terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Do Fim da Europa... - III

Se há coisa em relação à qual eu me sinto bipolar, é a corrida. Não consigo ser constante nem coerente. Há dias em que adoro, há dias em que detesto.

No Domingo, na Corrida Fim da Europa, foi um dos dias em que eu adorei. E adorei porque me senti muito feliz. Porque me senti bem. E podia terminar o relato por aqui e estaria tudo dito. Porque, no fim de contas, é isso que importa: sentirmo-nos bem!

Mas há muito mais para dizer. Obviamente.

O dia começou às seis e meia da manhã. Quem é que se levanta às seis e meia da manhã de um Domingo para ir correr? Os loucos. Estava um frio terrível e eu só queria voltar para a cama. O ponto de encontro era na área de serviço da A5 e depois seguimos na camioneta da equipa para a Azóia, onde íamos apanhar o autocarro para o início da prova. Parecíamos uma excursão de miúdos, todos na galhofa!

Chegámos a Sintra estupidamente cedo (é um dos defeitos desta prova, a meu ver, mas é talvez o único). Deu para fazer duas paragens técnicas em dois cafés, deu para comprar queijadas, deu para tirarmos muitas fotos, deu para nos reunirmos com mais elementos do grupo. Eu estava bastante tranquila, só tinha frio e só estava indecisa quanto ao que levar vestido durante a prova. Quando chegou a hora de deixar a mochila no bengaleiro (ponto muito positivo desta prova!), optei por ficar com a tshirt e a camisola de manga comprida por cima, porque estava mesmo muito frio e a serra é sempre uma incógnita. Depois do que sofri o ano passado e do desconforto que senti, não quis arriscar. Claro que acabei por tirar a camisola pouco depois do início e correr só de tshirt, que já se sabe que sou calorenta, mas antes calor do que frio.

Antes da prova ainda vi muitas caras conhecidas! Vi o N., e, finalmente, conheci a Fabiana e a Asmática! E é tão bom conhecer ao vivo e a cores pessoas que sentimos que já conhecemos depois de tanta partilha por aqui! Um dia destes, organizamos a Corrida dos Blogues! Quem alinha?

Assim se passou o tempo até que era chegada, finalmente, a hora da partida, e feitas as despedidas, lá fui eu. Tive companhia durante os primeiros 500 metros. Depois, como seria de esperar, fiquei para trás e deixei-me ir. Sabia que era importante gerir bem os primeiros 4km. E foi o que fiz. E sentia-me bem.

Não é por acaso que o slogan do Fim da Europa é "dificilmente haverá prova mais bonita". Não deve haver mesmo. Talvez quando fizer uma nos Açores possa comparar. Até lá, esta é mesmo a mais bonita. E este ano, com o sol e o céu limpo, as vistas eram mesmo incríveis. Em vários momentos dei comigo a olhar à minha volta, a apreciar, simplesmente. Sintra é mesmo um sítio muito especial e a descida em direcção ao Cabo da Roca é também uma experiência única.

Acabei a prova com um tempo que me deixou muito feliz. Tinha dúvidas se iria conseguir fazer melhor do que no ano passado, culpa de alguma falta de treino. Mas não só fiz melhor, como fiz menos oito minutos e meio. E oito minutos e meio é muito tempo!... Tinha a coisa relativamente controlada, mas entre os quilómetros 9 e 11 fui mais devagar, para fazer companhia a um colega de equipa que acabou por desistir e não sabia se ia conseguir recuperar. Depois de deixar esse colega para trás, encontrei uma rapariga que tinha aparecido um par de vezes nos treinos do grupo do meu subúrbio e acabei por ir com ela. Era a primeira vez que ela fazia uma prova tão longa e lá fui puxando por ela, quando ela queria abrandar. Acabámos por seguir juntas quase até ao final, e eu só me distanciei para fazer um esforço final nos últimos quinhentos metros, mais coisa, menos coisa. Depois daquela subida horrososa já perto do final, e quando entrei na última descida, já com a meta à vista, liguei o turbo e lá fui eu. Quando percebi que ia cortar a meta dentro da 1h50 fiquei tão, mas tão feliz, que, pela primeira vez, dei um salto ao cortar a meta.

