sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Do Web Summit...

Também eu quero falar sobre o Web Summit. Se toda a gente fala, eu também posso, certo?

Pois que parece que este ano virou moda falar do Web Summit. O ano passado ninguém dizia nada porque, na verdade, ninguém sabia bem o que aquilo era. Este ano, não. Este ano já toda a gente tem alguma coisa a dizer. E mal, de preferência.

E isso cansa-me. Aliás, maça-me, como diria alguém.

A primeira coisa que me inquieta é uma dúvida que me assola e não me deixa dormir. De todas as pessoas que criticam o Web Summit, quantas lá foram? Quantas lá estiveram? Uma em cada dez? Ou isso é exagero? É que, tenho para mim, muitos dos que criticam, têm aquilo a que comummente chamamos de… Dor de cotovelo! “Ah e tal, eu não fui mas não preciso de ir para saber que aquilo não presta! Eu lá gastava aquele dinheiro num bilhete! Ainda se fosse um jogo do Benfica!”

A segunda coisa que me inquieta (puxem um banco e sentem-se, que isto pode ser longo…) é não saber quantas pessoas acreditam verdadeiramente naqueles preços dos bilhetes. Seria interessante saber quantas pessoas, efectivamente, pagaram os referidos 1500€ (ou lá quanto era…). Claro que a organização não vai, nunca, divulgar tais dados. Aquilo é um negócio, claro está! Mas estou em crer que muito pouca gente, se é que alguma, pagou o preço total do bilhete. Eu não paguei, certamente. E mais 10 000 mulheres também não. E mais 10 000 jovens e estudantes também não.  E mais 2 600 jornalistas. E mais 1 200 oradores. E mais umas centenas de patrocinadores. E mais 2 100 start-ups. Será que alguém pagou? Fica a dúvida. Mas, ainda que tenha pago, alguém tem alguma coisa a ver com isso? Faz sentido discutir aquilo que alguém está disposto a pagar por alguma coisa? Generalizemos e imaginemos um homem e uma mulher a discutirem preços de sapatos e de bilhetes de futebol, por exemplo. Daria em alguma coisa? Não. Uma das primeiras coisas que se aprende em Marketing (e na vida, até), é que preço e valor não são a mesma coisa. O preço que cada um pagou para estar no Web Summit tem tudo a ver com o valor que cada um lhe atribui. E, mais uma vez, ninguém tem nada com isso.

Para mim, o Web Summit faz sentido. É um evento interessante, importante, e no qual continuarei a participar, se tiver essa possibilidade.

Para muitos dos investidores que lá estiveram, o Web Summit faz sentido. Conhecem projectos novos em que podem apostar, de forma rápida e concentrada.

Para muitos dos patrocinadores, o Web Summit faz sentido. Talvez por isso, vimos muitas empresas que estiveram lá o ano passado e fizeram questão de lá estar este ano outra vez.

Para muitas das start-ups, o Web Summit faz sentido. Todas, sem excepção, com as quais falei o ano passado, me disseram que valeu a pena. Já este ano, conheci mais de perto o caso de uma que vai sair em destaque numa publicação nacional como uma das dez ideias mais interessantes do Web Summit. E isso, não tem preço!

Se o Web Summit faz sentido para toda a gente? Não. Nem é suposto. Se todos pagávamos para lá ir? Não. Nem é suposto. Se todos achamos que aquilo é o máximo? Não. Nem é suposto.


Vamos respirar fundo mais vezes, vamos atirar menos pedras, vamos criticar menos, e vamos ser mais felizes. Sim?

4 comentários:

  1. Muito bom!!! Concordo em absoluto com o que dizes.

    Hoje em dia parece que para muita gente há a cultura do ter que dizer mal, muito de preferência sem o mínimo conhecimento de causa.
    Seja qual for o assunto, julgam-se superiores se atacarem, e têm muito mais reacções concordantes de outros que tais do que se derem a cara por algo de positivo.

    O problema é que as pessoas estão cada vez mais opiniosas mas, simultaneamente, mais estúpidas.

    Beijinhos e muitos parabéns por este texto!

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    1. "O problema é que as pessoas estão cada vez mais opiniosas mas, simultaneamente, mais estúpidas."

      É tão isto!... E o problema também é que, hoje em dia, com a internet e as redes sociais, toda a gente tem o seu tempo de antena e os disparates multiplicam-se!...

      Um beijinho e obrigada!

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  2. Mas é preciso ir a um lugar ou a uma iniciativa para emitirmos opinião sobre ela? Se sei de antemão que não vou gostar de algo ou do ambiente que se vive, vou lá fazer o quê? A crítica, tal qual o elogio, faz parte da vida. É tão legítimo criticar a iniciativa como defendê-la. Para mim, nem critico nem elogio. Haverá ideias interessantes que precisam de financiamento para levantar vôo e haverá também um desfile de malta do "bater punho", catedráticos do empreendedorismo e do "do it yourself" como se isso fosse o guia para a salvação do mundo. Para mim, é simples: nem tanto ao mar nem tanto à terra.

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    1. A tua última frase diz tudo. O problema é que, neste tema como em tantos outros, as pessoas adoram ser extremistas e criticar só porque sim.

      Se eu não gosto de boxe, não vou a um combate. Claro que existe liberdade de expressão e eu posso dizer o que quiser, mas fará sentido? Vou ridicularizar aquilo e chamar parolos aos que lá vão? Não. Mas isto sou eu a dar uso à minha liberdade de expressão. Cada um é livre de fazer o que quiser com a sua.

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