quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Das coisas que dividem o Mundo... - III

O Mundo divide-se entre as pessoas que não querem fazer anos e fazem na mesma, e as pessoas que não querem fazer anos e não fazem mesmo.

(33 anos de vida, quase 34, e ainda não sei lidar com a não-existência do meu dia de aniversário.)

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Das corridas... - XLVII

Ontem não consegui ficar indiferente às notícias sobre o falecimento de um atleta no Columbus Trail.

Se é sempre um choque sabermos de uma notícia destas, ontem foi ainda pior.

Eu era para ter ido fazer aquela prova. Aliás, já o ano passado queria ter ido, e este ano não fui apenas porque entretanto o foco passou a ser outro. Mas fiquei de lá ir para o ano.

Esta prova decorre na minha ilha, Santa Maria, e quero muito fazê-la um dia. Mas ainda bem que não fui este ano.

Não sei como reagiria. Não imagino o choque entre todos os atletas que lá estavam. Sim, estas coisas acontecem. Acontecem a quem corre, a quem não corre, acontecem em provas, acontecem em casa. Mas estar lá e ver algo assim, deve mexer muito com uma pessoa. Eu sou pessoa para ficar incomodada sempre que vejo alguém a ser assistido numa prova. Porque penso sempre que podia ser eu, podia ser um dos meus. Pode acontecer-nos a todos. E nunca nos devíamos esquecer disso.

Ao longo do dia de ontem fui lendo notícias e fui vendo pessoas que conheço na ilha a partilharem textos e posts sobre o tema. Santa Maria é uma ilha pequena, onde não se passa nada, onde não há, sequer, um hospital. É uma ilha onde toda a gente se conhece. Não imagino também o choque de todos os que lá vivem, que souberam disto, que conheciam o atleta em causa (que era açoriano).

Que isto sirva para darmos valor à vida que temos e ao quão privilegiados somos, mas que não nos assuste, que não nos afaste daquilo que nos faz feliz, que não nos faça deixar de viver, pelo medo do que pode acontecer. Que possamos continuar a correr, por este atleta e por todos os outros que já não o podem continuar a fazer.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Das corridas... - XLVI

Hoje fiz o meu primeiro treino "longo". Será que posso chamar longo a um treino de 22km? Não sei. Os entendidos que se pronunciem!...

Estava muito receosa em relação a este treino. Aquando da tentativa falhada de fazer o Porto, o meu treino mais longo tinha sido de 18km e não tinha corrido bem. Além disso, foi a primeira vez que corri tantos quilómetros o que, por si só, já é um feito. Como se não bastasse, fiz 90% do treino sozinha.

Houve muita coisa que correu mal. Mas o principal correu bem: fiz o treino e cheguei ao fim.

O meu plano de treinos dizia que devia fazer 24km, mas eu saí de casa a pensar fazer apenas 20km. Isto porque tenho duas semanas seguidas com treinos de 24km e achei que isso era demasiado. Eu, pessoa super experiente e que percebe imenso disto, achei que não devia seguir o plano. E não segui. Mas também não fiz apenas os 20km. A dada altura, comecei a mentalizar-me que tinha mesmo de quebrar a distância da meia maratona. Não fazia sentido fazer um treino inferior ou igual a algo que já tivesse feito. Tinha de fazer mais. E também não fazia sentido fazer 21,5km. E foi assim que dei por mim a fazer os 22km.

Foi um treino bipolar, como quase tudo na minha vida. Em termos gerais, não me senti mal. Tive muitas dores. Além das bolhas (que bem me impressionaram quando cheguei a casa e me descalcei), agora deu-me para ter dores no peito do pé. À conta disso, parei 3 ou 4 vezes para alargar (ainda mais) os atacadores dos ténis. Tive algum calor, custou-me correr contra o vento, senti alguma falta de hidratação (os abastecimentos nas provas dão mesmo jeito!) e os últimos quilómetros foram feitos em sofrimento... Mas... Cheguei ao fim!

Fiz um ritmo ligeiramente mais rápido do que era suposto, o que, naturalmente, também me deixou satisfeita.