É indescritível o quão diferente esta prova foi da do ano passado. E também eu acabei a prova a sentir-me completamente diferente. Se o ano passado estava super desconfortável, frustrada, cheia de dores e em sofrimento, este ano também estava cheia de dores mas muito feliz e orgulhosa de mim mesma.

A surpresa foi tanta com o meu resultado que havia quem dissesse que me tinha visto a ir em direcção à meta e havia quem dissesse que era muito cedo e que não podia ser eu! As minhas pessoas têm imensa fé nas minhas capacidades. Só que não.

O relato já vai longo... Tenho a sensação que fica muito por dizer mas também tenho a sensação de estar a ser ligeiramente chata e repetitiva.

Foi uma prova feliz. É o Fim da Europa. E isso basta. Quem já lá foi, sabe o que quero dizer. Quem nunca foi, vai ter de ir para perceber verdadeiramente o que quero dizer.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Do Fim da Europa... - II

Pois que é chegada a altura de nova edição da Corrida Fim da Europa. Depois da participação do ano passado (podem ler o relato aqui), eu decidi que este ano ia lá outra vez. Assim, Domingo lá estarei.

Não sei bem o que esperar do que aí vem. Por um lado, tenho treinado menos do que no  ano passado. Ou, pelo menos, tenho essa sensação (não me apetece ir confirmar). Por outro, tenho apostado mais no ginásio e no reforço muscular, bem como em fazer mais subidas, coisa que não fazia antes (estava muito mal habituada ao meu Passeio Marítimo). Assim, tem tudo para correr melhor, mas também tem tudo para correr pior.

Vou sem grandes expectativas, com o simples objectivo de fazer melhor do que no ano passado. O que não é difícil, convenhamos... Sei que vou gostar, sei que o ambiente vai ser bom, sei que vai ser uma festa. Mas também sei que vai custar, que vou sofrer, que vai doer. É uma daquelas provas que toda a gente devia fazer uma vez na vida! É dura, mas compensa pela sua beleza. Compensa muito.

Até Domingo, Cabo da Roca!

Do meu pequeno estômago...

A pessoa fica assim a modos que ansiosa. Não devia, não é? Vendo bem, já é a terceira. Mas a pessoa é fraca. A pessoa deixa-se levar pelos medos e receios. A pessoa faz mil e um filmes na sua cabeça. A pessoa tem zero vontade. A pessoa gostava mesmo que o tempo avançasse uns dias.

Isto foi escrito há dias e não chegou a ser publicado. Entretanto, o tempo avançou, não por artes mágicas, mas porque é essa a sua natureza.

O meu dia começou hoje com (mais) uma endoscopia. Podia dizer que já tinha saudades. Mas não. Podia dizer que, não sendo a primeira, o estado de espírito era mais leve. Não era. Não foi. Tive três pesadelos diferentes com isso esta noite. Num deles, sonhava que não fazia a endoscopia porque, quando chegava a hora, eu confessava à médica que não tinha aguentado a fome do jejum e tinha comido um brigadeiro.O meu cérebro tem coisas fantásticas, não tem?

E o meu estômago também, pelos vistos. Agora é esperar pelas biópsias e descobrir ao certo o que me anda a atacar desta vez.

Mas, porque tudo na vida tem um lado positivo, aproveitei o dia para pôr o sono em dia. Pensava eu que ia aproveitar para ver séries, para escrever, para ler, para fazer mil e uma coisas... Pensei mal. Consegui, depois de muitas e variadas tentativas, ver dois episódios de uma série, e peguei agora no computador.

Abençoadas drogas as que dão para a sedação!... 

domingo, 21 de janeiro de 2018

Do meu fim-de-semana...

Não me lembro do que fiz na sexta-feira à noite, mas não deve ter sido muito interessante.

Sábado de manhã fui a duas aulas no ginásio (duas! uma era de corrida, mas também conta!). Depois voei para um almoço, onde comi até mais não. Depois aterrei no sofá e tive mais uma crise de estômago que me obrigou a um jantar mais limitado.

Domingo acordei às sete da manhã (sete!) para ir para Monsanto com a grupeta do meu subúrbio fazer um belo treino para o Fim da Europa. Depois voei para outro almoço, onde também comi a modos que bastante.

Regressei a Lisboa, estive a ver umas séries e a babar-me em sofá alheio. Comi pão quente acabado de fazer, croissants da Tarik (os melhores de sempre!), continuei a babar-me mais um bocado, e regressei a casa.

