quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Das minhas incapacidades - parte 137...

Sabes o que mais me assusta? O que me aterroriza e me faz querer fugir?

A tua fragilidade. A tua, diria, sensibilidade. O seres tão emocional. O seres tão o oposto de mim. O ter a certeza de que, contigo, serei um elefante num palácio de cristal. O ter a certeza de que não há outra possibilidade se não a de isto acabar mal. O ter a certeza de que és demasiado especial para mim. O ter a certeza de que somos demasiado diferentes. O ter a certeza de que isto nunca poderá correr bem. O ter a certeza de que tu mereces alguém à altura do teu nível de grandeza. O ter a certeza de que tu precisas de alguém que não sou eu. O ter a certeza de que isto é mais um salto para um abismo. 


(ainda assim, sonhei contigo esta noite, sabes?)

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Das bolhas que não são de sabão...

A propósito de nada, lembro-me do que senti. Do que sofri. Do desespero.

Lembro-me disso e sei que não sou capaz de o voltar a viver. Não sou.

A simples ideia de que isso possa acontecer novamente, aterroriza-me.

Choro. Choro muito. Choro tão somente por pensar nessa possibilidade. Choro sem conseguir parar, apenas por me lembrar do que já chorei.

Choro e volto a fechar-me na bolha.

A bolha da qual não sei se algum dia serei capaz de voltar a sair.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Dos dramas matinais de mais uma segunda-feira...

Acabei de descobrir que o Palma vai dar um concerto hoje no CCB. Hoje e amanhã, aliás. Mas amanhã tenho aulas e, como tal, a única hipótese de ir é hoje.


Está tudo praticamente esgotado. Sobram uns lugares pavorosos, nas galerias, em pé.

Não tenho companhia. Não estava a contar com isso. É tudo em cima da hora. 

Mas é o Palma. É a celebração dos 25 anos do "Só". O meu álbum preferido de sempre. É o Palma e um piano. 

E eu não deixo de pensar que não há melhor momento para me estrear a ir a um concerto sozinha, do que nesta revisitação do "Só"...


Adenda: não fui ao concerto. Por mil e um motivos que inventei na minha cabeça mas, sobretudo, por saber que não o ia suportar.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Das fragilidades que não tenho...

Tenho a arrogância de me achar mais forte do que na verdade sou.


Por esse motivo, não raras vezes, dou comigo frágil e insegura, sem saber o que fazer, sem conseguir reagir.

Trinta e dois anos de vida e ainda me surpreendo comigo mesma. Com a minha fragilidade. Com os sentimentos que, por vezes, creio não ter.

É preciso que a vida me abane, para eu ser confrontada com o que nego, para eu ser forçada a admitir aquilo de que fujo.

É perante a perspectiva da possibilidade da ausência, que eu percebo o impacto que a ausência terá em mim.

Cansa. Cansa muito, esta coisa de viver. De dar cabeçadas atrás de cabeçadas. E, ainda assim, não aprender nada no processo.



Mais um dia de cansaço em demasia, mais um dia de emoções à flor da pele.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Das dificuldades de concentração...

Passei os últimos 45 minutos numa sala de reuniões. A reunião correu bem. Muito bem, até. Valeu-me a presença de um colega, que fez a maior parte da conversa e respondeu a quase todas as questões.

Eu? Eu perdi-me em divagações. Em sonhos. Em memórias. Em ideais de futuro. Eu pensei em ti. Eu tive de me esforçar para esconder o sorriso que teimava em aparecer nos meus lábios por me lembrar de ti. Eu pensei ligar-te e dizer-te que quero estar contigo antes de ires de férias. Não quero deixar-te ir de férias sem te dizer tudo o que me vai na alma, tudo o que me enche o peito. Não quero não te devolver o teu abraço. Não suporto a ideia de não voltar a sentir os teus lábios nos meus.

Pensei em tudo isto. Pensei, repensei, e voltei a pensar. Saí da reunião e tinha uma mensagem tua. Mais uma. Como tantas. Como as que mandas todos os dias, a toda a hora.

