A propósito de uma mãe que estava a ser molhada na praia pelo filho e que lhe dizia Não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti, pus-me a pensar sobre isto...
Esta é uma frase, mais ou menos, habitual nas nossas vidas. Lembro-me de andar na escola primária e de a dizer aos meus colegas quando me chateavam com alguma coisa. Também a dizia ao meu irmão. Aos meus primos. A quem quer que fosse que fizesse algo que eu não gostasse.
Mas era apenas uma frase. Apenas um conjunto de palavras. Sem grande sentido, sem grande significado, sem grande peso.
Os nossos pais (ou só o pai, no meu caso) educam-nos, ensinam-nos valores, princípios, normas de comportamento. Dizem-nos que devemos dizer Obrigada, Por favor, Desculpe. E nós vamos dizendo e fazendo o que eles nos ensinam.
Mas só anos mais tarde, muitos anos mais tarde, é que se faz luz na nossa cabeça. Só anos mais tarde é que nós percebemos a importância de um Obrigada. Só anos mais tarde deixamos de o dizer por obrigação, e passamos a dizê-lo porque o sentimos, porque percebemos a sua importância e o seu peso.
Tal como só anos mais tarde percebemos que não devemos fazer aos outros o que não gostamos que nos façam a nós. Demora, mas há um momento em que se dá um click e nós percebemos que a vida é feita de ciclos, de energias, de what goes around comes around. Percebemos que não podemos mesmo fazer aos outros o que não gostamos que nos façam a nós.
É, então, que nós crescemos. Que nos tornamos adultos. Que nos tornamos conscientes e responsáveis. É, então, que nós podemos optar por dizer Obrigada ou ficar calados. E é, então, que somos boas ou más pessoas. Por opção. De forma consciente. Porque sim ou porque não. Independentemente do esforço (maior ou menor) que os nossos pais fizeram para nos educar. É, então, que nós escolhemos o tipo de pessoas que queremos ser. E somos nós, e só nós, que o escolhemos.