Amanhã é segunda-feira e eu estou mais cansada do que estava na sexta. Como se não bastasse, dói-me cada pequeno músculo do meu corpo.

Dá para adiar a segunda-feira?

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Das corridas... - XLIV

Daqui a bocado passou um mês e eu não falei das últimas provas de 2017... Pergunto-me se valerá a pena nesta altura, mas, em querendo, podem sempre passar à frente.

Este ano achei que era boa ideia fazer a São Silvestre dos Olivais e a de Lisboa (já tinha feito a de Corroios e sempre ouvi dizer que "não há duas sem três").

Como a generalidade das minhas supostas boas ideias, não foi uma boa ideia.

O objectivo inicial era fazer a dos Olivais em ritmo passeio, acompanhando Senhor Meu Pai, e guardar-me para a de Lisboa, onde queria fazer um ritmo razoável (mesmo sabendo que era impossível bater o recorde do ano passado - é lá que está o meu melhor tempo aos 10km). Acontece que Senhor Meu Pai, ao fim de menos de 2km, dispensou a minha companhia (também sempre ouvi dizer que "mais vale só do que mal acompanhado").

Na corrida aprendemos muitas lições, e uma delas é mesmo esta: nem sempre é bom correr com companhia. Às vezes, é mesmo melhor estarmos sozinhos. Quando tentamos correr com pessoas com ritmos/objectivos diferentes dos nossos, tende a acontecer algo que não é bom para ninguém: vai toda a gente em esforço - uns para ir mais devagar, outros para ir mais depressa. Se há momentos em que isto é bom, e é o que, muitas vezes, nos ajuda a evoluir (quando corremos com quem corre mais depressa do que nós), há momentos em que isto é só parvo porque nos obriga a um esforço maior do que aquilo que devemos suportar e impede-nos de gerir a nossa prova (ou o treino) como devia ser. E foi isto que aconteceu. E eu tive de aceitar ver a minha companhia desprezada e tive de seguir sozinha.

Ora, em prova e sozinha, sem ter sequer uma musiquinha para me acompanhar, eu tive alguma dificuldade em manter-me no meu ritmo desejado de passeio e entusiasmei-me mais do que devia. Não fiz nenhum tempo de jeito (porque os dois primeiros quilómetros foram bastante lentos e porque a prova não é mesmo das mais fáceis), mas também não geri como devia o meu esforço.

O que não teria problema se não fosse a São Silvestre de Lisboa menos de 24 horas depois.

O relato já vai longo, por isso, vou resumir: quando acabei a São Silvestre de Lisboa só queria chorar. Sentia um aperto no peito enorme, não conseguia respirar, e só queria mesmo um abraço. O problema? Demorei uma pequena eternidade até voltar a encontrar as minhas pessoas. E quanto mais tempo passava, mais eu me sentia só e abandonada no ponto de encontro que tínhamos combinado. E com mais frio, e mais desesperada, e mais frustrada.

Sim, dramática como sempre.

A prova não correu bem. A partir dos 4/5 quilómetros, eu deixei de ter força nas pernas e a prova tornou-se um suplício. E a isto seguiu-se a parte que eu mais detesto em todas as provas naquela zona: a zona da Ribeira das Naus, com aquele chão horroroso, que não dá jeito nenhum, que me incomoda os pés, que me irrita. E depois a entrada na Baixa, e depois o começar a subir, e depois mais chão horroroso no Rossio, e depois os Restauradores, e depois a bela Avenida da Liberdade, e depois a rotunda do Marquês.

Fiz um tempo miserável. Estava mentalizada para fazer (bem) pior do que no ano passado, mas queria fazer menos de uma hora. Não consegui. Por 26 segundos, não consegui. E senti-me estúpida. Verdadeiramente estúpida. Porque sei que isto só aconteceu porque eu não soube gerir o esforço na noite anterior.

Podia ter feito duas provas espectaculares e não fiz nenhuma prova de jeito.

Agridoce: a aprender lições na corrida desde 2015.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Dos sítios onde eu vou... - V

Corria o longínquo dia de 22 de Dezembro quando eu fui ao concerto de Noiserv.

