segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Das viagens no tempo... E de tu me fazeres voltar a escrever...

A tua tão grande vontade de acreditar em nós fascina-me. Fascina-me e assusta-me, ao mesmo tempo.

E assusta-me porque tenho dificuldade em perceber onde começa a tua vontade de acreditar e onde acaba a tua necessidade em acreditar.

Somos humanos. Fomos educados a viver em sociedade. Fomos ensinados a viver em grupo. Não nos ensinaram o que era a solidão e sempre nos disseram que não devíamos estar sozinhos. Diziam-nos para fazermos comboios aos pares, para brincarmos em equipas, para fazermos trabalhos de grupo. Falaram-nos no Dia dos Namorados, nos pais e nas mães, e nos casamentos para sempre.

Ninguém nos disse que não faz mal estar sozinho. Ninguém nos disse que não temos de ter vergonha da solidão. Ninguém nos disse que estar só pode ser, apenas e só, uma opção que tomamos. Ninguém nos disse que até podíamos sobreviver sozinhos.

Ensinaram-nos a amar o outro. Não nos ensinaram a amar-nos a nós próprios.

A vida, essa sim, ensinou-nos que a solidão também faz parte do nosso caminho. A vida, com lágrimas e murros no estômago, ensinou-nos que há momentos em que a solidão é física. E há momentos em que a solidão é um estado de espírito. A vida, e os poetas, ensinaram-nos o que era estar só numa multidão. Aprendemos. Crescemos.

Mas continuamos a lutar, a resistir, a afugentar a solidão. Como uma doença, como um mal, como o elefante no meio da sala, que ninguém quer ver, que ninguém quer aceitar...

Continuamos a esforçar-nos por não estar sós como não nos esforçamos por mais nada na vida. E eu pergunto-me se fará sentido. Se valerá a pena. Se será assim tão difícil aceitar que, às vezes, mais vale mesmo sós que mal acompanhados.


Será?

2 comentários:

  1. Sabes (penso que sim) que passo por aqui muitas vezes, talvez mesmo quase diariamente, mas raro é o comentário que te deixo. Hoje, não poderia fazê-lo perante esta reflexão. É dos textos "mais, mais, mais" que já te li. Deixa-nos a pensar numa série de outros quês e porquês relacionados com a ideia central. Afinal de contas, tocaste num dos aspectos que, geralmente, define as nossas vidas e que lhes dá um fio condutor. Eu acredito que, apesar de tudo, mais vale (bem) acompanhado do que só - e digo bem porque há quem, mal ou mesmo bem acompanhado, prefira estar só. São opções e existem porque nem todos somos iguais. ;)

    Beijinhos!

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  2. Minha querida,

    Não sabia, não. E fiquei feliz em saber! Obrigada por passares por aqui :)
    Se pudermos estar bem acompanhados, também acredito que seja melhor. O problema está na dificuldade em optar entre a solidão ou a companhia errada...

    Um grande beijinho!

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