sábado, 21 de novembro de 2015

Das coisas que me entristecem...

As pessoas. As pessoas entristecem-me muito.

Sou aquela que se faz de fria e bruta, que é conhecida no local de trabalho como "a que não gosta de pessoas", vivo fechada na minha bolha e sou muito pouco sociável.

Mas a verdade, a verdade é que no fundo sou uma romântica incurável e terrivelmente ingénua, que fica magoada quando se apercebe do que é o mundo real.

Tenho sempre dificuldade em lidar com a maldade, com a crueldade, com a indiferença, com o desrespeito. Não consigo aceitar certos comportamentos das outras pessoas e fico mesmo triste com eles. Mesmo quando não é nada comigo.

Fico muitas vezes a pensar como será possível. Pergunto-me o que terão algumas pessoas no lugar do cérebro, para terem certas atitudes.

E não falo de nada em concreto. E, ao mesmo tempo, falo de tudo.

Falo de comportamentos mesquinhos, falo de prejudicar um colega, falo dos comentários anónimos e ofensivos por aqui, falo de guerras dentro das famílias por coisas sem importância, falo de passarmos à frente de alguém numa fila, falo de não respeitarmos o próximo, falo de não darmos valor aos compromissos e promessas, falo da nossa indiferença perante a dor do outro, falo da falta de capacidade para olharmos além do nosso umbigo.

A nossa sociedade está cada vez mais podre. Mais sem valores. Mais pobre.

E isso entristece-me. Porque, na verdade, ainda não me tornei fria e cínica o suficiente para aceitar que assim é. Porque, na verdade, ainda não consigo acreditar que há pessoas intrinsecamente más. Porque, na verdade, não compreendo, e nunca compreenderei, como é que alguém magoa alguém de ânimo leve. Porque, na verdade, eu gosto tanto da minha bolha porque na minha bolha posso acreditar num Mundo melhor. E eu preciso desesperadamente de acreditar num Mundo melhor. É isso que me mantém viva.

7 comentários:

  1. Identifiquei-me tanto com o teu texto! Também sou muito assim, fico muitas vezes magoada...

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    1. É mais forte do que nós, não é?

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    2. Pois. Levo tudo muito a peito, acho que as pessoas são todas minhas amigas, depois fico magoada e acabo por preferir estar sozinha. Se calhar se acreditasse menos nas pessoas e confiasse menos, ou achasse que eram todos maus ao início, as coisas correriam melhor, porque só me poderia surpreender pela positiva.

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  2. Acreditar num mundo melhor...sim, mas cada vez mais difícil. Eu acredito que há pessoas más, e magoa-me a insensibilidade das pessoas, por outro lado, gosto das acções que demonstrem a bondade e a preocupação pelo bem estar dos outros. Vamos continuar a acreditar :)

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    1. Mas como é que há pessoas más?... Custa-me tanto a crer!

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  3. Revi-me neste post. Trabalho num sítio onde o ambiente não é dos melhores sem que nada explique isso. Não sou bruta, mas sou sozinha. Muito. Almoço todos os dias sozinha e faço a minha vida no meu gabinete. De um modo geral só falo com a pessoa que tem mesmo de ir ao meu ganinete porque é das poucas que se aproveita.

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    1. Eu passei quase três anos a almoçar sozinha, até que chegou uma colega nova que se tornou uma grande amiga :)

      Mas sou daquelas que acha que não é por trabalharem juntas, que as pessoas são obrigadas a conviver e a dar-se. Mesmo!

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