segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Das corridas... - XLVII

Ontem não consegui ficar indiferente às notícias sobre o falecimento de um atleta no Columbus Trail.

Se é sempre um choque sabermos de uma notícia destas, ontem foi ainda pior.

Eu era para ter ido fazer aquela prova. Aliás, já o ano passado queria ter ido, e este ano não fui apenas porque entretanto o foco passou a ser outro. Mas fiquei de lá ir para o ano.

Esta prova decorre na minha ilha, Santa Maria, e quero muito fazê-la um dia. Mas ainda bem que não fui este ano.

Não sei como reagiria. Não imagino o choque entre todos os atletas que lá estavam. Sim, estas coisas acontecem. Acontecem a quem corre, a quem não corre, acontecem em provas, acontecem em casa. Mas estar lá e ver algo assim, deve mexer muito com uma pessoa. Eu sou pessoa para ficar incomodada sempre que vejo alguém a ser assistido numa prova. Porque penso sempre que podia ser eu, podia ser um dos meus. Pode acontecer-nos a todos. E nunca nos devíamos esquecer disso.

Ao longo do dia de ontem fui lendo notícias e fui vendo pessoas que conheço na ilha a partilharem textos e posts sobre o tema. Santa Maria é uma ilha pequena, onde não se passa nada, onde não há, sequer, um hospital. É uma ilha onde toda a gente se conhece. Não imagino também o choque de todos os que lá vivem, que souberam disto, que conheciam o atleta em causa (que era açoriano).

Que isto sirva para darmos valor à vida que temos e ao quão privilegiados somos, mas que não nos assuste, que não nos afaste daquilo que nos faz feliz, que não nos faça deixar de viver, pelo medo do que pode acontecer. Que possamos continuar a correr, por este atleta e por todos os outros que já não o podem continuar a fazer.

7 comentários:

  1. Muito bem escrito!
    Já me sucedeu ver um caso semelhante com um caminheiro na Corrida dos Sinos 2010, na altura que os pelotões corrida/caminhada se cruzaram. É terrível.
    Beijinhos

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    1. É mesmo!... A mim, pelo menos, passa-me tudo pela cabeça...

      Um beijinho!

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  2. Também soube dessa horrível notícia... a verdade é que nunca pensamos nestas coisas, mas elas acontecem.

    O máximo que presenciei foi no Trilho das Lampas alguém que caiu numa das descidas, e foi logo o mega problema, primeiro foi numa das arribas para a qual não havia qualquer tipo de acesso, aliás, fomos todos nós a gritar ao longo da arriba para chamarem alguém... nem faço ideia como tiraram de lá a senhora, mas pronto, diria que ficou com umas mazelas, uma entorse e umas feridas...

    Agora mais grave... bolas, nem consigo assimilar :(

    PS - Não sabia que eras de Santa Maria, ou se calhar sabia mas já não me lembrava.

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    1. No último trail que fiz (Peninha) pensei muito sobre estas coisas. Em estrada acho que não é tão "grave", mas em trail andamos muitas vezes muito isolados e se, de facto, acontece alguma coisa, pode ser muito grave... Dá mesmo que pensar!

      Sou sim :)

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  3. No dia em que isto aconteceu pensei várias vezes em comentar o sucedido contigo, mas depois só pensava que podia ser alguém teu conhecido e deixei o assunto passar.
    Passei por uma fase terrível há uns tempos atrás quando presenciei atletas a serem assistidos por paragens cardio-respiratórias em 4 (QUATRO!) provas consecutivas! Na última das quais - no Fim da Europa - estava eu dentro da ambulância a fazer gelo no tornozelo e o enfermeiro só me disse para eu me segurar, fechou a porta com toda a força e arrancou rumo ao atleta que já estava a ser assistido no local.

    Não me deixa impressionado mas deixa-me logo apreensivo. No entanto é como dizes... pode acontecer a correr, no sofá a ver televisão ou tranquilamente a dormir.

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    1. Não imagino como isso te fizesse sentir :/ Pode, de facto, acontecer em qualquer lado, mas quando pode acontecer ali à nossa frente, torna-se mais aterrador...

      Não é por isso que deixamos de correr, certo?

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