A vida torna-nos cépticos. Descrentes. Frios. Demasiado racionais.
Talvez não a vida. Inocente no meio de tudo o que fazemos com ela. São as pessoas. O problema são sempre as pessoas.
As pessoas, que nos magoam, que nos iludem (e desiludem). As pessoas, que nos tiram o tapete (e os anos que eu demorei a perceber verdadeiramente o sentido desta expressão!). As pessoas, que deixamos entrar no nosso mundo, somente para o destruírem e deixarem em cacos.
Queda após queda, vamos ficando mais frios. Mais racionais. Demasiado racionais.
De cada vez que temos de reconstruir os cacos em que deixaram a nossa vida, reconstruímos o muro à nossa volta. Cada vez mais alto, cada vez mais forte, cada vez mais impenetrável.
Sempre que nos deitam ao chão, levantamo-nos. Mas levantamo-nos apenas para nos arrastarmos para dentro da nossa muralha, do nosso castelo, donde não queremos sair.
Eu não quero sair do meu castelo. Quero ficar aqui, quieta, inerte, na minha paz e no meu sossego. Quero ficar no meu canto. Não quero voltar a expôr-me. Não quero voltar a ser iludida (e desiludida). Não quero voltar a passar por tudo outra vez quando as coisas correrem mal. Porque, invariavelmente, as coisas correm mal.
E eu sei, tenho a certeza, que este castelo não aguento nova reconstrução.
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