Eu sei. Já passou um certo tempo. Mas achei que era suficientemente relevante para o partilhar aqui. Em última análise, este blogue é assim a modos que o meu diário dos tempos modernos, e eu vou querer lembrar-me deste concerto daqui a uns anos.

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Porque o concerto foi muito bom. Mesmo muito bom. Mesmo, mesmo, mesmo.

A primeira vez que ouvi Noiserv foi no ainda mais longínquo ano de 2010. E é nestas alturas que me sinto a modos que velha. É que já lá vão quase 8 anos!...

Em 2010 eu desconhecia totalmente Noiserv. E desconfio que a maioria das pessoas também. Bom, na verdade, ainda hoje em dia, a maioria das pessoas desconhece Noiserv. Mas, sendo eu uma pessoa tão generosa, não quero que continuem nessa ignorância. Ide aqui.

Continuando. O concerto foi mesmo muito bom.

Vê-lo e ouvi-lo a criar e construir aquelas músicas é toda uma experiência. Se eu já gosto de ouvir as músicas, ao vivo torna-se inacreditável a forma como ele vai gravando cada pedacinho da música, como vai juntando e encaixando tudo, e como no fim saem aquelas músicas que eu, pessoalmente, acho tão bonitas.

Acho a música dele confortável (ainda que isto possa parecer redutor, não é - há poucas coisas que eu acho verdadeiramente confortáveis nesta vida). É uma música quase a roçar o naïf, na forma como me faz sorrir, como me deixa a sonhar, como me embala. Talvez seja só a mim. Mas é isto.

Juntem a isto um mocinho muito simpático, muito humilde, muito envergonhado, que diz de si mesmo que "está ali a fazer umas coisas", que se perde em divagações filosóficas sobre as suas músicas que são muito mais do que aparentam e que, de repente, volta à Terra, que agradeceu muitas mais vezes do que aquelas que poderíamos contar, que se mostrou verdadeiramente grato e feliz por se poder dar ao luxo de fazer o que mais gosta: criar música.

Juntem isto tudo, juntem uma sala cheia e têm um concerto fantástico, que me deixou de lágrimas nos olhos (anda-me a dar para demonstrar sentimentos ultimamente... fazer o quê?) e que não esquecerei tão cedo.

Se se cruzarem com ele, se tiverem oportunidade, se alguma coisa do que eu para aqui escrever vos fizer sentido, assistam a um concerto dele.

Não precisam de me agradecer.

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Da minha palavra do ano (que passou)...

Já sei. Já chega de balanços e de falar sobre 2017. Prometo que é o último post. Por agora, pelo menos.

O ano passado defini como a minha palavra para 2017 a palavra emoção.

Tentei cumprir aquilo a que me propus: viver mais, sentir mais e pensar menos. Não acredito que tenha conseguido inteiramente, porque eu vou ser sempre eu, mas acho que melhorei em muita coisa.

Entre medos e receios, fui-me deixando ir, fui sentindo, fui vivendo. Não deixei de ter as minhas crises existenciais, não deixei de questionar muita coisa, mas aprendi a partilhar mais, a tentar deixar que acalmassem os meus medos e dúvidas.

Para 2018 não sou capaz de escolher uma palavra. Talvez força, talvez luta, talvez persistência. Talvez todas elas juntas. Perguntem-me daqui a uns meses.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Das corridas... - XLIII

À semelhança do que fiz o ano passado, é hora de fazer um balanço do meu ano de 2017 no que diz respeito às corridas.

Foi um ano muito peculiar. Por muitas e variadas razões.

Em 2017 participei apenas em 17 provas (menos 3 do que em 2016), mas fiz mais quilómetros (825, contra 769 em 2016). A diferença não é muita, eu sei. Mas é alguma. Podia ter sido maior, mas em Julho fiz apenas 24km, entre o caos do final do Mestrado e o caos do processo de recrutamento para o novo emprego. Mas fiz mais de 100km em 2 meses, o que, para mim, é um grande feito!

Claro que 2017 também ficará para sempre marcado pelo fiasco dos treinos para o Porto. Talvez um dia lá vá, só para não ficar com este trauma para sempre. Ou talvez não. Sei que este foi o ano em que eu chorei a meio de um treino e foi o ano em que eu vomitei depois de um treino.

Mas falemos de coisas bem melhores...