Psicologicamente, que acho que é o que mais importa e o que dita grande parte do sucesso de uma prova/treino, passei por várias fases. Não pensei exactamente em desistir, até porque isso não era hipótese porque saí de casa a correr e ia ter de regressar a casa, quer quisesse quer não, mas houve alturas em que achei que não ia ser capaz. Poucas, mas houve. O certo é que lá fui andando, fui vendo os quilómetros a passar, e ainda andei para trás e para a frente já ao pé de casa, pela casmurrice de fazer os 22km.

Depois disto, apostei na minha recuperação activa preferida: arrumações. Ainda não se consegue entrar no escritório, mas já se consegue entrar na despensa!

Agora é ver como estou amanhã e ver como correm os treinos esta semana, com todas as restrições de agenda que terei...

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Das corridas... - XLV

O que eu gostava mesmo, mesmo, mesmo, era que organizassem corridas de 30km. Assim sendo, continuo sem saber como vou fazer os meus treinos longos.

Mas hei-de descobrir entretanto.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Da Medicina...

Eu, na minha ignorância ou na minha ingenuidade (que a linha que as separa é muito fina e nem sempre clara), acreditava que a Medicina, sendo uma ciência, seria exacta.

Ontem, descobri que não é. A Medicina é, como quase tudo na vida, também ela subjectiva. Nada é claro, nada é óbvio, nada é certo e garantido.

Mas eu gostava que fosse. Gostava mesmo que fosse. Ontem tive de ouvir de uma médica que "nunca lhe vão dar a resposta que quer ouvir". Na verdade, eu não quero ouvir nenhuma resposta em específico. Na maior parte dos dias, eu nem sei o que quero, pelo que, qualquer resposta, pode ser a resposta que eu quero ouvir. Porque era só isso que eu pedia: uma resposta. Qualquer uma. Não sou assim tão esquisita.

Mas parece que isso é pedir demais. Que tudo são incógnitas, que nada é certo, que logo se vê, que não podemos saber. O problema é meu, eu sei. Eu é que achei que os médicos tinham respostas para estas coisas da vida. Eu é que olho para os médicos como seres superiores que deviam saber destas coisas da vida. Eu é que esperava uma orientação de alguém que estudou estas coisas da vida.

Eu sei, eu sei. Nada é certo. Eu sei, eu sei. Não se querem comprometer. Mas como é que eu posso tomar decisão alguma sobre estas coisas da vida se eu não sei nada sobre estas coisas da vida? Se, repito, na maior parte dos dias, eu nem sei o que quero.

Ontem foi um dos dias em que eu quis muito voltar a ser criança. Deixar de ser adulta. Deixar de ter de pensar, de ter de tomar decisões, de fazer planos e pensar no futuro.

À beira de mais um aniversário, e atolada na pressão do tempo que teima em passar e não volta atrás, eu sinto-me incapaz de tomar uma qualquer decisão cujo impacto no meu futuro é incerto, não é óbvio, não é certo, não é garantido.



(não, não se passa nada de mais, estou só cada dia mais cansada de médicos e exames, de decisões e indecisões, de falta de respostas, desta genética, da pressão que insistem em colocar-me, das dúvidas, dos medos, e de tudo isto junto.)


Dos recomeços... - II

Foi há dois anos e quatro meses atrás que eu me mudei para a minha casa. Ou, melhor dizendo, para aquela que, não sendo minha, eu considerei como se fosse.

Na altura, escrevi este texto, em que falava de recomeços, de medos e inseguranças, de uma nova fase da minha vida, de sonhos e esperanças.

Como eu previ na altura, as coisas pioraram. Pioraram muito. Mas, como eu também previ na altura, e como mandam as leis da vida, as coisas também melhoraram depois de terem piorado. Melhoraram muito.

A minha vida deu muitas e muitas voltas nos últimos dois anos e meio. Eu dei muitas e muitas voltas nos últimos dois anos e meio. Tudo o que aconteceu, todas as voltas, todas as quedas, todas as vezes em que me levantei, me trouxeram até aqui, ao que sou hoje.

Há dois anos e meio, jamais me passaria pela cabeça que me iria ver sozinha, a recomeçar do zero, que iria arrendar uma casa só para mim, que me iria apaixonar pelas corridas, que iria adoptar o Snow, que iria deixar entrar algumas pessoas na minha vida e expulsar outras, que iria fazer (mais) um Mestrado, que iria mudar de emprego, que iria mudar de casa novamente.

