Também eu quero falar sobre o Web Summit. Se toda a gente
fala, eu também posso, certo?
Pois que parece que este ano virou moda falar do Web Summit.
O ano passado ninguém dizia nada porque, na verdade, ninguém sabia bem o que
aquilo era. Este ano, não. Este ano já toda a gente tem alguma coisa a dizer. E
mal, de preferência.
E isso cansa-me. Aliás, maça-me, como diria alguém.
A primeira coisa que me inquieta é uma dúvida que me assola
e não me deixa dormir. De todas as pessoas que criticam o Web Summit, quantas
lá foram? Quantas lá estiveram? Uma em cada dez? Ou isso é exagero? É que,
tenho para mim, muitos dos que criticam, têm aquilo a que comummente chamamos
de… Dor de cotovelo! “Ah e tal, eu não fui mas não preciso de ir para saber que
aquilo não presta! Eu lá gastava aquele dinheiro num bilhete! Ainda se fosse um
jogo do Benfica!”
A segunda coisa que me inquieta (puxem um banco e sentem-se,
que isto pode ser longo…) é não saber quantas pessoas acreditam verdadeiramente
naqueles preços dos bilhetes. Seria interessante saber quantas pessoas,
efectivamente, pagaram os referidos 1500€ (ou lá quanto era…). Claro que a
organização não vai, nunca, divulgar tais dados. Aquilo é um negócio, claro
está! Mas estou em crer que muito pouca gente, se é que alguma, pagou o preço
total do bilhete. Eu não paguei, certamente. E mais 10 000 mulheres também não.
E mais 10 000 jovens e estudantes também não.
E mais 2 600 jornalistas. E mais 1 200 oradores. E mais umas centenas de
patrocinadores. E mais 2 100 start-ups. Será que alguém pagou? Fica a dúvida.
Mas, ainda que tenha pago, alguém tem alguma coisa a ver com isso? Faz sentido
discutir aquilo que alguém está disposto a pagar por alguma coisa?
Generalizemos e imaginemos um homem e uma mulher a discutirem preços
de sapatos e de bilhetes de futebol, por exemplo. Daria em alguma coisa? Não.
Uma das primeiras coisas que se aprende em Marketing (e na vida, até), é que
preço e valor não são a mesma coisa. O preço que cada um pagou para estar no
Web Summit tem tudo a ver com o valor que cada um lhe atribui. E, mais uma vez,
ninguém tem nada com isso.
Para mim, o Web Summit faz sentido. É um evento
interessante, importante, e no qual continuarei a participar, se tiver essa
possibilidade.
Para muitos dos investidores que lá estiveram, o Web Summit
faz sentido. Conhecem projectos novos em que podem apostar, de forma rápida e
concentrada.
Para muitos dos patrocinadores, o Web Summit faz sentido.
Talvez por isso, vimos muitas empresas que estiveram lá o ano passado e fizeram
questão de lá estar este ano outra vez.
Para muitas das start-ups, o Web Summit faz sentido. Todas,
sem excepção, com as quais falei o ano passado, me disseram que valeu a pena. Já
este ano, conheci mais de perto o caso de uma que vai sair em destaque numa
publicação nacional como uma das dez ideias mais interessantes do Web Summit. E
isso, não tem preço!
Se o Web Summit faz sentido para toda a gente? Não. Nem é
suposto. Se todos pagávamos para lá ir? Não. Nem é suposto. Se todos achamos
que aquilo é o máximo? Não. Nem é suposto.
Vamos respirar fundo mais vezes, vamos atirar menos pedras,
vamos criticar menos, e vamos ser mais felizes. Sim?
Muito bom!!! Concordo em absoluto com o que dizes.
ResponderEliminarHoje em dia parece que para muita gente há a cultura do ter que dizer mal, muito de preferência sem o mínimo conhecimento de causa.
Seja qual for o assunto, julgam-se superiores se atacarem, e têm muito mais reacções concordantes de outros que tais do que se derem a cara por algo de positivo.
O problema é que as pessoas estão cada vez mais opiniosas mas, simultaneamente, mais estúpidas.
Beijinhos e muitos parabéns por este texto!
"O problema é que as pessoas estão cada vez mais opiniosas mas, simultaneamente, mais estúpidas."
EliminarÉ tão isto!... E o problema também é que, hoje em dia, com a internet e as redes sociais, toda a gente tem o seu tempo de antena e os disparates multiplicam-se!...
Um beijinho e obrigada!
Mas é preciso ir a um lugar ou a uma iniciativa para emitirmos opinião sobre ela? Se sei de antemão que não vou gostar de algo ou do ambiente que se vive, vou lá fazer o quê? A crítica, tal qual o elogio, faz parte da vida. É tão legítimo criticar a iniciativa como defendê-la. Para mim, nem critico nem elogio. Haverá ideias interessantes que precisam de financiamento para levantar vôo e haverá também um desfile de malta do "bater punho", catedráticos do empreendedorismo e do "do it yourself" como se isso fosse o guia para a salvação do mundo. Para mim, é simples: nem tanto ao mar nem tanto à terra.
ResponderEliminarA tua última frase diz tudo. O problema é que, neste tema como em tantos outros, as pessoas adoram ser extremistas e criticar só porque sim.
EliminarSe eu não gosto de boxe, não vou a um combate. Claro que existe liberdade de expressão e eu posso dizer o que quiser, mas fará sentido? Vou ridicularizar aquilo e chamar parolos aos que lá vão? Não. Mas isto sou eu a dar uso à minha liberdade de expressão. Cada um é livre de fazer o que quiser com a sua.