A mudança não é
fácil. Nunca foi, nunca será.
Decidir mudar,
decidir alterar o que quer que seja, não é uma decisão tomada de ânimo leve.
Decidir mudar de
emprego, de vida, de casa, de país, de penteado, até. Qualquer decisão de
mudança tem o seu pesar.
Umas mais fáceis,
umas mais difíceis. Umas mais impulsivas, umas mais ponderadas. Mas as decisões
de mudança não são fáceis.
E arcar com as
consequências das mesmas, ainda menos.
A incerteza, a
dúvida, o não saber o amanhã. Tudo isso nos consome. Nos deixa sem chão. Com
medo do que virá.
Não creio que
algum dia tenha sido uma pessoa muito decidida. Nunca fui uma pessoa muito
forte, o que sempre me levou a questionar as minhas decisões, as minhas
mudanças. O que não quer dizer que não as assumisse e, que remédio, não
aguentasse as suas consequências.
Mas ficam sempre
as dúvidas. Do que podia ter sido. Do que será.
Perante a decisão
de pôr fim a uma relação há duas questões que me preocupam, essencialmente. O
reconhecimento do erro e as perspectivas do futuro.
Quando pus fim ao
meu casamento, o que mais me custou, o que mais me faz hesitar, ponderar,
duvidar, foi o reconhecimento do erro. Foi eu, perfeccionista, exigente,
ponderada, obsessiva-compulsiva, ter que reconhecer que errei. Ter que admitir
que as palavras até que a morte nos
separe proferidas perante as pessoas mais importantes da minha vida, afinal
foram um erro. O meu casamento foi um erro. E a partir do momento em que o
soube, em que o admiti para mim, também sabia que tinha de o admitir para o
mundo. Felizmente, mesmo com os meus receios, também não sou pessoa de me
deixar estar numa situação que não me agrada, apenas para não admitir que
errei. Errei, admiti-o, fiz alguma coisa por isso e mudei a situação. E
aguentei-me.
Neste momento, a
minha preocupação não tem a ver com o erro. Eu errei, ele errou, todos os dias
pessoas erram. Eu assumo o erro e, mais uma vez, faço alguma coisa por isso.
Não, neste
momento, o que me preocupa é o futuro. O meu futuro.
Assusta-me a ideia
de não saber se conseguirei continuar nesta senda de tentativas-erro. Se
conseguirei, se quererei, se terei forças para isso.
Crescemos com a
ideia do mundo cor-de-rosa, do felizes para sempre, do amor infinito. E a
realidade é abismalmente diferente.
E eu assumo os meus erros. Mas não me apetece assumir a realidade.