sábado, 19 de dezembro de 2009

It's just one of those days...

Adormeci a pensar em ti. A tentar compreender. A tentar aceitar.

Continuo sem compreender. Continuo sem aceitar. Continuo a lembrar-me de ti sempre que passo naquele fatídico sítio. Continuo a não esquecer as palavras da R. quando, há 5 anos atrás, me disse que o L. lhe pediu para me contar, que eu devia querer saber. Fiquei estática. Sem reacção. Perguntei-lhe se estávamos a falar da mesma pessoa. Se era mesmo verdade. Se ela tinha a certeza. Ela confirmou. Ela não fazia ideia de quem tu eras e não percebia porque é que o L. queria que eu soubesse. Também não lhe expliquei. Não consegui. As lágrimas caíram, caíram, caíram. Durante horas, dias, continuaram a cair. E eu continuo a tentar perceber. Continuo a pensar em ti e a não aceitar. Continuo a recusar-me a ver o DVD daquele concerto. O concerto em que nos conhecemos e em cujo DVD apareces. O DVD que eu só consegui ver uma vez depois de receber a notícia. E chorei, chorei muito. Chorei por não perceber, por não compreender, por não aceitar, por achar injusto. Chorei e não voltei mais a ver o DVD. Não sou capaz.

Não sei lidar com o desaparecimento das pessoas, sejam elas mais ou menos próximas. Não sei. Talvez porque, felizmente, ainda não me deparei com essa situação muitas vezes. Que me lembre, tu foste a primeira pessoa que eu vi partir. Foste a primeira pessoa que estava cá, e depois já não estava. E eu fiquei com tanto para dizer. Acho que é inevitável esta sensação, sempre que perdemos alguém. Eu, que sou extremamente racional, não consigo compreender que vida é esta, e que lógica há, em existir e desaparecer. Compreendo a fisiologia do processo, mas não compreendo a lógica. Como é que uma pessoa está e deixa de estar? E continua a estar? Está ali, à nossa frente, mas não está mais cá? Não percebo. Não aceito. Não compreendo.

Morro de medo da morte. Morro. Não da minha, que essa pouco me importa, mas da dos que me são mais próximos. Durante uma grande fase da minha vida tinha para mim que quando completasse uma certa idade (muito definida na minha cabeça), poria fim à minha vida. Por egoísmo, só. Por saber que não sou capaz de lidar com o desaparecimento das pessoas que me rodeiam. Não sou. Não quero sequer imaginar o desaparecimento de algumas pessoas. Que sentido é que tem viver depois disso? Não tem! Não tem sentido nenhum. Nem tem sentido viver. Vivemos para morrer, apenas. E, depois, há aqueles que morrem precocemente e que deixam um sentimento de injustiça ainda maior. Não se aceita. Eu não aceito. Continuo a não aceitar.


A ti, perdoa-me por não ter sido capaz de te ter ido visitar. Pedi ao L. o teu nome completo e perguntei-lhe onde é que tu estavas. E queria, queria muito ir visitar-te, mas não fui capaz. Também, pouco importa. Para mim, não é ali que tu estás. Tu estás nas minhas memórias. Estás no meu pensamento. Estás em mim. E vais estar sempre. Sempre.

4 comentários:

  1. És uma daquelas pessoas que tem o dom de transmitir de tal maneira a emoção que sente, que passa por um cabo com poucos milimetros de espessura e vem bater em mim, fazer booom literalmente no meu peito, como se quisesse abraçar-te e chorar essas lágrimas contigo.

    Lamento pela perda.

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  2. Este post está muitissimo bem escrito. Fico triste pela tua perda. Beijo

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