentirmo-nos bem, confortáveis, seguros, em casa. Não é uma cidade demasiado grande e tem muita vida, pelo que é fácil que nos encante.

Alugámos um apartamento perto da meta da Maratona (que era no Paseo del Prado), em pleno bairro Lavapíés. Este é um bairro muito peculiar. Podem ler mais aqui mas é, em resumo, um bairro com uma grande mescla de culturas e nacionalidades (diz esse artigo que moram ali pessoas de mais de 80 nacionalidades diferentes), um bairro muito "alternativo", com muitas galerias de arte, com muitos restaurantes de todos os tipos de comida, com muitos bares e esplanadas, com muita agitação social, com muita animação. É um bairro diferente, mas foi uma experiência gira. E, tirando lá uma certa praça à noite que não estava muito bem frequentada, nunca nos sentimos inseguros.

Chegámos Sábado pela hora de almoço (depois de muitas e variadas peripécias e atrasos - obrigada, TAP), e, como já contei, andámos pela feira e depois fomos descansar. Saímos só para jantar, num restaurante italiano ali perto, e regressámos ao apartamento.

Domingo não fizemos nada. Quero dizer, fizemos quase 43km pelas ruas de Madrid. Mas o que é isso? Nada, pois claro. Depois disso ficámos pelo apartamento, porque tínhamos comprado umas cervejas e umas tapas, para podermos descansar. Saímos para jantar ali perto, num tailandês muito giro e com comida muito boa.


Cerveja Tailandesa

Segunda-feira era dia de recuperação activa, obviamente. Começámos o dia com uma free tour. Eu não sei se já aqui falei sobre as free tours, e se já o fiz, perdoai a repetição, mas a idade não dá para mais. As free tours são a coisa mais espectacular que alguém inventou. Já fiz em Praga, Bruges, Ghent e, agora, Madrid. São visitas guiadas, com grupos de tamanho variável (são os que aparecerem, basicamente), que podem ser em diferentes idiomas, e em que durante cerca de duas horas percorremos a cidade onde estamos, com alguém que realmente a conhece, que nos mostra os pontos principais, que conta umas histórias engraçadas, e que dá boas dicas sobre onde comer e fazer compras, por exemplo. Tudo depende do guia, claro, mas tenho tido excelentes experiências! No final, cada um paga o que quiser. Literalmente. É uma excelente forma de ficarmos com uma visão global da cidade (muito útil, sobretudo, quando temos pouco tempo num sítio).


Em frente ao Palácio Real


A Ursa mais famosa de Madrid!


No mercado de San Miguel



Depois disto, foi almoçar, e seguiu-se um passeio pelo Retiro. Eu achei que um passeio de barco no lago do Retiro era uma excelente forma de poder descansar durante 45 minutos... Mas o certo é que, quando dei por mim, estava a remar. Se já me doíam as pernas e os pés, assim ficaram a doer-me também os braços, que eu sou pela igualdade de direitos.




Confesso que ainda dormi uma pequena sesta num banco de madeira, enquanto o louco mais louco que eu se divertia a tirar fotos aos patos e a todo o tipo de pássaros que lá andavam. Apesar de já lá ter estado há uns anos, não tinha noção de o Retiro ser tão grande e fiquei mesmo fascinada e apaixonada por este jardim, onde havia imensa gente espalhada pela relva a fazer aquilo que os espanhóis melhor sabem: viver a vida.


Neste dia ainda fomos ao Museo Reina Sofia, aproveitar o facto de ao final do dia não se pagar a entrada. Fizemos uma visita rápida, mas deu para ver as obras principais. O Guernica, Senhores! O Guernica!... Sinto-me sempre esmagada quando estou perante obras destas... Não foi excepção.

E assim se passou o dia, com dores, claro, mas a tentar aproveitar alguma coisa. Neste dia jantámos num vegetariano muito bom, com uma decoração muito gira e óptimo ambiente. Aliás, comer bem em Madrid não é difícil! Difícil é escolher!





No dia seguinte, dia 2 pós-Maratona, alguém levou o conceito de recuperação activa demasiado à letra e, como se não bastassem as três horas no Prado (mais 45 minutos em pé na fila para entrar), obrigou-me a fazer quilómetros e quilómetros por Madrid. Mas mesmo! Para alguém que estava cheia de dores e que não conseguia descer escadas (diz que há um vídeo muito giro de mim a tentar descer escadas no Prado, mas só divulgo se pagarem muito bem), isto foi muito violento. A dada altura, estava mesmo saturada e comecei a ficar rabugenta!... Mas o homem estava feliz e queria ver mais isto e mais isto e aquilo é já ali e agora só mais isto e estamos perto daquilo e vamos só ver mais uma coisa... A sorte dele foi que eu não tinha levado o relógio e não tinha bem noção dos quilómetros, mas foram horas e horas a caminhar... E eu, sem dizer nada. Mas o dia acabou com ele a reconhecer que talvez, só talvez, se tivesse entusiasmado um bocadinho... A verdade é que percorremos imensos sítios e bairros de Madrid, vimos tudo e mais alguma coisa, e almoçámos no Mercado San Antón (já tínhamos estado no de San Miguel na véspera, e este é bem menos turístico e confuso).