Em 2017 descobri o trail. E apaixonei-me pelo trail. Adorei o Estrela Grande Trail e diverti-me muito no Ericeira Summer Challenge (mesmo que me dê dó olhar para a minha perna esquerda e para as cicatrizes com que fiquei). Quero continuar a fazer trail e talvez um dia me arrisque numa prova a sério.

Em 2017 também fiz duas meias-maratonas: repeti as duas pontes. E jurei não voltar a fazê-lo. Tal como tinha jurado em 2016. Será que em 2018 cumpro a promessa? Veremos.

Foi um ano de altos e baixos, de muitas crises existenciais, de tempos miseráveis, de poucas ou nenhumas conquistas (tirando os pontos no Troféu das Localidades). Mas foi um ano em que conheci tanta e tão boa gente, e em que me diverti tanto e fui tão feliz, que só posso fazer um balanço muito positivo!

Agora é recuperar o ritmo e aproveitar bem 2018!

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Das coincidências (que as há?)...

Em 2017, comecei o ano a partilhar no meu instagram uma fotografia em que, de caneca de Guinness na mão, fazia um brinde a todos os que me estavam a ler e pedia apenas a 2017 que fosse um ano sereno.

364 dias depois, escrevi este post, em que o terceiro adjectivo que usei para descrever 2017 foi, precisamente, sereno.

Só me apercebi desta coincidência entretanto, mas a verdade é que na meia-noite da passagem deste ano, também pedi apenas um desejo.

No final do ano venho cá contar-vos se se concretizou.


segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Dos regressos aos sítios onde já fomos felizes...

Há exactamente um ano atrás estreei-me em Monsanto. Não só em Monsanto, como no trail. 

Combinámos no Califa e levaste-me a descobrir Monsanto. O pulmão da nossa cidade que eu, até então, desconhecia. Corremos, caminhámos, subimos, descemos. Eu nunca tinha feito trail. Não fazia ideia do que era isso de andar nos trilhos, no meio das árvores, de fazer subidas e descidas que nos fazem levar as mãos à cabeça quando não nos obrigam a levar as mãos ao chão. Também não fazia ideia do que era isso de correr no meio da natureza, das flores, das árvores, dos esquilos que me espantam sempre. Mas custou-me, custou-me muito. E tu, à minha espera, sempre à minha espera, com uma paciência infinita.

Hoje, voltámos a Monsanto, exactamente um ano depois. Voltámos aos trilhos, com a desculpa de estrear a minha mochila nova. A mochila que tu me ofereceste porque, mais do que eu, acreditas que posso ser feliz nos trilhos. E sou. Mesmo quando refilo, mesmo quando sofro com as dores. E se hoje sofri com as dores! Hoje custou-me mesmo. Hoje não fui muito feliz nos trilhos. Hoje perguntei-me várias vezes o que estava ali a fazer e disse, muitas vezes mas muito baixinho, que estava farta de ali estar. E tu, à minha espera, sempre à minha espera, com uma paciência infinita.


Hoje, ficaram as dores, as bolhas e os arranhões. Mas ficaram mais memórias só nossas e ficou a certeza de lá querer voltar. A certeza de lá querer voltar, contigo, daqui a um ano.

sábado, 6 de janeiro de 2018

Das viagens...

Estamos no início do ano e já tenho duas viagens marcadas. A bem da verdade, no dia 2 de Janeiro, já tinha duas viagens marcadas. Duas capitais europeias. Dois regressos a sítios que já conheço. Uma para me estrear na distância mí(s)tica, outra para partilhar a minha cidade preferida com alguém que não a conhece.

A certeza de que serão ambas muito especiais. A certeza de que serão ambas inesquecíveis.

A vontade de que o tempo voe e que elas cheguem depressa.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Das corridas... - XLII

As inscrições estão feitas. Os vôos estão pagos. O hotel está marcado.

Agora é treinar. Treinar muito. Treinar mesmo quando não me apeteça. Treinar mesmo quando me custe, quando me doa, quando me dê vontade de chorar. Treinar mesmo quando tiver dúvidas se serei capaz. Treinar com a certeza de que não quero que o Porto se repita. Treinar mesmo sem ter a certeza se poderei fazer a prova. Treinar com a certeza de que se não a fizer, não será por falta de empenho, esforço ou qualquer outra coisa que só dependa de mim.

Os devaneios Agridoces mais lidos nos últimos tempos...