quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Do Quinta do Gradil Wine Trail Run

No passado Sábado participei no Quinta do Gradil Wine Trail Run, no Cadaval.

Já tinha saudades de uma prova de trail, estava super entusiasmada, era a primeira vez que ia fazer 20km, e tínhamos um grupinho giro (6 adultos e 4 crianças). As expectativas eram altas!

Se a prova correspondeu às expectativas? Depende do ponto de vista.

Se pensarmos no evento como um evento de promoção de vinhos que, por acaso, tinha um passeio pelo monte, foi espectacular. Se pensarmos no evento como uma prova de trail que tinha um almoço no final, foi péssimo.

A coisa começou logo mal ao início, com um caos no levantamento dos dorsais e uma organização inédita: quatro filas, divididas por ordem alfabética. Nunca tinha visto tal coisa. E não funcionou. A prova começava às 10h e eu só tive o meu dorsal na mão às 10h10. E cheguei lá às 9h15, não cheguei exactamente tarde. Estávamos a preparar-nos para ir pôr as coisas ao carro, porque tinham anunciado que ia começar mais tarde, quando alguém exclama: “Olhem! Já começou!”. Pois. O que vale é que o carro estava ao lado da partida. Ainda deu para uma selfie e lá fomos nós. Ou melhor, lá fui eu. Éramos três nos 20km e eu, como sempre, era a mais lenta. Começámos logo com uma subida jeitosa e eu resolvo parar para tirar uma fotografia. Quando dou por mim, só estavam meia dúzia de pessoas atrás de mim. É sempre bom começar uma prova nos últimos!...

A prova seguiu-se, com muito sobe e desce, com muito estradão. Não era particularmente difícil, não era nada técnica, não tinha subidas nem descidas de levar as mãos à cabeça, não tinha grande lama. Foi uma prova morna. O segundo abastecimento estava mais longe do que era suposto, mas uma pessoa começa a habituar-se a isso, não é verdade? Neste caso, só me custou porque vinha com os ténis a magoar-me e tinha decidido que só ia tratar disso quando chegasse ao abastecimento. Foram 2km a sofrer… Mas lá se resolveu.

A propósito de abastecimentos, eram fracos. No primeiro havia água e fruta, mas nem se dava por ela (pela fruta, leia-se). No segundo só havia água. Eu sei que estou mal habituada, mas em trail costuma haver mais umas coisitas, sobretudo para 20km. Mas eu ia prevenida e foi o que me valeu!

Em geral fiquei desiludida, de facto, porque a organização falhou em muita coisa e ainda estou para perceber se o percurso estava mal marcado ou se, em algum momento, um dos voluntários se esqueceu de dividir o pessoal dos 12km e o dos 20km. O que é certo é que a coisa correu mal. Ao chegar à Quinta do Gradil, e depois da parte gira de passarmos por dentro das adegas, e já com cerca de 13km feitos, mandaram-nos subir um monte pelo meio das vinhas, e voltar a fazer uma parte do percurso que já tínhamos feito. Até aí, tudo bem. O problema é que demos essa voltinha e voltámos ao mesmo sítio, e mandaram-nos fazer a mesma volta outra vez. E foi aqui que eu comecei a perguntar-me como raio é que eles iam controlar quantas voltas é que cada um já tinha dado e como é que nós saíamos daquele loop infinito e chegávamos à meta. Mas lá fui andando, até porque nesses últimos quilómetros até tinha arranjado companhia. Depois de dar duas voltas, e quando me preparava para fazer a terceira, porque ainda só tinha feito 17,5km, o voluntário diz-me: “Já deu duas voltas? Então não vale a pena dar mais. Pode ir por aqui em direcção à meta.” O “por aqui” era pelo meio do sítio onde estava a ser servido o almoço e onde estavam os atletas que já tinham terminado. Nada como uma prova de obstáculos para terminar, com zero apoio, e uma meta que terminava para lado nenhum e onde estavam apenas as três pessoas da organização. Surreal foi a palavra que eu mais usei. Porque foi. E surreal foi também o facto de dos três que fomos para os 20km, cada um ter feito uma distância diferente: 15km, 17,5km (eu!) e 20km. Talvez seja um conceito novo de trail freestyle: cada um faz a distância que quer! Escusado será dizer que as classificações e os prémios deram confusão e reclamações...  

Mas… Isto foi o trail em si. Seguiu-se o almoço.

O almoço era porco no espeto, servido no pão, com batatas fritas e salada, para os carnívoros. E um empadão de legumes, para os não carnívoros. Diz que o porco estava bom. Eu confirmo que o empadão estava bom. E havia sobremesa. E havia café. E havia castanhas (apesar de o tempo de espera ser, mais uma vez, surreal). E havia vinho. Muito vinho. E foi uma festa! Estive pouco mais de duas horas a correr, e estive mais de quatro horas à mesa a comer e a beber. Já disse que havia vinho? Havia vinho. Muito vinho.

Depois da grande maioria das pessoas se terem ido embora, ficaram uns quantos resistentes. E, aí, já não havia fila para as castanhas. E havia muitas garrafas sozinhas e abandonadas pelas outras mesas. Como estava com um grupo de gente boa, e como ao nosso lado estava um grupo de gente ainda melhor, não quisemos desperdiçar as pobres castanhas, nem deixar o vinho abandonado, e lá fizemos o sacrifício.

E valeu por esta parte! Valeu pelo convívio, pela festa, pelo bom ambiente, pela facilidade com que se mete conversa com as pessoas à nossa volta porque a malta da corrida é toda boa onda e quer mesmo é festa!

Se vou outra vez para o ano? Vou, pois! Por 15€ damos um passeio no monte, recebemos uma garrafa de vinho (prémio de finisher) e temos um almoço com vinho à discrição. Parece-me um bom negócio, não?


P.S. - outra nota positiva para a organização (porque nem tudo foi mau!) vai para o serviço de babysitting. Era gratuito e permitiu que os casais com quem fui pudessem levar as crianças. Caso contrário, o mais provável era nem terem ido à prova. Assim, correu bem e toda a gente se divertiu: as crianças nos insufláveis, os pais a subir os montes. 

7 comentários:

  1. Pode ser que para o ano façam melhor... Nada como errar para aprender ;)

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    1. Assim espero! Mas desde que não falte vinho, já não é mau :)

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    2. Pois... há sempre um ponto positivo ahahaha mas vá muito vinho, comida e um percurso bem delineado :D

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  2. Enfim.. não lhe chamem trail nem run que pode ser que faça mais sentido. Gabo-te a boa vontade, eu tinha fugido de lá!

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    1. Sim, se lhe chamarem outra coisa, está o problema resolvido! Olha que, ainda assim, valeu a pena :)

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  3. Grande aventura hein? Se pelo menos o almoço valeu a pena já não é uma aventura para esquecer! Vamos ver se a próxima edição já é digna de se chamar trailrun.

    Estou a pensar aventurar-me no circuito de trails de Lisboa, são 6, um por mês. Vamos ver!

    Beijinhos

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    1. Valeu muito a pena :)

      Boa! O ano passado fiz o de Belas, foi a minha estreia. Este ano ainda não olhei para isso!

      Beijinhos

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