A forma de tomar decisões de cada um é algo muito único e
particular. Cada pessoa tem a sua forma de lidar com a vida, com a morte, com o
bom, com o mau. Cada pessoa tem também a sua forma de enfrentar problemas,
dúvidas, decisões e indecisões. E é por isso que cada pessoa reage às coisas de
forma diferente. É por isso, também, que cada um de nós toma as suas decisões
de uma forma muito própria.
Há quem seja muito racional, quase frio, na forma como
analisa problemas e situações, na forma como pondera prós e contras, na forma
como coloca tudo numa balança e toma uma decisão muito consciente, muito
ponderada, muito fundamentada.
Há quem seja mais emocional. Que pense mais com o coração e
menos com a razão. Que pense mais no impacto psicológico de determinada
decisão, e menos na questão pragmática que lhe está associada.
Eu sou um misto dos dois. Por vezes, consigo ser racional,
fria, pragmática. Outras vezes, pelo contrário, deixo-me toldar pelo coração e
pelas emoções. O que sei é que o tempo, e a vida, já me ensinaram que o meu
cérebro é melhor a decidir que o meu coração. A médio e a longo prazo, as
decisões mais correctas que tomei, foram aquelas em que deixei que fosse o
cérebro a decidir.
O que não quer dizer que exclua o coração das grandes
decisões. Que não excluo. Simplesmente, tento não ceder a impulsos, a
sentimentos do momento, a desejos do imediato, sem pensar no depois.
A vida tornou-me mais fria e racional. Ou talvez eu tenha
sido sempre assim. Só fui apurando esta característica.
Recentemente, tomei uma decisão que dificilmente alguém à
minha volta compreenderá. Uma decisão que tem a ver precisamente com a forma
como tomamos decisões e guiamos a nossa vida.
De uma forma estranha para os outros, eu decidi que a melhor
opção para mim era aquela. Não espero que entendam, que compreendam. Mas, para
mim, foi o que fez sentido. Depois de pôr tudo na balança, de pesar prós e
contras, de pensar no passado, no presente, e no futuro, foi o que eu decidi
que faria mais sentido.
E a verdade é que, pelo menos a curto prazo, a decisão foi
mesmo a mais correcta. Senti-me bem com ela, não me arrependo, sinto-me mais
leve. Às vezes, para darmos um passo em frente, temos mesmo de dar um passo
atrás. E foi isso que eu fiz. Eu dei um passo atrás, para poder seguir em
frente, mais leve, mais segura. Em inglês a expressão "closure" faz
todo o sentido. Era disso que eu precisava. E foi isso que eu procurei. Na
minha forma estranha, incompreensível, sem nexo. Mas, para mim, era a forma
correcta. E, agora, posso seguir em frente. Agora posso aceitar com mais
serenidade o que o futuro me reserva. Agora posso abrir os braços e receber o
que a vida me trouxer. Agora que eu encerrei o meu passado, agora que o deixei
fechado e arrumado onde ele pertence, no passado, agora eu posso caminhar em
direcção ao futuro.
Não deixa de ser curioso que as poucas pessoas com quem eu
falei sobre este assunto tenham dito que era louca, que era um disparate, que
só seria pior para mim. Não deixa de ser curioso que, por vezes, o melhor que
temos a fazer é mesmo não dar ouvidos a quem nos rodeia. Às vezes, só às vezes,
somos mesmo nós que sabemos o que é melhor para nós. Mesmo quando temos
dúvidas, mesmo quando não acreditamos em nós, mesmo quando achamos que é mais
fácil seguir os conselhos dos outros e deixar que decidam as nossas vidas. Por
muito bem intencionados que os que nos rodeiam possam ser, nós somos quem nos
conhece melhor. E, por isso, temos de acreditar em nós. Temos de confiar em
nós. Temos de seguir o que diz o nosso coração, o nosso cérebro, o nosso
íntimo. Porque, às vezes, pasme-se!, nós também conseguimos tomar decisões
certas.
Confesso que nunca pensei aprender tanto com uma só decisão.
Uma simples decisão, ou não tão simples assim, mas longe de ser uma das grandes
decisões da minha vida. Mas aprendi. Aprendi mais sobre mim. Aprendi mais sobre
os outros. Aprendi e cresci, muito. E, contrariamente ao que todos esperariam,
a minha decisão foi a correcta e eu sinto-me bem com ela. E eu sinto-me melhor
comigo e com a vida. E sinto-me melhor com o futuro e, sobretudo, com o
passado.
(este texto não é de hoje, mas achei por bem ir buscá-lo ao baú dele...)
Eu vivo numa ambivalência. Profissionalmente tomo muitas decisões, todas de forma racional e perfeitamente motiváveis. Na minha vida particular sou muito mais emocional.
ResponderEliminarMas acho que isso é um bom equilíbrio :)
EliminarEspero que essa tua decisão te traga tudo o que queres e mereces. Também já tomei algumas decisões assim, afinal o que é certo para uns não tem de o ser para todos. Be happy ;)
ResponderEliminarNem mais! Vamos ver o que diz o tempo :)
EliminarEstava a ler este texto e lembrei-me da decisão que tive de tomar há um ano e tal atrás. A dor que causou nunca me fez arrepender e percebi que era a decisão certa. por vezes temos mesmo de dar passos atrás para depois andar para a frente. Caracas, tão verdade! :)
ResponderEliminarObrigada. A sério. É bom ler relatos positivos e de esperança ;)
EliminarIdentifiquei-me imenso com este texto. Também tomei uma decisão profissional que para a maioria dos meus colegas será incompreendida e considerada uma loucura, mas que sinto que será a melhor para mim. Entendo que este será um necessário passo atrás para tomar balanço para andar em frente e ser feliz profissional e pessoalmente.
ResponderEliminarMuito boa sorte e que corra tudo bem :)
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