Sobremesa divinal no Mercado de San Antón

Como se não bastasse, este dia ainda incluiu... O concerto dos Arcade Fire! Já há meses que o louco mais louco que eu tinha comprado bilhetes para vê-los em Lisboa, mas entretanto percebemos que a viagem coincidia com essa data, e ele acabou por vendê-los. No dia da Maratona, já no apartamento, achei por bem comentar que durante a prova tinha visto um cartaz a anunciar que eles iam estar em Madrid no dia 24. Escusado será dizer que ele não fez mais nada enquanto não arranjou bilhetes!... E lá fomos nós. O concerto foi, de facto, incrível! Tenho pena de ter estado tão cansada mas foi mesmo muito bom e até eu, que não conheço particularmente bem a banda nem sou grande fã, achei que deram um grande espectáculo, muito bem conseguido, com imensa interacção com o público, e muito divertido. Acabou por ser mais uma experiência engraçada desta viagem!

Outra coisa gira em Madrid foi termos andado algumas vezes de eCooltra. Aliás, pouco andámos de metro. Andámos imenso a pé e, em alguns trajectos mais longos, optámos por esta opção. E foi bem giro andar a passear pela cidade de mota! (eu, que durante anos a fio me recusei a andar de mota, agora digo uma coisa destas...)

Chegou enfim o dia da partida. Ainda demos uma volta de manhã, almoçámos no Mercado de La Paz, e seguimos para o aeroporto.



Gostei mesmo da cidade e recomendo a quem não conheça! Eu já lá tinha estado duas vezes, mas sempre por pouco tempo, e desta vez pude realmente ficar a conhecer Madrid. E vale mesmo a pena!

8 comentários:

  1. Dias bem aproveitados! É o chamado maraturismo :)

    É em termos de recuperação é óptimo pois é bem activa. Somos obrigados a andar, enquanto se estamos por casa a tendência é descansar demais, o que dificulta a recuperação muscular.

    Ainda bem que gostaste tanto da cidade.

    Beijinhos e uma óptima semana!

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    1. Adorei o "maraturismo" :)

      Não adorei tanto ter caminhado imenso... Mas sim, ajuda na recuperação, que não foi fácil!

      Um beijinho

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  2. Isso é que foi fazer recuperação activa!
    Gosto muito de te ver assim com esse sorriso estampado no rosto. Muito bom o extra dos Arcade Fire em Madrid!

    A organização da Maratona também está de parabéns por ter permitido que a fita da medalha combinasse com os teus ténis. Tudo pensado para que a experiência da tua primeira fosse ainda melhor. ;)
    Beijinhos!

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    1. Foi mesmo activa!... Foi o sorriso possível... Tentando aproveitar alguma coisa, no meio de tudo! Arcade Fire foi muito giro, foi :)

      Beijinhos!

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  3. Espetáculo. Nesse tipo de saídas sempre gostei tanto do pós prova como da corrida em si eheh Deixa lá a recuperação, com as endorfinas ainda a bombar nem deves ter dado pelas dores nas pernas. Pronto, ok, se calhar deste, mas agora já não te lembras! :) E ainda viram Arcade Fire? Muito bom.

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    1. Ai dei, dei! E bem! Mas passou-se :) E sim, já que lá vamos correr, ao menos que dê para aproveitar um bocadinho!

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  4. Apos seculos ausente, vejo que perdi imensas coisas...

    Ao menos percebo que essa tua recuperacao foi incrivel, imenso andamento nessas pernas. Nunca fui a Madrid pode ser que um dia (num futuro nada proximo) me aventure a fazer essa maratona!! ahahah

    Entretanto um à parte; quando li "A Ursa mais famosa de Madrid!", em vez de famosa li formosa, é claro que a minha cabeça nao esta nada bem :)

    Esses churros e nachos estao entranhados na minha cabeca, apetece-me tanto!!

    Desconhecia essa coisa de free tour, parece-me bastante interessante, achas que la para os lados do Japao existe dessas coisas, gostava muito de fazer essa viagem mas era giro ter alguma ajuda.

    Resumindo, Maratonista e com direito a uns dias muito bem passados!

    Venha a proxima!
    Beijinhos

    (desculpa a falta de acentos, teclado frances)

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    1. Por aqui aconteceu muita coisa, sim...

      Se te queres aventurar numa maratona um dia, vai por mim: não escolhas esta! Não é uma boa escolha para estreia :) vai a Madrid em passeio, que é espectacular, e escolhe uma cidade mais plana para a Maratona ;)

      Como taaaaanto lá! Aqueles espanhóis sabem mesmo aproveitar a vida!

      Investiga as free tours mas deve haver. Em Tokyo, pelo menos!

      Beijinhos

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