Sinto que ainda
não fiz o luto que devia ter feito. Sinto que ainda não arrumei os meus
fantasmas e o meu armário.
Não sinto, apenas.
Sei.
E o problema de
não o ter feito é que isso leva a que, em momentos despropositados, rebente e
chore, chore, chore. Como há pouco, a ver o episódio em que a Mary e o Matthew
finalmente se casam, em Downton Abbey.
Porque não pude
deixar de pensar sobre a felicidade, o amor, o casamento. Porque não pude
deixar de desejar um dia ter algo assim. Já me casei, é certo. O facto de não
ter corrido bem não me fez deixar de acreditar no casamento. É certo que as
minhas crenças estão cada vez mais abaladas. Mas ainda cá estão.
Ainda sonho com o
casamento perfeito. Ainda sonho com a pessoa certa ao meu lado. Ainda sonho com
a sensação maravilhosa de se estar a fazer a coisa certa. Ainda sonho com a
ideia de acreditar.
Esta é a parte em
que alguém me dá um safanão e me diz para deixar de sonhar e acordar para a
vida real.
Quem me conhece
talvez diga que sou uma pessoa fria, racional, pragmática, de pés na terra.
Quem me conhece mesmo sabe que no fundo sou uma romântica, à procura do
impossível. E é difícil encontrar um equilíbrio entre estas duas faces da minha
pessoa.
No fim do dia, só
queria encontrar a pessoa certa para mim. Não a pessoa perfeita. A pessoa
certa.