Deixa-me deixar-te ir, por favor. Não tornes ainda mais difícil aquilo que já é tão insuportável. Não me faças questionar a minha decisão. Não me obrigues a ter de ser mais forte do que aquilo que sou. Não posso. Não consigo. Tem tu a sensatez e a força que me faltam, e afasta-te de mim. Por ti, pelo teu bem, afasta-te de mim.


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Dos passos em frente que são passos atrás...

Não aguento mais esta angústia. Este aperto. Esta ansiedade. Estou cansada de avanços e recuos. Estou farta de estar em suspenso. Não posso mais suportar este não saber. As indecisões. Os mixed signals. Não tenho idade para isto. Não tenho paciência para isto. Não tenho tempo para isto. Quero certezas. Quero avanços. Quero que me arrebates. Quero que me tires do chão. Quero dar um salto sem pensar para o infinito. Não quero meias-palavras. Não quero meias-sensações. Quero tudo. Ou não quero nada.

Desculpa. Hoje baixo os braços e desisto de ti. Porque a vida ensinou-me que, muitas vezes, a coisa mais inteligente a fazer, é desistir. E eu desisto. Desisto por não me poder dar ao luxo de continuar assim. Preciso de certezas na minha vida. E tu és um gigante ponto de interrogação. E eu desisto. Faço um esforço tremendo. Mas desisto e afasto-me. Desisto e ignoro as tuas mensagens. Desisto e tento não pensar nas tuas palavras. Desisto, de coração apertado, de lágrimas contidas nos olhos, num desespero que me consome mas que sei que será passageiro.

Tudo nesta vida é passageiro.


Do nosso pior...

Uma das maiores dificuldades que eu vejo nisto das relações é, provavelmente, esta: encontrar alguém que nos aceite e que consiga lidar connosco quando estamos no nosso pior. Alguém que nos aceite com defeitos, com erros, com traumas do passado.

Mais... Não só alguém que nos aceite assim, mas alguém com quem nós consigamos partilhar o nosso pior. Alguém a quem possamos revelar o nosso lado mais dark and twisted. E não, não temos de contar tudo a alguém. Mas é bom saber que a pessoa que está ao nosso lado consegue lidar com o nosso pior.

Será possível encontrar alguém assim?

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Da taxa de esforço que não a dos créditos...

Dizem-nos que alguém por quem temos de nos esforçar demasiado, não merece ficar na nossa vida. Que quem fica, deve ficar por querer, não por esforço nosso.

Ao mesmo tempo, só queremos na nossa vida alguém que esteja disposto a esforçar-se por nós.

Alguém me explica?

sábado, 12 de novembro de 2016

Das coisas que me fazem rir...

Eu lido muito mal com o cansaço. Felizmente, ao longo dos anos, fui-me apercebendo disso e fui aprendendo a ler os sinais. O cansaço deixa-me particularmente instável, descompensada, emocionalmente desequilibrada, até.

E ontem eu estava particularmente cansada.

E ontem eu tive um dia particularmente difícil.

E esta combinação maravilhosa produziu um resultado maravilhoso.

O curioso e irónico nesta situação, é que o que ensombrou o meu dia de ontem, foi algo que há uns anos atrás talvez não me afectasse minimamente.

É curiosa a evolução que fazemos ao longo da vida, a forma como mudamos, os sonhos que temos e deixamos de ter.

Ontem ouvi, mais uma vez, a conversa sobre a necessidade de me despachar, se quero ter filhos. A conversa sobre possíveis complicações. A conversa sobre poder não conseguir engravidar (como se não tivesse já passado quase um ano da minha vida a tentar). A conversa sobre poder ter gravidezes não evolutivas. A conversa do costume. A pressão do costume.

Sim, eu gostava de ter filhos um dia. Apesar de ter passado a maior parte da minha vida a dizer que não os queria. Mas eu gostava de os ter num determinado contexto. Contexto esse que não existe neste momento e que, por vezes, duvido que volte a existir em tempo útil. Tudo isso me assusta, me deprime, me faz questionar o que ando aqui a fazer. Nada do que é a minha vida, corresponde ao que tinha planeado para ela, e há momentos em que tenho dificuldade em lidar com isso. Muita.

