segunda-feira, 19 de março de 2018

Das corridas... - L

Pois que ontem fiz mais um treino longo. Desta vez, é mesmo treino longo. Sem dúvidas e sem aspas.

Ontem fiz 25km. Se algum dia me dissessem que um dia eu ia fazer 25km a correr, num treino, só porque sim, eu jamais acreditaria. Mas parece que sim. Que eu não só faço provas (até agora, com o máximo de 21km), como faço treinos com distâncias que sempre me pareceram surreais.

Não foi um treino fácil. Estava em Lagos, onde já corri mas nunca em treinos muito longos, o que implicou andar a inventar e descobrir percursos, e estava um tempo difícil (alerta laranja e tal...).

O meu plano de treinos dizia 28km. E eu confesso que fiquei com um sentimento meio agridoce por ter feito "apenas" 25km, mas a verdade é que, dadas as condições estes 25 passam bem por 28.

Só tive companhia no primeiro quilómetro e depois lá fui eu, quilómetro após quilómetro, com a minha música e os meus pensamentos.

Levei a mochila do trail, para poder ter água, e para levar a tralha toda sem ter de levar mais nada ou estar dependente dos bolsos. Ainda assim, aos 20/21km, fiquei sem água. Felizmente, foi numa altura em que me cruzei com o único ponto de água que vi em todo o percurso. Também não seria exactamente grave, porque estava quase no fim do treino e não estava exactamente desidratada, depois de tudo o que já tinha bebido. Mas não deixou de ser uma surpresa!... E eu bem que geri a água para não beber em demasia. Mas parece que, para a próxima, tenho mesmo de levar mais. Ainda assim, nota super positiva para a minha mochila espectacular (presente de Natal!), que se portou lindamente e que mal senti durante todo o percurso! Se ao princípio estava receosa sobre como me ia sentir com ela, porque correr com mochila em estrada é completamente diferente do que correr com mochila em trail, a verdade é que cheguei ao fim muito feliz com a decisão de a ter levado.

Durante o treino tive momentos em que me senti muito bem e momentos em que me senti muito mal. Momentos em que me apetecia desistir ("se calhar, fazes só 16km e já chega..."), momentos em que me senti a maior por ter, mais uma vez, batido o meu recorde de distância ("isto afinal não é assim tão difícil!"). Momentos em que tive dores. Momentos em que achei que não aguentava mais.

Os últimos quilómetros custaram muito. As dores nos pés estavam a chegar ao limiar do insuportável, o vento contra fazia-me sentir que não avançava, e eu só queria mesmo acabar.

E acabei. 25km. Mais de metade do que terei de fazer no dia M.

E como me senti depois? Estupidamente orgulhosa! De rastos e literalmente mal-disposta, mas, simultaneamente, muito feliz e orgulhosa. Estava feito mais um.

Os meus pés não sei se estavam tão felizes... Fiz uma bolha daquelas mesmo feias, como acho que nunca tinha feito: gigante e com sangue pisado. Foi tão crítico que queria calçar umas botas para ir almoçar e não consegui!... Hoje o sangue pisado continua lá, mas as dores já reduziram significativamente.

Ah! E também não tive grandes dores musculares hoje, o que, confesso, foi uma grande e agradável surpresa. É sinal de que o corpo se começa a habituar a mais carga, é sinal de que perder mais tempo a alongar mais e melhor faz toda a diferença.

Começo a achar que talvez esteja no bom caminho. Resta-me alguma afinação na alimentação antes e nos géis/gomas durante, e resolver os problemas nos pés (alguma sugestão de podologista em Lisboa?).

Será que é desta que eu consigo fazer a distância mí(s)tica?

10 comentários:

  1. Muitos e muitos parabéns pela maior distância que já correste, record que tem os dias contados pois brevemente vai ser dizimado!

    O ter sido sozinha, mais força mental te dá e no dia M, rodeada duma multidão de atletas, tornar-se-á bem mais fácil.

    O vento contra foi outro bom factor de treinar a resiliência.

    Não te admires de hoje, 48 horas depois, estares com um pouco mais de dores musculares pois estes longos penam mais ao fim de 48 do que 24 horas.

    O carrossel de emoções por que passaste durante o treino, desde euforia a descrença, faz parte e mais valor dá.

    Quanto à tua pergunta final, respondo com toda a sinceridade: Eu acredito!!!

    Beijinhos e muita força. Estás no bom caminho e estamos contigo nesta aventura mí(s)tica :)

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    1. Esperemos que seja já batido no próximo longo, daqui a duas semanas :)

      Ter ido sozinha foi muito importante, de facto. Só recentemente voltei a correr sozinha e andava a ficar mal habituada. Saber estar só comigo e com os meus pensamentos é fundamental e não é de todo a mesma coisa do que ir acompanhada e distraída na conversa.

      Por acaso, hoje continuei a sentir-me bem. Tenho Dores ligeiras nas coxas, mas nada que me obrigue a fazer figuras tristes nas escadas do metro :)

      Muito obrigada pelas tuas e pela força. És mesmo uma inspiração e uma referência :)

      Um beijinho

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  2. Durante o treino tive momentos em que me senti muito bem e momentos em que me senti muito mal. Momentos em que me apetecia desistir ("se calhar, fazes só 16km e já chega..."), momentos em que me senti a maior por ter, mais uma vez, batido o meu recorde de distância ("isto afinal não é assim tão difícil!"). Momentos em que tive dores. Momentos em que achei que não aguentava mais.

    Belo treino tb por isto ... pq a Maratona muitas vezes tb é isto ...

    e parabéns pelo recorde de distância.

    Mas há dúvidas que vais conseguir? Sigaaa a camioneta!!!

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    1. Eu acho que, em geral, a corrida é toda ela feita de altos e baixos. Temos momentos em que nos sentimos melhor e outros pior. Saber lidar com isso durante os treinos e as provas é que é o verdadeiro segredo :) Tenho cada vez mais a certeza que o dia M vai ser ditado pela cabeça e não pelo corpo!

      Obrigada, obrigada! Camioneta? Eu vou de avião :D ahahah

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  3. Aquela última frase, que creio ser uma pergunta retórica, não precisa de resposta.

    Estás ótima, no bom caminho! Que belo treino! Muitos parabéns! Espero que os teus Asics cheguem depressa, tenho esperança que o problema das bolhas se resolva com eles.

    Beijinhos orgulhosos!

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    1. Muito obrigada, querida Fabiana! Não quero criar expectativas... Ainda falta muito treino :)

      Eu também espero! Mas se não chegarem esta semana, acho que já não vêm a tempo :(

      Beijinhos

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  4. Nada como arrancar um longo solitário a ferros! O mais difícil da maratona é exactamente isso, depois é só ires lá correr. Força

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