Ontem, quando pela última vez fechei a porta daquela casa, as lágrimas correram-me pelo rosto num misto tremendo de emoções: se fui muito feliz naquela casa, aquela casa também só entrou na minha vida porque passei por um momento muito negro e difícil. Foi com um sentimento agridoce que fechei a porta e me despedi daquelas paredes, das janelas enormes da sala, das memórias que ali vivi e que trouxe comigo.

A folha de papel? Emoldurei-a entretanto e trouxe-a também comigo.


Para que me lembre sempre, nos momentos felizes e nos momentos difíceis, que a minha vida é minha, que faço dela o que eu quiser, que é fácil sermos felizes com as coisas simples. E para poder dizer, em jeito de balanço, que fiz alguma coisa de jeito com a minha vida nos últimos dois anos e quatro meses. Muita coisa de jeito, arriscaria mesmo dizer.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Da recuperação activa...

Depois da Meia de Cascais, vi várias pessoas partilharem os seus treinos de recuperação activa. Treinos mais curtos. Treinos mais lentos.

Esqueçam. Domingo eu descobri a melhor recuperação activa que existe: fazer mudanças.

Depois da prova, apanhei o comboio, cheguei a casa, tomei banho e almocei. Depois de uma hora no sofá, que incluiu uma mini sesta, naturalmente, dediquei-me a encher caixas e caixotes, que depois carreguei, levei até à outra ponta da cidade, e descarreguei.

Na segunda-feira estava impecável! Só tinha uma dor na coxa esquerda, que já vinha do Peninha (e que bem me chateou durante a prova...) e as dores nos pés por causa das bolhas (que mal me permitiam calçar as botas...). Outras dores musculares? Zero.

Fica a dica: fazer mudanças, de preferência no próprio dia, é a melhor recuperação activa que podem fazer. De nada.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Da Meia Maratona de Cascais...

Está feita!

Houve muitas alturas em que eu achei que não seria capaz de completar a minha sexta meia maratona. Mas fui!

Comecemos pelo princípio: eu encarei esta prova como um treino semi-longo. Não estava preocupada com tempos, não me pus qualquer pressão, queria, somente, chegar ao fim e sentir-me bem. Assim, não me preocupei muito com ela, não stressei particularmente, nem sequer lhe dei a devida atenção. Até chegar o dia. Aí, baixou em mim algum nervosismo. A dez minutos da partida, decidi que queria ir à casa-de-banho outra vez, e nada como ir ao McDonald's e voltar, para fazer um bom aquecimento. Depois disso, não houve tempo para muito, mas deu para me cair a ficha, e perceber que tinha 21km para fazer.

Quando a prova começou, eu estava nos últimos lugares do último bloco. E sabia que estava no sítio certo. O objectivo era claro: começar muito lenta, e ir tentando ganhar algum ritmo.

Ao fim de pouco tempo, talvez 1 quilómetro, o João Lima aparece ao meu lado a dizer-me "Bom dia!". E acabámos por ir juntos até aos 18 quilómetros, juntamente com o João Cravo, que não conhecia. E que privilégio que foi ir em tão boa companhia! Tenho a certeza que, para mim, fez toda a diferença. Fomos na conversa, o João foi-me contando histórias e peripécias das suas muitas provas, deu-me algumas dicas preciosas, e o tempo foi passando. É tão mais fácil correr assim! Para quem esteve tanto tempo parado, o João fez uma prova incrível, e aguentou-se lindamente até aos 18km, altura em que nos separámos. Já quase posso dizer que fiz uma prova com ele!

A prova é muito bonita, o percurso não é difícil (ou não tão difícil como esperava), a organização da HMS é sempre boa, e ainda me diverti com alguns dos mascarados.

Fiz a prova relativamente bem. Como não tinha objectivos, podia ser difícil fazer o balanço de como correu mas, a verdade é que, acabei por fazer o meu 2º melhor tempo de sempre numa meia! E isso, convenhamos, é muito bom!


Estava com muitas dúvidas sobre a forma como o meu corpo ia reagir: como se sabe, há duas semanas fiz o Fim da Europa, a semana passada fiz o Peninha Sky Race (que me deixou com dores a semana toda) e não tenho treinado tanto quanto devia. Assim, fiquei mesmo surpreendida com as 2h14min que fiz! Eu sei, é um tempo miserável. Mas, para mim, é extraordinário!