E eu já dramatizo e deprimo com a minha vida quanto baste. Não preciso que atirem mais achas para a fogueira.

Agradecida.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Do que me passa pela cabeça depois de mais um dia de Web Summit...

"If you're not pissed, what is fucking wrong with you?!" - Dave McClure @ Central Stage  WebSummit


Foi com esta e outras frases de indignação e desilusão que Dave McClure pôs uma Meo Arena cheia de pé e a aplaudir.

Entre muitas outras coisas, hoje vi serem levantadas algumas questões importantes e foi lançado um repto a todos os empreendedores e pessoas ligadas à comunicação e aos media ali presentes: pensem no que andam a fazer e assumam a responsabilidade que têm.

Estas eleições não são só importantes para os EUA. São importantes para o Mundo. São importantes para todos nós. Estas eleições mudaram o Mundo e o papel dos meios de comunicação e das redes sociais, bem como o seu impacto.

De quem é a responsabilidade do que vemos acontecer? Qual é o futuro da comunicação? E da democracia? Hoje ouvi alguém (naquele mesmo central stage) a questionar a possibilidade de existir um regulador que controlasse toda a comunicação. Sim, há quem ache que isso é uma solução. Talvez seja melhor pararmos todos para pensar nisto. Caminhamos para uma nova ditadura? Para o fim da democracia? Para a necessidade de voltar a controlar o que se comunica e como?

Todos devemos parar para pensar nisto mas, sobretudo, quem trabalha nestas áreas e pode causar impacto no Mundo. Que Mundo estamos a construir e qual é o limite?

Por outro lado, muitos dos que ouvi bradarem #jesuischarlie, são os que hoje chamam burros e ignorantes aos americanos que exerceram o seu direito de voto. Goste-se, ou não, os americanos votaram em quem quiseram. Eu também não votei na esquerda, e não chamei nomes a quem o fez.

Vamos usar a liberdade que temos, o privilégio que temos no acesso à comunicação, e vamos fazer do Mundo um lugar melhor?

Vamos usar mais as redes sociais para partilhar coisas boas, casos de sucesso, bons exemplos, e menos para instigar ódios, racismos e violências? Vamos criticar menos e aplaudir mais? E nas próximas eleições, vamos todos votar? Vamos exercer o nosso direito (e dever) de voto?

Não quero ser pessimista, dramática ou derrotista, mas gostava mesmo que, nesta era que hoje começa, todos parássemos para pensar um bocadinho no que andamos aqui a fazer e quais os limites da nossa liberdade e da nossa responsabilidade.

Das coisas que eu te peço...

Tentas amolecer-me. Tentas vergar-me. Tentas que não seja tão fria, tão bruta, tão pedra.

Tentas desconcertar-me. Tentas vencer-me pelo cansaço. Tentas que me abra e que deixe que entres.

Tentas fazer-me sorrir. Tentas fazer-me sentir. Tentas que me permita experimentar e viver.

O que tu não sabes, o que tu não adivinhas, é que foi a vida que me fez assim. Foi por viver que fiquei assim. Fria. Bruta. Pedra. É por ter vivido que me encerro em mim. É por saber o que é viver, que tenho medo. Tanto medo. É por saber o que é sofrer, que não me deixo amolecer e não me deixo envolver.


Não insistas, peço-te. Por mim mas, sobretudo, por ti. Não insistas.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

sábado, 5 de novembro de 2016

Das frases soltas sobre o saber esperar...

Deixas-me, assim, em suspenso. A levitar. A pairar sobre a vida que corre lá em baixo. A vida que não é minha. É tua porque ta entrego. Coloco-a nas tuas mãos e deixo que decidas o que fazer com ela. Nunca tive muito jeito para tomar decisões. Prefiro que os outros as tomem por mim. Enquanto os dias passam, as horas sucedem-se e eu continuo nesta inércia. Sem respirar. Sem me mexer. À espera. À tua espera.

Demoras muito?

Das rochas...

