Uma das coisas que me tem passado pela cabeça diversas vezes e que, de certa forma, me preocupa no que ao dia M diz respeito é a solidão.
Sim. A solidão.
Nas provas que faço habitualmente, salvo raras excepções (normalmente, em trails no meio de lado nenhum), há sempre muitas e variadas caras já conhecidas. Vou sempre acompanhada, vai sempre gente do grupo do meu ex-subúrbio, vai sempre gente da equipa pela qual já corri, vai sempre gente deste mundo da blogoesfera, vai sempre gente que fui conhecendo das mais diversas formas. Há sempre, sempre caras conhecidas.
Trocam-se palavras de ânimo e incentivo antes da prova, partilham-se os momentos de nervosismo antes do arranque e, sobretudo, ao longo do percurso e quando há retornos, há sempre um olhar que procura ver quem vem em sentido contrário, para gritar um "força", para acenar e sorrir, para um high-five. E isto, senhores, isto tem um peso inimaginável! Já houve muitas provas em que o simples facto de me cruzar com uma cara conhecida, me deu ânimo para continuar, para não desistir, para ir buscar energias onde julgava já não as ter.
E em Madrid eu não vou ter isso. Em Madrid vamos ser apenas eu e ele.
E isso assusta-me. Porque é verdadeiramente confortável a ideia de ver caras conhecidas, de partilhar as alegrias e os sofrimentos, do sentimento de união que se cria nas provas de corrida quando as partilhamos com os nossos. Do saber que não estamos sozinhos.
E em Madrid eu não vou ter isso.
Eu sei. Vou ter os loucos dos espanhóis a fazer a festa toda. Vou ter os corredores que estiverem ao meu lado a sofrer o mesmo do que eu. Vou ter muito boa gente a torcer por mim aqui.
Mas não é a mesma coisa. Não é mesmo. E eu, que nas horas vagas tenho um part-time como drama queen, que sei que não sou tão forte psicologicamente como gostaria de ser, que sei por experiência própria que a mínima quebra mental pode arruinar por completo uma prova, eu tenho receio da forma como vou lidar com essa solidão, quando me vir sozinha com os meus pensamentos durante aqueles quarenta e dois quilómetros e cento e noventa e cinco metros (isto escrito por extenso é muito mais dramático!).
Será que é mesmo possível sentir-me sozinha no meio de milhares e milhares de pessoas? Logo vos conto!
É um receio que faz imenso sentido. Aliás, recordo-me de me contarem a história da maratona e eu lembro-me de pensar nos pobres mensageiros que tinham tanta responsabilidades às costas e não podiam parar nunca e como
ResponderEliminarDeveriam estar cansados física e mentalmente (não elaborava assim o pensamento porque era miúda, mas não sei porquê imaginava-os a chegar exaustos e a chorar). Bem sei que isto não ajuda muito à tua questão, mas mais solitária que os maratonistas originais não ficarás certamente. Por isso força!
Ahahahah! Não sei quanto aos mensageiros, mas desconfio que eu hei-de chegar ao fim exausta e a chorar... E sim, não ficarei mais solitária do que eles!
EliminarObrigada :)
Só estarás sozinha fisicamente. Ao longe, somos muitos a torcer por ti e a acompanhar-te pela app. Sente esse apoio nosso, pensa que estamos todos a enviar muita energia positiva. Estamos todos contigo e tu vais provar a ti própria que és bem mais forte do que pensas.
ResponderEliminarForça
Beijinhos
Eu sei, João. Até nisso, sou uma privilegiada e a vossa energia toda vai lá chegar, sem dúvida! Sinto-me mesmo sortuda e fico emocionada só de pensar nisso :)
EliminarMas... Tu também sabes que, há momentos, em que não conseguimos pensar nisso...
Vamos ver :)
O meu rapaz também vai. Mas, este ano, devido a uma lesão só vai fazer os 10km.
ResponderEliminarNo ano passado fez a meia maratona, e adorou o ambiente! Tanto que estava mortinho por voltar. Aposto que, pelo que ele descreve, vais adorar. E não vais ter espaço para te sentir sozinha :)
A torcer por ti!
Bem que podias ir com ele, miúda! Boa prova para ele e obrigada :)
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