Não fossem as terríveis dores nos pés que senti, sobretudo a partir do quilómetro 17, e tinha sido uma prova ainda mais feliz!

Preciso de perceber, urgentemente, o que se passa com os meus pés e arranjar uma solução. Não posso continuar assim e sei que, para o que aí vem, não me posso dar ao luxo de ter estas dores. Não acredito que as aguente durante tantos e longos quilómetros!...

Agora? Agora é treinar. Treinar muito e de forma consistente. E esperar que os resultados apareçam e que os pés se aguentem!...

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Do Peninha Sky Race...

Domingo, oito e pouco da manhã, a tomar o pequeno-almoço (papas de aveia e maçã, acompanhadas de chá verde - receita de sempre para antes das provas).

- Tu sabes por que é que esta prova se chama Sky Race?
- Não. Porquê?
- Porque são provas muito duras e técnicas!
- E achas que agora é que é a altura certa para me dizeres isto?
- Então mas tu achavas que Sky Race era porquê?
- Eu sei lá... Porque é bonita? Porque chegamos perto do céu?

E foi assim que, uma hora e pouco antes do Peninha Sky Race, eu descobri no que estava metida. 

De facto, depois de investigar um pouco (mas só depois da prova), descobri a definição das Sky Races e do Skyrunning: Em resumo: "Skyrunning é uma atividade de corrida pedestre essencialmente na montanha. Os percursos de Skyrunning apresentam um elevado desnível positivo, secções técnicas e inclinações acentuadas (superiores a 30%), podendo utilizar caminhos, trilhos, rochas ou neve. Podem apresentar uma pequena percentagem de asfalto, mas possuem, em partes do percurso, inclinações médias elevadas e atingem as montanhas mais altas da região, desde qualquer localidade nas proximidades. Estes percursos são sempre muito cénicos, isto é, dispõem de uma componente paisagística de grande beleza".

Sem saber como nem porquê, estreei-me no skyrunning.

E o que tenho a dizer sobre isso? Que ainda tenho dores. Sim, quatro dias depois. Que desesperei. Muito. Que achei que não ia aguentar. 


Vamos lá ver... Eu não estava minimamente preparada para o que me esperava. Fui fazer o trail curto (17km) e, mesmo assim, a prova era mesmo dura. De longe, a prova mais dura que já fiz. Não pela distância, mas pelo desnível, que foi mais do dobro do que no Fim da Europa, para o mesmo número de quilómetros. Juntem a isto dois momentos em que caiu granizo (sim, granizo), e podem imaginar a animação que a prova foi!...

O ponto positivo é que a prova tinha mais de bonita do que de dura. Sendo curioso ter feito uma a seguir à outra, a verdade é que é inevitável comparar esta com o Fim da Europa. Sem dúvida, o Fim da Europa é a prova de estrada mais bonita que já fiz. Mas em trail, ou skyrunning, se preferirem, esta é a que ganha, até agora. As vistas são incríveis. O mar e o Guincho de um lado, a serra e Sintra do outro. Dificilmente se arranja melhor!


Se esta prova fosse um bocadinho menos dura, tinha sido uma prova muito feliz. Continuo a ser muito feliz nas provas de trail. Se nas provas de estrada há momentos em que me custa andar sozinha e não ter ninguém a apoiar, no trail é do que mais gosto: quando estou só eu e a natureza, a ouvir apenas os pássaros (quando os há) e os meus passos a pisar as pedras, os galhos, as folhas das árvores. Esta prova tem muitos singletracks no meio de vegetação muito densa, autênticos tapetes de heras em que há um trilho pouco mais largo do que o espaço estritamente necessário para pôr os dois pés, e, ainda que seja difícil descrever a beleza do que vi, acreditem, é mesmo incrível.

Continuo a achar que existe uma diferença tremenda entre o ambiente das provas de estrada e de trail. Perdoai. Eu sei que são feias estas comparações. Mas são inevitáveis. No trail há sempre alguém pronto a dar uma palavra de incentivo, há sempre alguém que nos deseja força quando nos ultrapassa, há sempre alguém que se aflige e pergunta se está tudo bem se caímos, há sempre alguém com um sorriso solidário de quem está a sofrer o mesmo do que nós. No trail há menos pressas, menos encontrões, menos faltas de civismo.