Esta constante análise à minha pessoa e aos meus actos, com o seu quê de narcisismo e de obsessão à mistura, tem as suas coisas curiosas.

Recentemente, fui forçada a concluir algo que não me apetecia ter de concluir.

Fui confrontada com os meus medos e inseguranças. Perante uma hipotética situação, percebi que os traumas e as feridas do passado ainda aqui estão. E estão bem vivos. Bem marcados em mim e prontos a exibirem-se à mínima hipótese.

Quando eu, na minha arrogância, achava que o passado estava lá atrás, descobri que não. O passado está no presente e vai estar no futuro.

Os medos estão lá. As inseguranças estão lá. Os receios estão lá.

E eu fico assim: imóvel, paralisada, qual rocha no meio de um caminho.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Da segurança...

Ontem perguntaram-me se era uma pessoa segura. Respondi, sem hesitar, que não sou.

Passados os segundos iniciais do desconforto que se instalou naquela sala (éramos quatro ou cinco pessoas), talvez por estranharem alguém assumir tal coisa contrariando o habitual "somos todos muito fortes e muito bons", o tema foi-se desenvolvendo.

Eu não sou uma pessoa segura. Para umas coisas sou mais do que para outras mas, regra geral, não me considero uma pessoa segura. Felizmente, disfarço bem. Ou, eventualmente, eu sou uma pessoa segura mas sou insegura em relação a isso e acho que não sou segura.

Falou-se da sociedade actual. Das gerações que estamos a criar. Das crianças que vivem em bolhas de super protecção e a quem tudo é feito e dado de mão beijada. 

Que futuro estamos a criar? Que líderes? Que casos de sucesso? Que sociedade é esta para que caminhamos?

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Da (falta de) sensatez...

Pergunto-me se lutar para não pensar em ti é ser sensata ou é lutar contra o destino...

O destino. Que me dizem que existe mas de quem eu desconfio.

O destino, que tantas partidas me pregou no passado e a quem não quero confiar, novamente, a minha sorte.

Prefiro a razão. A sensatez. A análise detalhada.

Conheço-me. Conheço o meu passado. Tento adivinhar o futuro. Já aprendi alguma coisa ao longo dos anos e a frase que não me sai da cabeça é we are accidents waiting to happen.

Divido-me entre o saber que isto tem tudo para correr mal e o saber que não posso passar o resto da vida a fugir de arriscar.

Vivo mais um conflito interno. Na verdade, já sei quem vai ganhar. E, com uma racionalidade estúpida, sei que vai correr mal. E, mais uma vez, por mil e uma razões e porque não há terapia suficiente no Mundo que me valha, vou fazer asneira. Outra vez. Uma e outra vez.

Um dia há-de correr bem.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Da hipotética inspiração para os próximos tempos...



Num momento em que o caos mental é enorme, em que questiono cada passo, cada gesto, cada palavra, quis o meu feed do Facebook presentear-me pela manhã com esta imagem que alguém partilhou.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Dos problemas...

O problema da vida é fazer-nos viver. É empurrar-nos para a frente. É obrigar-nos a caminhar quando queremos ficar parados. É fazer-nos tropeçar. É fazer-nos levantar, somente para nos fazer cair de novo. Uma e outra vez. 

O problema da vida é fazer-nos errar. É fazer-nos sofrer. Com os nossos erros e com os dos outros. Sobretudo, com os dos outros. É fazer-nos chorar. É deixar-nos sem ar, sem chão. É levar-nos todas as forças. É arrancar-nos a fé. É fazer-nos crer que tudo é negro e difícil.

O problema da vida é ter de ser vivida quando tudo o que mais queríamos era ficar inertes. É não nos deixar fugir de mais quedas e sofrimentos. É não nos permitir um segundo de descanso para recuperar o fôlego.

O problema da vida é não parar. É ser um comboio em movimento, com entradas e saídas em andamento. Que não quer saber de nós, dos nossos percalços, dos nossos atrasos.

O problema da vida é ter tanto de morte.

Os devaneios Agridoces mais lidos nos últimos tempos...