Duas provas completamente diferentes, duas provas especiais e imperdíveis para mim. O ano passado também fiz as duas, mas calhou que o ano passado fosse primeiro a dos Olivais e depois a de Lisboa, ao contrário do que aconteceu este ano. Acho que prefiro como foi este ano, com a de Lisboa primeiro, e a dos Olivais, mais exigente, depois.
A São Silvestre de Lisboa fez jus ao mote da HMS Sports "correr para ser feliz". Porque fui feliz. Mesmo quando não fui. Mesmo quando roguei pragas ao empedrado da Ribeira das Naus (nunca me hei-de habituar àquilo e nunca hei-de fazer a Maratona de Lisboa que ninguém merece levar com aquilo na recta final de uma Maratona). Mesmo quando tive de ir buscar forças ao fundo do meu ser para não vacilar e parar de correr ao longo da interminável Avenida da Liberdade. Mesmo quando gente tonta decidia atravessar a estrada de qualquer maneira, obrigando-me a extraordinários passos de dança para não chocar com ninguém. Mesmo quando tive dores nas coxas. Eu fui feliz.
E também fui feliz graças ao tão mal afamado turismo que invade Lisboa. É que se não fossem os espanhóis a gritar "Venga! Ânimo!", pouco mais se ouvia nas ruas da baixa e afins... É triste, mas dos portugueses o que mais ouvi foi queixas por quererem atravessar as estradas e não poderem. Ainda estamos a anos-luz do que se passa no nosso país vizinho, no que a este aspecto diz respeito...
E fui feliz mesmo tendo feito o meu segundo pior tempo nesta prova. Mas fui feliz porque fiz menos 5 minutos do que nos 10km dos Descobrimentos, há menos de um mês atrás. Ter conseguido tirar 5 minutos ao meu tempo deu-me a esperança de que eu precisava, deu-me ânimo, deu-me motivação para continuar a treinar, porque os resultados hão-de aparecer. Basta saber esperar.
Foi a minha quarta São Silvestre de Lisboa. Esta foi a primeira prova a sério que eu fiz. E não deixa de ser um sentimento curioso, este de estar a fazer pela quarta vez a minha prova. Eu, pessoa que nos últimos 15 anos fez pouco ou nenhum desporto, agora até já participo em provas em 4 edições seguidas!... Talvez haja esperança para o Mundo, afinal!...
E como não podia deixar de ser, fui à São Silvestre dos Olivais. É uma prova com a qual simpatizo bastante, é uma prova pequena, de bairro, com muito apoio nas ruas, e que tem aquela vantagem de me permitir ir a pé de casa. Como não ir, certo?!
Claro que fui, sabendo que não podia pensar em grandes objectivos. Não tenho treinado grande coisa, continuo numa recuperação lenta, tenho andado com dores chatas e um desconforto incomodativo, e a prova não é exactamente fácil. Mas fui, disposta a fazer o que fosse capaz.
E fui capaz de fazer apenas mais 1 minuto e 12 segundos do que na véspera! E isto, para mim, foi extraordinário. Sobretudo, porque não fui capaz de fazer a prova toda a correr.
Fiz os primeiros 5km sem parar, mas depois começou a fase das subidas demoníacas e eu tive de começar a alternar corrida e caminhada. Sem culpas, sem frustrações. A ouvir o meu corpo e a saber que o que importava era chegar ao fim. E cheguei. E ainda acelerei no último quilómetro com as forças que me restavam.
E fui feliz outra vez. Porque "correr para ser feliz" faz mesmo todo o sentido.
Em 2019, corram para serem felizes!