Ainda não tenho fotos (o meu cartão está em parte incerta e só amanhã é que há reunião da assembleia para troca das fotos de todos). Mas tenho imenso para dizer.
Estas férias foram uma verdadeira aventura. Tivemos momentos bons, menos bons, hilariantes e aterradores.
A viagem só por si foi cansativa. Voámos daqui para Munique, de Munique para Zagreb, e depois foram mais de 3 horas de carro até Pula, onde estava o barco que alugámos. Adorei o aeroporto de Munique: muitas e boas lojas, espaços amplos e cheios de luz e achei delicioso o pormenor dos jornais e das máquinas de café/chá/capuccino/etc. gratuitos.
O barco em si era um veleiro com 45 pés, com pouco mais do que o espaço essencial para oito pessoas. Dormir naquelas camas foi uma aventura. E tive que reaprender tudo o que sabia pois coisas como lavar a loiça, vestir-me ou ir à casa de banho, são verdadeiros desafios quando se vai em andamento (sobretudo, à vela). Mas aprendi a dar nós, puxei cabos, pus e tirei defensas, e aprendi muita coisa. Nesse aspecto, foi uma experiência óptima, ainda que cansativa.
Apanhámos um susto enorme num dia em que atracámos numa pequena vila e saímos para ir beber café e abastecer o frigorífico. Entretanto, levantou-se um vento enorme, mas nem ligámos. Quando chegámos ao barco, já lá tinha ido um funcionário do porto, colocar mais defensas na proa, e prender mais um cabo na popa, porque estava uma ondulação enorme e o barco andava lá aos saltos. Foi assustador. Ficámos quase uma hora a olhar para o barco, sem conseguir entrar, sem conseguir fazer nada, até que decidimos ir jantar. Quando voltámos, o mar estava ligeiramente mais calmo, mas não o suficiente para pormos a prancha e passarmos para o barco. Tivémos de saltar do molhe para o barco. Aí, confesso, tive medo. E ainda ficámos mais de uma hora cá fora, a ver se acalmava, ainda ajudámos os "vizinhos" do barco ao lado a chegar ao barco deles, através do nosso, e ainda chorámos a rir porque, talvez do nervoso, só dizíamos disparates e ficámos a ver a figura de outros "vizinhos" a entrar para o barco deles. Não foi fácil deitar-me nem adormecer com aquela agitação toda. É algo que não dá para descrever, só mesmo estando lá e vendo e sentindo. Mas também é algo que não desejo a ninguém!
Também houve uma noite em que, para evitar outra situação assim, não atracámos e ficámos numa enseada mais resguardada do vento. Usámos o dinghy para ir a terra, em busca de um sítio para jantar, e a vista que tínhamos da parte de cima da encosta que tivémos de subir foi qualquer coisa de fenomenal e inesquecível. Como nós, estavam ali dezenas de veleiros, todos alinhados, todos a girar para o mesmo lado, todos com o mesmo propósito. Quando regressámos do jantar, ver os barcos com as luzes de sinalização acesas, foi ainda mais especial. No fundo, sem conhecermos aquelas pessoas, sentíamo-nos unidos. Há uma espécie de companheirismo entre quem anda no mar. Há sempre um aceno que se faz à passagem, há sempre uma mão pronta a puxar um cabo, há sempre alguém disposto a ajudar quando atracamos. É difícil explicar, mas é uma sensação muito, muito agradável.
Nas outras noites, atracámos em vilas maiores ou mais pequenas, onde passeávamos e jantávamos. Durante o dia, além do tempo que perdíamos a ir de uns sítios para os outros, escolhíamos sempre uma baía ou uma enseada, para lançar a âncora, almoçar e dar mergulhos. As águas tinham uma côr azul maravilhosa, com peixes à nossa volta, e temperaturas entre os 22º e os 25º graus. Vimos paisagens lindíssimas pois a costa da Croácia é muito verde e muito recortada.
De resto, comemos muito peixe e marisco. Têm alguns pratos bons, com muitas ligações à comida italiana (comi risottos maravilhosos), todos os restaurantes servem lulas (fritas ou grelhadas), têm um licor típico muito bom (o Kruskovac - que veio cá para casa), e a cerveja a que chamávamos Carlos Vasco (Karlovacko, no original). Em todos os sítios há gelados, de todos os sabores e mais alguns, mas os nossos são melhores! E a doçaria/pastelaria deles também fica um bocadinho atrás da nossa, tirando as bolas de berlim de chocolate e os apfelstrudel (que, não sendo deles, eram muito bem feitos).
Foi uma viagem, certamente, inesquecível. E, para o ano: a Grécia e um catamarã.