quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Um dia, uma senhora em estado de viúva recente, não encontrando outra maneira de manifestar a nova felicidade que lhe inundava o ser, e se bem que com ligeira dor de saber que, não morrendo ela, nunca mais voltaria a ver o pranteado defunto, lembrou-se de pendurar para a rua, na sacada florida da sua casa de jantar, a bandeira nacional. Foi o que se costuma chamar meu dito, meu feito. Em menos de quarenta e oito horas o embandeiramentto alastrou a todo o país, as cores e os símbolos da bandeira tomaram conta da paisagem, com maior visibilidade nas cidades pela evidente razão de estarem mais beneficiadas de varandas e janelas que o campo. Era impossível resistir a um tal ferver patriótico (...).

José Saramago, "As Intermitências da Morte"

Não pude evitar lembrar-me do Euro 2004 e da quantidade de bandeiras que foram colocadas em milhares e milhares de janelas, por este país fora. Somos um país tolinho e pequenino mas, pelo menos, temos alguma coisa que nos une: a Selecção de Futebol.

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