Já tinha saudades de uma prova de trail. Muitas mesmo. Mesmo que me tenha custado. Mesmo que ainda tenha dores. Mesmo que tenha dado mais uma queda (desta vez, consegui que a nova cicatriz ficasse no mesmo sítio da anterior, por isso, não há problema). Mesmo que tenha a certeza de que não volto a esta prova.

E, assim, encerro o ciclo de disparates dos últimos tempos. Acabaram-se as brincadeiras e agora é treinar a sério. Diz que Domingo há treino semi-longo ali para os lados de Cascais!


segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Das coisas a que eu não sei bem o que chamar...

Lembram-se deste post? Obviamente que não. 95% das pessoas que estão aí desse lado hoje, não estavam desse lado há oito anos atrás. Das poucas que estavam, nenhuma se lembrará, certamente, porque toda a gente tem coisas bem mais interessantes para guardar na sua memória do que os disparates que eu por aqui escrevo.

Mas como eu não escrevo só disparates, hoje escrevo que ontem começou uma nova fase da minha vida. Da nossa vida. Uma vida a três. Porque ontem mudei-me, não de armas e bagagens, mas de bagagens e Snow, para uma casa que não é minha, mas que se quer que venha a ser nossa.

Talvez devesse estar muito feliz, super entusiasmada, numa excitação tremenda.

Não estou. Estou assustada. Muito. Com dúvidas. Muitas.

Já dei demasiadas quedas, já vi as minhas expectativas serem defraudadas demasiadas vezes, já comecei vidas a dois demasiadas vezes. Não que tenham sido tantas assim, mas porque, em acreditando no amor e nos contos de fadas, mais do que uma vez, já são demasiadas. 

E eu tenho medo. Muito medo.

Medo de estar a começar uma nova vida, medo de estar a pegar em mim e em toda a minha bagagem (literal e figurativa), medo de estar a largar a minha casa, medo de estar a apostar tudo, medo de me expôr e entregar assim, medo de tudo o que pode vir e que eu desconheço.

É assustadora esta coisa da vida. Dos sentimentos. Das emoções. Das pessoas.

E por que motivo fui eu repescar um post sobre azulejos com quase oito anos? Porque a casa para onde eu me mudei ontem, a casa que se quer que venha a ser a nossa casa, tem aqueles azulejos.

Chamem-lhe o que quiserem.

Das coisas que dividem o Mundo... - II

O Mundo divide-se entre as pessoas que conseguem descer escadas à segunda-feira de manhã e as outras.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Da minha genética...

Ontem acordei rabugenta. E acordei rabugenta porque ontem foi dia de mais uma ida à Maternidade Alfredo da Costa (MAC, para os amigos). E eu estou cansada de médicos e exames e exames e médicos.

Não, não tenho nada de mais. Sim, há milhões de pessoas bem pior do que eu neste Mundo. Mas ontem deu-me um momento de birra.

E entrei na casa-de-banho a barafustar e entrei na banheira a refilar e continuei em modo neura um certo tempo.

Barafustei com a minha mãe. Ainda que ela não me pudesse ouvir, eu barafustei com ela. A minha mãe, que não trouxe nada de jeito à minha vida, e, tão mau ou pior do que isso, deixou-me esta herança genética da qual não se aproveita nada.

Eu sei, de todas as coisas em relação às quais eu a posso culpar, esta é a menos legítima. Mas é a que mais me incomoda neste momento e é a que faz com que questione, mais uma vez, o porquê da existência de certas pessoas no Mundo. Escusam de me dizer que, não fora ela, eu não estaria aqui a escrever. Eu sei. Mas, como disse, ontem acordei rabugenta e canalizei o meu fel para onde calhou. E não melhorei muito entretanto.

Estou cansada deste corpo, deste sistema, destas anomalias. Cansada de médicos e exames e exames e médicos. Já disse? E não, não tenho nada de mais. Só tenho várias pequenas coisas ao mesmo tempo. Coisas que se acumulam. Coisas que acontecem todas ao mesmo tempo. Coisas que me obrigam a pensar em coisas nas quais não queria ter de pensar. Não agora.


Amanhã eu sei já passa
Mas agora eu estou assim...

Os devaneios Agridoces mais lidos nos últimos tempos...