quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Do que me passa pela cabeça depois de mais um dia de Web Summit...

"If you're not pissed, what is fucking wrong with you?!" - Dave McClure @ Central Stage  WebSummit


Foi com esta e outras frases de indignação e desilusão que Dave McClure pôs uma Meo Arena cheia de pé e a aplaudir.

Entre muitas outras coisas, hoje vi serem levantadas algumas questões importantes e foi lançado um repto a todos os empreendedores e pessoas ligadas à comunicação e aos media ali presentes: pensem no que andam a fazer e assumam a responsabilidade que têm.

Estas eleições não são só importantes para os EUA. São importantes para o Mundo. São importantes para todos nós. Estas eleições mudaram o Mundo e o papel dos meios de comunicação e das redes sociais, bem como o seu impacto.

De quem é a responsabilidade do que vemos acontecer? Qual é o futuro da comunicação? E da democracia? Hoje ouvi alguém (naquele mesmo central stage) a questionar a possibilidade de existir um regulador que controlasse toda a comunicação. Sim, há quem ache que isso é uma solução. Talvez seja melhor pararmos todos para pensar nisto. Caminhamos para uma nova ditadura? Para o fim da democracia? Para a necessidade de voltar a controlar o que se comunica e como?

Todos devemos parar para pensar nisto mas, sobretudo, quem trabalha nestas áreas e pode causar impacto no Mundo. Que Mundo estamos a construir e qual é o limite?

Por outro lado, muitos dos que ouvi bradarem #jesuischarlie, são os que hoje chamam burros e ignorantes aos americanos que exerceram o seu direito de voto. Goste-se, ou não, os americanos votaram em quem quiseram. Eu também não votei na esquerda, e não chamei nomes a quem o fez.

Vamos usar a liberdade que temos, o privilégio que temos no acesso à comunicação, e vamos fazer do Mundo um lugar melhor?

Vamos usar mais as redes sociais para partilhar coisas boas, casos de sucesso, bons exemplos, e menos para instigar ódios, racismos e violências? Vamos criticar menos e aplaudir mais? E nas próximas eleições, vamos todos votar? Vamos exercer o nosso direito (e dever) de voto?

Não quero ser pessimista, dramática ou derrotista, mas gostava mesmo que, nesta era que hoje começa, todos parássemos para pensar um bocadinho no que andamos aqui a fazer e quais os limites da nossa liberdade e da nossa responsabilidade.

2 comentários:

  1. Os americanos tinham todo o direito de votar em quem quisessem, mas isso não impede que eu tenha o direito de lhes chamar burros pela escolha que fizeram. Podem lá eles ter outro nome quando põem o mundo nas mãos de uma figura destas? De um louco? De um maníaco?
    Não me parece que a comunicação (social em particular) pudesse ter feito mais para impedir a ascensão deste bicho ao poder da maior potência mundial. Destacaram todas as baboseiras que ele foi dizendo pensando que estariam a puxá-lo para baixo e, pelos vistos, isto teve um efeito contraproducente.
    Já agora, eu votei, voto e votarei sempre na esquerda. Mais: sou militante de esquerda. Se não tivesse nenhuma outra razão, bastava que existisse este Trump para me colocar no pólo oposto. Felizmente, tenho muito mais razões para ser de esquerda e orgulhar-me disso. Mas se me quiseres chamar uns nomes, estás à vontade. Desde que seja de porreiro para cima, claro =)

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    1. Eu acredito que ninguém tem o direito de chamar nomes a ninguém só porque exerceu o seu direito de voto. Mas isto sou eu.

      A comunicação social podia, e devia, ter dado menos tempo de antena a tanto disparate. Todos nós, que andamos pelas redes sociais, somos responsáveis pela multiplicação de disparates, de ódios, de mensagens negativas.

      Respeito, naturalmente, a tua decisão, mesmo não concordando com ela e não a compreendendo. Ainda bem que vivemos num país livre :)

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